Coincidências por Rafa e
Capítulo 4
-- Vocês se conhecem? – Augusto perguntou baixinho sem entender a situação, enquanto a expressão de surpresa de Haidê chamou atenção de Fabiola que estava acompanhada da irmã.
-- Ela é a noiva de Jaques. – Lívia tentou responder baixo, mas a astuta Fabiola prestava atenção a tudo.
-- Oh meu santo das causas perdidas! – Augusto suspirou nervoso. – Agora nos lascamos de vez.
-- Quem é Jaques? – a irmã de Fabiola perguntou.
-- Irmão de Lívia.
-- Já que vocês se conhecem e são parentes, não acho correto você continuar “apresentando” minha irmã em uma “conchiliação”.
-- É conciliação ou conciliação? – Lívia perguntou baixinho ao amigo e Haidê ouviu. – Vem de cochilo? – a advogada teve vontade de rir.
-- Fátima, eu não vejo razão para mudarmos de advogada a essa altura do campeonato. – Fabiola defendeu Haidê diante da irmã, ela sabia o quanto Jaques e Lívia se odiavam, e certamente a advogada iria massacrá-la.
-- Você quem sabe minha irmã, depois não chore pelo leite “amarrado”.
-- Não sei por que ela choraria com o leite amarrado. – segurou a vontade de rir. - Estou aqui por uma questão de caridade. Não é por obrigação. – Lívia completou com desdém.
-- Caridade? Nem comece ou conto como você pode ser cruel e mesquinha, além de falsa.
-- Senhoras, por favor, assim perderemos o foco. Ânimos exaltados não irão levá-las a lugar algum. – Haidê interferiu antes que a discussão assumisse um tom mais ofensivo.
-- Só a um hospital. – Augusto respondeu baixinho, apenas Lívia e Haidê ouviram, enquanto a primeira respondeu com um sorriso cínico, a outra apenas pigarreou, chamando atenção de todos.
-- Por favor, sentem-se e vamos tratar da partilha.
-- Doutora, não se trata de partilha de bens, como à senhora leu... – Augusto se adiantou – A minha cliente não era casada com a senhora Fabiola de Souza, elas tiveram um namoro e sua cliente, após ser despejada da casa onde morava, foi acolhida no apartamento de Lívia. Após seis meses de relacionamento, sob o mesmo teto, os sentimentos foram se deteriorando e hoje estamos aqui.
-- Expressei-me mal, desculpe! – a morena se corrigiu rapidamente, mas logo foi interrompida por sua cliente.
-- Deteriorando? Ele nunca existiu. Lívia é incapaz de amar alguém que não seja ela mesma. – Haidê ao ouvir a constatação de Fabiola, olhou para Lívia, quando seus olhares se encontraram, a loirinha pareceu sentir vergonha e baixou a cabeça. A advogada achou linda expressão de embaraço, permaneceu sustentando o olhar, forçando os olhos verdes a se erguerem e encarar os seus. – Ela só vive para o trabalho.
-- Mesmo sabendo de tudo isso, você ainda vem aqui nos expor, e pedir por algo ao qual não tem direito? – Lívia perguntou um pouco incomodada.
-- Direito? Eu aturei seus porres, suas maluquices de viajar de repente... Doutora, você acredita que um dia estávamos aqui, amanhã poderíamos estar no Monte Everest? – a morena a olhava com surpresa, o que só foi percebido por Lívia. – Além de você beber e chamar por uma morta, como se o espírito dela estivesse presente. – olhou para Haidê. – Ela chamava por Jeanine, depois gritava por um tal George.
-- Eu não admito que você fale assim de alguém que não está aqui para se defender. – bateu forte na mesa se levantando, mas Augusto a segurou pelo braço e pediu que se acalmasse. Haidê observava a tudo, ficou curiosa em saber mais sobre aquela história.
-- Não tenho medo de você. – olhou de novo para Haidê. - Ela trabalha e faz o papel de boa menina, mas eu tenho aquele vídeo e acabo com sua imagem. – ameaçou olhando dentro dos olhos verdes. Haidê estava mais surpresa, perguntava-se sobre a loirinha, seria igual a Jaques.
-- Pelo que percebo senhora Fabiola, viver com minha cliente parecia ser algo muito difícil, tão difícil que quando ficou sem ter onde morar pediu que ela a acolhesse, mas depois que encontrou outras companhias, ela virou a sua carrasca. – tentou cortar a ameaça antes que Lívia estourasse.
-- Isso é uma mentira! – gritou.
-- Ele pode acusar minha irmã de adúltera excelência? – Fátima perguntou a Haidê de forma agressiva.
-- Adúltera não, porque elas não são casadas. – Augusto mesmo respondeu.
-- Só pode acusar de “svv” – Lívia interrompeu com a mesma expressão cínica de antes.
-- SVV? – Haidê perguntou.
-- Sim. – sorriu cinicamente – Sacana, vaca e vadia. – Haidê segurou o riso, ela estava adorando aquele jeito cínico com que a loirinha respondia a ex-namorada. Ao perceber que uma nova discussão começava, resolveu interferir, novamente.
-- Senhoras...
-- Excelência, isso que eles falaram da minha irmã é caxumba e escamação, eu protesto! – Haidê pensou em Júnior. Lívia começou a rir, enquanto Augusto ficou surpreso, a morena logo cortou o assunto antes que virasse provocações.
-- Senhora desculpe, eu não sou magistrada e nós não estamos em um tribunal para que se faça um protesto. Vamos aos fatos da questão.
-- Ela vai falar que minha irmã é uma vaca e você não vai fazer nada? Eu lhe falei: a namorada do irmão da “reia” defendendo você não ia dá certo.
-- Reia? – Augusto estava assombrado com o termo.
-- Ela “deve estar usando” réu no feminino. – Lívia respondeu de forma debochada, imitando-a. Haidê achou melhor beber um pouco de água para disfarçar o sorriso que só foi percebido pela loirinha.
-- A senhora pode acusar minha cliente do que quiser, mas nós temos filmagens das câmeras de segurança da casa e do escritório dela... São várias cenas, acredite, em quase todas, a sua irmã aparece prevaricando com uma pessoa diferente.
-- Pré o que? – Fabiola quis saber. – Eu nunca fiz isso.
-- As senhoras querem ver as filmagens? – adiantou-se. – Assim como você ofereceu aquele vídeo sobre minha cliente, ela tem outros sobre a senhora, inclusive aquele que mostra os utensílios do apartamento e o momento da venda de cada um deles.
-- Por que não fala em língua de gente? Odeio quando mistura o “ingres” com o “brasileiro”. Tá falando agora com mortos como ela? – Fátima perguntou irritada e foi à gota d´água para que Lívia explodisse.
-- Ele quis dizer que sua irmã, essa vaca... – apontou para Fabiola. – fudeu com quase todos que trabalhavam comigo, além de levar as piranhas iguais a ela, para fuderem na minha casa, isso tudo foi filmado por câmeras de segurança. Entendeu ou quer que desenhe? – Augusto a fez sentar, enquanto Haidê ficou perplexa com a revelação. – Depois ele concluiu com o vídeo que ela vendeu minhas coisas sem minha autorização.
-- Eu... Eu... – Fabiola tentou se explicar.
-- Quero deixar claro que você não tem direito a nada do que é meu, mas vou lhe deixar um apartamento, porque tenho pena da sua situação.
-- Excelência é lógico que minha irmã tem direito a muito mais que isso, ela é rica.
-- Não, a sua irmã não tem direito a nada, eu havia explicado isso para as senhoras. Agora, diante desta proposta, aconselho a aceitá-la e encerramos a questão.
-- A senhora tá do lado dela? – Fátima estava visivelmente irritada - É claro. – respondeu com ironia.
-- Os senhores podem nos dar licença? – Haidê pediu de forma educada para que Lívia e Augusto saíssem, deixando-as sozinhas.
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-- O que será que ela vai falar? – Lívia perguntou após se servir de um copo com água enquanto aguardavam na sala de espera.
-- No mínimo explicar a furada que elas irão se meter. – Augusto respondeu se servindo de café em uma máquina de espresso. – Essa mulher tem bala na agulha, olha só esse escritório, tem até máquina de café sem moedas. Por que não coloca uma dessas na fábrica? – Lívia revirou os olhos e sentou.
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-- A senhora me respeite. – Haidê exigiu - Estou sendo prática, mas se acharem que a proposta não é boa, nós podemos levar este caso adiante, até o juiz, para que ele decida, afinal, todos têm direito a entrar na justiça, mas se irão ganhar, isso é outra conversa. – pegou uma pasta e abriu procurando algo - Os honorários do escritório são os que já foram passados. Alerto que se perdermos o processo, o que é certo, as senhoras ainda terão de arcar com os custos da outra parte.
-- Que outra parte?
-- A de Lívia e o advogado dela. – Fátima respondeu, deixando a irmã surpresa – Assisti uns filmes sobre advogados e tribunal com jurados... – explicou-se para a irmã e olhou em direção a advogada – por isso estou entendendo tudo que a senhora fala. – Haidê jogou a cabeça para trás, em um gesto de cansaço.
-- Então, já que entende bem das leis e aprendeu como funciona um tribunal, “com jurados” – estava sendo irônica – aconselhe sua irmã a aceitar este apartamento, antes de levar isso adiante e ter sua intimidade exposta através destes vídeos. – diante da forma como Haidê expos a situação, não tinha como Fátima agir diferente.
-- Ela está certa mana, aceite este apartamento e encerramos tudo.
-- Mas tenho o vídeo dela usando drogas e trans*ndo com aquela amiga enquanto este advogado assistia e usava drogas. – olhou para Haidê que estava muito surpresa. – Doutora, eu posso mostrar isso no jornal.
-- Isso é chantagem, ela com certeza usará isso contra você em um tribunal. Se quiser mostrar, mesmo assim, ela poderá usar esse argumento. – Fabiola suspirou vencida.
-- Tudo bem. Podem chamar aquela pedra de gelo.
-- Pedra de gelo? – Haidê não teve como se segurar, a curiosidade falou mais alto.
-- Ela é fria em todos os aspectos, só pensa na falecida. – a morena ficou pensativa, precisava saber mais sobre essa história. – Gosta de trans*r, mas nunca me tocou, gosta só que façam nela, mas não sente prazer.
“Para que saber sobre essa mulher que fez parte da vida de Lívia? Coisa mais mórbida!” – pensou e achou estranha sua preocupação em conhecer mais sobre a cunhada. – “Ainda mais se é fria como ela está falando.”
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-- Ei garota, não é que a doutora lhe ajudou a se livrar da mala. – Augusto fez a observação de forma zombeteira.
-- Também achei... – respondeu pensativa.
-- Cheguei a pensar que ela iria tacar terror e ajudar a lhe depenar. – concluiu fazendo gestos de terror.
-- Pois é... Para ser noiva de Jaques... Eu esperava algo pior que isso, no entanto... – deu de ombros – Ela foi ética, imparcial, profissional... – foi interrompida pelo amigo.
-- Ei! – gritou – Estamos nos interessando por alguém?
-- Oi? – estava distraída, pensando na mulher de incríveis olhos azuis.
-- Cara, você realmente tá interessada na gatona de faroletes azuis. – foi mais uma constatação do que pergunta.
-- Para Gus! – empurrou o amigo – Estou bem sozinha e pretendo continuar assim. – Augusto viu que era mentira, nem ela mesma havia percebido.
-- Sabe que a amo e até me esforcei para conquistá-la, mas você prefere mulheres... – deu de ombros – Foco na vida. – completou de forma vencida. – Por isso me preocupo tanto por você.
-- Gus, para mim, você sempre será um amigo, o meu melhor amigo... – sorriu – Meu veadão. – estava as gargalhadas.
-- Cara, você falando assim... – olhou de um lado a outro – E se a mulherada escuta, nunca mais eu pego ninguém. – Lívia estava se divertindo – Está rindo? Isso, depois nem gripe.
-- Pega... – abraçou o rapaz – A gripe você pega fácil. – brincou.
-- Liv vamos beber alguma coisa?
-- Tenho que passar no escritório, deixei alguns documentos que meu advogado – empurrou-o – mandou ler – completou sorrindo.
-- Legal seu advogado. – beijou-lhe o rosto. – Visitarei outro cliente, e depois podemos nos encontrar no “pub” esquisito que você gosta.
-- Aquilo lá para pub falta muito, acho que só o nome. – completou sorrindo – Nos vemos em duas horas?
-- Fechou! – bateram as mãos, gesto habitual quando se encontravam ou se despediam.
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Lívia chegou ao pub sozinha, pegou uma mesa de canto, com uma boa visão do local que não estava lotado, mas, quase todas as mesas estavam ocupadas. Sentou-se e pediu um chopp. Passou os olhos pelo lugar e uma mesa em especial lhe chamou atenção: nela estavam um casal e uma morena, sentada de frente para os dois. Usava uma calça social escura, salto alto e uma camisa com as mangas arregaçadas.
“Uau! Que morena é essa?” – pensou após analisá-la. O corte da camisa mostrava as curvas acentuadas daquele corpo que pedia para ser tocado. O cabelo solto e os gestos femininos enfeitiçaram a loirinha, que não parava de observá-la. Para surpresa de ambas, quando a morena se virou e seus olhares se cruzaram, foi impossível não deixar escapar um pensamento em voz alta:
-- Haidê?!
-- Lívia?!
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-- Ih Dê, tem uma loira ali na outra mesa olhando para você de forma acintosa. – Mariana, sua amiga e sócia, mostrou-lhe de forma discreta.
-- Será que tá lhe paquerando doutora? – foi à vez de Serginho, primo da amiga, perguntar em tom de brincadeira. – Olha, esse é um dos meus sonhos: ver duas gatas se pegarem. – Haidê jogou o guardanapo de papel no amigo, olhou para lado e ficou surpresa ao se deparar com os lindos olhos verdes cor de esmeralda.
-- Lívia?! – pensou alto.
-- Quem é Lívia? – Mariana perguntou.
-- A irmã de Jaques. – respondeu se levantando. – Ela é a sobrinha do seu cliente que faleceu alguns anos atrás. – Mariana voltou a olhar para loirinha, tentou se lembrar. - Eu vou falar com ela. – avisou antes de se afastar.
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“Meu Deus, que mulher é essa?” – Lívia estava empolgada com a elegância e charme da morena. Ela mostrava um misto de segurança e sensualidade que chamava atenção de todos. – “Uma verdadeira deusa!”
-- Oi Lívia!
-- Hai... Hai... – começou a gaguejar, a morena achou linda a expressão de surpresa da garota que lhe pareceu ser tão segura.
-- Dê. – completou de forma brincalhona, fazendo a loirinha despertar e franzir o cenho ao perceber que estava sendo boba.
-- Oi Haidê. – fingiu a segurança que não tinha.
-- Oi Lívia. – avaliaram-se por alguns segundos.
-- Você vem sempre aqui? – fez a pergunta sem pensar, quando viu a morena sorrindo ficou envergonhada, só depois sorriu da própria estupidez.
-- Está realmente me perguntando isso? – disse ainda sorrindo e apontou para cadeira. – Posso?
-- Claro! Desculpa... – permanecia rindo – Essa realmente foi mal.
-- Respondendo sua pergunta: sim. Eu venho sempre aqui.
-- Eu também... – completou inocentemente, na tentativa de se corrigir.
-- Vai ver nos vimos por aí... – apontou em direção a pista de dança improvisada. – Como não nos conhecíamos...
-- Sem chances... – interrompeu após beber um pouco do chopp – Eu não esqueceria o seu rosto. Mulheres lindas ficam na lembrança. – falou sem pensar.
-- Você me acha linda? – perguntou despreocupadamente e Lívia, mais uma vez, só percebeu o que havia falado depois. Ela observou por alguns segundos a expressão de Haidê e não soube identificar o que ela dizia, resolveu entrar na brincadeira.
-- Não. – Haidê permaneceu sem demonstrar reação. – Eu lhe acho muito mais do que linda e confesso que não lhe reconheci, mudou a roupa. – a morena sorriu, mas preferiu mudar de assunto. A banda começou a tocar, Haidê se aproximou mais da loirinha, deixando-a tensa. Elas se olharam e só então Haidê falou próximo ao seu ouvido, causando-lhe arrepios. Lívia fechou os olhos para sentir os efeitos daquela voz rouca sobre seu corpo.
-- Você sempre vem aqui? – voltaram a rir.
-- Fica no caminho da minha empresa e da minha casa. – respondeu do mesmo jeito, próximo ao ouvido da morena que sentiu o corpo reagir.
-- Para mim também. – Haidê falou um pouco surpresa. – Onde você mora?
-- Capitania.
-- Eu também. – desta vez foi Lívia quem ficou surpresa.
-- Qual a rua?
-- Oceania.
-- Gente, a minha é paralela, Mar Morto.
-- Coincidências.
-- Acredita em coincidências? – Haidê perguntou com um ar de mistério.
-- Serei obrigada a dizer que sim. – estava séria, olhando a morena nos olhos, cortou o contato e voltou a olhar para mesa em que o casal estavam. – Seus amigos estão lhe esperando, não param de olhar para cá. – Haidê olhou para o lado e sorriu.
-- Mariana, minha sócia, foi advogada do seu tio. – Lívia a olhou de longe e logo reconheceu.
-- Espera aí... – olhou dentro dos olhos azuis. – Nós conversamos quando você ligou para meu tio. Pediu que levasse alguns documentos e eu fosse junta. Achei sua voz linda e queria conhece-la, quando fui no outro dia, descobri que quem havia conversado comigo era outra pessoa. – revelou tudo de uma vez e Haidê estava em transe, ouvindo toda a história. A sonoridade da voz de Lívia parecia a mais linda de todas as melodias. – Desculpe, estou tagarelando, não é?
-- Não. – respondeu rápido. – Estou apenas me lembrando da ocasião.
-- Mais coincidências. – Lívia respondeu com um sorriso que iluminou toda a sua áurea. Haidê quis mergulhar naquele verde que lhe observava. Estavam perdidas: uma nos olhos da outra, quando foram interrompidas por Augusto.
-- Liv desculpe, mas o cara me segurou... – só então percebeu a presença da morena. – Doutora?
-- Sem formalidades... – levantou-se – Augusto, não é?
-- Sim.
-- Então Augusto, muito prazer. – olhou para Lívia – Até mais.
-- Espera aí... – levantou-se e segurou a morena pelo braço – Já vai? – Haidê sentiu todo o corpo tremer com aquele toque, Lívia disfarçou bem, mas sentiu cãibras na mão e um frio na barriga.
-- Estou com meus amigos... – apontou com a cabeça. – Esqueceu?
-- Fica mais um pouco... – Lívia a olhou quase em súplica – Eles têm você sempre. – Haidê sorriu.
-- Somos vizinhas... – sorriu de lado - Surgirão outras oportunidades, não são apenas coincidências. – a resposta pareceu possuir infinitos significados, mas Lívia sentiu segurança em suas palavras.
-- Antes de você ir... – coçou a cabeça e olhou para morena. – Quero pedir desculpa.
-- Desculpa? Por?
-- Naquela noite, na casa de minha mãe, acho que fui um pouco... – procurou as palavras e Haidê amenizou o momento.
-- Não se preocupe, estávamos todos em um momento de fragilidade. – sorriu tranquilizando-a. Lívia balançou a cabeça. Haidê foi embora, enquanto Lívia a observava.
-- Liv essa mulher é linda... Sou fã dela. – falou observando-a. – Por ser mais velha, pode lhe dá excelentes conselhos como uma tia. – sorriu - Ela deve ter a idade da sua mãe, não é? Vai até casar com seu irmão. – alfinetou.
-- Linda... – respondeu com o mesmo ar pensativo. – Ela não tem a idade da minha mãe, nem muito menos é tão velha. – completou irritada após despertar.
-- No máximo uma tia. – sorriu e aproveitou para pedir um chopp.
Haidê tentou prestar atenção na conversa entre os amigos, mas era impossível não olhar em direção a Lívia e se perder nos lindos olhos verdes. Enquanto Lívia não perdia um só movimento da morena.
-- Liv, eu acho que você está dando muita bandeira.
-- Não estou nem olhando.
-- Assume...
-- Estou curtindo a música – respondeu com desdém.
-- Então não vai se importar se disser que ela está indo embora. – Lívia virou a cabeça, encarando-a. Haidê se levantou e pegou a bolsa, foi até a loirinha e se despediu.
-- Boa noite gente!
-- Boa noite! – Augusto respondeu.
-- Ainda está cedo. – apressou-se.
-- Amanhã tenho uma audiência, preciso me apresentar inteira.
-- Eu levo você... – a olhou fixamente – Para casa. – completou envergonhada.
-- Estou de carro, mas se imaginasse que teria sua carona, eu teria vindo de táxi. – Lívia abriu um lindo sorriso e Haidê se perguntou por que havia falado aquilo. Em um impulso, sem pensar, ela pegou um guardanapo, anotou alguma coisa, entregou à loira e saiu. – Beijos – acenou para os dois.
-- Tá rolando alguma coisa entre vocês. – afirmou enquanto a amiga lia o que parecia ser um bilhete. – O que ela escreveu?
-- O telefone... Cara, a letrinha dela é linda. – disse sorrindo. – Tudo nela é lindo.
-- Você está apaixonada.
-- Ela é linda! – estava quase pulando segurando o guardanapo.
-- Agora ela vai emoldurar esse troço. – desdenhou. Lívia nem ouviu, estava empolgada com o papel que segurava, não percebeu o veneno do amigo.
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Haidê foi para casa e ao se aproximar da rua de Lívia, resolveu, sem saber o motivo, entrar. Olhou para os lados, imaginando qual seria a casa ou apartamento em que a loirinha morava.
“Eu devo estar louca”. – pensou enquanto dirigia e olhava as construções – “Não entendo o efeito desses olhos verdes sobre mim”. - começou a rir e falou em voz alta – Haidê Aqueu, melhor você se comportar.
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-- Lívia, acho melhor levar você.
-- Estou ótima, Gus. Tenho certeza que consigo ir até minha casa e cair na cama. – sua voz estava pastosa.
-- Sei... – olhou a loirinha – Ela mora perto da sua casa, tem certeza que não vai procurá-la? – perguntou curioso.
-- Vontade não me falta. – respondeu pensativa – Agora tenho que ir – colocou o capacete e ligou a moto – Fui... – despediu-se.
Lívia fez o que o amigo havia imaginado, passou pela rua a qual a morena morava e tentou adivinhar qual daquelas casas ou apartamentos seria a seu.
-- Haidê!!! – gritou, mas o som saiu abafado por causa do capacete.
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-- Haidê, você chegou? – perguntou uma voz rouca com forte sotaque.
-- Sim vó, sou eu. – foi até a velha senhora e lhe beijou no rosto – Ainda acordada, dona Lena?
-- Demorou... – sorriu após avaliar os olhos da neta que eram iguais aos seus – Encontrou?
-- Ah não, vó! - jogou a cabeça em sinal de protesto - Essa história de novo? – atirou-se no sofá.
-- As cartas não mentem jamais. Eu vi que este seria seu ano e você reencontraria seu amor... sua alma gêmea.
-- Primeiro, dona Helena Zoiler, eu não acredito em cartas, muito menos em almas gêmeas, amor e similares.
-- Também, noiva daquele galo de encruzilhada, até eu estaria desacreditada na vida. – afirmou séria, mas sua expressão deixava pistas de que estava brincando.
-- Vó!! – não queria falar a verdade e preocupa-la mais.
-- Minha filha, você é linda, uma pessoa inteligente, boa profissional, ética... – revirou os olhos. - Não tem afinidade alguma com aquele homem. – Haidê ouvia a tudo em silêncio, refletia sobre as coisas que a avó falava. – Não sei o que levou você a chegar neste arranjo de sarjeta, mas acredite: este ano vai conhecer seu verdadeiro amor e se livrar deste encosto. O sangue de uma bruxa corre nas suas veias – a morena gargalhou.
-- Vovó, bruxa? – não se aguentava de rir. – Não sou mais uma menina que a senhora conta historinhas de bruxas boas até dormir.
-- Não são historinhas e você sabe disso. – respondeu irritada.
-- Vó, eu vou dormir, estou cansada. – levantou-se para beijar a velha senhora, mas, ela segurou seu rosto e observou seus olhos azuis e declarou com firmeza.
-- O brilho dos seus olhos está diferente... – observou melhor – Sim, você já conheceu sua alma gêmea, resta esquecer este orgulho e deixar seu coração agir. Deixe-se amar ou sofrerá. Lembre-se Haidê, você não está imune à dor que sentirá se deixar esse sentimento passar.
-- Vovó... – antes que contestasse a velha a soltou, levantou-se e foi para seu quarto, deixando a morena sozinha e pensativa.
Haidê tentou dormir, mas não conseguiu, passou a noite relembrando as palavras da sua avó, refletindo sobre seu noivado, pensando nos insistentes olhos verdes que pareciam piscar em neon, chamando-a para um mergulho de cabeça e alma. Começava a amanhecer quando ela resolveu se vestir e correr na praia.
Fim do capítulo
Meninas, como prometido, dois capítulos por semana. Fiquei feliz em saber que todas estão gostando desta nova versão. Prosseguindo, estas duas serão um pouco mais ousadas do Mel e Isa, espero que continuem gostando. Bjs
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Alexia
Em: 01/07/2018
Olá! Rafa gostando muito dessa versão da história Haide está mais saída gostei disso agora ela tem que ouvir a vovó Lena o galo da encruzilhada não vale a pena o amor que ela tanto desacredita está na frente dela a Livia também é uma boa menina só que anda com gente que não presta é só gosta do dinheiro dela!
Autora se não for pedir ddemais e já pedindo gostaria de saber o que aconteceu com a Jeanine será que tem como vc da uma pincelada nessa parte da história por favorzinho! Bjs até o próximo !
Resposta do autor:
Oi Alexia,
Mais saída como? Neste aspecto acho que está mais claro os objetivos da vingança e dos seus fantasmas. Ela e Melissa Cristina nunca foram muito simpáticas, sempre fechadas e corretas demais, até o cão chupando manga...kkkkkkkk
Acho que no capítulo 7 ou 8 Lívia explica isso para Haidê. Bjs e até amanhã, sexto capítulo.
kerol
Em: 28/06/2018
Olá autora, resolvi sair da moita rsrsr, não poderia deixar de comentar, acompanho suas histórias e simplismente sou sua fã, a forma como detalha os personagens e a relação entre eles ?— perfeita, amo os capítulos longos e odeio quando acabam, pois sempre fico anciosa ao extremo por novos capítulos, por favor continui com a história, e se for possível poste uns três capítulos por semana rsrsrs, bjos e parabéns!
Resposta do autor:
Obrigada por sair da moita, esse é o verdadeiro termômetro para quem escreve aqui: a opinião das leitoras. Quanto as publicações, se houvesse uma demanda maior de comentários até me animava, mas como tem poucos por capítulos, sinal de que não tem tanto IBOPE assim para três capitulos semanais. Beijos e boa semana.
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Baiana
Em: 28/06/2018
Essa nova Haidê é mais justiceira e focada na vingança, será que isso vai afetar um possivel romance entre elas? Foi atração a primeira vista,de ambas as partes.
Resposta do autor:
Oi Baiana, ela é bem mais focada e justiceira, quanto a pergunta, só nos próximos capítuloskkkkkkk E que atração! Beijos e boa semana
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Mille
Em: 28/06/2018
Olá Rafa
Imagina o Júnior estivesse com a Haide seria o casamento certo dele com a irmã da ex da Lívia.
Nunca gostei do Augusto ele se faz de amigo mais na verdade é obcecado pela Lívia e ela só o ver como amigo o que ele nem para isso merece.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Essa irmã de Fabiola dói até de ouvir... kkkkkkkkkk. Ele só vai mostrar quem é em alguns capitulos, prepare-se. Bjs
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patty-321
Em: 28/06/2018
Amando. A versão feminina do amigo da isa, esqueci o nome. Foi muito engraçado. Muita burrice onde livia foi achar essa tal de Fabíola? Esse encontro no pub, ferveu. Boa noite.
Resposta do autor:
Júnior o amigo dela. Isso que dá catar qualquer porcaria pra ficar e matar carência....kkkkkk Beijos
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