POV Nanda

Eu não aguentava mais ouvir “A barata diz que tem...” versão galinha pintadinha. “Caralh* mano! O criador dessa porr* só pode ter tomado ácido! Uma galinha escrotíssima e AZUL!?? Oi? Tu vive onde cara? Em marte?”. Dá até medo a cara de psicopata da galinha! Minha digníssima esposa resolveu contratar, para a festa de um ano das meninas, um animador vestido com uma fantasia da PORRA DA GALINHA PINTADINHA. E para piorar veio, de quebra, uma Peppa Pig! Será que só eu que noto que o nariz da suína parece uma PIROCA GIGANTE? Mano, é muito bizarro!

Outra coisa, tem aquela música horrorosa dos “cinco patinhos foram passear”. Se isso fosse na vida real o Conselho Tutelar tinha tirado a guarda dessa pata irresponsável! A PUTA da PATA depois de deixar um dos cinco patinhos ser sequestrado, teve a capacidade em NÃO ligar que os quatro passeassem sem supervisão! Que mundo essa pata vive? O que aconteceu, minha gente? O que? Voltaram três! Cadê o DATENA?

—  AMIGAAAAAAAAAA, você não sabe o que seu filho fez? – Fê chega perto de onde eu e Alex estávamos falando todo atrapalhado.

—  Seu filho também, né? – tomei um gole da cerveja e sorri para ele.

—  Whatever!

—  O que o lindo do João fez, Fê? – Alex com a boca cheia de cachorro quente pergunta. Às vezes penso para onde vai toda essa comida.

—  Eu estava conversando com o animador da festa, o Thiago. – ahhh explicado. – E o João veio e disse “Papyyy, me leva pra fazer coco?”. – eu me engasguei com a cerveja e a minha amiga gargalhou.

—  Quebrou teu clima?

—  Antes fosse só isso! Me abaixei e disse: filho, você já é grandinho, mamãe Clarinha disse que você já sabe ir sozinho! – ai Deus já imagino o que deu.

—  Tá, qual o problema? – Alex pergunta comendo brigadeiro.

—  O problema Alex, é que o João, depois de ter feito coco veio até onde eu estava, com as calças lá no joelho, virou o bumbum pra mim e se abaixou perguntando: Papyyy, tá limpo? – eu e a fotógrafa rimos tanto que ela teve que correr pro banheiro porque um xixizinho zuero escapou, o que fez eu rir mais ainda e meu amigo de cara amarrada por que perdeu o “crush da festa”.

POV Ana Clara

“O que será que aquelas duas tanto riem?”.  Fico olhando para minha esposa e nossa amiga enquanto falo com a Luiza. AnaBea estava no meu colo e AnaLu, como sempre, agarrada ao pescoço da Lu.

—  Mas sabe fazer filhos bonitos esse Fernando eihn! – Luiza fala enquanto brinca com a miniatura de Nanda. – Quem é a princesa da dinda? Quem? Quem?

—  Você tem razão!

—  A única coisa ruim é ter que aguentar o resto da família. – Luiza nem precisava dizer sobre quem falava. Ultimamente a Sol estava cada vez mais presente nas reuniões, com a desculpa de acompanhar a Theodora e Summer. A loira aguada estava sempre ao redor da minha esposa e aquilo fazia meu sangue ferver.

—  Ana Clara, já estamos de saída. – Jorge, Natália e Mônica, colegas do hospital, se despedem com beijinhos no rosto. Mônica fica por último e se demora um pouco a mais do que devia. Estou ficando cansada com as investidas da morena e não sei mais o que fazer para que ela pare. Pelo menos a Nanda não notou nada estranho, ainda.

—  Vai me dizer que porr* é essa? – Luiza fala baixinho.

—  Luuuu, palavrão não!

—  Até parece que a Ju ou a AnaBea não estão acostumadas, se esqueceu da mainha que elas têm?

—  Para de chamar a Ana Luiza de Ju! Que mania!

—  Ju sim! Nanda Jr., a coisa mais linda da sua dinda! – a baba chega e leva as meninas para dançarem “O que que tem na sopa do neném”. – Por que acham que bebês são retardados? Vou lá falar pra esse DJ de bosta tocar uma Lady Gaga pra animar isso aqui. – Luiza vai até ele e logo inicia Bad Romance e todas as crianças presentes começam a pular com ela no meio da “pista”. Minha amiga atraia olhares de cobiça de vários homens presentes e de algumas mulheres também. Sem dar bola, continuava a dançar com meus filhos como se não houvesse amanhã e logo Alex se junta a ela. Logo depois, papai e mamãe vão dançar como se estivessem em uma discoteca dos anos oitenta. Já estou até vendo que o DJ vai tocar: Macarena, Ragatanga, Whisky a go go... todos pedidos do meu pai, lógico. Como é bom saber que, mesmo depois de tantos anos de casados, meus pais se amam como dois namorados.

—  Olha lá... chaveirinho marcando território. Só falta mijar nos pés da Lu. – Nanda fala ao meu lado e sinto seu hálito de bebida.

 – Nanda, não bebe mais. – peço a ela fazendo cara feia.

—  Hoje é festa princesa. – ela tenta me abraçar mas me desvencilho de seus braços.

—  Tá, você que sabe. – falo rudemente, mais do que eu devia, mas ela é teimosa como uma mula e eu não consigo me controlar.

—  Mama... – AnaBea pede colo.

—  Fala meu amor! Quer um pouquinho de suco? – minha voz fica suave. – Vem com a mamãe que eu vou pegar para você.

POV Nanda

—  Luiza tá num fogo hoje que vai me matar! – Alex fala depois de ter dançado com a esposa. – Quer mais uma cerveja?

—  Não, obrigada! Parei. – falo amuada.

—  Iiii... o que foi Nanda? Tomou um “strike” da esposa? – a loira pergunta.

—  Mais ou menos isso. Eu... ah Alex... eu to carente. – falo sabendo que estou fazendo uma tempestade em um copo de água.

—  Vamos sentar lá fora e você me conta o que tá rolando.

—  Ai Alex...  Desde a gravidez a minha pequena ficou diferente.

—  Não notei...

—  Não com os outros... comigo. Às vezes eu não sabia como me portar perto dela, parecia que nada do que eu fazia era certo. Tudo estava errado... Eu não conseguia agradá-la como antes. Achei que tudo iria mudar quando as meninas nascessem.

—  Mas não mudou?

—  Piorou mano! Depois que as gêmeas nasceram tudo ficou uma bosta. Achei que a minha Clarinha iria voltar ao normal, mas me enganei.

—  Tá, mas não to entendendo Nanda, você fala do que? Sexo?

—  Não! Sexo é a única coisa que tá “quase” como antes. Nós não conseguimos ficar muito tempo sem.

—  Então o que rola?

—  Quando estamos em casa, ela está sempre envolvida com as crianças, mesmo tendo babás e nossas mães para ajudar. Porr* Alex, to me sentindo aqueles maridos cuzão... cara.

—  Calma Nanda, to aqui pra te ouvir e não julgar. Desabafa comigo. – ela pega as minhas mãos entre as suas.

—  Ah mano... eu quero carinho, quero conversar sobre bobagem, quero assistir séries juntas... Você acredita que ela maratonou SOZINHA “Capadócia”, sabendo que eu queria assistir com ela?

—  Não sei o que é “Capadócia”.

—  É uma série mexicana que passa em uma prisão feminina. Muito legal! Assiste! Tem várias histórias na trama, mas a que eu mais gosto é a de uma mulher da alta sociedade que pega o marido comendo a sua melhor amiga e, num acidente, empurra a mulher na escada que morre. Ai, essa socialite começa a pirar na prisão e tal... e vira a MESTRE DAS MESTRES daquela PORRA TODA! Com direito a esposa na prisão e tudo, e QUE ESPOSA!

—  Tá, tá... não dá mais spoiler que eu vou assistir.

—  Então... eu e a Clarinha temos um “trato”... em assistir juntas. Surgiu aquele trabalho com a Shakira e eu tive que ficar aquela semana viajando. Quando eu voltei... vi que os episódios estavam “vistos”.

—  E o que ela disse?

—  Que “como eu não estava”, resolveu assistir... já que eu tava de babá da Shakira!

—  Holly jealousy!

—  Eu sei que é ciúmes, mas porr*.... eu já dei inúmeras provas de que para mim só ela existe mano!

—  E eu agradeço por isso. – ela começa a rir. – Senão eu não teria esposa hoje.

—  Caralh* Alex... é sério.

—  Já tentou conversar com ela?

—  Já sim, mas ela me trata mal pra cacete. Diz que é coisa da minha cabeça. E eu me sinto a pior pessoa do mundo por querer que ela me trate como as nossas filhas. Com carinho, com amor...

—  Sequestra ela! Leva pra Búzios e arruma isso cara.

—  Mas e as meninas e o João.

—  Fuck this, girl! Nós estamos aqui. Eu, Lu, seus padrinhos, Fê, sua mãe, Carlão e um monte de babás que... são gostosas pra caralh* eihn?

—  Foco Alex, foco!

—  Então! Faz o seguinte, você bebeu... mas pede ao Carlão que te leve até lá e eu conto uma mentira para a Clarinha falando que você saiu com a Clarice e disse que iria para Búzios.

—  Ela vai ficar puta com isso.

—  Mas esse é o objetivo. – caralh*, acho que vou me dar muito mal nessa, mas vale a pena arriscar.

POV Ana Clara

Eu não encontrava a Nanda em lugar nenhum. “Que merd*! Me deixou sozinha na festa, fazendo sala e cuidando de tudo! QUE ÓDIO!”. Ela deve estar bebendo e falando besteira com algum dos nossos amigos e esqueceu que tem família! Procuro novamente pelo salão e não a vejo. QUE RAIVA!

—  Essas pessoas não vão embora não? – Luiza chega com AnaLu no seu colo. – Quero levar os três lá pra casa pra gente assistir “Moana”.

—  Luiza você ta mimando demais...

—  Ai deixa! O Fê também vai. A Summer e a Sofia! Vamos fazer um acampamento na sala com barraquinha e tudo. – as vezes achava que minha amiga tinha a mesma idade dos meus filhos.

—  Mas e... e as bebês... elas precisam...

—  Não, não... já combinei com a babá mais feia... qual o nome dela mesmo? Aquela que tem nome de velha... – Luiza me matava!

—  Alzira...

— Isso, Alzira... vou te contar... os pais dela fizeram bullying com ela desde que nasceu. Imagina uma bebezinha... toda pequeninha... Qual o nome senhora? Alzira.

—  Luiza fala baixo que ela tá ali.

—  Mas é verdade! Por isso é feia... já nasceu com nome de feia.

—  LUIZA!

—  Quem é feia? – Alex chega e pergunta.

—  A babá com nome de velha.

—  Eu comia. – minha amiga loira deixa escapar.

—  O problema é “cagar” depois né dona Alex, porque o seu “comia” seria apenas literalmente se você quisesse continuar com seus dedos e língua inteiros.

—  Comia no passado baby girl. Sabe que hoje é just you babe. – a loira enche a morena de beijinhos.

—  Ai, cadê minha insulina que tô diabético! – Fê fala na mesa ao lado.

—  Mudando de assunto, vocês viram a Nanda por ai?

—  Ela disse que iria para Búzios com a Clarice!

—  COMO É QUE É?

Fim do capítulo