Cerca de quinze minutos depois, que finalmente consegui me concentrar na minha atividade profissional, lá vem eles vindo na minha direção, na recepção.

 

- Agora vou te deixar aos cuidados da Ully e seja bem-vinda!

 

- Fernando, obrigada.

 

- Ully, eu retorno em meia hora, até mais (Fernando disse e logo se retirou).

 

Ainda bem que não tinha nenhum espelho na minha frente, pois, aposto que fiquei com cara de boba e meio perdida, sem saber o que fazer. Por alguns segundos, ficamos olhando uma para a outra, sem nada dizer. Até que ela falou:

 

- Precisa do meu documento?

 

- Como? (Perguntei fitando os olhos dela).

 

- Desejo fazer minha matrícula.

 

- Ah, sim claro (respondi me movimentando na cadeira e espantando a inércia).

 

- Pode ser a minha CNH?

 

- Sim.

 

Ela estendeu a sua carteira de habilitação na minha direção, eu admirei a mão dela, suas unhas decoradas com francesinha e para completar ela usava uma pulseira com anel.

 

- Obrigada! (Agradeci ao pegar o documento).

 

- Comprovante de endereço é necessário?

 

- Se tiver, eu agradeço.

 

- Tenho sim, aqui está (disse me entregando sua conta de luz).

 

Preenchi o formulário cadastral, ela se chama Zípora Tonelli Mendonça, é um ano mais velha que eu, têm 21 anos e nasceu no primeiro dia do ano. Como ela me entregou seu documento e também comprovante residencial, precisei perguntar somente sobre seus telefones.

 

- Zípora, pode por favor, me informar seus números de contato?

 

- DDD 14, daqui de Bauru mesmo, meu celular 961179322 e fixo 32667869.

 

- Ótimo!

 

- Ully, eu já te vi na Unesp (ela comentou).

 

- Eu estudo lá (revelei).

 

- Duas (afirmou e sorriu).

 

- Eu não te vi.

 

- Você estava na biblioteca, realizando empréstimo de um livro, enquanto eu estava lendo meu vade mecum.

 

- Estudante de direito? (Perguntei o que já estava óbvio).

 

- Sim, na ITE. Já na Unesp, jornalismo.

 

- Cursa os dois juntos?

 

- Isso.

 

- Nossa, deve ser bem puxado.

 

- Ainda não, comecei este ano. Vai ser complicado durante as provas.

 

- Verdade.

 

- E qual é o seu curso?

 

- Educação física.

 

- Então trabalha no local certo.

 

- Sim.

 

- Bauruense também?

 

- Não. Meu mudei este ano para estudar. Sou de Tupã.

 

- E você está gostando da cidade sanduíche?

 

- Estou sim.

 

- As pessoas são agradáveis e receptivas.

 

- Concordo.

 

- Já terminei a sua matrícula. É necessário apresentar um atestado médico que comprove suas boas condições físicas para iniciar suas atividades e exercícios. Trinta dias é o prazo para entrega.

 

- Sem problemas.

 

- Prefere pagar a mensalidade em qual data?

 

- Pode ser todo dia dez.

 

Informei para ela todos os valores e também sobre o desconto para estudantes. Na sequência ela assinou a ficha cadastral que imprimi.

 

- Amanhã mesmo a sua carteirinha já fica pronta e te entregamos.

 

- Legal. Ully, obrigada pela sua atenção, nos encontramos na faculdade ou então aqui na academia.

 

- Eu que agradeço pela sua preferência em se matricular aqui, obrigada e nos encontramos sim (confirmei).

 

- Tchau, até mais.

 

- Tchau, tchau e até!

 

Ela saiu em direção ao seu carro que estava estacionado do outro lado da rua e eu a segui com o olhar. Bonita, simpática, educada, sorridente e inteligente. Qual será o defeito desta mulher? Como que ela me viu e eu não a notei? (Fiquei a pensar).

Eu devo ter ficado abobada com a beleza dela, esta era a única explicação para o estado letárgico que eu me encontrava depois que ela foi embora, permaneci admirada pela beleza dela.

Uns quarenta minutos depois, meu chefe retornou e meu expediente daquele dia já estava chegando ao fim.

 

- Aquela moça se matriculou? (Ele quis saber).

 

- A Zípora?

 

- Sim, nome diferente dela, igual o seu.

 

- Verdade. Ela fez a matrícula sim e vai pagar no dia dez de cada mês.

 

- Ótimo! Bonita, ela né.

 

- Muito (respondi sinceramente).

 

- E o povo aqui, que nem perdem uma, até pararam suas séries para observá-la.

 

- Também notei isso (comentei).

 

- Ela já deve estar acostumada a ser admirada.

 

Desta vez eu nada respondi, voltei a pensar sobre a singular e exótica beleza dela.

 

- Ully, chega por hoje, já deu seu horário.

 

- Bom, então até amanhã (eu disse me despedindo).

 

Fui para casa, tomei um bom banho, preparei um lanche e uma limonada. Me alimentei e fui para a aula. Naquele dia tive antropologia e educação física, com um professor muito experiente e apaixonado pela educação, um entusiasta do conhecimento e com todo o mérito um renomado acadêmico, que têm diversos livros publicados e o melhor, uma humildade inspirável; ou seja, as aulas de segunda-feira, serão excelentes!

Naquela noite adormeci cedo, visando descansar, todavia, de madrugada acordei e adivinhe com quem eu estava a sonhar?

Com a Zípora, muito elegante, desfilando em uma passarela, com todos os olhares direcionados para ela, além dos flashes e das pessoas comentando sobre sua rara beleza. De fato, ela é belíssima, mas, chegar ao ponto de sonhar com ela, já era demais. Levantei, tomei um copo de água e logo voltei a adormecer.

 

 

Fim do capítulo