A escuridão lá fora estava tranquila. Mesmo morando na cidade que nunca dorme, Charlotte morava em uma região que tinha o privilégio do silêncio. Ótimo para ela que vivia no meio de tanta confusão, de tanto terror.

Estava com um copo de vinho encarando os pequenos flocos de neve cair sobre a rua. Respirava profundamente, tentando reorganizar sua calma dentro de si. Uma missão quase impossível, sempre dizia a si mesma. Porém era eminente seu nervosismo, tentava acalmar-se, mas seu estômago parecia estar de cabeça para baixo.

Ela cometera um erro, mas um erro no qual não se arrependia. Não podia se arrepender. Charlotte ainda estava casada, sua mulher não estava na cidade. Mas assim que tivera a oportunidade ligou para o alguém do seu passado. A pessoa mais importante de sua vida.

Tudo fora tão de repente. Charlotte desviou seu caminho do mercado usual que ia sempre ao fim da rua e se encontrou no outro do bairro seguinte. Foi lá, entre as prateleiras de vinhos que encontrou ela. Foram 5 anos de espera, para em um desvio de caminho encontrar a mulher de sua vida. Se era coisa do destino, Charlotte não sabia, mas ela acreditava nisso. Acreditava fielmente que aquela mulher que voltara depois de 5 anos, fora posta de propósito entre as prateleiras de vinho.

Tudo se resumiu a um sorriso e uma troca de telefones. Mas o coração de Charlotte batia dolorosamente contra o seu peito e o seu estômago se remexeu ao passado. As borboletas que antes havia morrido, agora retornavam ao ver seu passado em sua frente.

Tomou um grande gole do vinho Merlot, sentindo a ardência do álcool descer pela sua garganta e aquecer seu corpo nesta noite fria. Ela estava esperando. Esperava quase dolorosamente, mas quem por esperou anos pode esperar mais alguns minutos.

A campainha tocou. Sua mão apertou instantaneamente em volta do copo, mas logo desfrouxou o aperto, com medo de quebrar o vidro fino. Respirou fundo e o colocou sobre o balcão da cozinha. Ela andou a porta e abriu a porta vagarosamente, quase como se estivesse com medo. Na realidade, ela estava. Estava morrendo de medo de novamente ser renegada.

Seus olhos começaram pelos os sapatos de salto alto, passeando pelo sobretudo apertado vermelho, até o olhar verde que também parecia estudá-la. Gia. Gia Melano.

Gia sorriu, com um movimento gracioso nos lábios, uma ação que parecia ter sido espontânea, mas Charlotte sabia que não era. Mas ainda assim fez o coração de Charlotte bater em um tranco forte.

Merda... pensou Charlotte.

Ela estava ainda mais linda do que antes. Seus cabelos ainda mais ruivos e longos. Seus lábios pareciam ainda mais convidativos do que nunca e mesmo depois de anos ela parecia não ter mudado absolutamente nada. O melhor, Melano havia adquirido uma beleza ainda mais refinada.

Charlotte tentou sorrir, dando-lhe espaço para a loura entrar.

Afastou-se da porta.

— En...tre, por favor. — A voz de Charlotte saiu trêmula e ela odiou a fragilidade que tinha adquirido. Talvez beber uma taça de vinho não tenha a ajudado, e sim a deixado ainda mais covarde.

Gia entrou no apartamento e Charlotte fechou a porta.

— Eu estou aqui Charlotte, eu sou real, eu prometo. — A voz de Gia saiu como uma melodia para os ouvidos da mulher.

Gia fora embora para a guerra e depois de cinco anos voltara. Mas Charlotte não queria explicações, não agora. Sentia a falta da mulher que estava em sua frente. Nunca a esquecera, mesmo casando-se novamente. Ela andou a até Gia e fechou a distância entre elas.

Afinal, quando essa oportunidade iria ser encontrada novamente? Talvez nunca, talvez Gia tivesse que voltar para guerra.

Rapidamente elas estavam se beijando, a mão de Gia escorregou na parte de trás do pescoço de Charlotte, enquanto os braços da mesma envolviam a fina cintura de Gia. Suas bocas alimentavam-se com a saudade, era um beijo nostálgico, um beijo que estava carregado com diversas emoções. Quando o beijo parou, Charlotte encostou a cabeça no ombro de Gia.

— Como eu senti sua falta. — Charlotte disse, fechando os olhos e inspirando fortemente. Tentando memorizar o cheiro da ruiva.

Gia passou a mão pelos cabelos de Charlotte e começou e sussurrou.

— Eu prometi que voltaria Charlotte e agora eu estou aqui, — A ruiva beijou o topo da cabeça de Charlotte e novamente se pôs a sussurrar — Tudo que você tem a fazer é me dizer que você me quer e ficarei aqui.

Charlotte procurou os olhos verdes de Gia e viu ali todo o turbilhão de emoções e memorias que passaram.

Covardia, medo e insegurança. Era tudo isso que a ruiva sentia. Não queria que Charlotte passasse pelo o sofrimento de ter alguém na guerra. De acordar um dia e ter um oficial em sua porta, dizendo que ela havia sido um soldado honroso, mas que infelizmente morreu bravamente durante o combate. Mas agora Gia estava de volta e esperava sinceramente que Charlotte a perdoasse. Esperava que Charlotte largasse tudo e viesse com ela.

— Sim Gia, Deus, claro que sim. — Disse Charlotte em um folego sôfrego, esquecendo das consequências. — Eu estou aqui. Eu quero você. Comigo. — Charlotte sorriu, desta vez abraçando fortemente sua amante.

Nada iria fazer com que elas se separassem de novo.

— Eu preciso fazer amor com você. Faz tanto tempo. — Gia falou contra o pescoço quente da mulher. — Eu preciso sentir você novamente.

— Gia.... — A voz de Charlotte morreu, ao sentir os lábios da ruiva em seu pescoço. Distribuindo deliciosos beijos.

— Venha. — Gia puxou a mão de Charlotte, direcionando-a para o quarto da mesma.

Os beijos no quarto foram se tornando mais quente e urgentes. Fazia tanto tempo desde que Gia tocara em alguém. Fazia tanto tempo que ela não se liberava para o prazer. Estava tão absolutamente sensível que apenas os beijos de Charlotte faziam seu sex* latejar. Ela precisava ter aquela mulher mais uma vez, afundar sua boca entre as pernas de Charlotte. Consumi-la, tê-la, fazer o que fazia há 5 anos.

Logo as roupas foram sendo descartadas, elas poderiam fazer amor com calma depois. Agora, elas tinham a necessidade de sentir a quentura uma da outra. Precisavam da liberação. A urgência era quem mandava ali.

Charlotte beijava, tocava, lambia e mordiscava cada pedaço do corpo de Gia. Memorizando as curvas de seu corpo esbelto. Marcando-a.

Os suspiros e os pequenos gemidos que a ruiva soltava, fazia Charlotte perder o senso, ela queria demais Gia, prová-la e consumi-la por inteiro. Mas era Gia quem sempre ditava as regras. Então em movimento rápido, colocou-se por cima de Charlotte e abocanhou um de seus mamilos rosados.

Ouviu o gemido tão singular de Charlotte e sentiu seus dedos invadirem seu couro cabeludo. Um incentivo silencioso para continuar. Gia escorregou sua perna entre as pernas de Charlotte e sentiu a umidade. Charlotte começou a friccionar seu corpo em uma procura desesperada de liberação.

Charlotte sussurrava o nome de Gia perdida em seu prazer. Sentindo seu corpo reagir a cada beijo salpicado pelo seu corpo. Finalmente seu desejo fora atendido e após abrir suas pernas em um convite silencioso. Gia afundou-se no sex* inchado e necessitado de Charlotte. Sua língua e lábios brincavam e desfrutavam o gosto de sua linda ex-mulher.

— Gia, Deus.... Você se lembra ainda. — Charlotte murmurou roucamente, levantando os quadris em direção da boca exigente de Gia.

Gia continuou a exigir de Charlotte, levando dois dedos para dentro dela. Levando-a com precisão e dureza.

Charlotte iria quebrar rapidamente, ninguém a conhecia como Gia a conhecia. Ninguém a tocava como ela.

Cinco anos perdidos que agora poderiam ser construídos. Ela estava disposta. Disposta a enfrentar o mundo para ter todo dia Gia contra o seu corpo. Levando-a, fazendo-a dela.

Seus corpos mexiam-se como se estivem em uma dança ritmada. Gia sussurrava a beira da orelha de Charlotte, enquanto a preenchia pela a terceira vez aquela noite. E Gia esfregava-se contra a coxa firme de sua ex-mulher. O descanso não parecia ser permitido. Pois, logo quando uma seção acabava de clímax acabava, outra começava. A sede fora ignorada, assim como o cansaço. Gia esperava ter seu corpo todo marcado amanhã. Marcas que valiam a pena, marcas que lembravam que enquanto estocava seus dedos dentro de Charlotte, ela a arranhava. Era isso iria fazer tudo ser real a dor do dia seguinte.

Horas depois as duas estavam nuas e entrelaçadas na cama. Gia apoiava sua cabeça no peito de Charlotte.

— Estou tão cansada. — Gia murmurou abraçando a cintura fina.

A soldado realmente estava, seus pesadelos ainda a assustavam, mas ela tinha a impressão que agora, finalmente, eles iriam acabar. Gia estava de volta aonde ela sempre pertencia, ao lado de sua Charlotte. O amor que lhe fora tirado, que ela por estupidez dera as costas. Mas agora, tudo se encaixava perfeita.

— Eu sei querida, descansar um pouco, e quando você acordar, tudo será bem diferente. — Charlotte acariciava a musculatura da coluna de Gia preguiçosamente. Sentia os pequenos arranhões, que fizera minutos atrás. Aquilo iria arder, esperava sinceramente que Gia não se importasse.

— Não quero deixá-la. — Gia já estava de olhos fechados. Entretanto, não queria que essa noite acabasse. Não queria acordar e ter que se despedir de Charlotte. Não poderia passar mais nenhum minuto longe dela.

— Você não vai, eu estarei com você, te segurando todo o tempo, descanse agora, e eu prometo a você, que amanhã irá acordar em meus braços. — Charlotte a beijou mais uma vez e segurou o corpo mole contra o seu peito. — Amanhã será um outro dia e resolveremos tudo, eu não posso ficar um dia a mais sem você.

Charlotte sentia seu sex* dolorido, sentia sua boca inchada e sua garganta arranhada. Mas tudo aquilo valera a pena. Os instantes que passara com seu soldado fora os melhores que passara em 5 anos e agora ela estava de volta. Quando Gia acordasse Charlotte estaria ali, nada a faria deixá-la novamente. Gia era seu amor. A Soldado era única que conseguia mexer com o coração implacável da promotora. Charlotte faria o possível para recompensar qualquer tempo perdido que o destino fizera com que elas perdessem.

— Amo você. — Charlotte falou baixinho, no quarto escuro para Gia. — Amo você com todo o meu ser. — Uma lágrima solitária desceu pelo rosto da promotora.

Charlotte não havia percebido, mas Gia respondeu com um sorriso doce, antes de esfregar seu rosto entre o vale dos seios da promotora.

Charlotte então fechou os olhos e tentou buscar Gia em seus sonhos. Amanhã tudo seria ser diferente. Amanhã, depois de anos Charlotte começaria sua felicidade junto a sua soldado. 

Fim do capítulo