Capítulo 32
Um mês depois, já instaladas na nova casa, Luana digitava rapidamente, dando corpo a seu novo livro, confortavelmente sentada sob o pergolado, de quando em vez parando para apreciar o jardim e a vista, pensando no quanto estava feliz.
Camille estava trabalhando no projeto do folder de Flávia, assim, passava algumas horas do dia fora, mas sempre tinha tempo para desfrutar da nova casa e a companhia.
Tina e Flávia ligavam praticamente todos os dias, quando não as encontravam para caminhar a beira do lago, no final da tarde.
Como a casa exigia cuidados extras, contrataram uma secretária doméstica e uma faxineira, além do jardineiro, que uma vez por mês, mantinha o jardim em ordem. Quando precisavam ir ao mercado, rodavam poucas quadras, pois havia um bem próximo, ou optavam pelo shopping, praticamente em frente do mercado.
Luana presenteara a mulher com um cãozinho da raça West Highland Terrier, que era companhia constante da escritora, quando a fotógrafa não estava em casa, mas que assim que a ouvia a dona chegar, corria para recebê-la, e dela receber muitos carinhos.
Camille iniciara um orquidário, ao qual se dedicavam diariamente, geralmente pela manhã, quando normalmente estavam juntas no jardim.
Aprendera que sempre que não tivesse certeza quanto a algo com relação à mulher, o melhor era conversar abertamente, sem dar margem à interpretação dúbia. Aprendera também que personagens não são pessoas, e que pessoas têm sentimentos mais controversos que se possa descrever. Ainda, que liberdade era poder ser e fazer o que tivesse vontade, sem ser invasiva ou sentir-se tolhida pelas pessoas que mais se ama.
Lucca acusou a chegada da dona, saindo em disparada em direção a casa. Pouco tempo depois, Camille juntou-se à mulher no jardim.
– Oi, amor. Chegou beijando-a.
– Oi, como foi a tarde?
– Ótima, fotografei outras duas casas no Lago Sul para o folder. E a sua?
– ...Também está fluindo... passei da metade, acho que consigo terminar pelo menos duas semanas antes do prazo combinado.
– Que bom...
– É, estou descrevendo alguns lugares por onde passamos nessa última viagem.
– Humm... só não invente de descrever a loira da boate, ou mato você...
– Amor, nem lembro que jeito tinha a tal mulher, você é quem a estava olhando, porque nem a tinha visto até irmos dançar.
– Hum, sei...
– Dzz... mas vou usar a volta para o hotel naquela noite, para uma das passagens das protagonistas... Riu da expressão da mulher.
– Luana Hays, não faça propaganda demais... nunca se sabe se não vai aparecer uma admiradora... depois que vai querer saber se você faz amor gostoso mesmo, e vou ter colocá-la pra correr, e bater em você.
– Não tem perigo, amor. Com relação a isso nunca precisará se preocupar. Só é bom por ser com você...
– Falando nisso... Mordiscou o lado do lábio...
– Hum? Sorriu, sabendo o que a expressão significava. – Agora?
– Hum hum.
– Ana ainda não foi embora... Disse, lembrando que a secretária poderia surpreendê-las, mas já com a mão na coxa da mulher, e beijando seu pescoço.
– Então vou subir para tomar um banho e espero você lá em cima.
– Que banho que nada...
– Não, preciso de banho, estou suada.
– Dzz, fica mais gostoso.
– Sossegue... tomo um banho ligeiro, e espero você.
– Ai, ai...se não tem outro jeito... Então vou largar o notebook no estúdio e já subo. Vá na frente, te encontro na banheira...
– Subindo...
Dez minutos depois rolavam pela cama, suadas novamente.
– Amor?
– Hum?
– Preciso conversar uma coisa com você...
– Amor, isso não é hora de conversar... estou ocupada...
– Amor? Sobe aqui um pouquinho, depois faço você terminar o que está fazendo...
– Hum mum. Respondeu.
– Amor, falo sério... quero conversar uma coisa com você... é importante... Está muito gostoso, mas se não falar do que quero agora, vou perder a coragem.
Então Luana escalou a cama para deitar-se ao lado da mulher.
– Então?...
– Amor, há algum tempo tenho pensado numa coisa... Lembra quando disse que tinha planos para o ano que vem?
– Sim... mas não me disse do que se tratava. Imaginei que tivesse algo a ver com trabalho... sei lá...o que é?
– Pois é... Hesitou.
– Diz, amor... Está me deixando curiosa.
– Amor, assim... amo você... sei que também me ama...
– Claro, e...? Está acontecendo alguma coisa? Por que está fazendo tanto rodeio pra falar?
– Então... agora que nos mudamos... você voltou a escrever... acho que dará certo meu investimento em fotos publicitárias...
– Sim... Por favor, fala logo.
– É que não sei o que você vai pensar...
– Só vai saber se eu souber de que se trata.
– Bom, você vai fazer 37, eu 36...
– Ai, meu Deus...vá direto ao ponto. Insistiu impaciente, mas temerosa.
– Quero ter um filho com você. Declarou finalmente, trancando a respiração à espera de uma reação, que veio num sorriso escancarado, depois olhos marejados.
– Amo você, Camille. Você quase me mata de susto...
– Isso quer dizer “sim”?
– Amor, vou ser a mulher mais feliz do mundo se tiver um filho com você. Puxou-a para junto de si e a beijou, ainda mais apaixonada. Não acreditava que a mulher um dia pensasse em lhe dar um filho.
– Também amo você, por isso quero que tenhamos um bebê... Uma criança correndo pela casa... uma família...
– Só tenho uma exigência...Fez suspense.
– Qualquer uma...
– Quero que ele ou ela se pareça com você...
Risos. Mais beijos.
– Isso não posso prometer... estive pesquisando, podemos usar um óvulo seu... Há uma clínica aqui mesmo em Brasília que faz isso... retiram de você e colocam em mim, e escolhemos um doador para inseminá-lo...
Luana não conseguia parar de sorrir, a mulher já tinha tudo planejado.
– Bom, enquanto isso, podemos ir tentando por meios naturais, não é? Risos.
– ... Ah, com certeza... Agora volta pra lá e continua o que estava fazendo... Pediu com ar sedutor.
Fizeram amor várias vezes naquela noite, não por que acreditarem que isso engravidaria Camille, mas por que o sex* entre elas era bom demais, e porque se amavam mais ainda
Sete anos depois.
– Mamãe?
– O que é, Linda?
– Tia Cris ligou e disse que vem me buscar, para que eu vá brincar com a Nanda.
– Você já fez as tarefas da escola?
– Já. Posso ir?
– Já falou com a Cam?
– Hum hum...
– E o que ela disse?
– Mamãe disse que era pra perguntar pra você se eu podia ir... Por favor, me deixe ir.
– Está bem... Mas troque de tênis... se sua tia a vir com esse, vai jogá-los fora.
– Mas eu adore esses... não gosto dos outros... são muito... novos.
– Ah, meu Deus, depois não reclame se eles forem parar na lixeira da casa da sua tia. Sabe o quanto ela é exigente com essas coisas.
– Dzz, tá. Vou trocar, ela fez isso com o tênis predileto da Nanda. Obrigada.
– Beijo. Apontou para o próprio rosto. E a menina de cabelos castanhos e olhos esverdeados veio correndo abraçá-la, para depositar em seu rosto um beijo estalado.
Camille já se aproximava do pergolado, tendo ouvido a conversa das duas.
– Amor?
– Oi?
– Tina e Flávia vão ficar com as crianças essa noite.
– Linda estava me contando.
– Então... podíamos aproveitar para ir ao cinema e depois... Mordeu o lábio inferior.
– Ei, essa conversa não é para menores... vou me trocar para esperar a Nanda...Amo vocês. Saiu correndo.
– Amamos você também, filha.
Riram da esperteza da menina, que crescera entendendo que tinha duas mães, duas tias e uma prima emprestada, e muita sorte fazer parte daquela família pouco convencional.
– Então?
– Hum?
– Cinema?
– Quem sabe pulamos a parte do cinema? Propôs, puxando a mulher para um beijo.
– Inteiramente de acordo.
Beijaram-se mais algumas vezes, até que a filha viesse se despedir das duas avisando que as tias e a prima a estavam esperando no carro.
Fim do capítulo
Boa noite, meninas.
Eis ai quase todos os capítulos, conforme prometido. Entretanto, agora vou chantageá-las. Apesar de ter recebidos e-mails diversos, poucas leitoras postaram comentários aqui no site. E gostaria do retorno de vocês, então vou aguardar alguns dias, pra ver as manifestações...risos...antes de postar o último capítulo.
Preciso de um feedback de vocês. Não sei porque tamanha timidez. Não gostaram da história? Quero as críticas. Recebi exatamente 38 e-mails, mas creio que bem mais pessoas tenham acessado e me faltam dados para ter uma ideia dos acertos e erros, uma vez que há outro trabalho sendo escrito. Assim me ajudariam muito se pudessem comentar sobre o que leram até agora.
Encontros e Despedidas, o outro romance, ainda está com poucos capítulos publicados, mas praticamente metade pronto, ou seja, ainda me falta escrever mais da metade...e gostaria de fazê-lo já adequando o conteúdo às ideias que possam me dar.
Grande abraço. Obrigada. Bom final de semana!
Em tempo, quero agradecer e dar as boas-vindas, àquelas que solicitaram adição no Face. E de antemão pedir desculpas por nem sempre responder aos contatos via Messenger. Quase não o uso.
Ghi Leonard
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