10.

Na academia tudo em perfeita ordem, já estou muito bem adaptada aos meus afazeres e os alunos, em sua maioria, também estudantes, são simpáticos e sociáveis.

Faculdade caminhando e cada dia eu me apaixono mais pela área que escolhi.

Já os treinos, cada dia mais intensos e tenho depositado o meu melhor.

Voltei a sair com a Zípora por diversas vezes, numa sexta-feira à noite, fomos numa sorveteira e descobrimos mais uma semelhança existente entre nós, pistache, nosso sabor preferido de sorvete.

Num sábado, combinamos de estudar juntas na biblioteca municipal, passamos a tarde inteira estudando, nossa parceria tem se intensificado muito e passamos a nos encontrarmos todos os dias; seja na academia, na faculdade ou então algum passeio.

Os domingos no jardim botânico viraram regra e é delicioso passar a tarde por lá.

- Falta pouco para o campeonato?

- Sim, quinze dias.

- Ansiosa?

- Um pouco.

- Vai ser na Luso?

- Sim. Você vai?

- Claro, estarei torcendo por ti (Zípora disse sorridente).

- Obrigada!

Os dias voaram, treinei de forma incansável. Apresentar bons resultados neste torneio é o que mais desejo, pois, quero garantir a minha vaga no regional.

Fui até a Associação Luso Brasileira de Bauru, junto do Bruno e do Francisco. Chegamos bem antes do horário, realizamos alongamento e aquecimento.

Eu tinha consciência que não seria uma competição fácil. Diversos clubes presentes e meus familiares fizeram questão de comparecer. Rapidamente os cumprimentei e apresentei a Zípora, que ficou sentada junto deles.

- Ully, nós treinamos muito e tenho certeza que vamos sair daqui com medalhas. Temos que depositar o nosso melhor, pois, além de garantirmos o regional, trata-se também de uma seletiva para o brasileiro.

- Vamos vencer! (Afirmei e em seguida nos abraçamos).

Bruno já é considerado um dos grandes nomes do judô nacional, ele almeja olímpiadas e tem muito potencial. Já vem participando com afinco e tem grande visibilidade; fez questão de me apresentar para algumas pessoas e também notei que o Francisco é muito respeitado e admirado por todos. O Bruno demonstrou que de fato, é favorito e sem sofrimento venceu. Além da medalha de ouro, também foi eleito o melhor judoca da competição, devido a sua destreza e alto nível.

Antes de cada luta, sinto um misto de ansiedade, receio e adrenalina. Na minha mente, o tatame é como um palco, em que tenho a honra de ser a protagonista, o bom resultado depende exclusivamente de mim, do meu potencial, da minha técnica, equilíbrio, disposição, concentração, desempenho e exatidão.

Apanhei e não foi pouco.

Cai e diversas vezes.

Lutei, com paixão.

Venci!

Foram disputas que me deixaram exaustas. Competi com judocas muito qualificadas e experientes. Conquistei a medalha de ouro, após um excelente ippon.

Comemoramos aquela vitória numa churrascaria, eu, Bruno, Francisco e a esposa, meus pais, irmão e a minha amiga Zípora. Ficamos por lá por algumas horas e os meus pais me deixaram em casa antes de viajarem. Minha mãe fez questão de entrar, alegando que precisava ir ao banheiro, mas eu tinha certeza que ela queria me dizer algo, sozinhas no meu quarto, ela comentou:

- Filha, parabéns por todo o seu maravilhoso empenho, você é uma guerreira e me enche de orgulho.

- Muito obrigada! (Respondi e a abracei).

- Gostei muito da Zípora, ela te olha com carinho, torce por ti com sinceridade e fico feliz que você já tenha feito amizades. Também gostei muito da família do seu mestre.

- Eles são maravilhosos.

- Filha, se atente, preserve a amizade, continue se cuidando e siga sempre o seu coração.

- Pode deixar!

- Minha menina, conte comigo sempre que precisar.

- Eu te amo, obrigada por ter vindo.

Nós nos despedimos e logo eles partiram.

Tomei um bom banho e como diz o ditado “dormi o sono dos justos”.

Fim do capítulo