Oie, girls...
Semana que vem eu posto mais um, espero que gostem.
Beijocas.
Fabi.
Capítulo 2 - A solução para o primeiro problema
2 - A solução para o primeiro problema
Dois dias depois, Rafaela reconquistara o controle e trabalhava normalmente; apenas vez ou outra sua mente retornava ao convite, esperando, pesando, cobrando uma resposta que ela não queria dar. A manhã teve sua rotina normal de reuniões, de projetar e calcular, porém, à tarde, tomada pela casual letargia que segue o almoço, Rafaela se recostou na poltrona, um sentimento inacabado dentro dela, uma sensação de dever a ser cumprido, de findar assuntos. Seguir em frente.
Ela respirou fundo. Sabia que tinha que ir.
Uma força a chamava.
Mas ela não queria ir só. Não suportaria enfrentar todos sem apoio, mas onde encontraria apoio? Ela nunca namorou firme com ninguém. Em partes, adiou o romance por conta da carreira, temia que o preconceito contra sua opção sexual travasse sua ascensão; no máximo, teve alguns encontros furtivos, escondidos. Nada nunca declarado, verdadeiro. E se em anos ela não se apaixonou, como o faria em semanas?
Então, uma coisa que Valquíria disse voltou a sua mente: você é rica o suficiente para comprar uma namorada. A ideia veio como o coice de um meteoro. Comprar era demais, mas, sim, ela podia alugar uma namorada. Existiam sites de acompanhantes e provavelmente existiam mulheres que só atendessem mulheres. Ela podia pagar para alguém fingir ser sua namorada.
Mas ao mesmo tempo que veio, a ideia esfriou. Rafaela sentiu-se vazia. Ela faria isso apenas para se passar por feliz na frente deles? Para que eles não soubessem que no fim ela não tinha encontrado ninguém para amá-la como sempre lhe disseram que aconteceria?
Rafaela se levantou e foi até o grande espelho na parede oposta do escritório e lá estudou seu reflexo. Não era feia, apesar de ser mais elegante que bonita. Era o tipo de mulher que merecia um olhar na rua, mas não um segundo. Chamava a atenção pela altura, 1,72 m; com saltos, 1,80 m. Tinha o corpo atlético graças ao pilates. O rosto era quadrado, forte e nada delicado; considerava os lábios muito finos, mas os olhos grandes e castanhos compensavam. Os cílios longos lhe rendiam um ar gracioso e os cabelos, negros como madrugadas sem lua, estavam cortados curtos, pouco acima do ombro, dando-lhe um aspecto régio.
Ela sabia, porém, que não era a aparência que atrapalhava sua vida amorosa, não, a questão era sua personalidade. Uma personalidade que lhe trouxe problemas desde muito cedo... seus ex-amigos que comprovem. Rafaela era inflexível demais. O certo era certo e o errado, errado. Não que fosse um pensamento ruim, mas o extremismo é sempre complicado. Para ela não existia tons de cinza, tudo era preto ou branco. No fim, se tornou exigente e obcecada pela perfeição, não tolerava erros, não aceitava desculpas. E com esse grau de determinação tornou-se difícil atrair alguém que aceitaria uma vida tão pragmática e guiada por regras inquebráveis e inegociáveis.
Rafaela suspirou, talvez ela merecesse tudo o que recebeu no fim. Só não queria dar o braço a torcer e aceitar que ela errou mais que eles. Não! Isso nunca.
Voltou para o computador, abriu o site de buscas e digitou: acompanhantes para mulheres. Recebeu uma enxurrada de sites de homens. Chacoalhou a cabeça, refez os filtros de interesse e lá estava. Mulheres acompanhantes para mulheres. Bingo. Depois de alguns minutos descobriu surpresa que havia uma empresa ali na cidade exclusiva para suas necessidades e prometia extrema discrição e segredo. Só tinha um ponto: não atendiam on-line, apenas presencial. Rafaela tamborilou os dedos sobre o teclado, indecisa, por fim, enviou um e-mail para a empresa imaginando que não teria coragem de ir até lá.
Minutos depois o e-mail foi respondido anunciando que ela poderia ser atendida naquela tarde, sem problema algum e com todo o sigilo necessário.
O estabelecimento chamava-se Amare e ficava há poucos minutos de carro.
Vou mesmo fazer isso? Pensou, horrorizada.
E fez.
Retornou o e-mail informando que visitaria o lugar às 16 horas.
Com a desculpa de sair mais cedo para resolver alguns problemas, Rafaela deixou a Drummond e rumou para a parte leste da cidade. A Amare situava-se num bairro nobre, cercada por lojas e avizinhando-se com ateliês de alta-costura e mansões. Ao chegar ao endereço, tomou um susto, o lugar não parecia em nada com um centro de acompanhantes e isso a deixou mais tranquila, ela prezava muito a discrição.
Era um prédio antigo, reformado, com janelas em arco e balcões de tijolos a vista, havia hera cobrindo parcialmente a parede dando ao lugar um ar bucólico e acolhedor. Sobre as portas duplas da entrada, de carvalho escuro, em letras brancas e caligrafadas, fixava-se o nome do estabelecimento: Amare. De fora, parecia uma boutique. Rafaela olhou para os lados, num gesto atipicamente nervoso, e entrou.
O hall de entrada era minimalista e acompanhava a arquitetura rústica do lugar, Rafaela achou de muito bom tom a decoração. Mal tinha chegado ao centro da sala, uma mulher surgiu vinda do interior do estabelecimento através das portas francesas da parede oposta. A mulher era jovem, ali pelos 40, vestia um terninho preto sob medida e matinha uma postura impecável. O cabelo escuro estava preso num coque apertado e a maquiagem era leve. Parecia uma executiva.
A mulher emitiu um sorriso faiscante e estendeu a mão, dizendo:
- Eu sou Anabela, é um prazer conhecê-la, senhorita Trevizzan.
- Rafaela.
- Como quiser. Me acompanhe, por favor - pediu Anabela fazendo um sinal.
Rafaela a seguiu até uma sala aconchegante, com sofás, poltronas e até um divã! No canto havia um aquário com peixes e plantas aquáticas, a água passando pelo filtro emitia um som sonolento. Na parede oposta à poltrona onde Rafaela se acomodou, estava instalada uma grande TV de LED. Por ali também haviam alguns vasos com plantas, posicionadas estrategicamente no caminho do sol vespertino que passava pela janela, banhando-as de luz e emitindo um brilho esverdeado contra o papel de parede claro.
Anabela passou a Rafaela um tablet, informando:
- Estou lhe entregando um formulário a ser preenchido com as suas necessidades. Depois que você terminar eu volto para conversarmos - Anabela sorriu, mas como sentiu Rafaela reticente, acrescentou - Nós prezamos nossa discrição acima de tudo, Rafaela. O segredo é a arte deste negócio e é assim que sobrevivemos. Qualquer coisa que você escolha ou relate neste ambiente é estritamente sigiloso, pois você paga um valor bem alto para isso.
Rafaela voltou sua atenção ao tablet depois que a mulher saiu, era um formulário padrão, com repostas de sim e não e algumas para redigir observações. Ali tinha de tudo, desde preferência por pele e cor dos olhos até fantasias sexuais. Rafaela tinha uma pequena queda por loiras, mas para ela tanto fazia, seria uma funcionária, uma atriz a desempenhar um papel, a cor do cabelo e da pele não lhe interessava, apenas a capacidade de representar. Quanto às preferências e fetiches sexuais, ela deixou em branco. Não precisaria destes serviços.
Ao menos era isso que ela pensava no começo.
Depois de algum tempo Anabela retornou e se acomodou na poltrona ao lado de Rafaela trazendo-lhe um copo de água.
- Muito bem - a mulher se virou para ela - Agora precisamos ser mais específicas, Rafaela. Eu preciso saber... o que você deseja?
O olhar penetrante e arguto de Anabela deixou Rafaela ainda mais tímida. Ela tinha sérios problema em revelar o que queria nos quesitos intimidades, herança do pesadelo que viveu no passado, esse trauma criou um bloqueio e ela tinha dificuldades em se expressar.
- Muitas mulheres vem aqui em busca de prazer, é o seu ponto? - perguntou Anabela percebendo a indecisão da outra.
- Não - apressou-se Rafaela, então, percebendo que já que estava ali teria de ir até o final, resumiu sua situação para Anabela.
- Sim, sim, entendo - a mulher sorriu, satisfeita - Agora podemos partir para algum lugar. Sabe, você não é a primeira a solicitar este tipo de serviço. Inúmeras mulheres em altas posições vêm até aqui em busca de uma companhia para jantares de negócios ou qualquer coisa similar. Temos o que você procura, ou seja, uma acompanhante que desempenhe um papel específico pelos dias que precisar e o quanto precisar, claro, o pacote de prazer estará incluído no contrato.
- Eu... acho que não vou precisar... - começou Rafaela, mas a outra fez um sinal de descaso.
- Não se preocupe com isso agora. Apenas vamos olhar o portfólio e ver se algo lhe interessa. Está bem?
Anabela ligou a TV e selecionou uma pasta com fotos e fichas de dados das acompanhantes. Rafaela ficou boquiaberta com o que viu: mulheres esculturais, lindas, verdadeiras capas de revista, à disposição de fazer o que o contratante quisesse... ou pudesse pagar. Mas apesar de tudo - ou talvez por conta do nervosismo - Rafaela não conseguiu simplesmente sentir qualquer conexão com todas as moças que Anabela mostrou, por um momento achou tal pensamento uma tolice, ela queria uma acompanhante para quebrar um galho, que tipo de conexão pretendia sentir?
- Vejo que é uma mulher exigente - observou Anabela sem, no entanto, parecer incomodada com a indecisão da cliente.
- Desculpe, eu achei elas todas lindas... só continuo na dúvida.
- Eu acho que tenho algo que lhe interesse. Um portfólio das VIPS.
- VIPS? - Rafaela arqueou uma sobrancelha - E isso significa?
Anabela sorriu com avidez.
- Significa as acompanhantes altamente luxuosas. As realmente especiais. Elas são ofertadas para ocasiões específicas e o contrato delas é exclusivo e inteiramente sigiloso, pois elas próprias presam pelas suas vidas pessoais fora da Amare.
- Está dizendo que essas mulheres em questão não trabalham só com isso? - espantou-se Rafaela.
- São mulheres comuns, universitárias, empresárias, esposas... aumentam a renda ao mesmo tempo que completam suas fantasias. Como eu disse, são para ocasiões especiais. Você quer dar uma olhada.
- Já que estamos aqui - disse Rafaela respirando fundo.
- Aviso que o serviço destas daqui custam muito mais que as outras.
- Não tem problema - respondeu Rafaela praticamente convencida de que não encontraria nada ali também.
De fato, ao ver o material, Rafaela ficou estonteada. As mulheres eram fantásticas, mas não meramente pela beleza, pelos corpos esculturais, mas também pela normalidade. Tratava-se de mulheres que se vê na rua, no supermercado, em lojas, empurrando carrinho de bebês. E isso era o mais impressionante. Rafaela observava uma por uma e de repente... BUM. Foi como um tiro de canhão. Seu coração acelerou e ela sentou-se ereta na poltrona. A foto da moça se foi quando Anabela passou e Rafaela imediatamente deu um pulo.
- Por favor - pediu ela um pouco alto demais - Você poderia voltar para a anterior?
- Mas é claro - disse Anabela sorrindo - Ah, sim. Imaginei que ela te chamaria atenção. Elizabeth Storm. Você tem um gosto bem refinado.
Mas Rafaela quase não ouviu o que a outra disse. Estava em outro mundo. Um mundo de desejo e vontades. Provavelmente aquele nem era o nome verdadeiro da moça, mas ela nem se importou.
Pois Elizabeth era a epítome da beleza.
Na foto, ela usava um curto vestido decotado de cor clara, sentava-se tranquilamente em algum gramado celestial, descalça e perfeita. Os cabelos dela, de um louro pálido e reluzente, desciam além dos ombros como um rio de ouro fluente. O rosto harmônico nada tinha de exagerado, mas milimetricamente perfeito; não havia espaços sobrando ou faltando, tudo se encaixava de modo arrebatador. Seus lábios, de um tom rosado e brilhante, se dosavam num volume exato, permanecendo imperceptivelmente entreabertos numa posição sensual, como se tivessem sido desenhados pela hábil e desesperada mão de um artista genial. O nariz pequeno se alinhava reto e perfeito, rendendo-lhe um ar de imponente soberba.
Os olhos eram profundos, de um estranho violeta claro e cintilante como duas lascas de gelo; misteriosos ao ponto do inconcebível, encantadores; olhos felinos, olhos que perscrutavam, que adivinhavam e que desnudavam a alma das pessoas. Eram grandes e faiscantes, tão inumanos e sobrenaturais que causavam espanto.
E os seios da moça, de uma fartura rígida e hipnótica, eram cobertos por uma pele macia e cintilante, alva como a neve, recheada de promessas luxuriosas; as pernas, da mesma pele alva, eram delineadas lindamente, esculpidas como duas colunas moldadas a paixão e desejo. O corpo de Elizabeth era um templo de absurdos, um altar de devaneios e desejos carnais.
Impossível não desejá-la, não querê-la, não imaginar-se saboreando aqueles lábios desenhados, os seios perfeitos... o ventre imaculado.
Então, dotada de uma subitaneidade brutal, Anabela quebrou o encanto, dizendo:
- Eu vou enviar o portfólio dela para o seu e-mail, Rafaela. Você poderá se inteirar sobre Elizabeth com tranquilidade no conforto de sua casa, então, se decidir alguma coisa, poderá voltar aqui e nós marcamos para você conhecê-la pessoalmente, está bem?
Rafaela apenas meneou a cabeça, muda. Os protocolos a seguir não lhe interessavam. O que a levou até ali estava esquecido. Ela simplesmente se perdeu.
O estrago estava feito.
A solução se transformou em problema.
Outro grande problema.
Fim do capítulo
Próximo Capítulo - A confiruração do Segundo Problema
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lay colombo
Em: 01/07/2018
Olha gostei bastante da história, gostei da forma q vc escreve e o tema tbm e bem legal, vou acompanhar com certeza, inclusive já quero o próximo
Resposta do autor:
Oie.
Fico feliz que tenha gostado e espero que continue acompanhando mesmo!!!
O capítulo 3 já está no ar.
beijocas.
Mille
Em: 27/06/2018
Olá Fabi
Rafa foi para resolver um problema e fica de queixo caído com a Elizabeth.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oie.
Pois.. acho que nem Rafaela esperava encontrar alguma coisa mesmo.
E agora que encontrou, bem, vamos ver o que vai rolar... pq acho que não vai ser fácil... kkk
beijocas.
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NovaAqui
Em: 27/06/2018
Resolvendo um problema, criando outro. E lá vai ela. .
Vamos ver o primeiro contato como será
Abraços fraternos procês aí
Resposta do autor:
Oie.
E não é? A trajetória de Rafaela será a de criar e arrumar problemas, srsrsr
Estou aproveitando para tentar criar um primeiro encontro bem bonitinho...
espero que goste.
Beijocas.
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patty-321
Em: 27/06/2018
Putz. Ainda nem viu a mulher pessoalmente ja se encantou. Gostando da estória. Show.
Resposta do autor:
Então... kkkk
Isso já me aconteceu aos montes, vejo uma garota pela foto e penso: meu, eu casaria com essa moça na hora... kkkk.
Espero que Rafa saiba se controlar...
beijocas.
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NayGomez
Em: 27/06/2018
Eita kkkkk coitada da Rafa ???? que problema, quero fazer uma pergunta, vc vai fazer o POV da Elizabeth?! Seria interessante ver o ponto de vista dela sobre a Rafa. Obg pelo CAP continua.
Resposta do autor:
Oie Nay...
Então, a ideia mesmo é escrever um outro livro contando a história de Elizabeth, como ela chegou à Amare e, inevitavelmente, seu ponto de vista sobre a Rafaela. Mas isso beeemmm mais pra frente. Quero terminar esse que mal comecei... kkk
Beijocas.
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