Coincidências por Rafa e
Capítulo 10
Haidê estava relaxada, depois de anos, dormiu com tranquilidade e sem pesadelos. Ela abriu os olhos e viu duas bolas verdes observando-a.
-- Dormiu bem? – Lívia estava deitada de lado, com a cabeça apoiada em sua mão, quando viu os olhos azuis, abriu um sorriso de felicidade.
-- Muito bem. – brincou. – Há anos não conseguia relaxar assim. – Lívia ajeitou uma mecha de cabelo preto que caia sobre o rosto da morena.
-- Fico feliz com isso. – Haidê escorregou a mão pela barriga da loirinha. – Você é tão linda dormindo. – declarou com uma voz baixa e sexy.
-- Não sou mais linda do que você. – beijou a testa da loirinha. – Lívia, ontem conversamos sobre várias coisas. – estava séria.
-- Sim.
-- Falamos sobre o vídeo de Fabíola e toda aquela chantagem... – olharam-se. - Você me pediu para confiar. A noite confessou que usou drogas com seus amigos. – fez uma pausa. Lívia sabia o que viria, ela se acomodou melhor e contornou a sobrancelha negra com o seu indicador, esperando que a advogada concluísse. – As duas coisas possuem... Alguma ligação?
-- Sim. – foi sincera.
-- Preciso saber de alguma coisa? – precisava ser sincera e revelar o que realmente havia naquela filmagem.
-- Eu fumei com os meninos, algumas vezes... – ajeitou a franja que caia sobre os olhos. - Eles aproveitaram para cheirar pó. – sentou-se e passou a mão pelo cabelo, não tinha mais coragem de encarar os inquisidores olhos azuis.
-- E?
-- Em uma dessas vezes, além de fumar eu bebi... – preferiu olhar para cama ao encarar a mulher mais alta. – E fui para cama com Milena e Augusto.
-- Como? – Lívia voltou a encara-la e confessou.
-- Nós três trans*mos.
-- Você e Augusto?
-- Só uma vez, não chegamos a ir adiante, foi horrível. – baixou a cabeça. – Geralmente era eu e Milena... Ela e ele, assistíamos.
-- E nesta filmagem?
-- Havia drogas, bebidas, sex*...
-- Por que filmar?
-- Gus filmou sem me falar, só Mila sabia. Fabíola achou e usou isso contra mim.
-- Esse “amigo” é afim de você? – perguntou em tom irônico. Lívia voltou a encara-la.
-- Ele sempre disse que me ama.
-- Quer saber? Ele não gosta de você.
-- Eu acho que é verdade sim...
-- Não estou perguntando, isso é uma afirmação. – levantou-se. - Lívia quando uma pessoa ama de verdade outra, ela procura o melhor... Ela deseja que a pessoa cresça, vença e se supere cada vez mais, diferente destas coisas destrutivas.
-- Somos amigos desde a infância.
-- Não são. Acredito que você pense isso, mas eles não pensam. Aquele garoto tem um jeito de preguiçoso desinteressado que perde prazos.
-- Haidê...
-- Não Lívia, por favor, eu quero começar algo sério, quero construir um futuro com você e não sei como vou aceitar isso com naturalidade.
-- Não precisa aceitar... – Haidê parou encarando-a. – Eu não vou fazer mais. – levantou-se e ficou de frente para morena. – Eu serei exclusiva sua. Eu lhe amo, não tem mais espaço para ninguém, apenas nós duas. – frisou bem o final da frase.
-- Ah, o mesmo de sempre. – disse irônica. - Eu vou terminar com Jaques. – afirmou séria.
-- Não estou cobrando nada.
-- Mas eu estou e não sei como ficarei na companhia dos seus amigos queridos. – permaneceu com ironia.
-- Não vai ser pior do que sinto quando você está com Jaques.
-- Lá vem Jaques... – confessou irritada indo em direção ao banheiro.
-- Lá vem Jaques? O que você quer dizer com isso? – foi atrás.
-- Quando quero discutir um assunto que realmente importa, você desvia com essa bobagem de Jaques.
-- Bobagem? – perguntou irritada. – Você sabe o que ele já me fez?
-- Tomou seu único amor. A garota dos seus sonhos. – também estava irritada. – Parece que você quer se vingar.
-- Vingar o que?
-- Sabe a que me refiro, só que você dançou. – sorriu com ironia. – Não vai se vingar, porque ele nunca me teve. – entrou no banheiro e Lívia foi atrás, queria responde-la, mas parou para pensar no que ouviu.
-- Como nunca teve? Vocês são noivos.
-- Alguma vez ouviu a palavra erro? Pois é, eu errei com essa relação. – saiu do banheiro e vestiu a bermuda. – Vou fazer alguma coisa, estou com fome. – Lívia permaneceu parada, pensativa.
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Haidê fez o café, as duas comeram em silêncio. Enquanto a advogada refletia sobre a rotina e os amigos da loirinha. Lívia procurava entender o significado da palavra “erro” no contexto da conversa que tiveram mais cedo.
-- Vou trocar de roupa. – disse após se levantar.
-- Trocar de roupa? – Haidê parou para olha-la.
-- Vamos para casa.
-- Dê... – levantou-se. – Não quero sair neste clima. – pegou a mão da morena e beijou. – Vamos conversar? Está errada em relação a Augusto e Milena.
-- Não tem clima... – disse mais aliviada. – Eu não quero, mas sei que não tenho o direito de influenciar assim na sua vida... – balançou a cabeça. – Lívia, esses dois não são pessoas decentes. – a loirinha segurou, mas acabou rindo. – O que foi? Acha que estou brincando?
-- Não querida, mas falando assim parece que estou falando com Bá. Nem meu tio usava estes termos.
-- Talvez seja porque sou uma velha antiquada. – revelou irritada, só então Lívia percebeu o que havia falado.
-- Desculpe! – aproximou-se mas Haidê recuou. – Haidê, não se arme. Vamos conversar? – chamou puxando sua mão.
-- Conversar o que? Estou errada, você mesma falou.
-- Vamos conversar, combinamos falar sobre tudo. Explica seu ponto de vista, eu vou falar o que acho. Não adianta atuar como uma criminalista.
-- Não estou advogando sobre isso. Quer conversar? Então me diz, o que sente quando usa essas substâncias? Sente prazer em trans*r com esses dois? Sabe que isso parece com outra coisa, não é?
-- Era só o que me faltava: você me chamar de vadia.
-- Eu? – sorriu com sarcasmo. – Não preciso falar isso, apenas lhe perguntei com que se parecia e você nomeou. – saiu.
-- Eu sou a vadia que você se apaixonou. – gritou. Haidê voltou para responde-la.
-- Errei com seu irmão e vou corrigir a situação, posso reorganizar minha vida de vez.
-- Quer dizer o que com isso?
-- Que podemos ficar por aqui e acabar o que... – parou para observa-la, Lívia parecia não acreditar no que ouviu. – Eu vou pegar minhas coisas, melhor fazer o mesmo. – saiu deixando-a sozinha e não completou a frase. Lívia respirou fundo e passou a mão pelo cabelo, sentou-se de cabeça baixa e esperou a morena voltar.
Haidê entrou no banheiro, fechou a porta, apoiou-se sobre o balcão e baixou a cabeça, estava pensativa.
“Calma! Você nunca agiu com impulsividade...” – pensou olhando-se no espelho. – “Crime passional não rola...” – riu com sarcasmo. – Definitivamente, não nasci para ter relacionamentos amorosos. – disse para si mesma e depois escovou os dentes, lavou o rosto, amarrou o cabelo e se viu no espelho. – Agora é só colocar minha expressão “tô nem aí” e sair. – forçou o sorriso. – Ah vó, quando terei a sorte de viver um grande amor como a senhora vive falando? – ela saiu do banheiro, pegou a bolsa e quando chegou a sala viu que Lívia permanecia com a cabeça baixa, sentada em um degrau da escada de madeira. Sentiu-se mal em vê-la daquela forma. – Ainda não pegou suas coisas? – Lívia levantou a cabeça encarando-a.
-- Eu não posso ir assim. – a encarou. – Amo você e isso é mais forte do que eu. – Haidê estava preparada para uma nova rodada de discussão, não imaginava que falaria isso. Sentiu-se desarmada e sem forças.
-- Eu também. – Lívia tinha os olhos cheio d´água.
-- O que tem você?
-- Eu também lhe amo e isso é mais forte do que pensei. – Lívia pulou nos braços da morena e deixou as lágrimas rolarem. – Calma... – beijou o topo da cabeça loira. – Vamos sentar e conversar.
-- Eu... Eu... Só quero ficar bem com você.
-- Lívia, falei aquelas coisas porque quero seu bem... – tentou expressar suas ideias com cuidado. – Não quero que deixe de recebe-los, só fique atenta ao que possa acontecer.
-- Ficarei... – respondeu entre soluços. Haidê acariciou seu corpo.
-- Vamos sentar. – a chamou indo em direção ao sofá. – Vou pegar uma água.
-- Não precisa. – a segurou, impedindo-a de sair de perto.
-- Tudo bem. – sentou-se. – Ficaremos bem. – permaneceram abraçadas até Lívia se acalmar.
-- Eu os conheço desde pequena. Quando Jeanine morreu... – limpou o rosto. – Quando ela morreu, Milena ficou do meu lado, depois voltei a morar com meu pai e retomei a amizade com Gus. Papai não gostava de Jeanine, meu tio até tentou nos afastar, mas eu a amava... Jaques conseguiu isso... Ela dizia que não o amava e de repente estavam juntos. – Haidê deixou que ela desabafasse. – Eles, meus amigos, sempre estiveram comigo.
-- Não vou mais falar sobre isso... – passou a mão pelo cabelo loiro. – Espero que me desculpe. – a loirinha a olhou.
-- Haidê...
-- Não vamos mais discutir por isso.
-- Mas isso lhe irrita, não quero correr o risco de lhe perder.
-- Ei, você não vai me perder. – sorriu. – Vem, precisamos ir embora.
-- Por que tão cedo? – esta era uma pergunta que ela não queria responder.
-- Tenho que ir para fazenda.
-- Hoje?
-- Amanhã cedo. – voltou a beija-la, tinha que evitar explicações. – Hoje quero dormir cedo e chegar lá descansada.
-- Por que?
-- Preciso resolver as coisas que Ulisses não dá conta.
-- Vai de carro? – Haidê deu uma gargalhada.
-- Não querida, a fazenda é um pouco longe daqui, irei de avião.
-- Está bem. – disse com pesar.
-- Quando chegar compensarei o tempo longe. Agora olha para mim... – pediu entre beijos. – Vamos, agora quero aquele sorriso lindo. – Lívia sorriu e ela a beijou.
-- Vamos então. – levantou-se e a puxou pela mão. – Quero que descanse. – Haidê ficou em pé e abraçou.
-- Eu também amo você.
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-- Voltou? – Bá perguntou com curiosidade.
-- Não, ainda estou na praia paradisíaca com a morena da minha vida. – respondeu com sarcasmo. – Isso é minha imagem holográfica.
-- Por que o mau humor?
-- Não estou de mau humor. – jogou-se no sofá e Radar pulou para recebe-la.
-- O que aconteceu? – Bá sentou na poltrona a sua frente e esperou que falasse.
-- Foi tudo intenso... – alisou o cachorro. – Passamos um sábado maravilhoso, hoje quando acordamos, discutimos. – Lívia explicou o motivo da discussão. Bá ouviu a tudo com atenção, sem interrompe-la. – Foi isso. – avaliou a velha que havia ocupado o papel de avó.
-- Sabe que compartilho da mesma opinião dela. – Lívia fez menção em falar, mas foi impedida. – Eu lhe ouvi, agora é sua vez. Sabe que ela está certa. Quantas vezes eu lhe falei que essa vida com esses dois é errada? Seu pai achava isso, seu tio... Você falou sobre Jeanine... Nutriu por todos estes anos essa adoração por uma garota que não lhe merecia, no final escolheu Jaques e causou toda essa confusão.
-- Ela não escolheu, ele a forçou. – disse com raiva.
-- Essa moça, Haidê, você também está forçando?
-- A que?
-- A ficar com você.
-- Claro que não. – levantou-se. – Enlouqueceu?
-- Então, o que lhe faz acreditar nessa história de que ele a tomou a força? – Lívia a encarou sem saber o que responder. – É mais fácil acreditar nisso do que na ideia de ser rejeitada. Não discuta por estas pessoas que não merecem sua felicidade. – levantou-se e beijou o rosto da loirinha. – Vou preparar algo para comer.
-- Não precisa, estou sem fome. – chamou o cachorro. – Vou para meu quarto, depois desço para o jantar.
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-- Irmãzinha... – usou um tom irônico - Soube que você agora é uma... – fez uma expressão pensativa - lésbica? – Ulisses estava descascando uma laranja, utilizando uma pequena faca. Estava sentado em uma cadeira de madeira, na varanda de uma imensa casa de fazenda, observava a irmã entrar com uma pequena mala de rodas e uma mochila nas costas.
-- Olá para você também Ulisses. – respondeu com a mesma ironia.
-- Então? Verdade que se separou de um filho da puta, traficante e assassino para colar velcro? Que benefícios isso trará a nossa investigação?
-- Pelo menos colo alguma coisa, enquanto você não consegue nada há tempos. – respondeu jogando sua mochila no chão.
-- Quem lhe garante isso? – ofereceu uma das bandas da laranja para morena que aceitou.
-- Rabugento, homofóbico, machista, com déficit temporário na perna, barba por fazer, cabelo sem corte e pelo cheiro, sem banho. – enumerava os defeitos do irmão enquanto ch*pava a laranja.
-- Ei, parece que não me ama. – resmungou.
-- Não começa com essa carência afetiva.
-- Mas fala como é esse negócio de se esfregar em mulher? E quanto a ser homofóbico, eu me dou bem com as meninas e os garotos alegres. – colocou a mão no coração. – Amiguinho da comunidade homoafetiva. – ela abriu o sorriso.
-- Como descobriu isso tão rápido e me pergunta como é se esfregar com uma mulher? Pensei que soubesse como se faz ou Yan é filho de Natasha com outro? – Ulisses deu uma gargalhada, levantou-se e abraçou a irmã.
-- Estava com saudades dessa Haidê. – falou com a voz embargada.
-- Eu também. – abraçou mais forte. - Como estão as coisas? – perguntou após se afastar e olhar em volta.
-- Podemos pegar Pedro e acabar com o sacrifício de Mariana.
-- Já temos provas contra aquele inseto nojento? – olhou firme para o irmão.
-- Entomofobia?
-- Esta fobia, ainda não é crime. – foi novamente irônica.
-- Ei! Não sou homofóbico, só imaginei uma gata como você com outra gata muito mais linda. – piscou.
-- Quem disse que Lívia é uma gata? – o homem se levantou e foi até o interior da casa, Haidê o seguiu. Ele pegou uma pasta sobre a mesa e jogou em sua direção.
-- Lívia Castell Fachini, loira, vinte e quatro anos, empresária e surfista. Formada em biologia, além de ter feito três anos de oceanografia. – parou e olhou a irmã – Os caras só não disseram por que deixou, parece ser um bom curso. – a morena lhe lançou um olhar frio e ele deu de ombros prosseguindo o relato, enquanto ch*pava a laranja - Também é uma ecologista engajada. Foi criada pelo tio, após a morte de forma suspeita do pai, Estevão Fachini. Tem uma mãe omissa... – olhou a irmã. – Filha de chocadeira? – Haidê ergueu uma das sobrancelhas e ele prosseguiu. - Ela se juntou com ninguém menos do que Antony Di Monti, um dos maiores traficantes que já investigamos. Nunca conseguimos provas concretas para colocá-lo atrás das grades. – olhou para o chão. – Que Hades o tenha sob as correntes de Hefesto. – voltou a ler o relatório. - A ex-namoradinha de vinte e um anos preferiu namorar seu forçado irmão, Jaques Di Monti... – olhou para irmã. – Espero ansioso por esse desgraçado. – voltou a ler. – Ela, aparentemente, cometeu suicídio, tendo apenas Lívia como testemunha, causando-lhe um grande choque. Ela tem histórico de duas internações hospitalares: uma por fratura de antebraço aos dez anos e outra por cirurgia de apêndice, sendo esta última há quatro anos. Garota exemplar que ama bichos. É uma boa amiga e filha, apesar de um longo histórico de envolvimento com meninas. – olhou a irmã nos olhos – Uma grande sedutora. – sorriu - Ainda sustenta a vagabunda da mãe, que poderia vendê-la a traficantes, se isso lhe rendesse qualquer quantia. – respirou fundo e concluiu. - E o mais interessante, lésbica até o último fio de cabelo. – entregou a pasta para a irmã.
-- Esqueceu a cor preferida. – completou ironicamente, enquanto folheava o dossiê sem muito interesse.
-- Mate-me! Esqueci-me deste detalhe. – elevou as mãos de forma dramática e falando fino. – Oh pelos deuses do Olimpo! – Haidê o olhou e ele deu de ombros.
-- Pensei que teria um irmão homoafetivo. – Ulisses deu uma gargalhada.
-- Se isso me redime: eu sei o perfume preferido... – balançou as sobrancelhas.
-- Hum... Nem lembra isso, já estou com arrepios. – sorriu ao lembrar o cheiro da loirinha enquanto a beijava na despedida.
-- Oh meu Deus! Não demonstre esta fragilidade assim, isso pode ser contagioso.
-- O que é contagioso é a falta de banho. – Haidê sentiu sua cintura ser presa por dois bracinhos.
-- Tia Haidê!
-- Meu amor... – abaixou-se, ficando de joelhos – Como está o meu gatinho?
-- Senti sua falta tia.
-- Eu também. – beijou o menino. - Vovó mandou um monte de coisas para você.
-- Oba!
-- Vamos lá pegar. – olhou para o irmão – Depois conversamos, enquanto isso, por favor, tome um banho e faça essa barba. – segurou a mão do menino e se lembrou de algo. – Ulisses, não acha estranho isso de suicídio? – ele deu de ombros.
-- Com Jaques? Acho normal. – apontou para a irmã. - Olha você, até de lado mudou. – fez um gesto imitando uma mulher e Haidê revirou os olhos.
-- Depois conversamos.
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Haidê olhava uma foto que havia feito com a loirinha, estava entretida com o celular quando ouviu um barulho, pensou que fosse Ulisses, mas ao sentir o cheiro do perfume que agora lhe deixava enjoada, não se deu ao trabalho de virar.
-- Oi Roberto. – ele viu a foto da loirinha no celular da advogada.
-- Então essa coisa de lésbica é verdade? – aproximou-se comendo uma maçã.
-- Por que a pergunta? – respondeu com outra pergunta, estava séria e com uma expressão indecifrável. – Se esgueirando pelos cantos para bisbilhotar a vida alheia? – o homem ficou sem jeito.
-- Apenas não imaginei... – deu de ombros e mordeu a maçã – Você era um vulcão na cama, sinto até falta ao lembrar. – balançou as sobrancelhas enquanto mastigava.
-- Ainda bem que lembra, porque daquela época só isso. – levantou-se.
-- Você ainda se lembra da gente... – fez um gesto com as mãos.
-- Não. – encarou o homem que tinha sua altura. – Daquela época, eu só me lembro de uma pessoinha... – suspirou com pesar - E ela se foi. - estava com os olhos úmidos.
-- Nós vamos pegar quem matou o nosso filho, falta pouco. – Roberto nunca ouviu Haidê falar sobre isso, mas sabia que intimamente, culpava-se pela morte do filho.
-- É o que mais quero. – disse fitando-o nos olhos e bem próximo ao rosto do moreno. Como eram da mesma altura, Roberto se sentiu intimidado com aquela expressão da advogada. Ele nunca a tinha visto com aquele fogo nos olhos. Ela se afastou e foi em direção à porta.
-- Haidê... – a morena parou.
-- Acha que teríamos alguma chance depois de pegarmos esse assassino? – ela permaneceu parada, em silêncio, parecia pensativa. – Será que poderíamos tentar novamente? Eu ainda penso em você.
-- A única coisa que nos liga hoje, é a vontade de pegar o assassino do meu filho e seus cúmplices. – respondeu sem se virar. - Depois de tudo isso acabar, só terei tempo para Lívia.
-- E por que demorou a responder? Tem dúvidas? – ela virou-se e o encarou.
-- Demorei porque este assunto dói em mim... Eu vi Rodrigo ser queimado e não pude fazer nada.
-- Você tentou, prova disso são estas marcas pelo corpo. Imagino que não tenha se mostrado para sua namoradinha. – revelou em tom de vitória e deu outra mordida na maçã. - Conheço você e sei que essas cicatrizes lhe incomodam. – Haidê sentiu os olhos úmidos. Saiu em silêncio, quis evitar o confronto precoce.
Ulisses veio na direção contrária e viu quando a irmã passou com o cenho fechado, ele a segurou pelo braço.
-- O que houve? – Haidê olhou para trás e respondeu baixinho.
-- Ele sabe de Lívia. – Ulisses avaliou a irmã.
-- Ele ameaçou a loirinha? – ela fez sinal com a cabeça. Ulisses permaneceu observando-a.
-- Ele falou de Rodrigo.
-- Safado! – falou entre dentes. Haidê passou a mão pelo rosto do irmão.
-- Calma, não podemos perder o foco.
-- Quero fazer hoje. – ela olhou para trás.
-- Yan?
-- Posso resolver isso. – retribuiu a caricia no rosto da irmã. – Vamos acelerar isso e acabar esse sofrimento.
-- Quando estiver na hora, basta me chamar.
-- Haidê, você terá condições de fazer?
-- Eu preciso. – saiu em direção ao seu quarto.
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-- Finalmente lembrou que tem mãe. – Lívia sentou-se a mesa onde a mãe tomava um chá.
-- Bom dia para senhora! – Francine a avaliou melhor.
-- O que aconteceu? Parece triste.
-- Apenas cansada.
-- Cansada? De que? Pegar ondas? – perguntou com ironia e bebeu um pouco do chá. – Não faz outra coisa. – Lívia enfiou a mão no bolso e tirou um pequeno bolo de dinheiro.
-- Aqui está o que a senhora me pediu. – entregou chateada. – Preciso ir.
-- Duas horas de estrada para entregar esta ninharia e vai voltar? Por que não transferiu? – Lívia revirou os olhos com impaciência.
-- Ninharia? A senhora tem em mãos mais do que retiro em um mês como salário. Isso alimenta umas quatro ou cinco famílias.
-- Com isso? – esnobou. – Por isso esse País está assim, coisa mais medíocre. – Francine foi interrompida por um empregado que veio lhe avisar sobre uma ligação.
-- Senhora... – fez uma reverência como se Francine fosse uma nobre. – Telefone.
-- Diga que estou descansando.
-- É na linha dois. – Francine olhou assustada e se levantou.
-- Fique para o almoço. – disse para filha e saiu.
-- Cícero, quem é? E essa linha dois, o que significa?
-- Senhorita...
-- Pare com isso! – repreendeu o homem. – Você me viu crescer e nem sou da realeza.
-- Desculpe Lívia, mas sua mãe exige este tipo de tratamento,
-- Eu sou Lívia, apenas isso. – avaliou o homem. – Quem é no telefone?
-- Não sei.
-- Como não sabe? Para atrapalhar dona Francine na hora do seu chá, alguém de muita importância.
-- Apenas atendo essa linha dois e todos ficam em pavorosa.
-- Bem, se fosse dívida já teriam encaminhado a tal ligação para mim. – pegou um biscoito. – O inútil? – o homem sorriu envergonhado.
-- Saiu com o amigo.
-- Divertindo-se e mandando a conta para mim... – revirou os olhos. – Como sempre. – levantou-se.
-- A senhori... – Lívia o olhou de forma severa. – Você não vai ficar para o almoço?
-- Eu pago para não cruzar com o inútil. – olhou a mesa. – Sério que ela só come essas coisas? – o homem voltou a sorrir.
-- Sei quem faria um lanche reforçado para você.
-- Isso é bom. – abraçou-se ao homem. – Rumo a cozinha, a única parte saudável desta casa.
Fim do capítulo
Boa noite meninas! Mais um capítulo, bjs
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Baiana
Em: 03/08/2018
Seria a mãe da Lívia a poderosa chefona? Por falar em Livia,todo mundo alertando ela sobre esses falsos amigos e ela se fazendo de cega. Mas como diz a minha mãe: quem não ouve conselho,ouve coitado.
Resposta do autor:
Será? Tem certeza? Não posso falar nada... kkkkk ELa acredita nesses amigos, assim como tantos outros. Bjs
patty-321
Em: 02/08/2018
Muito nojenta essa mae da Lívia. Será ela a chefe? Não duvido. O Roberto tb tá com os dias contados. Bjs
Resposta do autor:
Será mesmo? Tem certeza dessa palpite? Será que é mesmo mulher? Sei não... Roberto já foi para terra dos pés juntos. Bjs
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Mille
Em: 02/08/2018
Parece que a mamãe da Lívia faz parte do bandidos.
Ah maldito ainda se insinua em querer algo com a Haide não sabe o que espera.
Haide e Ba alertando a Lívia sobre os amigos só espero que ela seja que eles são trairas e não duvido que façam parte da quadrilha juntos a Jacques e cia.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
A mão de Lívia é uma bandida de marca maior, gente interesseira e invejosa. Ela confiou demais, às vezes dá uma pena!
Bjs
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olivia
Em: 02/08/2018
Bom dia deusa das letras,que conversa profunda a Livia e a Haidê tiveram hein, amei, nada como colocar os pingos nos is ! A Livia tendo aqueles amigos nâo precisa de inimigos ,e que mäe horrosa é essa ,apesar dos falsos tem as pessoas verdadeiras que realmente se preocupam com ela! Haidê e o irmão vão atacar entrar em ação novamente.Estou curiosa em saber quem sera a chefa?????? Oi Rafaela desenvolvi uma doença autoimmune,esclerodermia , além de causar dano a pele ainda enfraquece os ossos, tenho desgaste nas articulações da cintura para baixo,não posso usa picina ou tomar sol, muito menos comer ou beber alimento e usa produtos de higiêne pessoal ou beleza que contenha conserntes ( ktoncg ), a pele apos 2 anos de tratamento esta ótima, a dificuldade mesmo é a locoloção ,evitar quedas! Fora isso estou feliz, porque dor todo mundo sente, é só aprender conviver com ela! Tenho muitas coisas boas ler ouvir musicas, completei 64 anos, achei que não viveria tanto! Bjs
Resposta do autor:
Verdade, existem amigos terriveis, mas, muitas vezes só enxergamos quando estamos de fora, assistindo. Quando estamos dentro da situação, vivenciando o momento, somos facilmente enganadas. Isso deixa de acontecer com a maturidade que só vem com os anos, neste caso Lívia só tem 24 anos, muito nova ainda. Poxa, que situação, força e sempre que precisar, só gritar. Bjs
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