Capítulo 6
-Estou indo trabalhar.
-Tudo bem.
Suspirei vendo suas fotos.
-Safira por favor ela não morreu.
Olhei pra Gonçalo procurando o homem com quem me casei.
-Não me olhe assim, sabe que quem quis ir embora foi ela mesma.
- Ela estava revoltada, e agora com razão.
Segurava sua blusa tentando não chorar na frente dele.
- Ela já ligou, disse que estava bem.
-Deus, Gonçalo ela é nossa filha! Como pode agir assim, não importa se foi ela que quis ir embora, nada irá mudar continuará sendo nossa filha.
-O quê quer que eu faça Safira, quer que vá implorar pra ela voltar ?
-Não, quero que seja um pai de verdade.
O deixei falando sozinho desci as escadas pegando minha bolsa em cima da mesa, e saindo em seguida. Me sentia muito culpada apesar dos pesares ver a Nina se virando sozinha nesse mundo de trogloditas me deixa a flor da pele.
-Manu..
- Que que foi Rayssa.
-Notou que a Nina não aparece a uns quatro dias.
-Acha mesmo que vou me importar com o que acontece com a manca da Nina.
Continuava escrevendo sem dar muita importância sobre a atual situação da Nina.
-Nossa...Pensei que tivesse um coração pelo menos.
Virei a cabeça pra fitar Rayssa se sentindo uma atriz mexicana pelo drama digno de Oscar.
-Não se esqueça que você estava lá também.
-Eu não me esqueci, mas o que fizemos foi cruel desumano.
-Ótimo, se quiser ir implorar pelo perdão dela vá em frente, é quando se cansar me procure.
O intervalo chegou e deixei Emanuelle sozinha me dirigindo até a Saída.
-Aii!! Olha por onde anda.
-Me desculpe senhora.
-Acho que estou muito nervosa, me desculpe você. Estão saindo ?
-Não e só intervalo do 5B
-5B Sabe me dizer se Nina está aí ?
-A senhora e o que dela ?
-Sou Safira mãe dela, prazer.
Meu corpo paralisou na hora, estendi a mão tremendo logo percebeu perguntando se estava bem. Assenti e a chamei pra tomar um cafezinho, caminhamos até a lanchonete que estava com alguns estudantes, mas nenhum sinal da Emanuelle.
Pedimos dois cafezinhos, enquanto tentava encontrar forças pra dizer o que fiz.
-A Nina saiu de casa, e não sabemos a onde ela está, ligou uma vez falando que estava bem, mas a sua condição não é das melhores.
Escutava tudo atentamente, nosso café chegou e comecei a entrar na conversa que tanto temia.
-Sabe por que ela ficou assim ?
- Sim me disse que a namorada dela a traiu.
Bebi o café desesperadamente queimando minha garganta, isso seria pouco diante do que iria revelar.
- Ela fez mais que isso, humilhou a Nina e cuspiu palavras como das quais estava com ela pra pagar a dívida do pai, e que odiava estar ao seu lado que a privava de tudo.
O semblante de Safira mudou radicalmente de uma mulher preocupada com a filha pra uma ferra violenta.
-Aquela mulher fez isso ? Ela te contou?
-Não precisou... Eu estava lá... sou eu a amante da Emanuelle.
Safira voou contra meu pescoço me dando um tabefe que fez meu corpo cair em cima de algumas mesas.
-Sua descarada, ainda teve a cara de pau de me convidar pra tomar um café! Vou acabar com você é aquela outra.
-Não por favor!! Estou arrependida.
Ainda levei mais um tabefe enquanto os seguranças a afastava.
-Acha mesmo que contei tudo pra você por que? Foi horrível o que fizemos estou arrependida.
-Cadê essa Emanuelle!?
- Eu não sei.
Com os ânimos mais calmos os seguranças a soltaram, Safira se recompôs e me pediu pra levar até a Emanuelle.
Em nenhum momento isso iria diminuir o meu erro, mas o jogo pra mim acabou.
Procuramos Emanuelle pela faculdade toda, por fim a encontramos com um grupinho de colegas, chegamos por trás.
-Emanuelle!
Ela se virou lentamente e pude prever o que iria acontecer.
- Safi...
Nem chegou a completar a frase foi recebida com um tapa que a deixou sem reação, ao virar o rosto novamente e protestar algo foi atingida novamente, na terceira vez que virou o rosto vimos o sangue no canto da sua boca.
-Chamem os...
Mais um tapa desta vez o último, ninguém ousou a chamar os seguranças, Safira enrolou o cabelo de Emanuelle num rabo de cavalo a fazendo encara-la.
-Se acha muito esperta garota, mas sua amante foi mais rápida a dedurando, nunca mais quero que se aproxime da minha filha novamente. Está me ouvindo!? Puxou seu cabelo com força e ouvimos seu gemido de dor e piedade.
Safira soltou seu cabelo e se afastando da mesma que a xingava, falando que iria tomar uma providência.
Aproveitei pra segui-la, mas logo fui cortada alegando que meu papel estava concluído.
Terminava os salgados enquanto Silvana me contava, o quanto está feliz com minha vinda pra casa.
Suspirei era bom sim está com eles, mas sofria por estar longe da minha família.
Terminei indo pro quarto ao entrar notei um chocolate em cima do meu travesseiro, sorri ao pega-lo.
Anita bateu na porta animada, ao abrir ela segurava as tinturas de cabelo.
-Pronta pra transformação?
- Sim.
Descemos e fomos pra área da piscina lá tinha um tanque pra lavar o cabelo.
-Diga adeus aos seus cachos negros.
Anita estava mais animada que eu, aos poucos começamos aquela pequena batalha, nunca pensei que descolorir o cabelo ardesse tanto.
Deixei a casa com propósito do que estava fazendo, em meu coração havia sim dúvidas sobre a Nina e a Silvana, mas ela nasceu pra ser minha.
Desci do carro e fiquei parada em frente à casa de muros altos e portões com lança afiada.
Respirei fundo antes de tocar a campainha, pelo dia e horário não havia como me encontrar com Maurício.
Minha mãe saiu e veio correndo abrir o portão, me abraçando em seguida.
-Minha filha!
-Oie mãe.
-Venha vamos entrar.
Entramos em casa abraçada, meu pai estava tomando café e levou um susto ao me ver.
-Elisabeth!
-Por favor pai só, Bebel.
Me abraçou e nos sentamos como fazíamos antigamente, via a apreensão deles, mas ia ser uma visita rápida.
-Estou de passagem.
-Deveria parar de fugir não sabe como eu é sua mãe estamos nos sentindo.
-Por isso estou aqui... Queimei uma grande mercadoria do Maurício.
-Santo Deus, você fala isso assim.
-Mae, você não entende me liberte dele, de uma vez por todas. John vai me ajudar a conseguir a grana e depois me livro dele.
-Quer dizer que parou de vez de usar aquelas porcarias filha?
- Sim mãe eu parei, parei por mim mesma e claro teve um Q a mais pra isso, no caso um N.
Eles se entreolharam e sorri.
-Ha muitas coisas boas acontecendo comigo.
- Que bom filha apesar que está magrinha, vou te servir um café da manhã com tudo que você gosta.
-Mae não precisa sabe que estou só de passagem.
-Melhor não fazer desfeita pra sua mãe.
-Está bem, vou só lavar as mãos.
Me levantei e indo pro banheiro, apesar do pouco tempo que vivi nesta casa nada tinha sido mudado desde a minha partida.
Ao entrar no banheiro as toalhas ainda eram azuis e brancas.
-As coisas estão mudando minha velha.
-E verdade, graças a Deus ela colocou a cabeça no lugar.
- Que engraçado até parece que adivinharam que eu estava vindo.
Nós viramos e vimos nosso filho Maurício em pé na sala.
-O quê foi o gato comeu a língua de vocês ?
-Não filho, venha sente-se.
Nós olhamos e fizemos poucos sinais.
Maurício se sentou tirando um pedaço de pão.
-Estão estranhos.
-Estamos bem filho.
Escutei a voz de Maurício na sala, meu corpo gelou precisa vazar.
Meu antigo quarto ficava no fim do corredor, abri a porta com cuidado avistei minha mãe na sala de costas, me dando cobertura pra fugir.
-Aquela garota passou por aqui!?
- Ela é sua irmã.
- Quando há dinheiro envolvido família deixa de ser algo sagrado, sabem disso. Olha a casa que dei pra vocês.
Maurício se levantou e caminhou indo pro corredor, ao entrar trancou a porta.
Ao sair notei que a porta do quarto da minha irmã estava aberta.
-Acham que me enganam!
Corri em direção ao quarto chutando a porta enquanto a vi pulando a janela.
-Elisabeth!!
Maurício me viu agora era tarde, corri pra saída, mas a porta estava trancada. Tinha pouco tempo pra escala-la.
-Seus desgraçados! Escondendo ela.
Minha mãe tentou me impedir, mas não a deixaria escapar novamente. A empurrei e meu pai a amparo.
-Vou pegar você!!
Atravessei o portão, mas ao ouvir seus gritos trinquei os dentes sentindo minha pele rasgar contra o metal, caindo em seguida.
O vi do lado de fora me levantei com dificuldade e entrei no carro, o infeliz ainda me alcançou e quase me pegou se não fosse arrancar com o carro .
Acelerei o máximo entrando em várias ruas aleatórias, o banco estava ensanguentado e me vi a alguns quilômetros da casa do John, estacionei na rua de trás.
Bati no portão com força ao abrir se espantou ao me ver naquele estado, me pegou no colo me levando pro interior.
-Quem fez isso em você ? Me diga eu o mato!
- Eu mesma fiz isso em mim.
Me colocou no sofá preto e correu pra pegar o kit de primeiros socorros.
-Estava querendo adrenalina era só falar comigo.
John falava enquanto voltava com os materiais necessários.
-Fui visitar meus pais, e Maurício apareceu lá.
-Não se preocupe vou conseguir a grana, por acaso fiquei em 3 lugar.
-Me desculpe.
-Vamos ter que dar pontos, aguente firme.
John era bom a metade das vezes que não estava chapado ou bêbado, mas não conseguia sentir mais nada por ele a um tempão.
-Morda o pano.
A dor era suportável, mas odiava levar pontos ainda mais na parte inferior da coxa.
-Vai está comigo na próxima luta.
-Pode conta comigo.
-Estão ligados na festa que vai ter ?
-Claro, ainda mais agora que tem uma nova mulher na casa.
-Nem vem eu vi primeiro!
-Quer transformar isso numa aposta Maurício?
-Topo! Até parece que ela vai querer um bobão feito você Junior.
Em falar em bobão olha quem está vindo ali.
Carlos apontou pra Oliver andando de tênis na areia.
-Ha e o artista plástico.
Vitão desmunhecou na hora fazendo todos nós rir.
-Se liguem ele está vindo.
Fingimos olhar os surfistas quando ele se aproximou com sua água de Coco, nos cumprimentou formalmente até demais.
-Eai Oliver está sabendo da festa?
-Há sim.
Seu tom de voz soou seco, sem muita euforia.
-Você vai também Maurício?
-Claro que ele vai, o maior pega rodo do trio.
-Isso é verdade Maurício?
É pó se Junior está afirmando.
Sorri apertando a prancha contra meu corpo.
-Vou dar um mergulho.
Corri em direção ao mar deixando-os pra trás.
-Maurício vai arrasar no campeonato.
Vitao falava sobre o amigo enquanto tentava não gostar de um homem hetero.
Nos sentamos na areia enquanto aquele Homão retornava.
Cabelos negros ombros largos barriga não cem porcento definida, mas sexy pra se admirar.
Ficou a prancha na areia e se sentou ao meu lado, as gotículas de água atingiram meu braço me causando um leve arrepio.
-Foi mal cara.
-Então Oliver tu é gay ?
Junior fez a pergunta óbvia que todos não tinham corregem.
-Sou sim! Mas não tem a ver com o minha profissão.
-De boa ninguém aqui tem preconceito né não pessoal ?
- É verdade, né não Maurício.
-E claro sem preconceito, estou com uma puta cede.
Ajeitei a mala na sunga apertada.
-Pode... Pode ficar com a minha água de Coco.
-Não valeu, não curto água de Coco.
Depois de uma duas horas meus cachos estavam caju.
-Ficou... irado...obrigada.
-De nada, vem comigo ao mercado ?
- Sim.
Arrumamos as coisas e fomos pro mercadinho do bairro, Anita tinha que manter o copo, mas era impossível com as delícias que a Silvana faz e lógico promoção de Bis no mercado.
Nos dividimos queria compra ingredientes pra realizar um almoço pra comemorar o aniversário da Marcele, fui pro corredor das massas olhava o molho adequado às letras ficaram embarcadas e distantes.
Estava comprando pipoca chocolate e refri quando avistei Nina no corredor das massas, estava diferente e distante. Me aproximei e a vi com o olhar perdido segurando o copo de molho de tomate.
-Nina quanto tempo, Nina está bem ? Nina Nina!!
Ela estava imóvel e não me ouvia toquei em seu ombro e a chamei mais uma vez.
-Nina!!
A voz sucumbiu contra meus ouvidos numa altura nada agradável, me assustando, as cores e letras voltaram me desequilibrado e deixando o copo cair.
Ao notar o estrago que tinha feito, meus olhos fitaram a mulher a minha frente.
-Rayssa.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: