Ully por May Poetisa
Judoca
9.
Durante a semana, estudei, trabalhei e treinei bastante. Recebi um convite e uma oportunidade excelente. Agora também sou aluna particular do meu sensei, por isso, comecei a treinar diariamente com o filho dele, visando aperfeiçoamento.
- Ully, notou que meu pai é bem rígido?
- Sim e admiro muito está qualidade dele.
- Ele nos leva até o nosso limite e não tem moleza não.
- Estou percebendo.
- Posso te dar uma dica?
- Claro.
- Dê sempre ouvidos aos ensinamentos do meu pai, ele é muito competente.
- Agradeço o seu conselho e eu sei que ele é incrível.
- Na sua cidade, você já participou de campeonatos?
- Sim.
- Possui quantas medalhas?
- Algumas.
- Não seja tão humilde e me conte quantas.
- Bruno, aposto que você tem o dobro ou mais.
- Talvez, por ter tido muitas e boas oportunidades. Tenho privilégio de ter o meu pai como treinador e também patrocinador.
- Verdade.
- Somos amigos, me conte seus números.
- 3 medalhas de bronze, 2 de prata, 1 de ouro e um troféu de um festival que participei.
- Meus parabéns!
- Obrigada!
- Daqui um mês, vai ter um campeonato aqui na cidade e sei que você vai somar mais uma vitória.
- Que assim seja. Empolgado para o campeonato?
- Sim, mas minha motivação maior é o regional no final deste semestre.
- Será o meu primeiro regional (comentei feliz).
- Iremos juntos e será o primeiro de muitos.
- Valeu, você tem sido um grande parceiro.
- Você também.
Bruno e eu nos tornamos companheiros nos tatames. Melhorando nossas técnicas e golpes a cada novo dia.
Durante a semana encontrei com a Zípora somente nos dias que ela foi na academia e numa noite na biblioteca da universidade. Infelizmente conversamos pouco pessoalmente. Já mensagens começamos a trocar diariamente, compartilhando músicas, uma com a outra, desejando bom dia ou boa noite. Ela me chamou para ir novamente ao Jardim Botânico, porém, desta vez declinei ao convite e expliquei que já tinha um compromisso. Tudo culpa do Francisco.
Na sexta-feira, após a aula viajamos, eu, Bruno, meu mestre e a sua esposa. Destino Barra Bonita. Um final de semana passeando por esta cidade turística e curtindo? Só que não. O objetivo foi para um treinamento de sacrifício, visando buscar fortalecimento espiritual, físico e mental.
Maria Júlia, esposa do Francisco que foi dirigindo, já nós três dormirmos boa parte da viagem, já que no dia seguinte o treino começaria bem cedo. Ficamos hospedados na casa dos familiares deles. O sábado mal amanheceu, tomamos uma vitamina e já realizamos uma corrida matinal e o final de semana foi todo assim; puxado, com muito treino e determinação. No retorno da viagem, o Francisco me contou um pouco da sua trajetória:
“Tudo que eu tenho na minha vida, eu devo ao judô, minha casa, meu carro, conheci o Japão, durante um festival que participei, conheci muitas pessoas bacanas. Quando eu comecei, eu tinha o sonho de ser um judoca olímpico, eu ralava muito, batalhei pesado, queria ganhar mais medalhas e até representar o meu país. Porém, na minha época faltaram condições e hoje sou mais feliz do que eu sonhava. Eu apreendi que o judô não é só isso, chegar num pódio e dizer eu sou bom. Descobri que o judô é para a vida inteira. Amo ensinar as pessoas e fazer a diferença. Quero que vocês dois aprendam que é o jeito suave do judô, que faz vocês chegarem ao topo. Quero comemorar com os dois cada nova conquista. Não tenham pressa. Saibam valorizar cada gota de suor dos treinos e acima de tudo confiem no potencial de vocês; nós três vamos aprender muito juntos”.
Eu já amava o judô, depois das belas palavras que ouvi, tive ainda mais certeza que escolhi o esporte certo, que me faz feliz e que me motiva.
Chegando em casa só quis saber de tomar banho e dormir, meu final de semana foi intenso, com muito treino e labuta. Após a ducha a Zípora me ligou, chamando para comermos um lanche juntas num fast-food.
- Sabe o que é, estou exausta, preciso muito descansar, foi um final de semana cansativo demais.
- Só um lanche e rapidinho. Assim nos encontramos, prometo não tomar muito do seu tempo.
- É que não estou animada para sair de casa. Já estou de pijama, preciso descansar para começar bem a semana.
- Eu quero te ver.
- Eu também, amanhã você vai na academia? Assim nos encontramos.
- Quero te ver hoje.
- Desculpa, mas estou exausta.
- Poxa!
- Não fique chateada, por favor, entenda.
- O que você vai jantar?
- Acho que pão.
- Então posso me convidar para ir até a sua casa? Eu levo lanches e comemos juntas, o que acha?
- Eu não serei uma boa companhia hoje, preciso muito dormir.
- Bom eu tentei. Boa noite!
Ela falou e na sequência desligou o telefone. Sem querer acabei chateando minha nova amiga. Fiquei sentida e fui egoísta, ela querendo me ver e eu só pensando em descansar. Retornei o contato, porém, ela não atendeu. Não desisti e liguei outra vez, mas, sem sucesso. Então mandei mensagens no whats app, só que ela não respondeu nenhuma.
Zípora, me desculpe se te chateei. Não o fiz de propósito, é que realmente estou exausta, treinei muito, em prol dos meus objetivos. Sinto muito se fui ríspida. Por favor, me atenda!
Me desculpa?
Fala comigo!
Zípora?
Eu não fiz por mal.
Se não quer responder e me atender; eu entendo. Tenha uma boa noite e bom descanso.
Fiquei chateada, ela é tão legal comigo e eu também queria muito ver ela. Fui muito tola e estava com raiva de mim mesma. Cerca de uns quinze minutos depois ela retorna meu contato.
- Alô!
- Qual suco você vai querer?
- Como?
- Qual fruta?
- Mas porquê?
- Ully, responda logo e não me deixe ainda mais chateada.
- Desculpa! (Falei com sinceridade).
- Vou repetir qual suco você vai querer?
- Laranja.
- Lanche pode ser x-salada?
- Sim e obrigada.
- Em meia hora estarei aí (disse e desligou).
Percebi que ela não é orgulhosa, nem mesmo guarda ressentimentos e que queria mesmo me ver. Liguei para os meus pais e conversamos bastante por vídeo chamada. Quando encerrei a campainha tocou. Corri atender, sou tão atrapalhada que fiquei de pijama mesmo, já ela como sempre estava linda.
- Boa noite! Entra e fique à vontade.
- Boa noite. Ficarei pouco, olhando para o seu rosto noto que está bem cansada.
- Zí, me desculpa, não quis ser chata.
- Já passou. Vamos comer?
- Sim e obrigada!
Lanchamos, contei sobre o treino intensivo do final de semana. Já ela comentou que estudou, no sábado passeou no shopping com os pais, que sentiu falta da minha companhia para ler e papear no Jardim Botânico.
- Que delícia de suco e lanche. Você é demais.
- Bom, eu já vou indo, nem quero te atrapalhar.
- Eu já te pedi desculpas, juro que não quis ser grosseira.
- Relaxa já passou.
- Nossa estou muito dolorida (comentei, devido à exaustão corporal).
- Aceita uma massagem?
- Sério? Você faria isso por mim?
- Claro! Deite de bruços na sua cama.
Rapidamente fiz o que ela disse, ela deve ser algum tipo de anjo, ou algo do tipo e tem uma mão de fadas. Fez massagem nas minhas costas, pernas e pés.
- Zípora, nem sei como te agradecer, você é uma amiga maravilhosa.
- Aceito um abraço de urso.
Abracei-a e inalei o delicioso perfume dela. Ficamos longos minutos abraçadas e quando nos separamos sorrimos uma para a outra.
- Eu vou indo.
- Muito obrigada pela sua visita, por ser tão adorável, por ter me alimentado e também pela massagem deliciosa.
- Ao seu dispor (ela respondeu sorridente).
Acompanhei-a até o portão e ela me surpreendeu na despedida. Além do beijo no rosto, ela apanhou minha mão e depositou um beijo. Achei o ato tão belo que retribui e também depositei um beijo na mão dela.
Fim do capítulo
Feliz semana! Que seja linda, doce e repleta de poesia!
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 23/12/2020
Essa alma quer mais que uma reza... ela quer eh uma missa inteira...
[Faça o login para poder comentar]
priscilaon
Em: 31/01/2019
Muito meigo
Resposta do autor:
Concordo!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]