Capítulo 2
Todos estavam se arrumando enquanto estava indecisa em qual cor usar, a porta foi aberta revelando a garota dos dreads presos em um coque, ficou por um bom tempo me olhando, enquanto a observava pelo reflexo.
-Preci...
-Quer ajuda Nina!
Silvana entrou no quarto passando por mim, aproveitei que as duas estavam entretidas e me retirei em seguida, ao descer as escadas encontrei com Junior me esperando na sala.
-Cadê a Nina ? Você não brigou com ela de novo né.
-Ela vai com a Silvana, fala sério da próxima vez você a chama, é vamos logo não posso deixar o John me esperando.
Silvana me ajudou com a sombra, apesar da escuridão em que se encontra a minha vida, tratou de pôr uma cor viva.
Ao chegarmos na praia estava tudo muito lindo e colorido, com tons amarelos e alaranjados. Ao longe avistei a galera inclusive a tal Bebel, Marcele veio se juntar conosco.
-O que está achando Nina ?
-Muito bonito, transmite paz e alegria, mas minha voz não revelava com grandeza toda aquela beleza presente ali. Tentei não demonstra minhas tristezas e não estragar a festa de todos, provava uns petiscos enquanto olhava as pessoas dançando, ao longe avistei Bebel se aproximando com um homem alto forte e barbudo, seu estilo motoqueiro e sério me causava calafrios.
-Pessoal esse e o John, John o pessoal.
-Prazer.
Seus olhos passaram por todos até chegar a onde estava.
-Você não conheço.
-Essa é a Nina ela e nova na casa.
Bebel falou tão rápido que não consegui acompanhar, enquanto o homem bebia a cerveja do gargalho a abraçando em seguida.
-Vamos ?
-Claro, até mais pessoal.
-Se cuidem casal!
-Não enche júnior.
Os vi se afastando enquanto Junior falava que a prima ia se dar muito mal ao lado dele.
-E você Nina ?
-Eu o que ?
Ele riu - Não vai paquerar ninguém ?
-Há, estou bem assim.
Balancei o copo descartável com refrigerante de laranja.
-Tô ligado você e que nem mineira come quieta.
Deu um tapinha em minhas costas e se afastou.
Silvana se aproximava devagar gostava disso nela.
-Diz pra mim o que você faz pra se divertir ?
-Desenho... escuto música.... escrevo e.... canto as... vezes.
-Uau mil e uma utilidades.
Meu rosto corou enquanto ela sorria e olhava pro mar.
-Relaxa que não vou lhe expor pra cantar uma palhinha pra gente, mas adoraria ouvir cantar pra mim.
-Ufa.
Gargalhou gostosamente enquanto terminava sua cerveja.
-Quer dar uma volta ?
-Claro.
Caminhávamos enquanto me perguntava o que escrevo.
-Coisas.. sem.. muito... sentido.
-Está sendo modesta, tudo o que faz tem muito sentido.
-Na teoria... pode até ser.... agora na ....pratica e.... bem.... diferente.
-É por que diferente ?
Parou se colando em minha frente, não tendo a visão que estava tendo ao longe.
Firmei as muletas na areia, mostrando o obvio.
-Isso é apenas um complemento, no fundo as pessoas têm medo de se machucarem.
-Será... que podemos.... voltar.
Ver Bebel se agarrando com o motoqueiro encostada na pedra me dava enjoou.
-Sim podemos muitas coisas.
Quando voltamos a bagunça estava instalada, alguns estavam altos demais pra notar qualquer erro ou problema, Marcele era a segurança da festa sempre atenta.
-Marcele temos uma cantora entre nós.
-Serio quem ?
-A nossa querida Nina.
Ouvir aquele nossa me deixou emocionada, apesar do pouco tempo já os considerava a minha família.
-Parece que já possui uma fã Nina.
Cutucou-me, sem deixar de estar atenta aos demais.
-E uma.... fã de uma.... cantora.... muda.
Brinquei.
-Ora não seja por isso, Marcele se afastou e minutos depois voltou com um violão nas mãos.
-Luau sem violão não é Luau.
-Não.. Vai ser... ruim.
-Que isso Nina se for por causa da sua fala, não precisa ficar assim todos aqui gostam de você. Ainda mais olhe ao redor todos estão bêbados demais.
-Assim a Silvana tem inteira exclusividade.
Entregou-me o violão agora seria tarde demais pra recusar, caminhamos eu e Silvana até uma fogueira distante.
-Aqui teremos privacidade.
Sorriu.
-Tem... certeza....disso ?
-Com certeza.
Se sentou na areia e esperou pela minha deixa, em minha cabeça não havia músicas românticas ou bonitas naquele momento, então decidi tocar algo que vinha de dentro.
Eu peguei... o último trem...pra lugar nenhum.... bem longe... deixei memórias...que insistem em...me incomodar....sempre fica....alguém...que me faz....querer....voltar.
Eu peguei... o último trem...não me faça voltar.
-De onde vem essa música ?
-A gata sei lá, mas está horrível demais.
Estávamos voltando quando avistei Nina e Silvana no maior love, com direito a música de violão é tudo.
Me aproximei ainda deu pra ouvi-la cantando, enquanto Jhon não estava nem um pouco afim de ficar ali.
Não me...faça... querer voltar....eu preciso...fugir....me faça querer....estar...bem longe....bem longe...daí.
-Nossa que ridiculo.
-Jhon!
Ela parou e olhou pra nós ali parados.
-Estava lindo, continua.
-Está louca Bebel, ou isso é efeito da maconha.
-Vocês são podres, por que não vão embora daqui.
-Pelo que sei você não é a dona da praia!
Nina se levantou deixando o violão de lado, se preparando pra ir embora.
-Nina não precisa ir embora.
-Eu...
Apertei o passo enquanto Silvana me pedia pra espera-la, eu não ia cometer o mesmo erro novamente. No fundo a Bebel pensava o mesmo que o namoradinho drogado dela.
Entrei em casa todos ainda estavam na festa, subi as escadas entrando no quarto, me sentei na cama olhei para as minhas mãos elas estavam vermelhas e ardendo.
A porta foi aberta muito preocupada Silvana sentou na cama.
-Não de ouvidos ao que o Jhon falou, estava bebado.
-Não.. E isso.
Com o passar do tempo as coisas voltam com mais clareza, me vinha flashs da Emanuelle e todas as formas de demonstração de carinho, tudo mentira tudo teatrinho.
-Quero ficar... sozinha.
Silvana olhou pras minhas mãos e mirou em meus olhos.
-Você é tão especial que não se dar conta.
Sorri desacreditando no que falava, no fundo estava tentando amenizar a cena da praia.
-E sério.
Tocou em meu queixo me fazendo fitar aqueles olhos cintilantes, que possuíam um brilho ainda maior.
Aos poucos foi se aproximando , tocou o meu rosto e sorriu em seguida.
Senti seus lábios macios e quentes nos meus sua língua pedindo passagem.
Escutamos um barulho e olhamos quase que automaticamente pra porta, era Bebel nos encarando enquanto seus olhos se mantiam nos meus.
-Acho melhor ir, mas volto pra cuidar das suas mãos.
-Eu cuido!
Silvana e Bebel trocavam olhares fulminantes, apesar das poucas cervejas que Silvana tomou era inevitável a tensão entre as duas.
-Tem certeza Nina ?
Ouvimos um grunhido ao lado.
-Qual é Silvana, não vou machucar novamente a sua santa purificada Nina, e esqueceu que esse é o meu quarto!
-Está bem, até amanhã Nina.
Sorriu pra mim e se levantou, nos deixando sozinhas.
Bebel fechou a porta logo em seguida, indo até o banheiro trazendo de lá o kit de primeiros socorros.
-Por que...está fazendo... isso.
Suspirou - Pra que não fique com uma má impressão minha, vamos ver isso.
Pegou em minhas mãos as desinfetando primeiro, ardeu um pouco despejou um pouco de pomada e a espalhando com o dedo.
-E... Boa nisso.
-Que bom que pensa assim.
Terminou enfaixando com gaze, me sentia estranha estando ao seu lado, um medo de falar uma besteira, não queria ser mais um motivo de piada pro seu grupinho.
-Novinha em folha.
-Obrigada.
Se levantou levando de volta o kit, ao sair se jogou na cama estava exausta.
-Boa noite Nina.
-Boa..Noite...Bebel.
E apagou a luz do abajur, levei a mão até os lábios não acreditando.
Acordei muida passava as mãos no rosto, pensei em ligar pra casa novamente, mas temi que meu pai atendesse.
Fiz minha higiene e desci encontrei todos na sala, cada um com uma cara de ressaca e um mal humor.
-Tá vendo a Nina dá o exemplo!
-Por favor Marcele não grite, minha cabeça está explodindo.
Vitão tentava dormir no sofá em vão, sorri resolvi dar uma passadinha na cozinha.
-Bom dia minha flor, não lhe vi aí.
-Bom...dia.
-As vendas de ontem foram um sucesso, aqui está sua parte, se aproximou ainda mais pra me entregar o dinheiro, sei que procura respostas por ontem... mas não consigo explica-las.
Eu sentia sim algo pela Silvana ela sempre foi boa pra mim, mas parecia que meu coração estava destinado a sofrer.
-Quer... ajuda.
-Hoje não, descanse.
Aproveitei pra ir pra área da piscina lá encontrei Bebel tomando banho de sol, usando um biquíni minúsculo.
-Bom...dia.
-Bom dia Nina.
Passei por ela me sentando na espreguiçadeira, pegando uma revista começando a ler.
Desde que cheguei aqui minha cabeça está uma confusão, mas não foi por mal que bati com a porta no nariz da Nina. Pior que me sentia muito mal quando vi todo aquele sangue escorrendo, e claro a intrometida da Silvana se metendo. Abaixei meus óculos até que é bonitinha cabelos cacheados curtos magrinha rostinho fino boca pequena e...
-Que que estou fazendo.
Aquela cena delas na praia não saia da minha cabeça, em nenhum momento do nosso relacionamento o Jhon foi assim comigo, quem será que beijou primeiro.
-Está lendo revista de arte e decoração ?
Bebel conversava comigo pela primeira vez, sorri e lhe respondi.
-E roubaram... um dos meus... livros... quando.... vim pra cá, ....então..... é o que.... tenho.
Essa era minha deixa me levantei passando por ela e entrando em casa, subi colocando uma roupa e descendo novamente falando que ia dar uma volta.
Conhecia aquela área como a palma da minha mão, tinha a certeza de quem a assaltou. Ao chegar me deparei com os dois marginais ao notar minha presença fez sinal.
-O Rui me mandou aqui.
-Se chefia mandou, melhor deixar entrar.
Entrei no cassarão abandonado indo direto na fonte, eles possuíam um acervo de material roubado entre dinheiro celular cartão de credito entre outras coisas, ao olhar tudo atentamente encontrei uma mochila, abri encontrando roupas o livro que ela me falou revirei os olhos ao ler o título crepúsculo, e um tablete ainda carregado e melhor sem senha.
Acessei seu perfil no face book não podia acreditar Nina Arantes, eu tinha em minhas mãos a filha do inimigo número um do meu irmão.
Fim do capítulo
O que estão achando de verdade ?
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