Batidas na porta interromperam nosso momento. “Ashley, Sophie preciso de vocês, tem alguns vizinhos na nossa porta querendo falar com a dona da casa!”, disse Sacha.

Me vesti rapidamente com qualquer trapo que achei no caminho e fui atender a porta. Uma Sacha muito pálida me esperava. Ao chegar na porta da frente dei de cara com as ‘visitas’. O chefe do tráfico local e 3 capangas, armados até os dentes. Foram entrando porta a dentro assim que me viram.

“Em que posso ajuda-los?”, falei barrando a entrada para os fundos da casa.

“Eu não quero polícia aqui, nós somos o mais discretos o possível nos nossos negócios. E esse circo que aconteceu aqui no seu quintal provocou falatórios em toda vizinhança”. Disse sem rodeios o patrão.

“Não se preocupe, que não se repetirá, estamos de partida.” Falei com segurança. “Como compensação vocês podem levar os espólios. Me acompanhem até os fundos”. O patrão e os 3 brucutus me seguiram até o quintal da casa e não contiveram a surpresa ao ver os corpos ainda mutilados e o sangue espelhado. Sacha ainda não tinha tido tempo ou estomago para se livrar dos restos mortais.

“As chaves dos carros devem estar nos bolsos, e as armas são de tecnologia de ponta. Só peço que não fiquem com os carros para não serem rastreados.”

Sophie se vestiu e veio acompanhar o que estava acontecendo, os capangas olharam para ela com admiração. O que me desagradou e despertou um sentimento de possessividade me fazendo ir para perto dela e enlaça-la pela cintura. “Pode me esperar lá dentro que já estou terminando o assunto com os cavalheiros!”, disse para ela. E ela me devolveu um olhar cortante que dizia silenciosamente: “Tá louca!”.

O patrão continuava olhando para os pedaços de corpos e para nós em looping, tentando resolver uma matemática que não fechava na cabeça dele. Os outros homens apenas fingiam normalidade, mas, eu sabia que mesmo sendo criminosos aquele nível de carnificina estava além do praticado por eles.

“Quem são essas pessoas e o que aconteceu aqui!???” falou querendo mostrar quem mandava.

“Quanto menos vocês souberem melhor, essas pessoas estavam atrás de nós e nós vamos sumir, nunca mais aparecerão aqui novamente.” Falei em tom conciliatório.

“Moça, vou perguntar novamente e quero respostas ou haverão mais corpos no chão. O QUE ACONTECEU AQUI??? QUEM MATOU ESSES HOMENS????” Gritou apontando a AK45 na minha cara.

“Vou lhe dar a versão curta está bem? E espero que seja o suficiente. Esses homens estão nos caçando e se conseguirem nos pegar seremos mortas. O que aconteceu foi que nos defendemos!” Terminei de falar e segurei o cano da AK45 com a ponta dos meus dedos entortando-o levemente para direita somente para completar: “Concordamos que ninguém quer mais corpos no chão...” Sorri mostrando todos os meus dentes. Sophie sorriu também com os caninos um pouco proeminentes.

O chefe ficou em silêncio com os olhos esbugalhados por segundos até dar a ordem: “Vasculhem os bolsos, peguem tudo de valor, recolham as armas, rápido!”.

Estendi minha mão para o patrão: “Estamos entendidos? Mais um favor por gentileza, se alguém perguntar vocês nunca ouviram falar de nós!”.

“Sim, sim, claro!”, apertou minha mão e saiu rapidamente com os homens ao encalço. Assim que escutamos o som dos carros em movimento conseguimos dar um suspiro de alívio em uníssimo.

Pela primeira vez Sacha falou: “Desculpa por não ter dado um ‘jeito’ no quintal antes, na verdade eu não consegui me mexer.” E começou a chorar. Sophie e eu a abraçamos e murmuramos que tudo ficaria bem. Disse que ela devia arrumar as coisas dela para gente sair dali o mais rápido possível e ela foi para dentro. Ficamos eu e Sophie no quintal, quando ela me empurrou contra a parede, o impacto fez rachar a alvenaria.

“NUNCA MAIS me trate como sua posse! Eu não sou sua, nunca fui e nunca serei. Não preciso que me defenda contra os humanos!” falou bem próxima ao meu rosto, senti o seu hálito adocicado invadindo minhas narinas. E ela gritar comigo não me irritava e sim me excitava. Enlacei a sua cintura e a puxei para mim, ela dava socos nos meus ombros e continuava gritando mais próxima da minha face. Puxei mais um pouco e a beijei, ao que ela resistiu inicialmente e depois se entregou. Nos entregamos ao beijo com a mesma luxuria de antes, seu corpo mais acolhedor se moldando ao meu, minhas mãos apertando-a mais para que chegasse mais perto, como se pudéssemos nos fundir em uma só. O tempo parecia congelar, enquanto ficamos assim perdidas em um beijo. Na minha cabeça uma profusão de sentimentos, nunca desejei por isso, nem cogitei olhar Sophie de outra forma a não ser como guardiã. Tudo mudou em dias, desde que ela se alimentou de mim pela primeira vez, daquele dia em diante a minha mente não era só minha. Desgrudamos as bocas para tomar fôlego quando ela me olha sinto duas pedras azuis faiscarem na minha direção, seguida de uma bofetada.

“Não me toque nunca mais! Não sou tuas nega, ou melhor tuas cadela!”

Não reagi, olhei para ela totalmente transtornada e disse entre dentes: “Só vou te tocar novamente no dia que você me implorar!”

Fim do capítulo