Ully por May Poetisa
Vitória
11.
Na semana de provas finais do primeiro semestre, Zípora e eu mal nos encontramos.
Se eu estava atolada em conteúdos para estudar, ela então, que cursa dois cursos ao mesmo tempo, nem na academia estava indo, em uma das mensagens que trocamos ela comentou que estava um perrengue e se desdobrando para dar conta de tudo.
Felizmente, consegui concluir o primeiro semestre com êxito e excelentes notas.
Acabei entrando de férias antes do esperado e aproveitei para me dedicar com afinco ao judô, já que em poucos dias competirei no regional. Treinei bastante com o Bruno, que é extremamente focado e determinado. No final de junho viajamos, participamos de um intensivo preparatório e foram dois dias de treinamento pesado, junto dos melhores judocas, apreendi muito durante o final de semana e estou esperançosa.
Na primeira semana de julho, fui para Tupã, consegui folga da academia e por lá, fiquei cerca uma semana, curtindo minha família, eu precisava matar as saudades e foi uma delícia. Não existe comida mais gostosa do que a feita pela minha mãe. Também joguei bola com o meu irmão e num final de tarde pesquei na companhia do meu pai. Foram dias lindos, no aconchego do meu lar.
Retornei para Bauru mais animada, pois, matar as saudades da família é sempre maravilhoso.
Tenho treinado excessivamente, aproveito devido as férias dos estudos, para treinar muito mais, aproveitando também o período da noite, ultimamente, o Bruno e eu, nos empolgamos tanto nos treinos que a hora voa.
Nem acreditei quando o final do mês chegou, com a proximidade da data dos Jogos Regionais, fiquei apreensiva, insegura e ansiosa. Já no dia, busquei me manter em equilíbrio e calma, visando apresentar o meu melhor desempenho.
O Bruno apresentou uma performance inacreditável. Deixou evidente todo o seu talento, garra e brio. Foi o melhor judoca do torneio. Ele está acostumado com a cobrança do seu pai e eu também já comecei a me acostumar. Sei que ele visa o nosso melhor. Tenho notado que o Francisco, vem me tratando como se eu também fosse filha dele e fica todo orgulhoso comemorando as nossas vitórias.
Meu saldo: quatro ippons e um wazari. Duas medalhas de ouro e um troféu como a judoca destaque do campeonato.
Foi surreal, magnifico e fiquei imensamente feliz!
Eu já não imagino mais minha vida sem o judô, quero ir além e aumentar minhas conquistas neste esporte.
Novamente minha família e a Zípora estavam presentes torcendo por mim.
Minha mãe, sempre muito religiosa, ficou rezando, segundo ela, para que eu nem saia machucada e para que eu tenha a proteção de Deus em todas as lutas. Já meu pai, que é mais explosivo, torce vociferando minhas adversárias, enquanto o meu irmão, grita meu nome loucamente; já minha atual e melhor amiga, é contida, é uma torcedora mais silenciosa e observadora, só se empolga na hora de comemorar, me abraçando apertado, sem nem mesmo se preocupar por eu estar toda suada e descabelada; para completar diz palavras lindas, visando me parabenizar.
As minhas três primeiras lutas foram tranquilas, comparando com as finais e consegui vencer por ippon.
Já na quarta foi bem mais puxado, contra uma judoca muito experiente e conquistei um ippon com muito esforço.
A quinta luta foi a mais complicada, comecei com muita instabilidade, encarando uma adversária ímpar, literalmente, demos nosso sangue almejando a vitória, senti na pele a força dela, eu já tinha certeza que ficaria com o corpo todo dolorido, claro que eu já estava feliz por estar na final, tenho certeza que o meu entusiasmo estava perceptível, com muita coragem fui impecável numa finalização e venci por wazari.
No geral, foi uma competição muito boa, durou um final de semana inteiro, com muitos competidores qualificados e sai vitoriosa no meu primeiro regional. Felizmente, fui recompensada por cada gota de suor, depositei o meu melhor e consegui vencer!
Sendo assim, além de competir pelo campeonato paulista, garantimos também as nossas vagas no campeonato brasileiro de judô.
Após o final de semana intenso, tudo que eu mais queria era tomar uma boa ducha e adormecer sem ter hora para acordar. Eu me despedi da minha família logo que deixei o ginásio, o Francisco ficou de me deixar em casa, porém, a Zípora nem permitiu e disse que eu iria com ela.
- Zí, eu estou exausta (expliquei).
- Eu sei, foi muito desgastante.
- Quero chegar em casa, cair na minha cama e morrer (dramatizei).
- Deixe disso, você está muito nova, vai viver muito.
- Você está fazendo um caminho diferente (comentei observando a paisagem).
- Sim.
- Mas, não vai ficar mais longe? Preciso descansar e com urgência.
- Ully, eu estou te raptando!
- O quê? (Questionei sem entender nada).
- Rapto, sequestro (disse em tom divertido).
- É sério, eu estou acabada, não aguento ir para nenhum local, não aguento comemorar, meu corpo está todo dolorido, foram lutas ferrenhas (esclareci).
- Confie em mim.
- Zí, por favor, me leve para casa (pedi).
- Não e relaxa, já estamos chegando (respondeu toda mandona).
- Chegando aonde? Não conheço este local. Nem sei onde estamos.
Ela não respondeu de imediato, parou em frente de um condomínio fechado, logo o portão foi aberto e só após estacionar que ela voltou a falar:
- Hoje, eu te trouxe, para conhecer o meu cantinho. Compreendo que você está extremamente cansada, você merece um banho relaxante, massagem e pode me agradecer, pois, vou te mimar muito. Você é a minha campeã!
- Sério isso? Me bate ou me belisca! Devo estar sonhando (disse perplexa).
- Moça, já bateram um bocado em ti durante este final de semana e já vou te revelando que tenho outras intenções. Por isso nem vou te bater e nem mesmo beliscar. Ully, não é um sonho e vamos entrar (afirmou já descendo do carro).
Eu a segui e fiquei pensativa. Quais intenções?
Ela foi muito modesta ao dizer meu cantinho, aquele local nem poderia ser mencionado usando o diminutivo, tudo por ali é belo como a dona, fiquei encantada.
- Meu bem, fique à vontade.
- Obrigada (foi a única palavra que consegui dizer).
- Quer beber algo?
- Não.
- Então vamos subir, vou preparar a banheira para ti.
- Mentira!
- Nossa, eu toda atenciosa e você me chamando de mentirosa (reclamou fazendo bico).
- Jamais, desculpa, eu só estou desacreditada.
- Então é só você ver com os seus próprios olhos (disse sorridente).
Ela pegou na minha mão e me conduziu até o quarto dela no andar superior. O ambiente é completamente singular, além da cama, do armário, da TV, da sua mesa de estudos e de uma estante repleta de livros; tem também: um closet muito bem organizado, um banheiro grande, com uma jacuzzi admirável. Ela fez como tinha dito, preparou tudo e na sequência disse:
- Prontinho! Entre e relaxe. Ao término pode usar este roupão (disse me entregando).
- Nem sei como te agradecer.
- Vou descer pedir algo para jantarmos, alguma preferência?
- Não. O que você quiser, por mim tudo bem.
- Ok!
- Zí, pode me raptar sempre que você quiser (falei sorrindo).
- Fico feliz por você confiar em mim, bom saber que estou autorizada, já te deixo avisada, agora que tenho o seu consentimento, te raptarei mais vezes (afirmou).
- Só você mesmo.
- Estarei na sala (avisou e se foi).
Eu tomei um dos melhores banhos da minha vida, água deliciosa, aroma indescritível, fiquei por um longo tempo aproveitando.
Quando eu desci, ela estava sentada no sofá, toda concentrada lendo um livro. Assim que notou a minha presença, fechou a obra e colocou em cima da mesa. Na sequência o interfone tocou.
- Bem na hora, já volto (avisou e novamente se foi).
Sentei no sofá, com curiosidade li o título “As Rosas e a Revolução”. Assim que ela voltou, questionei:
- É bom? (Perguntei apontando para o livro).
- Bom, é pouco para definir está obra. Aproveitei as férias para ler, pois, com as aulas só tenho tempo para as leituras obrigatórias. Se você quiser, assim que eu concluir te empresto. Vou te mandar um link, foi publicado na revista Léssica, uma sinopse deste livro da escritora e jornalista Karina Dias, desta forma você dá uma olhada, para ver se desperta o seu interesse.
- Já comecei a ficar interessada sim e me conta o que você pediu de bom para comermos?
- Forneria Tonelli, vamos atacar?
- Claro!
Degustamos uma pizza deliciosa, bebemos refrigerante e comentamos sobre o campeonato.
- Zí, me empresta uma roupa para dormir?
- Já ouviu dizer ou leu alguma pesquisa, que dormir pelado faz bem para a saúde?
- Você gosta de zoar.
- É sério, tem estudos que alertam sobre os benefícios de dormir sem roupa.
- Já entendi, você não quer me emprestar uma roupa.
- Não é isso, eu te empresto, só comentei pensando no seu conforto (comentou risonha).
- Você é impossível.
Ela me entregou um pijama e também um comprimido, relaxante muscular, já que eu estava toda doída. Em seguida ela foi tomar banho. Eu estava tão cansada, que nem aguentei esperar ela retornar para o quarto, deitei e acabei adormecendo.
Fim do capítulo
Agradeço por cada leitura e desejo que tenhamos um ótimo final de semana!
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Anny Grazielly
Em: 23/12/2020
Essa Ziiiiiii eh toda pra frente...
Resposta do autor:
Muito maravilhosa ela *-*
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Mille
Em: 11/08/2018
Oi querida May
Depois que a Ully ler o livro da nossa querida autora Karina Dias vai ficar mais alerta sobre a Zi está apaixonadissimas por ela.
Zi está indo no passo da Ully e não duvido que quando ela sair no banho tire uma casquinha da lutadora kkkkk
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá! Querida amiga Mille, como vai?
Sou fã da Karina Dias, ela é sensacional.
Beijocas e feliz final de semana!
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NovaAqui
Em: 11/08/2018
Lenta você Ully. A mulher está apaixonada por você, criatura kkkk
Quero ver quando ela pegar esse livro para ler kkkk
Pensei que fosse rolar uma massagem relaxante e revigorante.
Zipora está indo com calma. Acho que não está querendo assustar
Vamos ver até quando vai rolar essa paciência.
Abraços fraternos procês aí
Resposta do autor:
Toda lenta e exausta, adormeceu! kkk
Livro maravilhoso! Um dos meus preferidos.
Outra massagem? Daqui a pouca a Zí vai virar massagista, vou querer marcar uma sessão com ela hahahaha
Acertaste em cheio, ela está sendo cautelosa e a palavra que você usou é um spoiler.
Outro abraço fraterno para ti. Feliz final de semana!
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