Amélia dormiu mal aquela noite, estava agoniada e ansiosa com o tal do banho, pressentia que sua vida iria mudar, mais uma vez. Levantou cedinho como sempre e foi trabalhar, e como Chica havia dito, foram dispensados a descansar o resto da tarde. Chica a aguardava fora do barracão, ela correu até a cozinheira e as duas partiram. E cada vez Amélia achava aquele lugar mais lindo, as árvores frutíferas deixando os raios de sol infiltrarem-se radiantes naquela tarde, e quando chegaram ao local, ficou embevecida com o riacho de águas transparente e brilhantes. A correnteza é bem levinha e ela percebe que ele não é fundo.

Chica lhe dá um sorriso e começou a andar para a água convidativa, depois lhe deu um olhar que Amélia só poderia descrever como lascivo, apesar de não saber porque. E foi retirando o vestido devagarinho, ficando apenas com o panos de baixo, que mal lhe cobria os seios e a parte intima. Amélia engoliu em seco, tirando um sorrisinho de lado de Chica.

Ela começou a entrar na água de costas e chamou-lhe com o dedo:

- vem braquinha, tira esse vestido e vem tomar um sol para ficar mais parecida com a pretinha aqui.

Chica está babando literalmente, seu sex* já está molhado, mas quando Amélia a obedece, sente que precisa logo entrar na água, antes que seus líquidos escorram pelas pernas. Amélia simplesmente é linda, com os seios quase aparecendo totalmente pela roupa intima, nota que eles são fartos e as pernas que antes estavam magras demais, agora estão mais fornidas, de tanto andar pelas plantações.

Chica tem certeza que estava despertando sentimentos semelhantes na bela italiana, não é sua primeira vez com uma mulher. Para falar a verdade, Chica diria que não é nem a décima vez. Havia aprendido desde cedo que tinha predileção pelo sex* feminino, mas foi uma das mulheres mais velha que havia lhe ensinado os prazeres da carne. Na época essa mulher era casada, mas dizia que não tinha problema Chica treinar para o seu próprio casamento um dia,  com outra mulher. E ela treinou e muito, com a libertação dos escravos, a maioria foi embora e inclusive a mulher que lhe ensinara tudo. Sua mãe já havia falecido anos antes e Chica ficou porque não conhecia mais nada. Foi quando sua fama começou entre o sex* feminino, muitas mulheres começaram a "treinar" com ela. Mas elas sempre casavam, ou apenas a deixava, o que não tinha problema, Chica nunca gostara de ninguém e aproveitava as oportunidades da vida. Como agora com essa italiana, que ela ensinaria com muito gosto.

Amélia entrou na água gelada, mas nem sentiu, seu corpo estava fervendo de um maneira diferente. Chica segurou suas mãos, fazendo aquele calor efervescer mais ainda, fala dengosa:

- vem aqui branquinha, mais para o meio.

E para isso segura a cintura de Amélia e ela apoia-se nos ombros da cozinheira, as duas estacam e ficam se olhando por um longo tempo. Os olhos de Amélia passeia por aquele rosto marcante e forte. Desde a testa proeminente, os olhos castanhos escuros que pareciam mais negros de perto, aquela boca que parecia apetitosa. De repente Chica a segura firme a afunda as duas debaixo d'água. E as segura ali, as duas sorriem soltando bolhinhas de ar pelo nariz, e foi quando Chica se aproximou e a beijou, na boca.

Amélia sente a maciez dos lábios dela e fecha os olhos por um instante, mas sua educação católica a faz voltar para a superfície assustada. Ela um tanto desesperada puxa o ar e tira os cabelos do rosto, percebe que Chica respeita seu espaço, mas fala mansinho:

- "carma" italianinha, foi só um beijo.

Ela nervosa desata a falar italiano deixando a cozinheira perdida:

- Questo è sbagliato, non possiamo ... siamo ragazze non possiamo baciare

(não podemos, isso está errado... somos meninas, não podemos nos beijar)

- não entendi nenhuma palavra do que tu falou, mas sei que ficou assustada, não gostou do beijo?

Amélia tinha gostado e muito, mas não queria ir para o inferno. Falou tentando mais calma:

- está errado, non quero ir para o inferno! Duas ragazza non pode, capire.

Chica aproxima-se devagarinho e como ela não fugiu, coloca as mãos sobre seus ombros:

- capire sim Amélia, mas não tem nada de errado em duas mulheres se beijarem.

- como non? Dio non aceita.

- Dio nos fez - e as mãos de Chica começam a subir pelo pescoço de Amélia a arrepiando e depois param no seu rosto, ela continua com suas testas quase coladas - para sermos felizes Amélia, te faço um pouquinho feliz?

E Amélia pensou que Chica a fazia sentir um monte coisas, e felicidade estava incluída, ela apenas balança a cabeça em consentimento. E Chica abre um sorriso radiante, depois segura firme seu queixo e o ergue um pouquinho, beija a maça do rosto e depois os olhos fechados de Amélia. E fala:

- vou beijar sua boca.

E Amélia queria ser feliz e Chica a beijou.

Chica sentiu aqueles lábios rosadinhos e deliciosos sobre o seu e se descontrolou, passou a língua sobre eles pedindo passagem, e por um instante achou que a italiana iria sair correndo de novo, mas ela apenas suspirou alto e deu passagem para a língua ansiosa de Chica. E quando se encontraram, foi uma explosão de sabores e texturas. Amélia ainda tímida, tentava acompanhar a língua exploradora de cozinheira, e isso a incendiou. Desceu as mãos para a cintura de Amélia e a trouxe mais para junto de si. E Amélia derrete-se para Chica, que sensação maravilhosa ter a italiana entregando-se assim. Beijaram-se até pedirem ar, então Chica começou a explorar o pescoço dando beijinhos e lambidas , tirando os primeiros gemidos de Amélia. Que agarrava os ombros largos de Chica e apertava as pernas tentando aliviar o que quer fosse que estivesse acontecendo no meio delas. Com a respiração pesada Chica sussurra com sua voz grossa na orelha de Amélia:

- guapíssima, tão deliciosa, como arroz doce.

Então num repente Amélia sente as mãos de Chica na sua bunda, a incentivando a levantar as pernas e enrolar na cintura dela. Amélia o faz, e solta um longo gemido quando sua parte intima encosta na cintura nua de Chica. Elas voltam a se beijar e Chica pondera se quer continuar até o fim, estava doida para ensinar mais coisas aquela doce guria, mas decide que ainda e cedo para mais lições. Ela beija suavemente e apenas ficam abraçadas por um tempo.

Depois as duas vão se secar deitadas a beira do riacho, Chica curte o sol de olhos fechados e sente o carinho de Amélia por sobre seu rosto, dá um sorriso. A italiana a toca sem medo, traçando devagarinho sua face, depois deposita um beijinho sobre seus lábios e deita sobre seu ombro. E Chica fica um tanto incomodada, quando tinha prazeres carnais com as outras, o carinho depois não existia. Tinha apenas um até logo e quem sabe mais depois, descobre nesse momento que com Amélia seria diferente. Tinha certeza que ela nunca havia beijado alguém na vida e ainda é muito jovem. E Chica pela primeira vez teme ter cometido um erro, será que estaria preparada para as consequências de ficar com ela?

Fim do capítulo