• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • An Extraordinary Love
  • Capítulo 55 Golpe Baixo

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Eu sei por onde começar
    Eu sei por onde começar
    Por Miss S
  • Tudo de Nós (Por que demoramos tanto?)
    Tudo de Nós (Por que demoramos tanto?)
    Por Leticia Petra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 1

Ver lista de capítulos

Palavras: 7219
Acessos: 3122   |  Postado em: 22/07/2018

Notas iniciais:

Boa noite gente... 
Segue mais um capítulo para vocês, curtinho pois a semana foi intensa demais. 
Temos uma foto ilustrativa do gatinho mais fofo de AEL Andrômeda. 

Continuo agradecendo o carinho que vocês tem tido com a minha história. 

Xeros

Capítulo 55 Golpe Baixo

A solidão daquela noite de verão lhe consumia e só fazia potencializar a sua angústia. A suposta calmaria das ultimas semanas a estava deixando incomodada. Se havia algo que ela aprendera ao longo de séculos de existência era a de que longos períodos de tranquilidade sempre vinham seguidos de tormentas terríveis.

Parecia doentio, mas ela chegava até mesmo a ansiar para que algo acontecesse e lhe tirasse da quase inércia e do ócio que lhe deixava tempo livre demais para ter pena de si mesma, se odiar e se machucar cada vez mais O pacote masoquista completo. As missões bem sucedidas se acumulavam uma após a outra e o Martelo vinha sofrendo derrotas consecutivas, mas nem esse bom momento lhe roubava a amargura. Exceto por alguns raros momentos de verdadeira felicidade ao lado de Manu, Delphine vivia a maior parte do tempo mergulhada em pura autocomiseração.

E desde que recebera aquela primeira foto de Amanita mostrando tudo o que mais temia, que seu já frágil autocontrole estava prestes a ultrapassar todos os limites.

Ao longo das quatro últimas semanas vinha recebendo relatos e registros fotográficos e de vídeo acerca dos últimos passos de Cosima e, para seu total desespero, ela estava contando cada vez mais com a presença muito próxima de Shay.

Nem mesmo o poderoso teor alcoólico de seu Macallan 12 anos, conseguia mais lhe entorpecer, mesmo tendo finalizado uma garrafa inteira. O máximo que sua imortalidade lhe permitia era uma leve pressão na cabeça e um incômodo desagradável no estômago. Contudo, essas sensações muito bem poderiam se dever ao vídeo de pouco mais de um minuto que já perdera a conta de quantas vezes já havia visto. Nele Cosima esteva envolvida pelos braços de Shay que desferia pequenos beijos no pescoço dela. Ambas estavam numa praia, acompanhadas por um grupo de várias mulheres em um final de tarde lindíssimo.

Repetir aquele vídeo era uma espécie de tortura doentia a qual se submetia. Sentia cada célula de seu corpo ser consumida por uma dor quente e uma vontade sobre-humana de por fim a vida daquela mulher que ousava tocar sua Cosima tão intimamente.

“Sua Cosima!” Riu debilmente diante daquela frase e dos significados que ela poderia ter. Havia vivido muito e aprendido muito com as mudanças sociais e culturais para ter o conhecimento racional de que ninguém é dono de ninguém. Contudo, ela mais do que ninguém sabia que a sua vida estava profundamente ligada à de Cosima, pois tinha a certeza de que a outra era a dona da sua vida e de sua felicidade. Fora assim há mais de trezentos anos atrás e estava sendo novamente. Tudo nela pertencia àquela alma, que naquele instante, estava tão distante.

Pegou-se questionando se doía mais a amarga e incerta espera que experimentou por tanto tempo, ou tê-la reencontrado e precisar se afastar. Ter finalmente voltado a provar o doce e puro sabor da felicidade, e ter de maculá-lo daquela forma tão violenta.

“Mas é para o bem dela!” Repetiu aquela frase que já estava quase se tornando o seu mantra, pois a mencionava ou pensava nela cada vez que a dor do afastamento apertava. Ou seja, praticamente a todo instante.

Sorriu de sua própria desgraça. Sabia que não tinha direito algum de atentar contra a vida de Shay, pois a moça não estava fazendo nada de errado. Nem tão pouco Cosima. Ela estava solteira e livre de qualquer tipo de compromisso implícito com Delphine. Sabia que ela mesma havia providenciado isso.

Com aquele famigerado vídeo sendo reproduzido em loop, leu novamente a sequência das três mensagens que recebera naquela manhã de Amanita, uma das agentes da Ordem e de quem só soube da existência, após decidir que teria de se afastar de seu grande amor. Siobhan havia lhe contado que havia uma pessoa muito próxima a Cosima nos EUA em quem Delphine poderia confiar cegamente. Era Amanita! Alguém que fora recruta por S e Susan quando ainda estava na faculdade. O estreito laço de amizade seria muito útil às intenções da Ordem. De fato, Delphine ficou possessa a princípio, com aquela informação lhe sendo omitida daquela maneira, mas logo percebeu que a sabedoria de Siobhan parecia não ter limites.

“Coitada de você meu amor...” Suspirou após sorver mais um generoso gole de seu malte fortíssimo. Se havia ficado chateada com aquela revelação acerca de Amanita, certamente Cosima surtaria e com toda a razão. A cada dia que passava ficava cada vez mais evidente que a vida de sua amada havia sido, de alguma forma, conduzida. Que muito de sua existência fora cercada de mistérios e do que é pior, mentiras. Amaldiçoou-se pelo fato de também não esclarecer aquele fato para ela, que a sua existência fora sempre “vigiada” de alguma forma.

Concentrou-se na leitura das mensagens que confirmavam a reaproximação mais íntima entre Cosima e Shay, contudo era algo bem diferente dessa vez. Parecia que ambas tinham receio de que aquele novo envolvimento atingisse outros patamares. Segundo a leitura de Amanita, Cosima não era capaz de dar esse outro passo, como aliás nunca fora, só que agora isso se devia a um motivo novo e único. Tinha a ver com Delphine. Essa parte da mensagem sempre lhe trazia uma centelha de esperança, mas em seguida vinham àquelas malditas linhas que narravam a crise emocional que Cosima tivera após ter feito sex* novamente com Shay. Literalmente a mulher fugiu da cama da médica no meio da noite e foi bater na casa da amiga aos prantos.

Apesar desse relato dar margens para ainda mais esperanças, Delphine não conseguia afastar da mente a visão de seu grande amor nos braços de outra mulher. E ali, vendo pela milionésima vez aquele vídeo, percebia que estava perdendo sua alma gêmea. Que ela escorria por entre seus dedos exatamente como a areia que ela brincara naquele vídeo.

Queria ser capaz de odiar Shay, mas até nisso a mulher dificultava sua vida, pois ela era literalmente uma mulher quase perfeita. Toda a investigação minuciosa que solicitara a Stella apenas confirmou o que imaginava. A Srta. Davydov era uma filha atenciosa e ótima irmã que pagava a faculdade de seu irmão caçula. Era uma excelente médica e estava prestes a ter sua carreira alavancada com a possibilidade de ganhar um importante prêmio em sua área. E como se isso não bastasse, ela ainda fazia trabalho voluntário e de caridade em uma clínica popular, realizando cirurgias pro bono em crianças e mulheres que não podiam pagar. Tudo isso sem contar o fato dela ser uma mulher muito bonita e atraente, e o que era pior, ter tido o relacionamento sério com Cosima e de ter existido sentimentos verdadeiros entre elas.

- Merde! – Praguejou alto e forte, jogando sua cabeça para trás e fazendo-a se chocar contra o encosto de sua cadeira.

- Del? – Assustou-se com uma voz infantil a lhe chamar.

- Manu? O que você está fazendo acordada? – Baixou a tampa de seu notebook e deixou o copo de whisky vazio sobre a mesa de vidro de seu escritório e conferiu as horas. – É de madrugada mocinha!

- Eu acordei... – Bocejou com gosto. – Agoniada. – Esfregou a barriga.

- Está se sentindo mal? – Preocupou-se ao se ajoelhar diante dela.

- Eu não, mas você sim! – Disse com a cara amassada de sono. Os grandes e redondos olhos azuis que por vezes pareciam não pertencer a uma criança lhe encararam com firmeza. Colocou a mão no peito de Delphine e como se com aquele toque pudesse ser capaz de sentir cada fragmento dos sentimentos da mulher diante de si, continuou. – Você tá tão triste... – Inclinou a cabeça para a direita e fez um pequeno biquinho. – Eu não gosto quando você fica assim, porque se você tá triste, eu também fico. – Tocou seu próprio peito com a mão livre.

Delphine arregalou os olhos ao se deparar com mais aquela faceta incrível da menina. Ela realmente parecia de alguma forma, sentir ou ser afetada pelo que a loira sentia. Aquela conexão que possuíam ia muito além do que meras palavras poderiam explicar. Era pura, poderosa e sincera. Olhou para a pessoinha a sua frente e se apaixonou ainda mais por ela. Hoje ela sabia que havia amado aquela menina desde o primeiro instante em que se encontraram no porão daquela maldita mansão na Turquia e esse amor só crescia. Tanto que já dera entrada na papelada para assegurar a guarda legal dela e, futuramente adotá-la.

Seu pensamento viajou até o dia em que Manu entregou um lindo desenho dela e Cosima juntas, segurando nas mãos da menina e aquela incrível descrição.

“Família.”

Guardara aquele desenho como um de seus tesouros mais preciosos, pois ele era a centelha mais viva que possuía de que poderia ser capaz de mudar o terrível destino de Cosima. Contudo, continuava confusa quanto aquilo, pois a menina teve duas visões praticamente antagônicas. Numa ela via o fim trágico e a morte de sua amada, no outro viu as três juntas, como uma verdadeira família. Como aquilo poderia ser possível? Um bocejo ainda mais demorado de Manu lhe alertou que aquela pequena pessoa estava caindo de sono e precisava descansar. Pensou que também era o seu caso.

- Venha! Vamos voltar para a cama! – Se ergueu já a pegando no colo. A menina deitou a cabeça no ombro dela e continuou a falar em meio á bocejos.

 - Mas só se você vier comigo. – Já estava de olhos fechados.

 - Irei sim meu amor. Merde! – Praguejou alto após tropeçar em Andrômeda que adorava serpentear entre suas pernas e dessa vez quase a fez cair com Manu nos braços.

 - Olha o palavrão... – Ela ergueu a cabeça e colocou sua mãozinha na boca da mulher que a carregava.

 - Desculpe! – Fez uma careta divertida, fazendo a menina rir. – Mas agora deite-se... Vou só me trocar e já venho.

- Promete? – Sentou-se na cama.

- Prometo!

- Então te esperarei voltar! – Cruzou os braços e se prostrou no meio da imensa cama que dividiam. Bocejou mais uma vez. – Ei, estou ansiosa para amanhã! – Bateu palminhas.

- Eu também minha linda. – Delphine respondeu do banheiro.

- Poderei mesmo conhecê-la? – Disse já cedendo ao sono e se deitando. – Você prometeu que iria me levar até ela. Nossa! Será que ela é legal? – Falava com certa dificuldade enquanto o sono se confundia com sua empolgação.

- Farei o possível! – Disse enquanto retornou já vestida num pijama de seda champanhe. – Agora para o seu lado da cama. – Puxou a colcha para cobrir as duas.

- Espera! – A menina sustentou a mão dela no ar ainda segurando a manta. Fez um som característico com os lábios e logo Andrômeda saltou na cama e enfiou-se sob as cobertas junto a elas. – Pronto! Boa noite Del! – Ergueu-se e depositou um beijo na bochecha da mulher e virou-se, ainda teve como última visão sua raquete de tênis, a qual tinha a esperança de conseguir ser autografada por Serena Wiliams, sua mais nova ídola e de quem iria assistir a um jogo no dia seguinte, durante a final do mais charmoso torneio daquela modalidade. Roland Garros.

       _____

A ansiedade que mal conseguia esconder dentro de si estava atingindo níveis inimagináveis. Já havia praticamente decorado as informações em todos os pôsteres que estampavam aquela antessala e mostravam algumas capas das publicações premiadas daquela ainda pequena, mas promissora editora.

Cosima se levantou mais uma vez e parou diante da janela do segundo andar de um pequeno edifício. Todo aquele pavimento pertencia à Purple Publications, uma editora de livros especializada em publicações feministas e literatura feminina. Estava aguardando as duas editoras chefes que estavam elegantemente atrasadas para a reunião marcada para as 15h daquela terça-feira de final de julho. Melissa Hughes e Samantha Mills, que conhecia de outras ocasiões.

Checou novamente o relógio em seu celular apenas para perceber como os minutos estavam se arrastando e a torturando, contudo o que de fato estava lhe consumindo por dentro não era a possível resposta que estava prestes a receber e sim a decisão tomada há algumas semanas. Praticamente em segredo, havia decidido algo que certamente poderia mudar sua vida por completo e a certeza que lhe levou a fazer aquilo, agora parecia vacilar.

Passou a noite às claras pensando se seria um erro o que estava fazendo ou até mesmo pensando se teria o direito de fazê-lo. Questionou-se também se a decisão tomada no calor da sua mágoa não teria sido precipitada e leviana ou se estava subconscientemente fazendo aquilo apenas para chamar atenção ou até mesmo ferir quem estava lhe ferindo.

- Droga! – Assustou-se com a própria reação, que chamou a atenção da jovem secretária que a olhou por sobre o monitor do computador.

- Elas já estão chegando. – Explicou balançando o celular, deduzindo que a atitude da mulher se devia a impaciência da espera.

- O que? Não, não... Estou com outra coisa na cabeça. – Tentou se justificar e antes mesmo que aquela estranha conversa tivesse seguimento, a porta de entrada se abriu num rompante, dando passagem para Samanta e Melissa, duas mulheres já na casa dos quarenta anos e que traziam no colo as suas duas filhas gêmeas que estavam vestindo uniformes de futebol.

- Minha querida Cosima, nos perdoe! – Samantha se adiantou e apertou a mão dela após colocar a menina no chão. – Mas o torneio das meninas atrasou bastante.

- Sem problemas Samantha... Qual foi o resultado? – Questionou já abraçando Melissa.

- Nós ganhamos! – As duas meninas disseram em uníssono. – E a Maria fez um gol! - Uma delas disse sinceramente orgulhosa da irmã.

- Uau! Então estou diante de duas campeãs? – Abaixou-se para ficar à altura das meninas que tinham oito anos e poder ver de perto as medalhas que elas lhe mostravam extremamente felizes. – Parabéns moças! Imagino que devam estar bastante orgulhosas. – Já falava com as mães das crianças que tanto lhe fizeram lembrar-se de uma outra criança que lhe fazia muita falta.

- Jennifer, você poderia ficar de olho nas meninas enquanto conversamos com a Srta. Niehaus? – Melissa solicitou à sua secretária que atendeu prontamente. - Vamos? – Abriu a porta da sala de reuniões da editora. Cosima se levantou respirando fundo e seguiu as duas mulheres que indicaram um lugar para que ela sentasse. A sala, assim como todo o escritório, era decorada em tons claros de púrpura, fazendo jus ao nome da editora. A decoração era elegante e sofisticada, mas com traços acolhedores que suavizam o clima de possível tensão que poderia haver ali.

Ela observou as duas mulheres conversarem algo, mas não conseguiu ouvir o que diziam, pois estavam na outra extremidade da mesa retangular. As duas lhe olharam com atenção e perceberam que ela estava bastante ansiosa, pois apertava uma mão na outra e fingia estar bastante concentrada em alguma coisa em seu celular.

- Vamos acabar logo com isso! – Samantha disse com tom indecifrável e depositou uma bolsa estilo carteira sobre a mesa. A abriu e retirou dela uma calhamaço de folhas de papel e as soltou sobre a mesa, causando um som abafado e que foi capaz de causar um pequeno sobressalto que Cosima não conseguiu disfarçar.

- Cosima... – Melissa deu continuidade ao que sua companheira havia iniciado. – Nós já trabalhamos com você em outras ocasiões e gostamos bastante do seu trabalho como pesquisadora e escritora, porém... – Pausou sua fala e encarou a outra mulher que estava sentada na beirada da mesa e com os braços cruzados. – Isso aqui... – Pousou a mão sobre o monte de folhas impressas e fechou os olhos, puxando o ar e quase o roubado de uma já aflita Cosima. – É simplesmente M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!

- Tão inspirador... Tão poderoso e ao mesmo tempo tão... – Samantha juntou-se aos elogios rasgados que estavam sendo dados ao trabalho de Cosima.

- Delicado! – Melissa contribuiu com a opinião da sua sócia e esposa.

- Exato! Cos... É um trabalho tão minucioso e apaixonado, com uma primazia técnica e intelectual impressionantes. Minha cara, esse tempo em Paris fez um bem danado para a sua escrita!

- B... Brigada gente! – Disse sem jeito. Apesar de ser extremamente talentosa, não conseguia se acostumar com tantos elogios.

- De fato Mel... O tempo ao lado da Cormier pode ser visto no seu texto. – As mulheres seguiram enaltecendo a obra que Cosima lhes apresentara há poucos dias atrás.

- Eu realmente não fazia ideia da existência de algo tão fantástico e interessante quanto a Ordem do Labrys! – Melissa foleou a pilha de papeis que continham o que teria sido o resultado do pós-doc de Cosima, e que acabou se tornando um livro científico muito mais amplo.

- Algo assim precisa ser visto e conhecido pelo mundo. – Samantha continuava. – Cos, eu já li esse material três vezes desde que você nos enviou e ouso dizer que ele está praticamente pronto. Salvo alguns pequenos detalhes, ele já poderia ir para as máquinas amanhã! E isso me lembra... – Afastou-se um pouco e de uma mesa próxima a parede retirou uma pasta de couro sintético e caminhou até Cosima a entregando. Era o contrato de publicação, ou seja a resposta mais do que positiva que ela esperava. 

- Essa será uma importantíssima contribuição para a História das Mulheres. – Melissa proclamou verdadeiramente empolgada. – E Cos, somos amigas ao ponto de eu poder lhe dizer que essa pode ser a grande obra para que a Purple Publications alcance o patamar que merece. – Cosima não conseguiu evitar o constrangimento causado pelo formigamento em seu estômago.

- Antevejo, inclusive, a possibilidade dele ser lançado em outros idiomas. Pelo menos em francês, com certeza. Até porque muito da história dessa rica sociedade tem a ver com aquele país.

- Meninas... – Usou da intimidade que possuíam. – Eu fico realmente feliz que tenham gostado do meu texto. Confesso que eu estava receosa em publicá-lo. Afinal de contas, trata-se de uma sociedade que... Era secreta. – Externou um pouco do seu receio, tentando não deixar transparecer o que não deveria.

- Compreendo seu medo Cos, mas como você mesma disse e escreveu aqui. “Era” uma sociedade secreta. Não existe mais. – Samantha disse já jogando-se em uma das confortáveis cadeiras que rodeavam a mesa. 

Cosima mexeu-se em sua cadeira denotando o quanto estava desconfortável e temerosa. Havia optado por apenas abordar a História do passado da Ordem, limitando-se e finalizando a escrita em meados do século XVII. Em seu íntimo sabia que poderia estar “traindo” a Ordem e a intenção inicial de ferir Delphine, estava tendo um efeito colateral. Era ela quem estava sofrendo e praticamente se arrependendo de ter escrito e muito mais ter mostrado o seu trabalho a outras pessoas.

- Bom... Falamos desse trabalho científico sensacional, agora... – Melissa retirou da mesma bolsa um outro calhamaço de papéis um pouco mais volumoso que o anterior. – Isso aqui é algo inigualável!

- Simplesmente sensacional Cos! Nós lemos e relemos esse material com lágrimas nos olhos, do início ao fim e só em lembrar de algumas passagens, a emoção quer vir à tona. - Samantha estava sendo realmente sincera.

- Ouso dizer que essa é uma história de amor para deixar Jane Austen com um tiquinho de inveja. – Gesticulou Melissa com os dedos simbolizando o tamanho do sentimento que aquela autora poderia ter. – É realmente arrepiante o amor poderoso que une Melanie e Evelyne! E o que é ainda melhor, ele foi REAL! Tens noção do poder que uma estória inspiradora como essa pode ter?

Cosima arregalou os olhos depois os baixou e fitou as mãos que estavam levemente avermelhadas por terem sido tão apertadas. Suas editoras estavam se referindo as Memórias de Melanie Verger que ela também ousou mostrar para as amigas. Inicialmente a ideia seria apenas publicar o livro, contudo, à medida que o foi escrevendo, precisou recorrer ao Diário e isso ocasionou, por vezes, uma mexida estrutural nele. Acabou que ao final de duas longas e árduas semanas de muito trabalho e poucas horas de sono, terminou com dois impressionantes trabalhos.

Enquanto suas amigas continuavam com a sua enxurrada de elogios e possibilidades para suas obras, ela se pegou pensando em como começou aquilo tudo. Foi justamente após ter revivido o seu relacionamento com Shay e ido para a cama com ela. A profunda tristeza que sentiu ao final daquele ato, trouxe a tona toda a dor que fragilmente havia jogado para baixo do tapete de seu coração. Lembrou-se de literalmente ter fugido da casa da loira e vagar perdida até chegar à casa de Amanita e chorar por horas a fio.

E quando finalmente conseguiu cessar o pranto dolorido, sentiu que precisava exorcizar o “fantasma Cormier” de sua vida e a solução que lhe ocorreu foi a escrita daqueles livros e então trabalhou freneticamente, e aquela escrita lhe servia como uma verdadeira catarse de toda a sua dor.

- É cru! Apaixonado e puramente verdadeiro! – Atentou para o que Samantha estava dizendo. – Você foi ousada mocinha... Não apenas transcreveu as memórias de Melanie. Você preencheu lacunas... Estabeleceu conexões tão sutis e incrivelmente perfeitas, nos fazendo esquecer quando estávamos lendo as palavras da Mel ou a sua narrativa.

- Parece até que estavas escrevendo as suas próprias memórias! – Melissa foi certeira em seu comentário, sem se quer ter ideia de que, de uma maneira surreal, era exatamente aquele o caso.

- Sendo assim... – Samantha foleou o contrato que estava nas mãos de Cosima até achar o que procurava. Apontou o exato local onde havia o valor que seria pago pelas publicações, fazendo com que Cosima arregalasse os olhos em total incredulidade. Não sabia que uma editora de porte médio poderia ser capaz de pagar um valor de quase sete dígitos. Engoliu em seco. – Queremos publicar ambos!

- Isso não é nada usual! – Melissa emendou. – Mas poderia ser uma espécie de combo! – Fez uma careta se repreendendo. – Tá, podemos pensar numa palavra melhor. Mas a ideia seria essa.

Cosima não sabia se sua cabeça estava rodando devido ao valor exorbitante que lhe fora oferecido ou nas implicações que aquelas duas obras poderia ter para a Ordem e especificamente para Delphine. Pensou seriamente em voltar atrás, desistir daquela publicação, contudo já havia mostrado seu trabalho não apenas para Melissa e Samantha, mas também sentiu a necessidade de contar a Shay superficialmente, os motivos do término brusco e repentino do seu relacionamento com Delphine.

- Meninas... – Sua voz mal podia ser ouvida.

- Disse alguma coisa querida? – Melissa interrompeu a conversa com sua esposa.

- Sim... Será que... Eu poderia pensar um pouco sobre tudo isso antes de assinar esse contrato? – As olhou receosa e a expressão de surpresa de ambas a incomodou.

- Cosima... É algum problema com o valor? Se for, podemos rever...

-NÃO! – Saiu mais alto do que gostaria. – De forma alguma. Acho até que é dinheiro demais. É que... – Não fazia ideia de qual poderia ser uma justificativa plausível para o seu receio. Não poderia, nem tão pouco desejava justificar aquilo com algo próximo da verdade que viveu nos meses que passou em Paris e descobriu as coisas mais extraordinárias e inimagináveis. Tanto é que tomou o cuidado de na escrita, não deixar transparecer tanto as questões dos dons das mulheres da Ordem, especialmente de Melanie e Evelyne.

- Sabemos que somos “ainda” uma editora pequena! – Samantha fez questão de frisar aquela palavra. – Mas, se você topar se juntar a nós nessa empreitada, a Purple alçará voos ainda mais altos e será graças aos seus trabalhos.

- Também não é nada disso. Sei e admiro muito o trabalho de vocês, e eu jamais pensaria em publicar meus trabalhos em uma outra editora. Meu objetivo nunca foi o lucro ou coisas assim. – Estava sendo realmente honesta. – É apenas que... Eu tenho uma ligação muito profunda com essa pesquisa e tenho receio... – Não conseguiu encontrar uma palavra melhor. – De como ela será recebida, lida e interpretada. Por isso eu gostaria de um tempinho para pensar um pouco mais e me preparar. – Observou que ambas ficaram claramente preocupadas, mas como eram mulheres sensatas, acabaram concordando.

- Tudo bem Cos. O trabalho é seu! Não sou eu nem a Sam que te diremos o que fazer com ele. A Purple estará aqui para acolher e lançar ao mundo essa obra-prima! – Aquela fala a tranquilizou um pouco mais.

- Muito obrigada meninas. Posso levar o contrato para ler com mais calma?

- Claro! E qualquer dúvida, é só nos ligar! – Melissa disse já caminhando para fora da sala de reuniões.

- Mas tenha uma coisa em mente... Uma história como a Ordem do Labrys pode muito bem solapar os alicerces do patriarcado!

“Golpe baixíssimo!” Cosima pensou. Mas a mulher tinha razão. E se de fato o mundo soubesse de que a Ordem ainda existia e era ainda mais grandiosa, as relações de gênero poderiam ser verdadeiramente repensadas.

“O que merd* você vai fazer Cosima?”

          ______

- Ela é simplesmente SENSACIONAL! – Manu rodopiava pelo apartamento de Delphine abraçada a sua raquete de tênis que agora era o seu bem mais precioso, pois fora autografadas por ninguém menos que uma das maiores tenistas de todos os tempos.

Acontece que há mais de um mês, a menina assistiu a uma partida da Serena Wiliams e ficou impressionada com aquela vigorosa e poderosa mulher. E colocou na cabeça que queria ser jogadora de tênis, e praticamente havia obrigado Delphine a matriculá-la numa escolinha daquele esporte. Todo o poder de persuasão daquela pequena força da natureza deu resultado. Contudo, o que nem mesmo a poderosa Mestra da Ordem poderia se quer imaginar era como a menina iria se destacar tanto naquela modalidade, demonstrando uma facilidade incrível e logo impressionou seus instrutores.

A questão é que aquela menina estava demonstrando habilidades impressionantes não só naquele novo esporte que decidira experimentar. Nos treinamentos e nas aulas na Fundação ela estava se destacando muito das demais crianças, obtendo, inclusive resultados melhores do que muitas meninas bem mais velhas do que ela. Especialmente em equitação. Tudo isso indicava que além de todos os dons fantásticos que a menina possuía, ainda tinha habilidades físicas e atléticas incríveis.

- Que bom que você gostou meu amor! – Delphine assistiu embevecida a alegria exuberante da menina.

- Andrômeda... Olhe que coisa incrível! – A menina pegou a gatinha com uma mão enquanto mostrava a raquete autografada a ela, que esperneou até cair do colo dela e correr para saltar e sentar no colo da mulher loira.

- Essa criança está realmente feliz! – Helena sentou-se ao lado de Delphine ouviram juntas as narrativas das jogadas que Manu mais tinha gostado do jogo que acabaram de assistir e ainda mais, da emoção que foi conhecer aquela jogadora pessoalmente.

Contudo, o pequeno momento de felicidade que Delphine estava vivenciando não durou muito mais tempo. Quando Manu foi para a cozinha ajudar Helena no preparo do jantar, a loira aproveitou para conferir os relatórios mais atuais aceca da segurança de Cosima. Mais uma vez, verificou com bastante apreensão o nome de Amanita como remetente de um e-mail intitulado URGENTE em letras garrafais, e assim que abriu o e-mail sentiu o mundo ao seu redor girar.

O conteúdo daquela mensagem conseguiu desestrutura-la ainda mais do que a primeira foto mostrando a reaproximação de Cosima e Shay. O impacto foi tamanho que não conseguiu se concentrar e gritou um sonoro e gutural “NÃO!” Seguido ao grito que veio a estourar uma das várias janelas daquele cômodo, alertando Helena que foi até lá com presteza, mas também bastante temerosa e tomando o cuidado de proteger Manu. Ela sabia que os rompantes de Delphine poderiam ser violentos e extremamente assustadores para uma criança.

- Delphine! O que foi que... – Não teve se quer tempo de concluir a frase, pois assim que adentrou o escritório encontrou o que mais temia. A poderosa Mestra da Ordem no seu mais selvagem e apavorante estado de transe. – Fica aqui fora Manu! – Tentou conter a curiosidade e a preocupação da menina e ao mesmo tempo protegê-la, pois sabia que não poderia prever o que Delphine faria naquele estado.

- O que a Del tem? – Havia desespero na voz infantil.

- Fique ai fora! – Helena a empurrou com um pouco mais de força e fechou a porta, deixando a criança do lado de fora. Caminhou lentamente em direção a Delphine e assim que parou diante dela, sentiu seu sangue gelar. Lá estavam as duas esferas negras sem vida. Os olhos vidrados muito além da mulher diante dela que tentava, inutilmente, acordá-la. Trazê-la de volta.

- NÃO! – Um estrondo violento assustou Helena que mal acreditou do que viu. – Eu não vou ficar do lado de fora! – Era Manu que acabara de abrir a porta sem nem se quer tocá-la.

- Fique longe Manu! – A mulher ainda tentou segurar a menina, mas essa correu em direção a Delphine e tentou desesperadamente chamar a atenção da mulher.

- Del? Por favor, olha para mim! – Agarrava-se a calça dela e tentava, inutilmente sacudi-la, mas a rigidez da força colossal que assumia o corpo de Delphine naquele transe, a tornava invencível, contudo o controle para aquele estado era o que lhe faltava. - O que está acontecendo com ela? - A criança suplicou por uma resposta a Helena, mas essa apenas gaguejou algo enquanto tentava afasta-la daquela perigosa situação. A aflição desesperada que tomou conta de Manu a fez implorar inúmeras vezes pela atenção da mulher diante de si, mas nada parecia surtir efeito. Pelo contrário, logo uma nova onda de tremor percorreu o corpo da loira, antecedendo algo muito ruim. E num zunido quase inaudível, as últimas janelas de vidro que restavam estouraram em centenas de pedaços pontiagudos que foram lançados sobre as duas.

Numa fração de segundos em que Helena pensou em se projetar para frente e tentar proteger Manu, algo incrível aconteceu. As pequenas mãos que se agarravam as pernas da mulher em transe foram abertas e um segundo antes de serem atingidas os estilhaços pararam no ar, como se tivessem se chocado contra uma espécie de parede invisível, para logo em seguida, caírem ao chão.

- Ai! – A menina berrou assustada.

- Manu? – A voz de Delphine saiu fraca e quando a criança ergueu seus olhos temerosa, encontrou o olhar que tanto conhecia e a face que amava, só que ela estava consternada e confusa. – Você se machucou?! – Abaixou-se assim que identificou um rastro de sangue que tinha início logo abaixo do lábio da menina e de onde minava uma quantidade significativa de sangue. - Helena? O que aconteceu aqui? – E bastou seus olhos se cruzarem com os de sua protetora para ela compreender que tinha sido sua culpa.

- Del? É você mesmo? – A menina questionou já com o rosto lavado de lágrimas que se misturavam com o sangue.

- Sim sou eu... – Ergueu a menina com certa urgência, sentindo-se a pior pessoa do mundo. – Temos de levá-la para o hospital. Ligue para Genevieve! – Demandou enquanto corria em direção a saída do seu apartamento.

- Eu tô bem Del... Não se preocupe mais. – Manu dizia no colo de Delphine enquanto Helena dirigia freneticamente pelas ruas movimentadas de Paris, naquele fim de tarde.

- Eu sei Manu... Não estou preocupada. Apenas vamos levar você ao hospital para cuidar desse machucado. – Mentiu.

- Mentira! – Delphine a olhou com certo ar de surpresa, mas não precisou que a pequena lhe dissesse mais nada. Bastou apenas que ela lhe tocasse o peito, reafirmando aquela ligação que possuíam. Não disse mais nada, apenas sorriu timidamente e a abraçou ainda mais, deixando manchas de sangue em sua camisa.

Assim que chegaram ao hospital, Genevieve em pessoa já as esperava juntamente a uma cirurgiã pediatra que examinou a criança já a colocando numa cama em um dos quartos da ala pediátrica.

Delphine assistia a todo o procedimento realizado na criança sem sair de perto dela, ou largar sua mão. Manu por sua vez, já havia parado de chorar e estava encarando corajosamente os cinco pontos que precisou levar no pequeno corte.

- Você é realmente uma garotinha valente Manu! – Genevieve brincou com ela, causando-lhe um ar de orgulho.

- Você não faz ideia do quanto. – Helena emendou e trocou um olhar extremamente preocupado para Delphine, que apenas baixou a cabeça em profunda vergonha e se punindo mais uma vez.

- Como assim? – Genevieve as questionou. Helena puxou as duas mulheres para um pouco distante de onde estavam Manu e a médica que terminava o curativo no queixo da menina.

- Ela simplesmente enfrentou a Delphine enquanto... – Verificou junta a ela se deveria continuar com aquela explicação. – Ela estava em transe! – A mulher mais velha arregalou os olhos e deixou seu queixo cair ao chão diante daquela informação.

- Ela se feriu por minha causa! – O tom de derrota na voz dela atingiu a todas com violência.

- Não se culpe dessa maneira minha filha! – Genevieve lhe tocou o ombro, na tentativa de tranquiliza-la. – Você não consegue se controlar quando está nesse transe.

- Mas é exatamente por isso que tenho culpa! Eu já deveria ter conseguido dominar a mim mesma, após todos esses anos. – Cruzou os braços contra o peito e respirou pesadamente. As duas outras mulheres se entreolharam e não conseguiram mais encontrar nada para dizer que pudesse amenizar a angústia de Delphine, pois sabiam que ela estava com a razão. Elas mesmas temiam quando ela entrava naquele poderoso e perigosíssimo transe. Era o ápice do poder dela, contudo, ela ainda não conseguia controla-lo então poderia atingir qualquer pessoa indiscriminadamente.

- Mas o que foi que desencadeou o transe dessa vez? – A mulher mais velha as questionou. Só então Helena percebeu que nem havia se preocupado com aquilo até aquela pergunta. Delphine simplesmente acessou seu e-mail em seu celular e mostrou a mensagem perturbadora de Amanita.

- Ela não faria isso! – Helena arregalou os olhos em total incredulidade e recebeu de Delphine apenas um derrotado aceno de cabeça, confirmando a informação.

- Acionem o Conselho! – Foram as duras palavras da Mestra da Ordem.

          ______

- Ela não tem esse direito! – A voz de Stella se sobressaia as das demais, mesmo ela  participando daquela reunião remotamente direto de Washington. – Isso é uma loucura sem precedentes.

- Ela vai nos expor! – Genevieve corroborava com o que a outra mulher acabara de dizer.

- Quem ela pensa que é, para fazer algo assim! – Helena disse enquanto andava de um lado para o outro visivelmente dominada pela raiva. Assim como as demais que participavam daquela reunião extraordinária, estava exaltada com a ameaça iminente que Cosima estava prestes a fazer para a Ordem. Apenas duas delas estavam silenciosamente resignadas.

- Ela pode fazer o que quiser! – A dureza da voz de Siobhan se fez ouvir e atraiu a atenção de todas que a olharam confusas.

- S tem razão! – Foi a vez de finalmente Delphine se pronunciar.

- Do que você está falando? – Helena alterou-se.

- Cosima não faz parte da Ordem... Ela nunca chegou a ser iniciada, portanto... Ela não está nos traindo. – Havia um tom indecifrável na voz de Delphine e uma perturbadora serenidade em sua fala. Todas esperavam que ela, após a explosão que levou ao transe, estaria completamente fora de sim com aquela notícia, mas para o estranhamento de todas, ela estava calma.

Novamente ela mostrava o porque era a líder daquela poderosa e antiga sociedade. Pois era nos momentos de maior perigo, que ela assumia aquela postura de resignação e sempre mantinha o controle diante do caos.

Pelo menos era o que ela demonstrava por fora, pois por dentro estava se sentindo a pior das pessoas... Como se algo muito caro e precioso fosse violado. Um tesouro fosse roubado ou o mais puro dos sentimentos fosse manchado por uma tênue sombra negra.  E, enquanto ouvia a revolta de suas irmãs, compreendeu com todo o pesar do mundo que estava, pela primeira vez, experimentou um sentimento amargo que jamais provara antes em sua vida.

Era ódio! Estava começando a macular o mais ancestral dos amores com aquele outro sentimento pavoroso.

Começava a odiar Cosima!

Apesar dela ter a razão em dizer que a mulher poderia fazer o que bem entendesse com as informações que tinha por não ser membro da Ordem, estava se sentindo devastada e profundamente traída. A Ordem do Labrys era a sua vida. Algo que jurou sob o corpo sem vida de sua mãe que defenderia com a sua vida, se fosse necessário. E alguém como Cosima estava ameaçando o que lhe era mais caro. Expor a Ordem com aqueles livros era uma afronta sem tamanho e em seu íntimo ela sabia que aquilo era algum tipo de vingança mesquinha. Um desafio para ela.

“Você vai se arrepender Srta Niehaus.” Trincou o maxilar e cerrou os punhos. E, em meio ao turbilhão de vozes que concordavam com o fato de Delphine está louca em deixar algo assim ocorrer, ela se manifestou.

- Eu não deixarei! – Todas a olharam sob o peso do poder emanado dela e literalmente tremeram diante da expressão dura que ela trazia no rosto. – Helena, peça para prepararem o jato. – Todas as luzes do salão começaram a piscar. – Eu irei até os EUA.

           ______

Já havia se passado mais de vinte e quatro horas desde a reunião que tivera com Samantha e Melissa e não conseguia parar de pensar na decisão que tomara em publicar aqueles livros. Sabia que o fizera no calor do momento e sob uma enxurrada de emoções que culminaram num tipo de vingança da qual agora estava se amaldiçoando.

- Inferno! – Praguejou sozinha em seu apartamento.

- Cos? O que foi? – A voz sonolenta de Shay se fez ouvir. Ela veio do quarto de Cosima vestindo apenas um robe entreaberto e tinha os cabelos levemente bagunçados.

- Nossa Shay! Te acordei? – Sentiu-se mal com aquilo.

- Tudo bem... Já está quase na hora do meu plantão mesmo. – A mulher se aproximou dela e a abraçou por trás. Cosima novamente se viu em meio aquela conflitante e incomoda sensação de estar fazendo algo muito errado. Havia cedido às suas vontades físicas e ido pra cama com Shay, mas se arrependera no instante seguinte. E mesmo elas tendo conversado de que aquilo não significaria nada demais, que havia sido um erro, a sensação não sumia. Até porque aquele era um erro que estava sendo cada vez mais recorrente.

- É que não tenho certeza se devo publicar os livros ou não. – Confessou enquanto procurou se desvencilhar dos braços da loira educadamente.

- Cos, eu li tudo o que você escreveu e tudo que está naquelas páginas só enaltecem a Ordem. Em nada você fere a imagem dessa antiga sociedade. Muito pelo contrário. Você está homenageando cada uma daquelas mulheres. – Shay disse em tom apaziguador.

- Eu sei, mas é que... – Pausou a fala. Desde que voltaram a se encontrar com mais frequência, Cosima vinha sentido uma crescente vontade de compartilhar com Shay tudo o que viveu nos meses que esteve em Paris ao lado de Delphine. Tinha a certeza de que poderia confiar cegamente naquela mulher, mas algo a impedia. – Não sei se está realmente bom o que escrevi... – Mentiu para desviar aquela insistente ideia de contar-lhe tudo.

- Você está brincando né? Esses livros são maravilhosos. – Disse enquanto caminhava para o banheiro. – Especialmente o diário. Sabes que é o meu favorito não é? – Ela colocou apenas a cabeça para fora e sorriu piscando um dos olhos. Cosima sentiu um pesar tremendo em seu peito diante da simples menção daquele texto, que estava tão intimamente ligado a ela.

- Você me deixa na Amanita antes de ir ao hospital? – Pensou que precisava dos conselhos da amiga. Tinha de dar uma resposta das as editoras o mais breve possível e Amanita sempre tinha algo positivo para lhe dizer.

- Claro que deixo. Mas tem um preço! – A voz da loira se fez ouvir.

- Qual? – Perguntou despretensiosamente.

- Um beijo bem demorado! – Ela disse novamente com apenas a cabeça a mostra só que dessa vez molhada. Cosima apenas deu um meio sorriso sem muita intenção.

Logo estavam parando em frente do sobrado cujo primeiro andar era alugado por sua amiga. Ela sabia que Amanita estava sozinha, pois Nomi havia viajado. Despediu de Shay, pagando o “preço” pela carona e viu o carro dela dobrar no quarteirão próximo. Pensou por uns instantes que o que estava fazendo não era justo com ela, mas tentava se agarrar ás palavras da própria Shay, que dizia que não esperava nada de Cosima, apenas gostava de estar com ela. E que inclusive estava “de olho” em uma fisioterapeuta que conhecera na clínica em Salsalito. Não sabia até que ponto aquilo era verdade. Mas optou por não pensar muito naquele momento, pois tinha algo muito mais sério a sua frente. A decisão de publicar ou não aqueles livros.

Subiu usando a chave que possuía do apartamento da amiga. Ambas tinham as chaves uma da outra para qualquer emergência. Subiu as escadas com lentidão, tentando pesar os prós e os contras da sua decisão, embora ela praticamente já havia se decidido em não fazê-lo. Precisava apenas que mais alguém lhe dissesse isso e ninguém era melhor que a sua “consciência”, como se referia a amiga e mais fiel conselheira.

Assim que chegou próxima ao últimos degraus começou a ouvir algumas vozes que vinham do apartamento da amiga que estava com a porta entreaberta. Aparentemente Nita não estava sozinha. Pensou que conhecia as demais vozes que estavam vindo de lá e já estava com a mão prestes a abrir a porta, quando ouviu o nome de Delphine ser pronunciado ali dentro.

Parou bruscamente sentindo um calafrio descer por sua coluna. Seu coração acelerou em desenfreada. Esgueirou-se quase involuntariamente para tentar ouvir mais sem ser percebida e percebeu as outras vozes pertenciam a Anne e Ingrid. O que significava tudo aquilo?

- Sim! Eu avisei a Delphine! – Nita se pronunciou.

- Estou estranhando ela não ter nos dado nenhuma instrução de como proceder. – Ingrid estava visivelmente preocupada.

- De fato! O silêncio da Mestra da Ordem nunca é bom sinal. – Anne concordou.

- Não mesmo. Mas temos de fazer algo, não podemos deixar que a Cosima exponha nossas irmãs. – Amanita disse.

“Nossas irmãs?” Aquela frase pareceu um tapa na face de Cosima que sentiu seu mundo girar. Aquilo só poderia significar uma única coisa. Tomada por um misto de estarrecimento e algo semelhante a uma mágoa raivosa, escancarou a porta.

- O que porr* está acontecendo aqui?

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 55 - Capítulo 55 Golpe Baixo:
patty-321
patty-321

Em: 24/07/2018

Eita porra. A cois vai ferver. A cos ta louca. Vai expor a ordem e tudo o que a del fez vai por agua abaxo e a cos vai ficar na mira do Martelo. E agora a cos sacando que está sempre sendo traída, manipulada. Eita. Eita. Bjs


Resposta do autor:

Oi Patty, desculpe a demorar em vir lhe responder, mas sempre vejo seus comentários. 

E sim, Cos está louca e vai pirar com a Del diante dela.

Xeros enormes.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web