Capítulo 20
Sem ter ou poder fazer qualquer coisa para dissuadir Camille a agir de forma mais discreta, acabou relaxando e passando a agir naturalmente, também demonstrando afeto, já sem se importar em estarem ou não sendo observadas.
Por volta das nove e meia, voltaram à suíte para que a fotógrafa se aprontasse rapidamente para sair, e para que Luana pudesse se preparar para sair também, pois pretendia fazer ainda algumas compras, no seu último dia na cidade.
Antes de sair, Luana ainda pediu para que servissem um brunch no quarto, enquanto fazia uma lista de coisas que queria procurar para levar de presente para algumas pessoas e para elas mesmas. Depois percorreu o agitado centro do Cairo, e encontrou boa parte do que procurava. Ainda comprou um tapete persa pequeno, que chamou sua atenção no Mall of Arábia, onde também encontrou umas peças belíssimas em prata, dentre elas um conjunto de chá com samovar, perfeito para presentear Eleonora. No shopping também encontrou pequenas luminárias e incensários, que comprou para colocar em sua biblioteca. Adquiriu também uma fabulosa bandeja de cobre, cujo trabalho em baixo relevo era perfeito, pensando que poderia usá-la como um tampo de mesa auxiliar para a sala de leitura. Para o loft de Camille encontrou um jogo de lamparinas decorativas, ricamente rendadas em um metal parecido com latão.
Pensando em comprar algo especial para a mulher, pediu informações em algumas lojas no shopping e terminou encontrando uma joalheria, onde depois de muito escolher terminou pagando uma pequena fortuna por um par de alianças, mas valiam cada centavo, pois de design único. Daria à namorada tão logo pisassem em São Paulo, no momento em que pediria para que pensasse em morar juntas.
Ainda teve tempo de incursionar pelo Khan Al-Khalili, que se parece muito com a 25 de março em São Paulo, um mercado de pulgas onde quem estabelece o preço é o cliente, mas que exige tempo e paciência, porque a palavra de ordem é pechincha, do contrário se acaba comprando artigos a preços exorbitantes. De lá comprou apenas alguns lenços, cujas cores e padronagens lhe impressionaram pela beleza.
Depois da longa jornada, saboreou um dos chás típicos e retornou ao hotel, onde a maior parte das compras que havia feito já tinha sido entregue.
Estava arrumando as malas quando a fotógrafa chegou, com ar cansado e querendo um banho, beijou-a rapidamente e foi para um rápida chuveirada, depois mergulhar na banheira de hidromassagem.
- Então como foi o dia?! Perguntou do quarto, Luana.
- Cansativo... mas estou muito feliz porque estamos quase indo pra casa, e o trabalho ficou fantástico. Respondeu a fotógrafa, ligando o turbilhonamento da banheira. – Vem pra cá comigo, amor... Pediu com voz manhosa.
Estou terminando de arrumar uma das malas, já vou... Antes vou pedir alguma coisa pra jantarmos, passei o dia caminhando e você também... Pode ser?
- Hum... ótimo... você leu os meus pensamentos. Pede algo gostoso pra comermos, depois vem pra cá comigo...
Luana terminou de fechar a mala, pediu um prato da gastronomia mediterrânea, a base de peixe e legumes, e uma garrafa do melhor vinho Chardonnay do cardápio. Depois foi ao encontro da namorada, que a esperava deliciosa na banheira.
Não é preciso dizer que só saíram da hidro quando o serviço de quarto trouxe a refeição do casal, isso que a fotógrafa dissera que tinha chegado cansada... Risos.
Depois do jantar, regado ao saboroso vinho branco, Camille quis ver as compras feitas pela namorada, que já guardara na mala arrumada, o presente a ser entregue quando chegassem em casa. Conversaram animadamente sobre a incursão da escritora pelo comércio egípcio e sobre o andamento do trabalho de ambas.
A fotógrafa fez questão de que a namorada lhe mostrasse o croqui que elaborara dos personagens e enredos para o novo romance, mostrou algumas das imagens que ainda editaria do trabalho que terminara, e também as fotos particulares do casal, dos momentos de lazer que tiveram durante a visita à Terra dos Faraós.
Já era tarde quando terminaram de ver as fotos da viagem, Camille rolou para fora da cama guardando o tablet e levantando rapidamente.
- Amor, quero ir pra piscina... está uma noite linda... Vamos...vem...
- Camille não deve ter ninguém lá a essa hora...é quase meia noite, respondeu conferindo a hora no celular.
- Por isso mesmo... vamos ter a piscina só pra nós... e um luar imperdível como o hoje pede para que façamos isso... Vem?! Senão vou sozinha.... Ameaçou.
Como Luana conhecia bem a mulher, tratou de segui-la, mesmo porque adorava fazer as vontades da outra, e era tão feliz por tê-la que nada era um esforço.
Como tinham imaginado, a piscina estava vazia e puderam desfrutá-la à vontade. A noite de lua cheia dava um ar ainda mais romântico, e entre abraços e beijos mais ousados, a escritora acabou por perder o controle e fez amor com a namorada ali mesmo, sem testemunhas.
Difícil foi minimizar os gemidos, e disfarçar os sorrisos quando decidiram continuar com a noite em um lugar bem mais cômodo e, ao entrarem no elevador para alcançarem o andar da suíte tiveram de dividi-lo com um casal idoso, que as olhou de alto a baixo, e fizeram um comentário em idioma local, quando Camille entrelaçou os dedos na mão da namorada e encostou a cabeça em seu ombro. Por certo o outro casal deve ter dito algo não muito agradável, pois o marido levantou uma das sobrancelhas e as encarou como se fossem raras.
A noite da véspera do retorno ao Brasil só terminou muitas horas depois, e só depois que a escritora confessou estar exausta.
- Desse jeito você ainda vai me matar, amor... Riu, completamente suada e sem forças.
- Hum... se você não dá conta vamos precisar fazer uns acordos....Riu, provocando a namorada.
- Camille Steves, não se faça!...
A fotógrafa riu gostosamente e levantou puxando a mulher pela mão...
- Vamos, banho e cama. Dormir. Amanhã o dia será longo, e até estarmos em casa, serão muitas horas pela frente... E me lembre de lhe comprar um composto de vitaminas, quando chegarmos em casa...Mais risos e provocações. Mas o que se seguiu foi um banho relaxante e um sono pesado.
Luana acordou no dia seguinte ao ouvir a voz de Camille, que falava ao celular exasperada: - ... Já não lhe disse para não me ligar mais?! Que inferno! Não temos mais nada pra conversar.... Tudo o que tinha pra lhe dizer, já disse. E não tenho o menor interesse em saber o que tanto você quer conversar... É a última vez que peço que não me ligue mais! Do contrário serei obrigada a bloquear o seu número. Ou, se for preciso, mudarei o número do meu... Adeus!
Isso foi tudo que Luana conseguiu ouvir da conversa, pois a namorada estava na saleta da suíte, e a porta entre os cômodos estava entreaberta. Sem saber como reagir, a escritora levantou e foi diretamente para o banheiro, ligando o chuveiro para um banho matinal.
Pouco depois Camille aproximou-se do Box para cumprimentá-la.
- Desculpa, amor... Acordei você?!
- Não... Tudo bem... Bom dia, querida. Está tudo bem?
- Tudo... uma situação desagradável, só isso. Acho que resolvi... mas nem vamos falar sobre isso, não vale a pena... Completou virando-se para observar-se no espelho do banheiro.
- ... bom... se quiser conversar ok, senão tudo bem também... Você quem sabe... Precisando estou aqui... Insistiu pra ver se a namorada acabava com o mistério, mas sem obter êxito.
- Está tudo bem, mesmo... não quero nem falar sobre isso... é besteira... Você quer descer para tomar café ou quer que peça? Desviou.
- Podemos descer... só precisamos estar no aeroporto daqui a quatro horas... Respondeu, sem querer insistir, mas intrigada.
- Vou colocar uma roupa. Quando estava saindo do banho o celular tocou.., nem sei o que vestir... E já vou deixar separada uma roupa para viajar. Quer que separe algo pra você?
- Pode ser, mas pega da mala que ainda está aberta... nela tem uma calça de linho que quero usar, e algumas camisas. Escolhe uma pra mim. Vou descer pra tomar café de short e camiseta mesmo... Comentou, já saindo do box, secando os cabelos. A namorada já tinha voltado para o quarto...
Depois do café ocuparam-se de recolher os pertences e arrumar as malas. Em seguida, desceram para encerrar a conta do hotel e esperar até que a bagagem fosse buscada na suíte e posta no carro que as levaria ao aeroporto.
Um pouco menos de vinte e quatro horas depois aterrissaram em Congonhas, onde Eleonora e Half as esperavam para levá-las para casa. Em razão do volume de bagagens optaram por ir diretamente para o loft, deixando para irem ao apartamento de Luana no dia seguinte, ou depois de descansarem da longa viagem.
- Meninas, vamos deixá-las se acomodarem. Depois que descansarem nos liguem para marcarmos um almoço ou jantar, para que nos contem as aventuras da viagem, está bem?
- Obrigada mamãe...
- Ligamos sim, Eleonora... e muito obrigada... Half, obrigada.
- Foi um prazer, meninas. Vamos esperá-las.
- Obrigada, Half. Assim que colocarmos as coisas em ordem ligamos. Despediu-se Camille.
O atraso da viagem as deixara realmente cansadas, tudo que desejavam era um bom banho e algumas boas horas de sono.
Dormiram mais de doze horas e, ao acordarem, já era meio da tarde. Então Camille vestiu uma camisa, que costumava usar para circular pela casa quase sem roupa, e anunciou que estava com fome, e ia para a cozinha descobrir o tinham para comer.
Luana ainda espreguiçou-se antes de ligar o celular e ler suas mensagens e e-mails, depois foi traída pelo estômago, que anunciou que era hora de descobrir do que era o cheiro gostoso que estava sentindo.
Passaram o resto do dia desfazendo as malas, parte das roupas de Luana, com as idas e vindas de uma casa para outra, já ficavam no loft da namorada, assim como alguns objetos de uso pessoal.
- Amor, você vai querer sair pra jantar hoje? Quer ir para o seu apartamento, ou o quê?
- Acho que podemos ficar aqui. Pedimos algo pra comer... amanhã faremos mercado... vamos ao apartamento... na sua mãe ou outra coisa qualquer...pode ser?
- Claro, acho ótimo... mas vou ligar pra mamãe igual... marcar para irmos lá depois, no sábado, é melhor... Amanhã teremos outras coisas pra fazer
Fim do capítulo
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