Capítulo 11 - A Única Mulher Que Queria
O RENASCER DE UM ANTIGO AMOR
Capítulo 11 - A Única Mulher Que Queria
Eram aproximadamente 16h00 quando Isabel e Fernanda pegaram a estrada na caminhonete preta da tatuadora.
-- Não cansa ficar dirigindo tanto tempo? -- Fernanda encostou no banco encarando Isabel.
-- Um pouco, na verdade eu vou estar cansada daqui umas duas horas mais ou menos. -- Respondeu sem tirar os olhos da pista. -- Mas daí a gente pode parar pra comer alguma coisa… Namorar um pouquinho. -- Piscou para Fernanda que sorriu.
-- Você fica muito linda assim, concentrada. -- Falou mordendo o lábio inferior.
Isabel riu e balançou a cabeça negativamente. Nunca havia sido um exemplo de motorista, então definitivamente precisava manter o foco na estrada. A verdade é que gostava mesmo de motos, tinha uma Kawasaki que era seu xodó e uma Harley-Davidson que adorava usar para se exibir nos eventos. Andava quase voando nas pistas.
Respirou fundo quando surgiram em sua mente, memórias de um passado que ainda a atormentava.
3 anos atrás.
Era pouco mais de meio-dia de um domingo ensolarado. O sol brilhava forte e tinha previsão de chuva para aquela noite. Um típico verão do interior de São Paulo.
Isabel bufou contrariada, tinha recebido quase que uma intimação para comparecer naquele almoço na casa de Oscar. Há 3 semanas inventava uma desculpa diferente, mas daquela vez não teve opção.
Havia emprestado sua moto para Victória ir no almoço, sua irmã nunca havia transportado alguém desde que havia tirado a carteira de motorista e ainda se recusava fazê-lo, portanto, sua única opção foi pegar o ônibus.
Sentada em um banco do transporte público, Isabel tentava ignorar o mundo ao seu redor com os fones de ouvido. Ao menos demoraria um pouco até chegar lá e precisar socializar com todos fingindo que adorava a ideia de sua irmã namorar a garota por quem era apaixonada.
Estranhou determinado momento em que o ônibus parou na avenida, algumas pessoas se levantavam para olhar pela janela. Retirou os fones e acompanhou o restante dos passageiros.
Era impossível ver algo no meio do aglomerado de socorristas e curiosos, porém o caminhão que transportava bebidas parado ao lado e cercado por policiais deixava claro que algum acidente grave acontecera ali.
Viu algumas pessoas apontando para o outro lado e puxou os óculos para tentar enxergar o ponto distante, sem sucesso. Uma sensação ruim tomou conta de seu corpo.
-- Motorista, abre pra mim descer, por favor. -- Pediu sendo atendida pelo senhor que logo deu partida e seguiu o itinerário.
Pegou o celular e ligou para Victória. Na terceira chamada foi atendida.
-- Vic? -- Chamou.
-- Boa tarde. -- Isabel sentiu sua pressão cair ao ouvir a voz masculina e notar que a barulheira da rua se repetia na chamada. -- Aqui quem fala é o Subtenente Daniel Couto, ocorreu um acidente aqui na Avenida Jabaquara, próximo ao posto de combustível, a senhora tem algum parentesco com a dona desse celular?
Isabel apertou os olhos, só podia ser um pesadelo. -- É minha irmã. -- Disse apenas.
Viu os primeiros-socorros a levarem para uma ambulância e seu mundo parecia girar.
Quando abriu o portão da casa de Oscar, que estava apenas encostado, viu Fernanda erguer o olhar e baixar quase que de imediato.
Não era quem ela estava esperando.
Foi Mariana quem quase pulou em si, um pouco animada com a bebida. -- Cadê a Vic? Você viu ela sair? Ela disse que ia pedir tua moto emprestada.
-- Ela… Bateu a moto, na avenida. -- Disse num fio de voz.
Mariana soltou um suspiro. -- Outra vez? Ainda bem que ela vai comprar uma moto normal… Eu falei pra ela que as suas motos eram perigosas. -- Cadê ela? Ela se machucou? Voltou pra casa?
-- O resgate… Levou ela pro hospital. -- Disse vendo a expressão de sua irmã mudar.
-- Resgate? -- Repetiu incrédula. -- Ela se machucou muito?
-- Eu não sei… Ela não parecia consciente. -- Colocou as duas mãos sob o rosto. -- Mari avisa a mamãe, por favor… Me poupe de ter que fazer isso.
-- Quem não parecia consciente? -- Fernanda perguntou aparecendo atrás das duas.
Isabel se virou a encarando por alguns segundos. O olhar de quem já sabia a resposta lhe cortava o coração.
-- Isa? -- Ouviu Fernanda a chamando pela terceira vez.
-- Oi? Que foi? -- Respondeu assustada.
-- Onde você tava?
-- Como assim?
-- Você parecia no mundo da lua.
-- Eu? Eu não…
Fernanda se encolheu no banco fazendo uma careta. -- Não tá pensando em outra não né? -- Disse fazendo Isabel soltar uma gargalhada.
-- Ai Fernanda… -- Ela falou quando conseguiu parar de rir. -- Não sei porque você diz essas coisas.
Fernanda a encarou fazendo bico.
-- Porque eu tenho medo que você me deixe…
Isabel balançou a cabeça negativamente. -- Eu nunca te deixaria Nanda… Não pense isso de mim. Eu não quero ser a mulher que te deixa insegura, eu quero que você tenha muita certeza de que eu te amo.
Fernanda piscou algumas vezes surpresa e só então Isabel se deu conta de que ainda não tinha dito que a amava.
Sorriu sem graça, havia escapado naturalmente. Arqueou as sobrancelhas, tinha a leve impressão de que os olhos de Fernanda brilharam ao ouvir aquilo. Ou seria apenas seu sub-consciente querendo a enganar. Isabel começou a travar uma batalha interna com seus pensamentos que foi interrompida pelas palavras que desejou ouvir a vida toda.
-- Eu também te amo. -- A morena sorriu sem jeito. Isabel tinha aparecido em sua vida quando tentava encontrar algo que realmente fizesse sentido, e desde que seus caminhos se cruzaram, se via sorrindo 24 horas por dia.
Mariana remexeu a comida em seu prato, seus pais haviam saído com um casal de amigos da família, estava completamente sozinha e aquela casa, simples, porém gigantesca, tornava sua solidão mais angustiante.
Colocou uma música no rádio, morria de medo de invasões, assaltos, e tudo mais. Era extremamente paranóica com isso e sempre sofreu deboche de suas irmãs por isso.
10 anos atrás.
Mariana estava no terceiro ano do ensino médio, aos 16 anos tinha pulado uma série e passava o dia todo estudando para o vestibular.
Seus pais estavam em um jantar na casa de amigos, como era de costume todo sábado a noite. Entretanto por mais que tivessem duas pessoas a menos na casa, o local parecia mais barulhento do que nunca. Se levantou impaciente e foi até a sala.
-- Vick abaixa essa TV, pelo amor de Deus. -- Pediu pra irmã mais nova que logo tratou de obedecer. Apesar de Mariana ser a filha do meio, sua mãe sempre a deixou “no controle”.
-- Porque você não sai um pouco desse video-game hein? -- Perguntou encostando-se no sofá.
-- Porque você não sai um pouco daqueles livros hein? -- Victória devolveu a pergunta sem desviar o olhar da televisão.
Mariana revirou os olhos e se afastou. Era inútil discutir. Foi até a porta do quarto de Isabel onde a música era quase ensurdecedora.
Bateu algumas vezes. -- Isa… Abaixa o som, os vizinhos vão ligar pra polícia.
Ouviu uma movimentação estranha porta adentro e foi até a cozinha pegar uma faca. Voltou abrindo a porta de supetão e se deparou com uma garota na janela que empalideceu ao ver o facão apontado para ela.
-- Isa socorro! -- A menina gritou e Isabel saiu do banheiro enrolada na toalha.
Isabel suspirou. -- Ah Carol, é só minha irmã, ela é louca. -- Pegou o facão das mãos de Mariana. -- Agora que ela já te viu pode sair pela porta da frente né… -- Disse fazendo pouco caso, porém a menina parecia tão apavorada que apenas pulou a janela e saiu.
-- O que significa isso? Eu achei que fosse um ladrão! Porque tuas amigas não podem entrar pela porta da frente igual gente normal. -- Disse revoltada e desligou o aparelho de som.
Isabel arqueou as sobrancelhas e soltou um risinho debochado. -- Você parece uma velha Mari. -- Segurou-a pelos ombros e foi empurrando até a porta do seu quarto. -- O que eu disse sobre entrar no meu quarto? Hum? Estritamente proibido.
-- O que aquela menina tava fazendo aí hein? -- Perguntou por mais que já suspeitasse da resposta.
-- Vai cuidar da sua vida Mariana. -- Isabel respondeu aborrecida fechando a porta na cara da irmã.
Mariana sorriu com as lembranças. Isabel era tão difícil de lidar, felizmente hoje era um pouco mais responsável e menos grosseira.
Sabia que sua irmã tinha viajado com Fernanda e sabia que a intenção dela era afastar sua cunhada das lembranças, mas temia por Isabel, temia por um momento em que a memória de Fernanda voltasse e todo o seu conto de fadas ruísse.
Ou talvez Fernanda poderia se apaixonar por ela antes.
Franziu a testa com a ideia de Fernanda apaixonada por Isabel. Era quase uma piada.
Isabel parou o carro na beira de uma praia, junto a vários outros veículos que estavam ali.
Assim que desceram Fernanda notou que se tratava de um luau.
-- Que lindo… -- Disse encantada com a decoração e a música ao vivo que tocava. -- Vamos lá?
-- Agora? -- Isabel olhou o celular, era quase meia-noite e a festa já devia estar acabando. -- Amanhã a gente vai.
-- Vai ter amanhã de novo?
-- Sim tem quase toda noite. -- Disse segurando a mão dela e a puxando para dentro da pequena casinha que havia comprado alguns anos atrás, era seu refúgio e depois de muitas reformas podia-se dizer que se tratava de um lugar aconchegante.
-- A gente podia pelo menos ir ver como que é? -- Disse Fernanda fazendo bico.
Isabel a segurou pela cintura e a beijou com sofreguidão encostando o corpo delicado de Fernanda contra a parede.
-- Quer mesmo ir lá? -- Perguntou baixinho com a boca extremamente próxima da outra.
Fernanda sorriu e tocou o rosto de Isabel com carinho. -- Não. -- Disse num quase sussurro, fazendo a outra abrir um sorriso largo.
Isabel a puxou até a sala e parou no sofá mesmo a colocando em seu colo, baixou uma alça da blusa e seus lábios tocaram a pele macia que ainda cheirava a banho recém tomado.
-- Eu quero tanto você Nanda… -- Disse subindo com os lábios pelo pescoço até chegar a boca que tomou-a com vontade, Fernanda enroscou os dedos nos fios negros de Isabel e jogou o corpo contra o da tatuadora, encaixando uma das pernas entre as dela.
-- Eu também quero… -- Disse Fernanda com a boca colada no ouvido de Isabel e uma mão subindo por dentro da blusa de algodão que ela usava. -- Fico louca quando você me pega assim. -- Falou massageando com a mão direita o seio que começava a enrrijecer.
Isabel suspirou, agora tinha a única mulher que queria para toda a vida. Inverteu as posições ficando por cima de Fernanda, notou o rosto dela ganhar tons avermelhados quando começou a abrir os botões da calça sem tirar os olhos dos dela.
Bastou um toque para sentir o quanto Fernanda a desejava, aquilo a arrepiou, deslizou os dedos pelo sex* molhado a penetrando de surpresa. A morena suspirou fincando as unhas nos ombros de Isabel, que acelerou o ritmo de vai e vem ao ouvir os gemidos de Fernanda se tornarem mais sôfregos.
Assim que a sentiu tremer em seus braços Isabel desacelerou até parar completamente e retirar os dedos colocando-os na boca quase que instintivamente. Era o melhor gosto do mundo.
Fernanda sentiu o corpo se acender novamente com a cena, Puxou a tatuadora para cima de si e ergueu sua blusa ao mesmo tempo em que tirava sua própria também, queria sentir o corpo dela junto ao seu e Isabel não dificultou nem um pouco.
A viu descer timidamente com um rastro de beijos por sua barriga e arqueou as sobrancelhas, assistir Fernanda fazendo aquilo era a realização de suas melhores fantasias.
Não era nenhuma santa, já havia desejado inúmeras vezes ver a morena lhe ch*pando, porém quando os lábios de Fernanda tocaram seu íntimo Isabel notou que a realidade era definitivamente mais prazerosa que seus devaneios.
-- Humm...Nanda, isso. -- Gem*u segurando os cabelos castanhos da namorada que ergueu o olhar para fitá-la por um instante e depois voltou a se concentrar no que fazia. Só parou quando Isabel a puxou ofegante para um beijo que acabou levando-as para o quarto.
No dia seguinte Isabel acordou com o sol que já invadia todo o cômodo, olhou para o seu celular que vibrava sem parar e suspirou imaginando que eram seus estagiários, pensou em pegar o aparelho mas assim que se virou para o lado e viu uma Fernanda que dormia como um anjo com apenas um lençol cobrindo sua nudez decidiu que deixaria eles se virarem um pouco e se aconchegou nos braços da morena.
-- Bom dia coisa linda. -- Fernanda disse num sorriso assim que abriu os olhos e notou Isabel lhe analisando.
-- Bom dia. -- A tatuadora deu um beijo no nariz de Fernanda e a apertou em seus braços. -- Tem como você voltar a dormir? Pra eu trazer café na cama e depois a gente se amar loucamente igual naqueles filmes clichês?
Fernanda riu afastando alguns fios de cabelo do rosto. -- Precisa ser nessa ordem? -- Perguntou fazendo bico enquanto sua mão passeava preguiçosamente pela coxa da tatuadora.
Isabel suspirou e fechou os olhos quando Fernanda insinuou a mão entre suas pernas.
-- Nanda? -- Abriu os olhos percebendo que ela tinha parado.
-- Esse barulho é o meu ou o seu celular? -- Perguntou olhando para os lados a procura do aparelho que vibrava.
Isabel resmungou desanimada e se levantou. -- Acho que é o meu. -- Pegou o celular e arregalou os olhos. 50 mensagens no grupo de sua família, 22 ligações de Mariana, sua mãe, seu pai, e alguns outros parentes. -- Eita… -- Desbloqueou o aparelho preocupada e em alguns segundos Fernanda notou o rosto de Isabel empalidecer.
-- Isa? O que houve?
Fim do capítulo
Sei que atrasei 2 dias, me perdoem, em compesação fiz um cap maiorzinho.
Se puderem deixar um comentário, me dizer o que estão achando, eu ficaria muito feliz <3
Um grande abraço a todas vocês
Comentar este capítulo:
zilla
Em: 25/07/2018
Não gostei dessa Isabel, aproveitando da falta de memória da Fê affs!
Uhuuuu acho que a Vic acordou pra tristeza da Isabel kkkkkkkkk!
Quero só saber oq eles vão dizer a Fê hehe!
Adorando sua história moça, volta logo pfv
Resposta do autor:
Olha eu sinto que a Fernanda gostou hein kkkkk
Brincadeiras à parte, parece que a casa caiu pra Isa, tadinha.
Olha só, eu voltei já, corre lá pra conferir o capítulo 12.
Um abraço.
LeticiaFed
Em: 25/07/2018
Oi! Encontrei sua história hoje e devorei os capítulos. Achei super interessante o enredo e me confesso ansiosa pelo desenrolar. Especialmente pela possibilidade de Fernanda recobrar a memória e, o que me parece ter acontecido, de Vic despertar do coma. Em qualquer das hipóteses vai dar m...rsrs Mas estou torcendo muito pela Isabel, que sofreu apaixonada esses anos todos e quando finalmente e incrivelmente os sonhos se tornam realidade...puff!
Volte logo! Team Isabel presente ;) Beijo!
Resposta do autor:
Olá, tudo bem?
Que bom que gostou, espero que continue acompanhando :)
Parece que a Vic despertou do coma né? Coitada da Isa kkkk
Eu gosto de ver que tem gente torcendo pela Isabel, porque ela ama a Fernanda de verdade, e não faz mal pra ela em nenhum aspecto.
Então, eu já voltei, era pra eu postar domingo, mas resolvi jogar hoje logo hahaha
Um abraço.
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