Capítulo 4
Ao entrar em casa encontrei o pessoal na área da piscina festejando algo, escutei a voz da Silvana me chamando.
-Depois!
A deixei em pé ao lado da escada subindo com um pouco de dificuldade, em vez de ir pro quarto encontrei a porta da Marcele encostada.
-Posso...entra.
Ela estava de costas regando uma planta, ao ouvir minha voz sorriu me dando a deixa pra entrar.
-Parece que hoje e o dia dos conselhos da Marcele.
-Como...assim ?
-Nada não querida, então me diga algum problema ?
-Não não.
Me sentei enquanto ela terminava de regar o pequeno coqueiro ao lado da janela, olhei pra mesinha ao lado e a foto na moldura me chamou a atenção.
-Humm gostou ?
-Ele..é bonito.
-Oh bastante, mas isso é passado.
-Há...me desculpa.
Eu ia continuar até ela me interromper com sutileza, revelando que o boy era ela do passado caindo logo em seguida no riso.
-Querida feche a boca se não entra mosca.
-Você é...
-Sou transgénero, mas me sinto bem melhor hoje do que nessa época.
Sentou ao meu lado enquanto eu estava surpresa.
-Acredito que não veio aqui pra saber sobre minha vida.
-Não... E sobre...a Silvana.. Me beijou.
Ouvi seu suspiro, tocou em minhas mãos me fazendo ver da forma mais gentil que não haveria motivos pra mi preocupar, que apesar de tudo ela gosta bastante de mim como todos, ainda estava marcado em meu interior o que a Emanuelle fez comigo, mas cada caso é um caso.
-Não se grile com isso, divirta-se.
-Tudo..bem obrigada.
-Qualquer coisa estou aqui.
Me abraçou e me retirei do seu quarto, passando em frente ao quarto da Anita, aproveitei pra conversar um pouco com ela, mas estava evitando ver a Bebel.
-Eai Nina!
-Oie.
Entrei me sentando em sua cama enquanto ela terminava de postar suas fotos no facebook.
-Menina chegou duas pessoas novas na casa, estamos dando uma festinha lá em baixo.
-Eu...vi.
-Que carinha é essa, já sei não curte as festas da casa.
Ela girava na cadeira enquanto tentava me entender, neguei em seguida.
-Muda...meu... visual.
Seus olhos brilharam se levantando eufórica da cadeira se sentando na cama.
-Por que não me disse antes, o que quer fazer nas madeixas ? Pintar ? Luzes ? Alisamento ?
-Pinta.
-Primeiro vamos ter que descolori dói um pouco, mas vai ficar show.
Anita estava adorando seria amanhã à tarde, pois ela tinha um encontro no horário da manhã, escutamos passos no corredor aproveitamos pra encerra a nossa conversa, ao sair do seu quarto Anita desceu enquanto eu fui pro quarto, ao entrar encontrei o quarto vazio aproveitei pra ler um pouco.
A festa estava naquele nível de confraternização, mas notei que Silvana estava quieta e menos concentrada durante o churrasco.
-Vitor você viu a Nina por aí ?
-Há vi sim, está lá em cima.
-Obrigada.
Aproveitei pra fazer um pratinho e levar pra ela, ao chegar na churrasqueira pedi pra Silvana caprichar na picanha e no cupim, enquanto enchia um copo com seu refrigerante.
-A Nina não gosta de refrigerante de uva.
-E quem te perguntou! Seu papel é servir todos aqui na festa e não ser servida.
Peguei o prato e me retirei sorrindo, desta vez ela não iria nos perturbar, subi as escadas animada entrei no quarto a encontrando sentada lendo aquele livro sem noção.
-Existe o filme sabia ?
Me aproximei deixando o pratinho e o copo na mesinha.
-Existe... caráter...também.
-Que história e essa? Se está bolada com a Silvana até entendo, agora me tratar com essa hostilidade e outra.
Tentava me controlar pra não explodir com a Bebel, aquele teatrinho estava me tirando do sério.
-Sou grata...pelo...que...me fez... agora...falar pro....seu namoradinho...se desculpar...e....outra!
-John não falei pra ele se desculpar eu...
Levantei-me tentando dar um fim naquela história, enquanto ela continuava a tentar me convencer do contrário.
-Nina acredita em mim!
-Não...acredito em ninguém... ainda...mais...em... você!
-Há mais vai ter que acreditar, venha vou levar você até ele, quero ver ele desmentir na minha frente.
Toquei em seu ombro, mas sua mão afastou a minha, tentei novamente, mas ao fazer a mesma tática porem acabou se desequilibrando, fui mais rápida a segurei firme nossos corpos estavam próximos próximos até demais, seus lábios estavam entreabertos e aqueles verdes pareciam me chamar.
-Você me parece um enigma, que me dar vontade de desvendar cada dia mais, mas é durona demais.
A ergui juntando ainda mais nossos corpos, estava quase perdendo a cabeça e me esquecendo de John e tudo que vivemos naqueles olhos verde mata.
-Por que ?
Sua voz mansa e repleta de buscas me deixava mais encantada do que já estava.
-Por que estou tentando procura as palavras certas.
Sorri.
Mas o seu afastamento foi como um banho de água fria em mim, ouvi revolta em suas palavras saindo como espadas cortantes, apesar da sua dicção falhada ouvia atentamente calada seu desprezo.
-Isso... não é uma...piada.
Bateu com as muletas contra o piso enquanto me encarava seria.
-Andar... com seis...anos... não... foi... fácil... minha perna...encurtada pra...você é... uma piada... fique sabendo...que...você é... a única...piada...aqui.
-Nina...
-Marginal!!
Aquilo já era demais pra mim, ouvi-la gritar comigo, deixei o quarto o mais rápido possível descendo as escadas correndo e saindo da casa.
Depois que a Bebel deixou meu quarto desci em seguida, por sorte ela tinha se mandado, fui até a Silvana e pedi pra ela fazer um prato pra mim por gentileza.
Fui apresentada aos novos membros da casa Lívia e Oliver, Lívia trabalha numa farmácia e Oliver e artista plástico. Aproveitei pra conversar com Lívia se ela conseguia remédios pra minhas dores musculares que a cada dia estavam piores, muito gentil e amável me falou que seria fácil.
No final da tarde convidei Silvana pra dar uma volta comigo, saímos e deixamos a casa dando uma volta pela cidade.
-Gostei daquela música na praia.
-Obrigada.
Estava distraída enquanto tomávamos sorvete, à tardinha estava terminando enquanto conversávamos sobre várias coisas, uma delas sobre o evento da semana que vem.
Senti seu dedo no canto da minha boca, meus olhos deram toda a atenção naquele pequeno gesto.
-Estava sujo.
Sorri de volta estávamos sentadas no banco com uma perna de cada lado, meu sorvete tinha acabado enquanto o dela estava no final.
-Aquele...beijo.
-Você pensa nele.
-Sim...mas não sei... o que pensar.
-Só não pensa faça o que você tem vontade, olha Nina sou uma mulher vivida, mas aquele dia mudou muita coisa dentro de mim e eu fiquei sem chão, no bom sentido, só não quero te machucar.
Deixei a casa e fui pra casa do John ao me aproximar o avistei entrando na Ferrari, entrei logo em seguida o assustando.
-Bebel que susto!
-Toca o carro.
-Pensei que não fosse comigo.
-Toca logo essa porr*!!
Assim o fez chegávamos antes de todos pra analisar a pista e revisar o carro, não fazíamos nada escondido John e um bom motorista, enquanto íamos pro local da corrida ele falava sobre o grande prêmio, e que logo logo iriamos embora.
Enquanto ele falava pensava na Nina e nessa tal de Emanuelle e no que ela representava pra Nina, John parou pra abastecer e eu pra ir ao banheiro, ao sair entrei na loja de conveniência pegando umas batatas e cervejas, ao me direcionar ao caixa havia umas mulheres escolhendo balas e uma delas tirou o óculos escuros pra ver melhor.
-Emanuelle.
Minha vez demorou pra chegar, dei dinheiro a mais saindo logo em seguida.
John me chamava enquanto tentava alcançar o carro que deixava a bomba de gasolina, apertei o passo entrando no carro.
-Segue aquele carro!
-O que deu em você, não posso tenho a corrida.
-Você é um merd* mesmo, não posso conta com você pra nada.
Abri a porta ao pôr os pés do lado de fora ele arrancou com o carro.
-Merda!
Caminhei até um ponto de ônibus frustrada com raiva e decida em ir além de tudo isso, enquanto esperava vi Nina e Silvana do outro lado da pista.
-Ótimo me fode ainda mais, universo.
-Acredita em destino horóscopo ou signos Nina ?
-Acredito...no...que sinto...mas tenho...medo.
-Nossas vidas são tão diferentes, muita coisa ainda está por vim é muita coisa vai mudar, não se prenda Nina não deixe os outros serem os protagonistas da sua vida.
Estava prestes a acabar com aquela ceninha romântica já havia atravessado, quando seu gesto me parou.
Nina se aproximou ainda mais da Silvana dando-lhe um beijo delicado e simples, vi quando Silvana se apossou de seu beijo e do seu corpo bem ali diante de mim.
-Mais isso não vai ficar assim, não mesmo!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: