Capítulo 9
Fui a primeira a acordar e tive a melhor visão deste mundo, Nina estava dormindo serenamente com os caichos bagunçados, os primeiros filetes de luz cismavam em entrar pela persiana. Seus movimentos delicados no colchão me deixaram nervosa, a noite de ontem tinha sido um divisor de águas em minha vida. Apesar que nunca levei muita fé no amor, pensa que estar com uma pessoa forte e com uma vivência de vida já fosse o suficiente.
-Bom...Dia.
-Bom Dia Nina.
Sorri fraco ao vê-la se sentar na cama.
Ficou um clima estranho estava eu e Bebel nos olhando, apreciamos tímidas ao olhar uma da outra, mas aquilo era o de menos dos meus problemas agora.
-Está com fome?
-E... um pouco.
-Otimo!
Ela se levantou meio atrapalhada, e caminhou até o banheiro, de lá me perguntou se minha mãe tinha escova de dentes extra.
-Eu não... sei.
Bebel apareceu na porta do banheiro, escovando os dentes e me olhando intensamente.
-Parece que... você não... vem muito...Aqui.
Era engraçado vê-la daquela maneira, enquanto ficava presa em meus pensamentos senti um peso na cama.
-Algum pedido ?
-Você...
Ela ergueu a sobrancelha esquerda e sorriu de lado.
-Pode trazer... misto...quente.
-Claro.
Se levantou e pegou as chaves, me deu uma última olhada antes de deixar o quarto.
Sua presença me deixava sem ar, tinha medo de falar uma besteira, diferente da Emanuelle e da Silvana Bebel deslizava sensualidade e rebeldia, apesar do seu novo visual mais moderno a essência da liberdade corria em suas veias.
Durante o caminho até a padaria uma alegria imensa tomou conta do meu coração, mesmo sabendo que a qualquer momento o John poderia aparecer e estragar tudo.
Enquanto Bebel estava fora fui pro banheiro tentar melhorar minha aparência, meus cachos estavam desgrenhados tentava amenizar as minhas olheiras. Quando senti uma leve fisgada na perna que me fez me segurar na pia, a dor vinha rápido, mas os segundos que ficavam eram horríveis.
Estava toda quebrada, como posso está ao lado de alguém parecendo um boneco.
A porta se abriu e ouvi passos, a dor ainda não havia passado.
-Nina trouxe café misto suco e salada de fruta.
Fechei os olhos com força enquanto apertava o mármore da pia.
-Nina está bem ?
-Sim!
-Quer ajuda ?
Não! Quero... dizer...Não precisa.
Alguns minutos depois deixei o banheiro, enquanto Bebel me esperava pra tomar café.
-Trouxe o que pediu.
-Obrigada.
O clima estava diferente, mas não queria tocar no assunto da minha deficiência.
- Posso...te fazer...uma...pergunta ?
-Varias se quiser.
Respondeu provando a salada de frutas do potinho, enquanto me olhava fixamente.
Era esse olhar no qual me deixava tranquila, e boba.
-Por que... o John ?
-Sabe quando tudo parece está dando errado, e você se depara com uma pessoa que não é oprimido pelo sistema, assim e o John. Houve uma época em que a vida não foi legal com ele, mas viva sorrindo e entusiasmado com o que ainda estava por vim, um dia seu ex patrão disse que ele tinha potencial e que trabalhar num posto de gasolina era pouco, foi aí que ele entrou pra esse mundo de carros drogas e bebidas, mas em nenhum momento ele deixou de ser atencioso com os colegas e família, até o dia em que ele me encontrou e eu... bem pensei que me via nele. Até que um ano antes as coisas começaram a mudar entre a gente, mas eu sei que aquele John que conheci ainda está lá dentro. Não se preocupe com isso Nina vou dar um jeito, agora somos eu e você.
Senti suas mãos em meu rosto, eram quentes e macios.
- Eu estou gostando de você de verdade...
- Eu... também
Bebel se aproximou o bastante e encheu uma colher com frutas.
-Prova está uma delícia.
Provei enquanto seus olhos miravam meus olhos verdes e minha boca, me via naquele céu cinzento de seus olhos.
-Você e linda... E eu não consigo ficar longe de você, Nina.
Meu coração batia acelerado no peito seu toque seu olhar, eram recíproco e acolhedor.
-Nao fique...
Selei nossos lábios com um beijo pleno e cheio de vigor, era como se o tempo desse uma pausa pra gente.
Rocei meu nariz no dela por fim beijando sua testa.
-Vamos pra praia?
Ela assentiu presa naquele clima que nos embriagava, ficaria naquele flete pra sempre.
Enquanto arrumavamos tudo perguntei se ela não sentia falta da família, ela ficou pensativa por um momento e me disse que eles nunca iriam entender e aceitar a sua nova vida.
-Você pode apenas visita-los, sabe mãe pai tô viva!
Ela riu foi o melhor sorriso que já recebi em minha vida.
Depois de tudo pronto deixamos o flete, a ajudei entrar no carro e seguimos rumo a praia.
-Silvana vá chamar a Nina.
-A Nina não está aqui.
-Ela saiu ?
Olhei pra todos na mesa e uns olharam uns pros outros, falaram que não viram a Nina desde a noite passada.
-Vocês são burros né, fala sério a Nina está ficando com a minha prima.
Todos na mesa ficaram chocados, menos eu era um fato que gostava da Nina, mas Bebel estava se aproveitando dela.
-Silvana...
Segui minha amiga até a cozinha.
-Silvana.
-Por favor, agora não Marcele
Me aproximei tocando em seu ombro, estava tensa e com raiva.
-Acho que a Nina está seguindo o coração dela.
-Bebel não é uma boa escolha, sabe disso melhor que ninguém.
-Vai fazer a caveira da Bebel pra Nina, a essa hora do campeonato ?
-Se alerta-la e fazer caveira vou sim.
Tomava café um pouco apressado, enquanto Olvier me olhava atentamente.
-Calma cara assim você vai se entalar.
-Nao enche Junior, tenho uma reunião no centro.
-Se quiser posso te levar.
Tava demorando pra abrir aquela boca.
-Nao valeu!
- Eu estou indo pro centro também.
Me levantei o encarando.
-Acha mesmo que vou cair no seu papinho, de uma sombra já basta a minha.
-Credo Maurício, não precisa falar assim.
-Falou a bonequinha de luxo.
Revirei os olhos pegando minhas coisas, Oliver me seguiu e ao sairmos o encurralei no murro.
-Qual a sua hein!
-Livros!
-Livros!?
-E você é surdo Maurício, tenho uns dez livros pra levar pra biblioteca no centro. Mas isso não será possível se continuar com as mãos em cima mim.
Ele se afastou contrariado, por mais que os livros fossem minha paixão não o deixaria pisar em cima dos meus sentimentos, se ele entende de ondas eu entendo sobre a vida.
Nao insisti na carona, porém me espantei quando ele entrou no carro .
-Estou aceitando por está atrasado.
-Meu carro minhas regras, nada de bater a porta novamente assim!
Ele me olhou e depois voltou a atenção pra rua, liguei o carro e partimos.
Durante o caminho Maurício estava tenso, mas fingia que era uma beleza, tentava me conter apesar de está um gato naquele terno e gravata.
Coloquei uma música nada discreta, enquanto ele olhava pela janela e tentava não pensar no quanto sou uma gazela.
-O quê e o mar pra você?
-Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido. Fernando Pessoa.
Sorri então Maurício não era um pobre culturalmente.
Estava atento na estrada quando um cara me cortou bruscamente, Maurício segurou minha mão por cima da macha, me causando uma sensação de arrepio e medo.
Desci em seguida e o home alto veio tirar satisfação comigo.
-Olha o que você fez!
-Você que passou na minha frente, poderia ter causado um acidente.
- Com certeza pelo menos valeria a pena!
Gritou o homem ao me ver.
Maurício se aproximou e encarou o homem, que estava descontrolado.
- Que história é essa de valer a pena ?
-Olha já veio o maridinho defender a esposa.
-Maridinho? Vou te ensinar como tratar o ser humano seu bosta!
Maurício deu um murro no rosto do homem mais alto, mas o outro revidou.
Por fim consegui separar os dois, o homem entrou no carro e ainda ficamos parados na pista um olhando pro outro.
-Deixa eu ver...
Me aproximei, mais ele se afastou alegando que não era médico.
Entramos no carro e continuamos o percurso, o que era agradável agora se tornou sofrido.
- Que tal praticamos um esporte?
-Meu...único esporte...E sinuca.
-Então quer dizer que estou perto de uma campeã de sinuca, bom saber.
O humor da Bebel não era forçado, isso que amava nela, me fazer sorrir apenas por sorrir.
-Mas esse não há perigo.
Mostrei o caiaque, seus olhos brilharam mais o medo a impedia.
-Estarei com você, não vou deixar que nada de ruim te aconteça....
Agora estávamos em alto mar, ela ficou temerosa em usar o caiaque pela primeira vez, mas com muita paciência consegui convencê-la.
-Está gostando ?
-Bastante.
Era um dia de sol e o mar estava calmo, rimos e brincamos como duas crianças.
Ao voltarmos pra areia, guardava os caiaques enquanto Nina me esperava.
Estava esperando Bebel voltar quando dei um passo e não senti minha perna, usei o peso do meu corpo todo pra me equilibrar porém em vão, cai imediatamente contra a areia.
Bebel veio correndo em minha direção enquanto estava assustada, não era minha perna paralisada e sim a outra.
-Nina Nina o que houve ?
Ela falava comigo porém o pânico tomava conta do meu corpo, e da minha cabeça.
Batia minhas mãos contra a areia e falava em alto e bom som.
-Nao...sinto... minhas pernas!!
Ao ouvir no plural sobre suas pernas, automaticamente minhas mãos foram parar em uma delas, pro pânico da minha pequena.
-Sente ?
Negou com a cabeça.
Tentei mais dias vezes na última ela sentiu meu dedo, era apenas uma cambria. Mas entendia seu descontrole a entendia muito além disso.
A ajudei se levantar e fomos caminhando até o carro. Sabe aquele momento em que você não sabe o que falar, pois bem era esse o momento.
Nao nos demos conta de que coisas assim podem acontecer, acho que nem eu nem ela estávamos preparadas. A única coisa que fiz foi segurar em sua mão e aperta-lá.
Ao chegarmos em casa o som alto revelava um evento, ao entrarmos me deparei com John a minha espera.
-Demorou meu amor.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Thaci
Em: 27/07/2018
Boa tarde,Sorriso!!
Que fofo a Bebel cuidando da Nina. O que ela irá fazer agora ? Será que ela irá desistir da Nina? E a Silvana o que ela irá aprontar com o casal fofura?
Nota mil. Parabéns pela escrita.
Resposta do autor:
Obrigada Thaci essa é bem diferente porém curtinha, que bom que está gostando essa é minha primeira estória com vários núcleos.
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]