Capítulo 14
– Agora levanta pra me ajudar. Brincou, olhando a outra respirar ainda com dificuldade.
– Vá se ferrar. Risos. Agora é que você não me tira mais dessa cama. Queria tomar um banho, mas não vou conseguir nem levantar.
Mais risos.
– Frouxa.
– Louca... Amada.
Riram mais ainda antes de aconchegarem-se exalando cheiro de sex*, e dormirem pesadamente.
Luana começara a se acostumara a acordar com um dos braços dormentes, porque a mulher dormia aconchegada a ela. Lembrou-se da noite anterior e riu sem querer, com o corpo ainda dolorido, acordando Camille.
– Meu Deus, estou morta. Reclamou, ainda sonolenta.
– Bom dia, amor. Beijou a ponta do nariz da namorada.
– Bom dia. Respondeu, sorrindo, mas ainda cansada da noite anterior.
Curtiram preguiça até seus estômagos começarem a reclamar de fome, só então levantaram para um banho rápido, desejando comer alguma coisa.
– Sabe que horas são?!
– Não faço ideia. Respondeu, terminando de se vestir, voltando-se para Camille.
– Dormimos a manhã inteira. Passa do meio dia.
– Não pode ser...
– Então veja você mesma.
– Então não vamos tomar café, vamos almoçar.
– Você não está entendendo. Hoje é terça. Viajamos sábado. Temos que arrumar as malas, preciso comprar filmes e outras coisas, separar meu material...
– Hei, calma, vai dar tempo pra tudo. Ajudo você com as malas e as compras. Depois arrumamos as minhas coisas. Além de algumas roupas só preciso do meu notebook, do passaporte e meia dúzia de outras coisas.
– ...Tá., mas só vou ficar sossegada depois que tudo estiver arrumado. Caminhou em direção a namorada, e a abraçou.
– E me lembre de passar no supermercado. Como ficaremos ocupadas é bom que tenhamos algo pra comer.
– Tá, posso fazer isso enquanto estiver separando seu material de trabalho já que não vou poder ajudar nisso.
– Obrigada. Depois compenso você.
– Não, você está com créditos por um bom tempo.
Riram, ainda abraçadas.
– ... então, vamos planejar nosso restante de dia.
– Por onde quer começar?
– Como não temos comida em casa, poderíamos ir ao shopping, almoçar, e aproveito para comprar algumas coisas que quero. Ligo pra loja e encomendo os filmes, eles podem mandar entregar. Podemos até ir ao mercado juntas, no shopping mesmo, depois pensamos no resto.
– Ok, tá bem. Só queria perguntar se podemos dormir na minha casa hoje, se é que vai querer dormir comigo.
– Hum, claro que sim. Acho que precisaremos andar sempre com uma bolsa no carro, com mudas de roupa. Faço sempre isso quando estou viajando. Levo o que for preciso para onde vou, para o caso de não voltar ao hotel.
– Faremos isso. Agora vamos. Do contrário vai ficar preocupada depois.
– Adoro você.
– Adoro você também.
– Hei? Esqueci de perguntar se você já fez reserva em algum hotel.
– Não! Tá vendo? Tem tanta coisa pra fazer... tinha até esquecido do hotel.
– Tudo bem, então isso eu resolvo.
Foram para o shopping, onde primeiro almoçaram. Depois percorreram algumas lojas. Camille queria comprar umas peças de roupa, e Luana acabou também comprando algumas.
– Amor? Posso te deixar uns minutos aqui enquanto prova as roupas? Quero comprar um guia e umas coisas. Volto logo, pode ser?
– Ok, mas volte.
– Volto sim.
Luana na verdade queria um tempo para poder comprar um presente para a namorada. Assim pôde entrar em uma das joalherias e escolher um anel de design moderno, em ouro branco. Satisfeita com a escolha, e imaginando que Camilla ainda devia estar experimentando roupas, partiu em busca de um guia da França, já que pretendiam viajar de carro.
Da livraria resolveu ligar para a namorada, para combinar o encontro no supermercado, assim ganhariam tempo. Camille informou-a que estava próxima a praça de alimentação, e que em breve a encontraria. Havia encontrado uma amiga quando saíra da loja para ir a seu encontro.
Passado um bom tempo, Luana já havia terminado as compras e Camille ainda não aparecera. Resolveu então seguir com o carrinho de compras em direção à área de alimentação.
Encontrou-a próximo à cafeteria, numa conversa animada com uma mulher igualmente bonita. As duas, alheias a tudo, lhe pareceram intimas demais. Aproximando-se lentamente, Luana pôde observar a outra mulher acariciando a mão de Camille e sorrindo sedutoramente para ela.
Presenciar aquela cena fez com que uma profunda irritação brotasse. Com toda certeza a loira devia ser uma das ex-namoradas de Camille, tamanha a intimidade. Pior que isso, a namorada parecia estar gostando dos carinhos e atenções que estava recebendo.
Num ato impensado, pegou o celular e ligou.
– Onde você está? – Perguntou fingindo que não as tinha visto, sem conseguir disfarçar o tom de voz.
– Em frente à Havanna... Desculpa, já estava ido te encontrar.
– Já te encontro. – Respondeu, secamente.
Alcançou-a em instantes. Tentando aparentar indiferença.
– Você comprou comida para um mês. Espantou-se a fotógrafa, ao olhar para o carrinho de compras.
– Fiz compras para duas casas. Além do mais, não sabia bem o que comprar. Algumas coisas talvez você nem goste.
– Exagerada... risos...
– Luana, quero lhe apresentar Aline, uma amiga.
As mulheres se olharam de alto a baixo, como que se medindo discretamente.
– Muito prazer.
– O prazer é todo meu...– Respondeu sorridente a loira. – Toma um café conosco?
– Sim... Vou buscar um mocaccino.
– Busco pra você, amor. – Ofereceu-se Camille, fazendo com que se acalmasse tendo chamado-a de amor e na frente da loira bonita, mas sem sal.
– Não, pode deixar, eu mesmo pego, querida. Vocês me acompanham? Tomam mais um?
As mulheres se olharam e concordaram.
Já na mesa novamente, sentou-se ao lado de Camille, que puxara uma cadeira para junto da sua. Assim que se acomodou, recebeu um beijo no rosto e um carinho nas costas. Respondeu ao gesto, segurando a mão da namorada sobre a mesa, com um certo ar de posse, como se demarcando território.
Aline pareceu não perceber a intenção, seguiu conversando sobre o assunto que tabulava com a amiga antes da chegada de Luana.
Camille já desconfiada de que a namorada estava com ciúmes, mesmo achando engraçado, tratou de incluí-la na conversa. Mas ficou com uma pontinha de satisfação em perceber que Luana tinha mudado um pouco o senso de humor quando a vira com outra mulher. Era sinal de real interesse.
Menos de vinte minutos depois, Camille desculpou-se com a amiga dizendo que precisavam ir, pois tinham muito a fazer em função da viagem no próximo final de semana.
Despediram-se, e o casal saiu em direção ao estacionamento, Luana empurrando o carro ainda um tanto silenciosa.
– Amor, você comprou muita coisa para tão poucos dias.
– Não sei o que tem na sua geladeira, mas sei que na minha não deve ter mais quase nada. E como vamos comer mais em casa...
– Mesmo assim... gulosa... – Abraçou-a, fazendo com que parasse e soltasse o carrinho das compras. – Hei, desculpa por não tê-la encontrado no supermercado...
– Tá, sem problemas – Tentou disfarçar o mal estar ainda presente.
– Então me beija pra provar que me desculpou...
– Aqui?!
– É...qual o problema? Você tem algo a esconder? – Provocou.
– Não, mas ... Ah, dane-se. – Colou seus lábios aos da namorada, mas num beijo menos demorado que os habituais. Depois seguiram em direção à garagem.
– E com relação à quantidade de comida que comprei... é que estou pensando em pegá-la pelo estômago. Piscou para a namorada, numa repentina mudança de humor.
– Hum, que gostoso, vai me pegar também pelo estômago é?
– É, vou cozinhar pra você hoje à noite.
– E posso saber o que vai preparar?
– Uma das minhas especialidades.
– Qual seja?
– Surpresa.
– Adoro surpresas.
– Vamos então, para dar tempo de passar na sua casa e adiantar a arrumação das suas malas e para não irmos para o meu apartamento tão tarde.
No loft, enquanto Camille escolhia as roupas e calçados para viajar, Luana as acondicionava nas malas. Não levariam muito volume porque poderiam fazer compras durante a viagem.
Só carregariam o estritamente necessário uma vez que o material da fotógrafa incluiria tripés, câmeras fotográficas, filmes, fotômetros, baterias, carregadores, cabos, flashes, filtros e uma série de outros acessórios.
Já no apartamento de Luana, descarregadas as compras de mercado e guardadas as demais sacolas, a escritora pediu à namorada que as servisse da garrafa de vinho que já escolhera, enquanto preparava o jantar.
Fim do capítulo
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