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A madrasta por Nicole Grenier

Ver comentários: 1

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Palavras: 4378
Acessos: 6654   |  Postado em: 22/07/2018

Capítulo 9

 

Era noite de natal e tia Cláudia convidou alguns parentes mais próximos para a ceia. Eu estava fazendo um esforço enorme para não ser desagradável com ninguém, mas estava sendo quase impossível. A vontade que sentia era de me refugiar em meu quarto. Estava calada e quando algumas primas se aproximavam para conversar, eu apenas lhes dava uns sorrisos amarelos, mas elas pareciam não perceber meu estado de espírito. Apenas Lisa e minha tia sabiam do meu sofrimento. Eu havia desabafado com minha secretária. Ela era conhecedora das minhas aventuras em Paris.

Augusto, mesmo tentando não ser pegajoso, ficava colado em mim. Ele havia chegado há alguns dias e, desde então, minha impaciência devido à saudade de Júlia, aumentara. Todas as vezes que ele me abraçava, eu me lembrava da suavidade da pele dela, e, sem conseguir evitar, me esquivava dele.  Já havia ingerido uns bons copos de vinho e sentia minha cabeça enorme e parecia pisar em nuvens. O calor gostoso, provocado pelo álcool, envolvia meu corpo me relaxando, mas o meu coração continuava pesado e dolorido. Quanto mais eu bebia, mais sentia saudade dela e mais vivas ficavam as lembranças da noite em que a agarrei. Estava sonhando que ela surgisse naquela sala de repente, para me fazer uma surpresa. Estava tão apaixonada que estava começando a ter alucinações. Só podia ser isso. Ela jamais entraria naquele salão num momento daqueles, sem avisar. Sentei-me numa poltrona e fiquei observando o ir e vir das pessoas por ali. Augusto sentou-se no braço da poltrona e se pôs a conversar comigo, mas eu não estava compreendendo nada do que ele dizia, ou melhor, mal escutava sua voz. Meus olhos percorriam os corpos das mulheres ali presentes. Estava com vontade de sex*. Fechei os olhos por alguns instantes e a imagem dela se fez mais nítida. Os lindos olhos azuis, a boca bem-feita e vermelha. Uma boca feita para ser beijada. "Eu ainda vou levar essa mulher para a cama, nem que essa seja a última coisa que faço em minha vida". Prometi a mim mesma e, completamente encharcada de álcool, decidi, que se Júlia não retornasse dentro de mais alguns dias, eu iria fazer-lhe uma visita surpresa. Poderia estar sendo ridícula, mas não me importava mais. Eu queria vê-la! Não iria aguentar ficar mais dias longe dela. A saudade estava me sufocando. Precisava vê-la, nem que fosse apenas por breves instantes. Levaria meu noivo, como fachada. Afinal ele estava louco para viajar pelo Brasil.

 

********

 

Os dias se passaram indiferentes à minha agonia. Chegou o ano novo e Júlia não apareceu, nem deu notícias.

Assim as semanas se arrastaram pelo mês de janeiro de 1968 e alguns dias antes do aniversário de dois anos de Antenor, eu e Augusto pegamos o voo para Salvador e de lá seguimos para Mucugê. O nome da cidade ainda me soava estranho. No percurso para o interior da Bahia eu e meu noivo ficamos deslumbrados com a paisagem, mas ficamos maravilhados mesmo quando adentramos na Chapada Diamantina. A vegetação, os morros, o verde eram de cair o queixo. Ao longe, vislumbramos cachoeiras pendendo de enormes montes que variavam do azul para o verde a depender da distância em que nos encontrávamos. Paramos diversas vezes para que eu pudesse fotografar. Iria pintar todas aquelas paisagens e presentear meus amigos franceses. Nunca vira em nenhum lugar do mundo paisagem tão bonita! E eu conhecia muitos países. Realmente o Brasil era um país lindo!

Pouco antes do entardecer, chegamos à pequena cidade. Assim que o táxi começou a deslizar pelas estreitas ruas, senti o ar me faltar. Tive a impressão de que estava entrando num cenário de um filme antigo. A cidade era tão singela e pitoresca que parecia irreal. Os casarões antigos com fachadas coloridas, as ruas com calçamento de pedra eram um convite a uma visita a um passado remoto.

Pedimos a algum nativo, informação sobre onde poderíamos nos hospedar. Ele nos indicou o melhor hotelzinho da cidade. Tive a impressão de que era o único. O lugar era simples, porém asseado. Augusto quis pedir apenas um quarto, mas eu fui firme e pedi dois. Não queria nem pensar em dividir uma cama com ele. Não conseguia mais imaginar meu corpo sendo tocado por suas mãos.

Acomodamo-nos, e logo após um leve lanche no próprio hotel, saímos a pé para conhecer a cidade.  O motorista do táxi se recolheu logo, pois seguiria viagem no outro dia.

Eu havia conseguido o endereço da tia de Júlia com Helena e fiz com que ela prometesse não a avisar da minha ida.  Circulando com Augusto fui pedindo informações sobre onde ficava a praça da Matriz. Era uma praça muito bonita. A minha ansiedade em ver minha madrasta era tão grande que resolvi bater à porta logo naquele dia. Havia decido vê-la no outro dia para me preparar melhor, mas foi impossível manter a decisão. Aproximei-me do casarão e bati à porta. Meu coração palpitava feito louco no meu peito. Minhas pernas tremiam e meu estômago se contraía provocando tremuras em todo o meu corpo. Minhas mãos suavam e uma leve tontura me balançou o corpo. Augusto segurou-me pelos ombros:

--Sylvia? Está sentindo alguma coisa? -- Seu semblante estava deveras preocupado -- Deve ser cansaço da viagem. Deveríamos ter ficado no hotel e só vir aqui amanhã.

-- Não! Estou bem. Foi só uma leve vertigem...

A palavra morreu na minha garganta quando vi a porta sendo aberta. Uma mulher muito bonita, parecida com Júlia surgiu no batente. Olhou-me com um leve arquear de sobrancelha. Eu já havia observado esse mesmo trejeito em Júlia.

"Deve ser a tia" Pensei.

-- Pois não? -- Ela perguntou com uma voz doce.

-- Boa tarde senhora! Meu nome é Sylvia. Sou irmã de Antenor. Vim vê-lo...

A tia a chamou e segundos depois senti meu sangue gelar nas veias e novamente a tontura me dominou. Segurei o braço de Augusto para não cair. Ela surgiu por trás da tia. Ficou com os olhos arregalados e todo o sangue pareceu fugir-lhe do rosto.

A mulher afastou-se para um lado dando passagem a ela. Ficamos nos encarando, mudas. Ela estava visivelmente em estado de choque e eu do mesmo jeito.  Senti medo de que ela me rejeitasse, de que não quisesse me receber, mas logo depois meu coração transbordou de alegria.  Ela esboçou um tímido sorriso e seus olhos jogaram sobre mim aquele olhar cheio de ternura que eu já conhecia tão bem e sem o qual, não mais podia viver.

Naquele momento, o mundo parou para mim. Eu me esqueci de Augusto, da tia de Júlia, da pequena e bela cidade estranha na qual me encontrava. Para mim, existia apenas aquele doce olhar azul que me inundava por inteiro. A saudade que me apertava suavizou dentro do meu peito e tudo o que eu mais desejei foi abraçá-la bem forte. Envolvê-la em meus braços e poder sentir a suavidade do seu corpo. Como eu já sabia como era tê-la em meus braços, quando dançamos e quando a agarrei, fechei os olhos e dominei meu ímpeto de avançar até ela. Mas, de repente, a razão pela qual eu estava ali voltou à minha mente com toda a força e uma revolta encheu meu coração. Não aceitava a atitude dela. Não aceitava ela ter fugido de mim. A sensação de rejeição me invadiu novamente e meus olhos se estreitaram fuzilando-a. Senti ímpetos de bater nela, de sacudi-la e de, também, agarrá-la e tomar aqueles rubros e carnudos lábios nos meus. Tremi inteira e, com muito controle, pronunciei o cumprimento.

-- Como vai, Júlia?

O tempo que ela levou para responder pareceu uma eternidade. A tia dela e Augusto continuaram calados e me pareceu que eles estavam em outro plano dimensional. Tudo a minha volta parecia irreal. Apenas eu e ela fazíamos parte da realidade naquele momento. Ouvi sua doce e suave voz e meus ouvidos se alegraram. Apesar da minha enorme tristeza mesclada de alegria, senti uma coisa gostosa percorrer todo o meu corpo quando a ouvi pronunciar meu nome. Meu Deus! Aquela mulher estava no meu sangue e era dona absoluta da minha alma.

-- Oi... Oi Sylvia!

Seus olhos engoliam os meus. E seu rosto estava todo iluminado. Era visível sua alegria em me ver. Mas, somada à alegria, a surpresa e a timidez lhe davam um encantamento especial e eu me descobri ainda mais apaixonada.

-- Posso ver Antenor? -- Decidi fazer tudo para que ela pensasse que eu estava ali só por causa do meu irmãozinho.

A dona da casa nos convidou a entrar e nos encaminhou para uma grande sala de visita com móveis antigos. Gostei do ambiente, da atmosfera ali presente. Apresentei Augusto a ela e recebi os parabéns.

-- E quando pretendem se casar?

-- Em breve! -- Respondi olhando nos olhos de Júlia. Ela, sem nada comentar a respeito, foi em busca de Antenor.

A senhora Dulce me pareceu muito simpática.

-- Vocês vão ficar aqui conosco. Vou mandar buscar as bagagens.

-- Não! Nós agradecemos, mas vamos permanecer no hotel! Desculpe termos aparecido aqui em sua casa sem avisar. Como está próximo do aniversário do meu irmão, quis vê-lo e fazer uma surpresa.

-- Fique aqui! Eu sou tia de Júlia, de Antenor, portanto, pode me considerar sua tia também.

Aquilo me sensibilizou, mas eu não podia ficar ali. Tinha medo das minhas reações.

-- Agradeço-lhe, Dona Dulce, mas vamos ficar no hotel. Prometo passar o dia de amanhã aqui, mas dormiremos no hotel.

Júlia entrou com o filho nos braços. Ele me reconheceu, pois sorriu quando me viu. Ela se aproximou de mim e ele abriu os bracinhos em minha direção. Coloquei-o no meu colo e o abracei apertado. Era tão gostosa a sensação de tê-lo junto a mim. Eu sabia que o amava, não só por ser meu irmão, mas, principalmente, por ser filho dela. Beijei-o nas faces e o aconcheguei mais no meu colo.

Dona Dulce sorria enquanto observava o nosso reencontro. Ele, mais que de imediato, descobriu a correntinha no meu pescoço e começou a brincar com o pingente. Ria, com aquela risada gostosa típica das crianças e eu me encantei ainda mais com o rostinho angelical e com dentinhos falhados. Ele era lindo, fofo!

Ela estava sentada numa cadeira em frente à minha e ao lado de dona Dulce e quando meus olhos se encontraram com os seus, percebi novamente a ternura se derramando deles. Meu coração disparou e respirei fundo para conter as lágrimas que ameaçaram romper-me os olhos.

-- Júlia, eu os convidei para ficar conosco, mas Sylvia prefere ficar no hotel.

Ela esboçou um tímido sorriso e eu tive a impressão de que ela ficou aliviada por eu não ter aceitado o convite de dona Dulce. Mas, a educação mandava que ela pedisse para eu ficar.

-- Fique aqui! Será um prazer!

-- Não. Vamos ficar no hotel! É tão pertinho daqui. Amanhã virei passar o dia com Antenor.

-- Mas, jante conosco e venha fazer todas as refeições aqui! -- Dona Dulce sugeriu sincera. Notei que ela fazia questão da nossa presença.

-- Está bem, então.

Júlia me olhou e perguntou com ansiedade.

-- Quanto tempo pretende ficar?

Senti uma dor enorme, pois me pareceu que ela estava com medo de que eu me demorasse.

-- No máximo dois ou três dias. Vou aproveitar e conhecer a cidade e seus arredores.

Dona Dulce sem nada perceber do que acontecia, ofereceu com toda a simpatia do mundo.

-- Sylvia, se você quiser lhe empresto meu carro e lhe indico um rapaz como guia, para que vocês conheçam várias cidades da Chapada.

-- Será maravilhoso, dona Dulce! Muito obrigada!

De repente ela esboçou um amplo sorriso e arqueou as sobrancelhas.

-- Depois de amanhã é aniversário de dois anos de Antenor e no dia 28 será o meu. Farei 46 anos. Vou fazer uma pequena comemoração num sitiozinho que tenho aqui perto. Faço questão da presença de vocês!

Augusto sorriu e, antes que eu pudesse me pronunciar, ele confirmou nossa presença, acredito que para me contrariar e fazer a mulher acreditar que eu era submissa a ele. Ele sabia que eu não suportava que decidissem as coisas por mim.

-- Será um prazer, dona Dulce!

Uma moça aparentando uns 16 anos entrou com uma bandeja e nos serviu um cafezinho.

Júlia pegou Antenor do meu colo para que eu pudesse tomar o café, pois ele com toda certeza iria querer brincar com a xícara. Saiu chorando dos meus braços.

Fiquei maravilhada com o sabor. Nunca havia bebido um café como aquele em toda a minha vida.

-- Dona Dulce, que café maravilhoso!

Ela sorriu satisfeita

-- Cultivo no meu sítio. Tenho alguns pezinhos que me abastecem o ano inteiro.

-- A senhora cultiva muita coisa em seu sítio? -- Perguntou Augusto, fingindo interesse. Ele, com certeza, estava achando aquele momento por demais enfadonho. Estava se esforçando para se tornar uma pessoa responsável, familiar, trabalhadora, mas eu percebia o quanto esse esforço representava uma enorme batalha para ele. Não ficou muito satisfeito com a ida para a Chapada, queria visitar lugares que tivessem praias. Ficar ali, sem que ele fosse o alvo das atenções e com suas vontades insatisfeitas, realmente não o agradava.

 

*********

 

Quando algumas batidas na porta se fizeram ouvir, Júlia estava olhando, juntamente com a tia, um álbum de fotografias da família. Estava impressionada com a sua semelhança com a tia quando mais jovem. Dona Dulce foi atender a porta e ela permaneceu sentada no sofá com a atenção presa às fotos de seus parentes. A sala em que estavam ficava próxima à porta da rua, então quando ouviu aquela voz, sentiu o chão fugir-lhe por sob os pés e deixou o álbum cair no chão, espalhando algumas fotos soltas. Imediatamente sentiu a boca seca e o ar faltar-lhe. Seu coração palpitou freneticamente e não conseguiu erguer-se do sofá. As pernas enfraqueceram. Recostou-se no espaldar do móvel e fechou os olhos. Colocando a mão no peito sentiu o galope desgovernado do coração. Suas vistas ficaram turvas de repente e todo o seu corpo, fraco e trêmulo. Não teve forças para se levantar e sentiu vontade de que o chão se abrisse para se esconder, quando ouviu a voz da tia lhe chamando. Respirou fundo e se levantou. Ensaiou os primeiros passos e buscando o ar seguiu para a porta da rua segurando nas paredes. Um calor ardente lhe percorria o corpo ao mesmo tempo em que o tremor o dominava. Quando alcançou o corredor pode ver parte do corpo dela, pois sua tia ocupava o meio da porta aberta. A simples visão a fez estancar os passos. Inspirou fundo novamente, suplicou a Deus forças e continuou a andar. Sua tia, lhe notando a presença, afastou-se para um lado, dando-lhe espaço. Quando seus olhos abarcaram toda a imagem dela, temeu desmaiar e, para evitar uma possível queda, firmou-se no batente da porta. Permitiu que seus olhos se perdessem nos olhos dela. Uma felicidade mesclada com medo, lhe invadiu os sentidos. A vontade de correr até ela e se jogar em seus braços, lhe acariciou os pés, mas, num controle sobre humano, manteve-os firmes onde estavam. O olhar dela lhe queimava, lhe devassava e, numa velocidade incrível, todos os momentos que sentiu sobre si o poder e encanto daqueles olhos voltaram à sua memória. Admirou a beleza daquele rosto jovem, porém muito seguro de si. Admirou mais uma vez a elegância daquele corpo perfeito que lhe atraía de forma insana. Completamente embevecida, esboçou um tímido sorriso e de seus olhos transbordaram todo o amor que nutria por sua enteada.

Quando ouviu seu nome pronunciado por aquela doce e levemente rouca voz, no delicioso sotaque francês, sentiu uma gostosa carícia morna lhe percorrer em ondas todo o corpo.

Totalmente atordoada respondeu ao cumprimento dela e de Augusto e mal ouviu a tia convidando-os a entrar. Quando ela entrou, sentiu o delicioso perfume penetrar-lhe as narinas, deixando-a mais atordoada ainda. Seguiu-os sem sentir o chão por sob os pés. Parecia andar sobre nuvens. Teve receio de que sua tia notasse seu estado. Ela não era tão compreensiva como Helena, ao contrário, era muito conservadora.

Em dado momento ouviu a tia perguntando a Sylvia e a Augusto sobre a data do casamento. Quando ela respondeu, sentiu uma dor profunda lhe cortando o peito. Sem aguentar ouvir aquela conversa e o olhar quente dela sobre si, entrou para os fundos da casa em busca do filho.

Alguns minutos depois retornou e entregou Antenor para a irmã. O simples ato de se aproximar dela fazia seu corpo ficar todo mole e sem forças. Depois que ela pegou o irmão nos braços, afastou-se e se sentou ao lado da tia. Manteve-se calada sem saber onde colocar as mãos, sem saber para onde olhar, embora seus olhos fossem constantemente atraídos para ela. Por alguns momentos seus olhares se encontravam e quando isso acontecia, sentia-se invadida, despida e as lembranças dos lábios dela em seu pescoço, em seu rosto, tomavam conta de sua mente e de seu corpo. Abominou-se por aquelas recordações estarem voltando em suas lembranças num momento como aquele.

 

********

 

Eu estava louca para ficar a sós com ela por um minuto que fosse. Queria lhe perguntar a razão pela qual ela saiu de São Paulo sem nos dizer nada. Eu sabia que não tinha nada a ver com a vida dela, que ela não me devia nenhuma satisfação, mas na situação em que me encontrava, não conseguia enxergar as coisas claramente. Eu estava indignada, magoada e me sentindo rejeitada. A loucura que estava sentindo por aquela mulher estava tirando totalmente a minha razão e, por isso, estava me achando no direito de exigir uma explicação para a fuga dela.

Depois do jantar, acredito que meu desejo foi ouvido pelos deuses, pois quando ela foi colocar Antenor para dormir - ela não havia aberto mão desse cuidado, desse carinho, nesses momentos dispensava a babá - eu aleguei a boba desculpa de querer vê-lo no berço e a segui. Percebi que ela ficou tensa, mas ignorei. Subimos a escada, ela na frente e eu atrás. Aproveitei e fiquei observando suas formas sob o vestido de tecido leve que ela estava usando. Uma vontade insana de tocar aquelas curvas tomou conta de mim. Andamos pelo corredor e, vagarosamente, ela abriu a porta do quarto. Assim que ela entrou e seguiu para o berço, eu fechei a porta e a tranquei. Aproximei-me dela por trás de modo que quando ela se virasse para se afastar do berço, esbarrasse no meu corpo. Eu estava cega, totalmente dominada pela paixão e pela indignação. Sabia que estava cometendo uma loucura, mas estava pouco me importando com isso.

Ela o colocou no berço com todo o cuidado para que ele não acordasse e quando ergueu o corpo e se virou eu a envolvi pela cintura. Dei um passo atrás com ela presa em meus braços. Ela me olhou com os olhos arregalados e, a fraca luminosidade que entrava pelas vidraças da janela, deu àquele azul uma tonalidade maravilhosa. Ela conseguiu ficar ainda mais linda com a carinha toda assustada.

-- O... O que você... está fazendo... Sylvia?

Meu corpo estava queimando de excitação. Minhas mãos apertavam sua cintura. Puxei-a mais de encontro a mim e senti seu corpo totalmente colado ao meu.

-- Estou... segurando você.... em meus braços...!

-- Acho... melhor você... me soltar... Eu...

-- Está com medo? -- Afundei meu rosto em seus cabelos e a apertei ainda mais. Fiquei embriagada com o seu perfume e o calor do seu corpo. Deslizei minhas mãos para a base da sua coluna, na altura das nádegas e colei seu ventre ao meu. Ao sentir seu sex* tocar no meu soltei um gemido dolorido e pude ouvi-la sufocando o choro.

-- Não... faz isso...! É errado...

Minha razão já havia me abandonado completamente.

-- Errado foi você ter fugido de mim... Por quê? Por que fez isso? Por que veio para cá sem avisar?

Ela chorava baixinho e aquela fragilidade toda, me deixou mais excitada ainda. Eu sabia que ela não ia gritar, que estava totalmente à mercê da minha insanidade.

Ainda a mantendo fortemente presa em meus braços, com uma mão segurei-lhe a nuca e a fiz me encarar. Nossos rostos ficaram bem próximos. Olhei para aquela boca vermelha e cheia. As faces molhadas pelas lágrimas, a boca entreaberta em busca de ar, me deixaram tonta e eu aproximei meus lábios vagarosamente dos seus.

-- Quero você, Júlia...!

Suavemente, rocei meus lábios nos dela. Ela não me empurrou, não tentou se esquivar. Ficou parada, estática, com os braços largados ao longo do corpo e a boca também parada. Não moveu os lábios. A afastei mais do berço e me encostei numa parede puxando-a mais para mim. Afastei minha boca e sussurrei bem baixinho em seu ouvido.

-- Não resista! Eu sei... que você... também quer...

Tomei sua boca novamente. Ela cerrou os dentes, mas quando eu deslizei as mãos para suas nádegas e rocei meu sex* no dela, ato reflexo, sua boca se abriu e seus braços envolveram meu pescoço. Aprofundei o beijo. Nossas línguas se encontraram e eu enlouqueci com a textura deliciosa daqueles lábios, com o calor gostoso daquela língua, com o doce da sua saliva. Ela gem*u docemente, completamente entregue e, sem mais aguentar deixei uma mão ir de encontro ao seu sex*. Ela não opôs resistência. Suspendi seu vestido e toquei sua intimidade por cima da calcinha. Ela estava completamente encharcada.

-- Você é deliciosa... -- Suguei seus lábios novamente. Queria morrer ali sorvendo aquela boca deliciosa. Deixei minha mão massagear sua vagin* por mais alguns segundos e, suavemente, deslizei os dedos pela lateral da calcinha. Quando senti a umidade quente, a maciez da pele e a rigidez do clit*ris perdi completamente o juízo. Afastei meus lábios da sua boca e supliquei.

-- Abra o vestido... quero seus seios! Quero-os... na minha boca!

Foi nesse momento que cometi o maior erro. Ela recobrou a razão e, num gesto brusco se afastou de mim.

-- Está louca? -- Falou baixinho e saiu correndo em direção à porta. Nessa noite eu não a vi mais.

Levei os dedos ao nariz e aspirei seu cheiro. Era delicioso!

Desci as escadas me sentindo nas nuvens. Tinha plena certeza que ela não iria resistir a uma próxima vez. Chegando na sala, olhei para Augusto e uma vontade insana de rir quis me dominar, mas me controlei. Despedimo-nos de dona Dulce e fomos para o hotel. Eu só queria ir para o meu quarto e relembrar de tudo o que aconteceu.

 

*******

 

Demorei a dormir me recordando da deliciosa loucura que cometi. Ainda podia senti Júlia em meus braços, sentir o sabor dos seus lábios saborosos, o seu perfume, a maciez da sua pele, o calor e a textura delicada e suave do seu sex*. Permaneci com os dedos em meu rosto sentindo a fragrância da sua intimidade. Queria memorizar aquele cheiro, deixá-lo perpetuado em meu cérebro, em meu olfato. Depois de muito tempo rolando na cama e dando asas à minha imaginação, fantasiei o que poderia ter sido a continuação do nosso breve momento no quarto e sentindo ainda o calor do corpo daquela fantástica mulher no meu próprio corpo, cheguei ao ápice do prazer. E, depois, com o corpo mole e um sorriso nos lábios, fechei os olhos e me abandonei à espera do sono.

No outro dia abri os olhos e demorei alguns minutos para me recordar onde estava. Espreguicei-me ainda na cama e afastei as cobertas. Levantei-me e olhando em volta, lembrei-me que no quarto não havia banheiro. Como naquele hotelzinho, havia poucos hóspedes, assim que saí do quarto, encontrei o banheiro desocupado. Apesar de bastante simples, o banheiro era espaçoso. Tomei um banho rápido e voltei para o meu quarto. Eram oito horas e vinte minutos, esperaria algumas horas para voltar à casa de dona Dulce. Só de pensar em rever Júlia senti meu coração disparar.

Vesti uma calça xadrez folgada, uma blusinha polo justa e calcei uma sandália de couro rasteira. Peguei minha bolsa e segui em direção à sala de refeições. Não estava com fome, havia voltado ao meu modo frugal de alimentação. Mas, mesmo sem fome, iria provar um pouco do café. Aproveitaria aquela manhã para circular um pouco pela cidade com Augusto e na hora do almoço iria para a casa de Dona Dulce, uma vez que ela nos havia convidado para fazermos as refeições lá.

Estava ansiosa para rever minha madrasta, mas estava um pouco receosa. As horas que passaria conhecendo a cidade serviriam também para me acalmar.

Encontrei Augusto sentado a uma mesa, fumando seu insuportável charuto. Aproximei-me e ele se levantou para me beijar. Virei o rosto e lhe ofereci a face. Não suportaria sentir o bafo de fumo. Sentei-me e me servi de um pouco de café. Ele, pelo que pude observar, já havia feito o seu desjejum.  Não teve a delicadeza de me esperar.

-- Quais são seus planos para agora cedo, querida?

-- Vamos circular pela cidade.  À tarde vou ficar um pouco com meu irmão.

Ele fez uma cara de desagrado.

-- Não consigo imaginá-la passando uma tarde inteira com uma criança. Deve ser muito tedioso.

Não me dignei a comentar a respeito. Ele, por sua vez, continuou. Estava visivelmente irritado por estar ali.

-- Espero que você não vá querer que eu fique também bancando a ama-seca do seu irmãozinho.

Levantei meus olhos para ele e os apertei. Se ele soubesse como a sua distância me deixava feliz! Sorri e levei a xícara de café aos lábios. Continuei sem dizer nada. Não estava com nenhuma disposição de discutir com ele.

-- Não vai dizer nada, Sylvia?

-- Dizer o quê? -- Olhei-o com ironia.

-- Como vamos ficar hoje à tarde? Eu não vou ficar a tarde inteira assistindo você paparicar o menino. Não tenho nenhum talento para babá.

-- Você por acaso está amarrado a mim? Faça o que quiser da sua tarde. Eu vou ficar com Antenor. -- Disse isso e me levantei indo em direção à saída do hotel. Ele, mais que depressa, me seguiu.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 10 - Capítulo 9:
LuBraga
LuBraga

Em: 23/07/2018

Wow tormento...rsrs

Obrigada pela postagem Nicole, capítulo maravilhoso!


Resposta do autor:

Eu que agradeço pela sua leitura e apreciação Lu.

Bjs

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