Gia achava realmente que seus pesadelos tivessem esvaído de sua mente, mas estava enganada. Ela acordou em supetão, abrindo os olhos rapidamente. Sentiu seu corpo enrijecer ao perceber que tudo era apenas fragmentos de memórias, que ela já não vivia mais o terror. Sentia a frágil camada de suor cercando sua pele, mesmo com a temperatura fria lá fora.

— Pesadelo? — a voz rouca preencheu o silêncio do quarto escuro. Entretanto, ela sentirá a quentura tão familiar em sua volta, Charlotte. Ela estava lá, agora se apertando contra seu próprio corpo, nua. Um beijo casto foi usado em seu pescoço.

Era tão bom estar de volta. O sangue, a morte, a dor e as lágrimas realmente estavam sendo deixados para trás.

 — Desculpe, te acordar. — Gia disse frustrada, envolvendo o braço envolta da cintura da promotora, antes de lhe dar um beijo no topo da sua cabeça. O cheiro tão único de sua ex-mulher, continuava o mesmo, depois de todos esses anos.

Borboletas no estômago.

Fora isso que sentira, quando respirou a primeira vez o cheiro de Charlotte.

Charlotte levantou seu rosto e se apoiou em seu cotovelo. Ela roçou o nariz entre os seios nus da ruiva e plantou um beijo ali. Aquele coração ainda batia por ela, sentia isso.

— Não precisa pedir desculpas, eu sinto muito por você tê-los.

Gia sorriu no escuro e sentiu seus olhos arderem. Ela acariciou o cabelo de sua ex-mulher e ouviu o barulho da ambulância atravessar em alguma rua ao longe. Seu corpo enrijeceu novamente, mas logo ela se lembrou que estava com Charlotte.

— Eu sempre vou estar aqui, — Charlotte voltou a dizer, tentando espantar os pesadelos tão palpáveis de Gia.

— Promete? — Gia pediu em um fio de voz.

Era tão estranho uma soldado, que vira e fizera coisas que talvez não valesse a pena externalizar mas parecia tão pequena e vulnerável agora.

— Eu já quebrei alguma promessa para você? — Charlotte devolveu a pergunta com outra. Abaixou-se beijou os lábios de Gia.

Não,foi eu quem quebrei. A Saldado lembrou, foi ela quem fugiu e terminou um casamento feliz. Com medo e covardia. Agora, Charlotte era de outra. Mas naquela época, ela não sabia o que fazer. Era uma missão tão perigosa, ela nunca mais poderia voltar. Só que ela voltou e esperava ter o coração de Charlotte em seu peito novamente.

Novamente seus olhos encheram de lágrimas.

— Eu não vou a lugar algum, eu prometo. Eu encontrei você. Eu não me importo como ou porque, mas você está aqui. — Charlotte falou, escondendo seu rosto no pescoço da ruiva, antes de beijar a extensão toda. Ela rapidamente beijou a ponta do mamilo rosado de Gia e sorriu. Sentia muita falta daquele corpo. — Eu não quero brigar, eu não quero ser orgulhosa, só quero ter você aqui.

— 5 Anos, Char. 5 anos que eu fui embora e agora você não me pertence mais. — Gia falava as palavras com dor, entretanto seus braços seguraram Charlotte contra o seu corpo. Sentiu o sex* de Char contra sua coxa e isso fez com que ela respirasse fundo.

— Eu sempre pertenço a você, a gente apenas se desencontrou. Eu vou voltar a ser totalmente sua. Eu não me importo como a gente terminou…

— Eu sinto muito por isso. — Gia interrompeu Charlotte por um momento, antes de passar suas unhas curtas pelas costas da promotora.

— No começo eu não entendia, eu fiquei com raiva, mas hoje, eu entendo o porquê fez isso. E eu não me importo, eu só preciso de você de novo, meu amor, por favor. — Charlotte beijou a boca de Gia, um beijo lânguido e calmo. Ela queria transmitir que realmente tudo estava bem.

Elas se beijaram, Gia apenas se concentrava naqueles lábios, na língua e no som que elas faziam. Era um som único que a soldado sabia que só existia com Charlotte.

— Eu amo você. — Gia falou contra os lábios macios de Charlotte.

— Eu também nunca parei de amar você.

— Eu entendo se você tiver medo, você está casada com ela agora.

Desta vez Charlotte que endureceu, mas logo respirou fundo e tentou se acalmar. Ela tinha se esquecido de sua mulher, que estava fora da cidade para trabalho. Char deveria se sentir mal, sua mulher sempre a tratou bem, mas o que elas tinham, era diferente do que ela e Gia tinham. Não iria negar, em algum momento amou Leo, mas talvez pelos motivos errados. Motivos pelos quais se direcionavam a Gia. Ela queria esquecer o amor de sua vida, através de outra pessoa. Grande erro.

— Vai ser difícil, mas eu quero ficar com você. — Charlotte falou, sentindo-se mal por Leo, sua mulher. — Eu sei que você esperava que eu fosse dar as costas para você, mas não vou.

Soava tão errado chamá-la de sua. Porque sempre quem fora dela era Gia, não a Leo.

— Deus, você é incrível. Como eu mereço você? — a soldado acariciou aquele rosto harmônico, seus dedos passaram na pequena cicatriz no lábio superior de Char, antes te passar a língua ali. — Eu vou ficar com você, eu não vou fugir, eu prometo. — Gia beijou seu rosto, — Nós vamos tomar isso com calma, eu vou estar do seu lado. Não vou correr.  — novamente, passou o dedo na cicatriz. Até aquela marca deixava Charlotte ainda mais atraente.

— Eu não sei se ela vai reagir bem. Leo pode ser um pouco possessiva

Leo nunca havia feito nada contra Charlotte, mas sempre fora ciumenta. Um ciúmes no qual a promotora não gostava. Mas nunca deu importância, pois Leo sempre fora gentil.

— Eu vou te proteger, — Gia disse, beijando a boca de Charlotte, antes de vira-la. Ficou por fim em cima da promotora. Era bom ter aquele corpo moldado ao seu. Corpo que nunca parou de desejar nos últimos 5 anos. Char era o seu segredo dentro da tropa, sempre que tinha a oportunidade e tivesse sozinha. Seus dedos procuravam seu sex* afim de aliviar sua tensão. Era na promotora que ela pensava ao se tocar. O mundo lá fora, era o barulho infernal da morte, mas ali, entre o prazer e a dor da solidão. Era ali que ela procurava sua ex-mulher, em seus pensamentos.

Charlotte riu roucamente, esquecendo-se de Leo.

— Mas agora, eu preciso ter minha boca entre suas pernas. — voltou a falar, já abaixando seu rosto para os seios de Charlote e para sua barriga. 

— Gia, amanhã vou acordar toda dolorida. — Charlotte resmungou, mas ainda assim abriu as pernas convidativamente.

A soldado deu um sorriso lascivo e se abaixou ainda mais, mordiscando o sex* de Char.

— Mas vai ser um dolorido bom, prometo.  — Gia provocou antes de provar a promotora mais uma vez. Usou língua em toda extensão das sensíveis dobras de sua ex-mulher.

A faria sua mulher novamente.

Era tão bom estar de volta.

Charlotte apenas fechou os olhos e novamente criou a bolha invisível. Gia a faria esquecer de tudo, a faria sua. Tudo o que a promotora queria era pertencer o amor de sua vida. A perfeição existia ali, Entre Elas.

Fim do capítulo