POV Nanda

Acordo e vejo que eram cinco horas da manhã. Arrumo as cobertas ao redor da minha amada, para ela ficar bem confortável, e visto minha roupa de corrida. Passo pelo quarto do João e fico um pouco assistindo o subir e descer do seu peito. O amor que eu sinto por esse pequeno é indescritível. Nunca pensei que eu seria “aquele” tipo de mãe. Aquelas mães que só tem olhos para os filhos. São os mais comportados, mais lindos, mais inteligentes, mais... mais... mais... saio sorrindo do quarto e, após pegar uma maçã, vou até o jardim da casa das minhas amigas. Alex já estava me esperando. Já faziam vários meses que minhas amigas eram nossas vizinhas e isso estava sendo maravilhoso para todos nós, principalmente para João que tinha livre acesso a todas as casas.

—  Por que eu deixei você me convencer a acordar a essa hora mesmo? – a pequena loira está vestida como eu e fazia alongamentos.

—  Porque você precisa mexer essa bunda antes que caia até o seu tornozelo. – digo rindo e iniciamos uma corrida pela beira do mar. Amava essa hora do dia. Os raios de sol surgindo de dentro d’água, mostrando o iniciar de mais um dia. – Como você está, pequeno Minion?

—  Tô aqui ainda – rimos. – Isso que importa. Você mesmo me disse, bora viver o agora.

—  E a Masom, vão viajar quando?

—  A gente vai ter que ficar o mês inteiro em New York. Mas voltamos antes do nascimento das meninas. Imagina se a Luiza vai perder o “acontecimento” do ano.

—  Às vezes acho que ela está mais entusiasmada do que nós mesmas.

—  Sabe o que ela me disse? Que vocês vão colocar o nome Ana Luiza por causa dela.

—  Ah, não deixa de ser uma homenagem.

—  Pra ela é isso e só isso. – rimos

—  Ana Beatriz e Ana Luiza. O que eu vou fazer com tantas “Anas” na minha vida?

—  O que você vai fazer eu não sei. Mas que eu vou mimar esses “bichinhos”, ahhh vou!

—  Sabe que isso me dá medo? Essas crianças têm tanta gente pra “estragar”, será que dou conta em mostrar o que é certo ou errado?

—  Eu tenho certeza que você e Clarinha serão as melhores mães que alguém poderia querer. – ficamos em silêncio por um momento. – Você vai largar mesmo a PF?

—  Vou, já conversei com a Clarinha. Ela ficou alucinada de tão feliz.

—  Vamos fazer o seguinte, quando você tiver a empresa montada, faço uns vídeos e fotos e mando para meus contatos.

—  Assim a Sunshine Security vai iniciar muito bem!

—  Quais os serviços?

—  Cursos de sobrevivência em diferentes níveis e idades. Quero oferecer esse serviço de treinamento para corporações, polícias... nossa... diversas possibilidades. E claro, teremos também o serviço de segurança VIP. Agentes altamente treinados e poliglotas.

—  Acho que vai dar muito certo! Sem falar que você vai ficar mais perto da família.

—  Principalmente por isso! Ficar junto, ver os pequenos crescer, dormir todas as noites com a minha delícia...

—  Ô delícia... – olhei feio para ela que começou a rir.

—  Como assim! Olha o respeito o chaveirinho. – brinquei e resolvemos voltar para casa.  Quando eu chego no quarto minha esposa já estava vestida e pronta para trabalhar. Me aproximo e tento abraça-la, mas ela foge.

             —  Pode parar Nanda! Você tá toda suada.

—  Ah amor, só um beijinho.

—  Não, nem um beijinho. – vai até a frente do espelho e começa a se maquiar. Já vi que hoje eu teria problemas com o mau-humor dela.

—  Você vai trabalhar? Achei que iria entrar em licença hoje, eu até vou ficar em casa.

—  Não Nanda, como sempre você não prestou atenção no que eu disse, eu entro semana que vem.

—  Certo, desculpe. – sento na cama e continuo a olhar ela se arrumando. “Que mulher maravilhosa cara!”. Eu poderia ficar horas assistindo ela se arrumar.

—  Nanda! Você tá cheia de areia! Poxa! Parece criança, vai tomar banho.

—  Tá, desculpe. – entro no chuveiro e ela vai até o banheiro. Abro um sorriso imaginando que ela iria entrar no banho comigo, mas ela apenas vai até a pia e pega o anel.

—  E vê se não vai encher o João de açúcar! Depois ele não dorme e eu que tenho que aguentar. – sai sem nem dar tchau. “Porr*, o que eu fiz agora?”.

POV Ana Clara

—  Eu não aguento nem olhar para a cara dela. – estava almoçando com a Luiza e a minha amiga Cris, e estava fazendo o ouvido delas de “pinico”. – Eu não entendo isso, ela me irrita, parece que faz tudo para me deixar mais braba ainda! Depois ela vem com aquela cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança: o que eu fiz?

—  Clarinha, tadinha da Nanda! – Cris dizia me olhando divertida. – Não tem o porquê disso tudo!

—  E ainda por cima, as mulheres ficam babando e se jogando pra cima dela e ela finge que não nota! – continuei meu monólogo. – Poxa, ela não é tão ingênua de não notar isso.

—  Clarinha a Nanda é tosca. Desligada. Ela não nota nada além de uma loira peituda gostosa e grávida. – Luiza dizia. – Ela respira, come, bebe... VOCÊ!

—  Isso amiga, Luiza tem razão. Nanda larga tudo e todos em apenas um piscar de olhos seu! – Cris continuou.

—  Clarinha, paciência menina! Daqui a menos de dois meses você vai ter “parido” e tudo volta ao normal: hormônios, desejo, irritação... – Luiza falava. – E outra coisa... sabe o seu problema?

—  Uhm... – falo mal-humorada.

—  Falta de sex*! Desde que vocês foram proibidas pela médica você tem estado desse jeito.

—  Aiiiii, simmmm. – solto um suspiro e penso na falta que o toque dela me faz. Minha gravidez era de risco e eu não podia fazer várias coisas. Até mesmo para trabalhar eu apenas sentada e ia uma vez por semana para ver os meus pacientes. – Também acho que o problema é que não posso fazer nada!

—  Clarinha, porque você não escreve? Lembra aqueles sites de literatura que a gente amava? Vai atrás, escreva... você sempre foi ótima nisso. – Cris me fala.

—  Até que você me deu uma boa ideia.

Carlão me leva para a casa e descubro que meu filho independente, estava “consertando” carros com o vovô.  Pego meu notebook e fico na beira da piscina com os pés para cima. Começo a ler vários contos e romances e, nossa, me impressionei com a qualidade de tudo que encontrei. Estava entretida com o que lia quando sinto uma presença ao meu lado. Nanda, estava com um buquê gigante de flores em minha direção.

—  Trouxe pra você princesa. – ela me fita com aquele olho brilhante e eu me derreto. – Comprei também o seu sorvete preferido, chocolate e figo em calda. Vem comigo que eu preparei um banho de hidro bem gostoso. O ar está ligado na temperatura que você ama.

—  Nanda, desculpa amor. – deixo meu computador de lado e a abraço. – Nem eu mesmo me aguento. Me sinto inchada, feia, gorda... tenho RAIVA, essa raiva vem de algum lugar dentro de mim e é IRRACIONAL – lagrimas rolavam delicadamente meu rosto.  – Eu tô uma bagunça... ai amor... eu não te mereço!

—  Pequena... – ela me pega no colo e me leva para o nosso quarto. – Eu te conheço a minha vida toda, sei tudo... ou pelo menos acho que conheço... – ela ri. – Sei que você é uma mula empacada quando quer, birrenta, briguenta, faz conjecturas dentro da tua cabeça e as vezes acha que eu tô ai dentro... e você não precisa me falar nada. Amor, me deixa cuidar de você mas preciso que me fale o que incomoda.

—  Ai Nanda!...

—  Você me trata mal algumas vezes, fica braba comigo e eu nem SEI o PORQUÊ! Se você não conversar comigo... vai ser horrível, porque eu preciso saber o que você tá sentindo.

—  Desculpa Nanda... vou tentar não ser mais tão estúpida.

—  A estúpida mais linda e gostosa do mundo. – não tive outra solução a não ser dar um tapinha nela e morder aquele pescoço delicioso em “punição".

Fim do capítulo