Capítulo 5
Eu poderia ter ido lá e acabado com aquela cena, mas não queria levar mais dor de cabeça pra Nina.
Fui pra casa e peguei umas coisas que eram importantes pra mim, na saída encontrei com meu primo, devido ao seu trabalho não nos víamos muito.
-O que carrega aí ?
-Coisas que pensava que eram importantes pra mim.
Caminhamos até o fim da rua aonde tem um terreno, coloquei a caixa no chão a abrindo e dando uma olhada pela última vez.
-Jesus! não acredito que estava esse tempo todo com isso na casa, olha se a Marcele visse isso estaria expulsa.
Junior protestava diante da caixa cheia de drogas que o Caio me ofereceu, se vendesse tudo daria uma boa grana no final do mês.
Derramei álcool e acendi o fosforo em seguida, não pensei muito apenas o joguei levantando as labaredas das chamas.
Ficamos olhando o fogo consumir e destruir uma fortuna aparentemente, se Caio viesse até aonde estou pelo menos valeu apena.
-Por que está fazendo isso ?
Suspirei.
-Minha vida nunca foi um mar de rosas, sempre fui a rebelde da família a sem noção a que age por impulso, ou como minha mãe diz a sem vergonha na cara, mas sabe quando você poe o pé no chão e precisa desesperadamente freira tudo bem aqui.
Apontei pra minha cabeça Junior não me entendia muito, mas preferia permanecer quieto.
-E começar a agir por aqui.
Apontei pro meu peito e desta vez foi sua vez de suspirar.
-Vai casar com o John ?
-Quê ? Não, de onde tirou isso.
-Você me parecem estar tão bem, e como você mesma disse tem que agir agora pelo coração.
Fechei os olhos por um momento, o medo me consumia não o medo de perde-la pra Silvana é sim de não poder ver mais aqueles olhos verdes novamente.
-Vem precisamos de um chope, eu pago.
Sorri.
Deixamos o terreno e descemos a ladeira havia um bar na esquina e lá ficamos, enquanto nossos chopes não chegavam olhava meu celular cheia de ligações de John, Junior se aproximou então guardei o aparelho.
_ Agora me diz o que está pegando.
_ Estou... estou gostando da Nina.
Seu queixo caiu diante de mim, seu rosto ficou pálido.
-Mentira! Serio que está gostando daquela baixinha ?
_ Hei não fala assim dela, é sim eu gosto.
Nossos chopes chegaram e foi logo com sede ao pote bebendo quase todo, tive que rir.
-E ela sabe ?
_ Não... parece que o universo ou destino como queira chamar está contra nós, ela está encantada com a Silvana as vi se beijando agora pouco.
_ Não reconheço minha priminha, sinceramente vai lá e pega ela pra você.
_ Não é assim tão fácil, estamos falando da Nina esqueceu, somos tão diferentes sorri ela ama Beatles e eu Rolling Stones, adora crepúsculo e eu jogos vorazes.
-Agora que o bicho vai pegar!
Junior estava adorando esfregava as mãos umas nas outras, enquanto eu tentava não pensar no pior.
-As coisas com o John não iam bem faz tempo, sabe que só concordei em fugir com ele por que o Miguel estava atrás de mim, mas nasci pra ser livre livre! Não sei o que ele disse pra Nina mais a deixou furiosa tanto que partiu pra cima de mim e acabou me chamando de marginal.
-Uau, pra Nina ser rude com alguém a coisa deve ter sido feia.
Tomei meu chope enquanto não conseguia tirar ela da minha cabeça.
-Ela tem razão quando me chama de marginal, mas ouvir isso da boca da pessoa que você gosta doi tanto.
Avistamos quando as duas estavam chegando, automaticamente seus olhos encontraram com os meus, Junior acenou a convidado pra um chope, porem foi em vão Silvana passou a mão pelo ombro dela a encorajando a entrar.
-Vaca!
Escutei a gargalhada de meu primo se sentando novamente na cadeira, pedindo mais um pra fechar aquela tarde louca.
-Talvez eu possa ajudar vocês.
O fitei alegre.
-Como desembucha.
-Bom, soube pelo vitão que a Nina anda muito lá pela praia, talvez posso encoraja-la a entrar no mar.
-Ficou louco, sabe muito bem do problema dela!
-Deixa eu acabar, disso eu sei não sou cego, mas uma volta de caiaque não lhe fará mal, é nisso que você entra minha priminha favorita, pensa um lugar calmo sem pessoas por perto apenas vocês e o mar.
-Pode ser.
Sorri animada, mas preocupada.
Ao voltar pra casa a movimentação estava normal, aproveitei pra subir e tomar um banho. Ao entrar no quarto me deparo com Lívia e Nina, Lívia por sua vez fazendo uma massagem em suas pernas, olhei procriado mudo e uma cartela de remédios.
-Está passando mal ?
Nina evitava me olhar nos olhos, virou o rosto pra janela enquanto Lívia terminava a massagem.
-E só dor muscular.
Respondeu Lívia presenciando a tensão entre nós, deixei as duas sozinhas entrando no banheiro em seguida.
-Ela me parecia preocupada com você.
-Puro... teatro, não... caio nesse... papo ...novamente.
-Tudo bem, só não esqueça de tomar os remédios, amanhã vejo se consigo mais.
-Muito...obrigada.
Lívia deixou o quarto enquanto escutava o chuveiro sendo desligado, aproveitei pra ler um pouco.
Enxugava o cabelo e respirava profundamente antes de deixar o banheiro, minha vontade era de me jogar naquela cama e dizer que não penso como o John, mas por mais que me ajoelhe na sua frente e tente convence-la do contrário o que seria de mim depois? Fugir novamente deixa-la pra trás sozinha?
abri a porta e a encontrei sentada lendo aquele livro novamente, me aproximei da minha cama tentando conter meus olhos e tudo que havia descoberto sobre ela.
-Está certa quando me chamou de marginal.
A olhava esperando uma brecha pra começar uma conversa sensata, mas tudo o que fez foi me ignorar, respirei novamente tentando mais uma vez.
-Pra uma futura psicóloga deveria está me dando a atenção necessária.
Ela sorriu de canto fechando o livro e me encarando, meu coração quase parou àquela hora, estava acostumada a ver uma Nina alegre e tentando não se por pra baixo o tempo todo, mas aquela seriedade que partira da minha própria existência me deixava sem chão.
Encarei Bebel tentando conter as batidas de meu coração, todas as vezes que ela aparecia me deixava confusa.
-E...só isso ?
Aproveitei a deixa e me levantei me aproximando da sua cama, a vendo ficar mais tensa a cada passo meu, me sentei olhando em seus olhos.
-Eu gosto da maneira como fala.
Ela franziu a sobrancelha se mostrando na defensiva, me aproximei ainda mais do seu corpo.
-Shii... Por favor não fala nada, é sério eu gosto desde o início, e isso é espantoso até pra mim.
Estava tentando entender o que Bebel me falava, mas meu raciocínio foi mais lento não evitando sua mão acariciando meu rosto, um arrepio tomou conta do meu corpo.
-Não tem noção do que está me fazendo passar ao lado da Silvana, mas não sou mulher que desiste.
Demorou um pouco pra compreender ainda mais com o seu toque, Bebel estava se declarando pra mim, e seu namorado é tudo que lhe cerca.
Ela se aproximou mais um pouco tomando meu rosto em suas mãos, falando que agora sim ela estava em paz, seus olhos brigavam com os meus descendo e subindo várias vezes.
_ Me deixa te mostrar do que sou capaz...
Seu perfume pós banho me instigava e seus dedos se enroscaram nos meus cachos, sentia sua respiração ofegante de menta contra meu rosto, antes do possível ato.
A impedi na hora certa tocando em seu ombro, seus olhos se abriram não entendendo nada.
-Não... podemos.
-Não acredito nisso, se for por causa da Silvana...
-John.
Bebel se levantou frustrada ficou diante da janela enquanto respirava profundamente.
-Vou terminar com ele, prometo.
Olhou-me convicta da afirmação.
-Ele tem... sentimentos...apesar de ser....um...babaca.
Ouvi-la falar de sentimentos era a coisa mais linda que podia receber naquela noite, assenti com a cabeça, caminhando até a mesma e segurando em seu queixo.
-Pode me afastar quantas vezes forem, mas vou voltar uma duas três pra te pegar de volta, não desistirei da gente eu prometo.
Beijei sua testa dando-lhe boa noite e deixando o quarto em seguida, do outro lado da porta era apenas sorrisos e faltava pouco pra correr pro abraço da minha Nina.
Fim do capítulo
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