Vigésimo Segundo Capítulo
Consegui o projeto no escritório de Camila, assim que assinei o contrato, ela me convidou para tomar um café ali perto. E foi assim que começou nossa "tradição", assim que terminava de trabalhar, íamos tomar café. Conversávamos bastante, e acabamos nos tornando amigas. Mas podia perceber que por ela, podíamos ir mais além, mas estava longe de me interessar por outra mulher.
Em casa ainda via muito Silvana do outro lado do muro, agora ela ia de ônibus trabalhar, o que me fazia sentir saudades das caronas, quando ela me agarrava toda, quando tinha meu momento. É claro sentia saudades de muito mais.
Lavínia era minha maior fonte de informação, ainda jogávamos play toda a tarde, e me contava o que acontecia com a mãe. Contou algo que me deixou preocupada, Silvana tinha uma gravidez que requeria cuidado, por causa da idade, elas ainda não sabia o sex* do bebê, mas já haviam ouvido o coração. Nesse momento desejei largar toda a mágoa e estar com ela, ir nos exames, segurar na sua mão e dizer que tudo ficaria bem. Mas como passar por cima dos meus sentimentos?
Então perguntei se o traste acompanhava-a, Lala me contou que Silvana não deixava ele participar de nada, qualquer carinho que porventura ainda tivesse por ele, foi completamente destruído quando ele me bateu e depois fez aquela palhaçada de espalhar mentiras sobre nós. Silvana também não queria nenhuma ajuda financeira dele e apenas depois que o bebê nascesse iria decidir como ficaria as coisas. Meu coração traiçoeiro gostava muito dessa parte, queria aquele homem o mais longe possível dela, não por medo dela voltar para ele ( ta um pouquinho era isso também) mas porque ele não era uma boa pessoa como eu achava antigamente, as vezes acreditava que Pedro era um psicopata.
As palavras de Lavínia eram corroboradas pelas atitudes de Silvana, já que quando ele aparecia, não ficava mais que dez minutos, quando estava em casa, sempre ficava de guarda, no primeiro sinal que ele a estivesse incomodando, esqueceria de qualquer coisa e a defenderia.
Mas felizmente não aconteceu.
E foi assim que mais um mês se passou, meu projeto tinha acabado, mas Camila já tinha me indicado para outro escritório. Eu acredito que estava a ponto de me tornar minha própria chefe, pois ganhava muito mais assim, do que trabalhando em uma empresa. E estava bem financeiramente, já que tinha ganho minha indenização no antigo emprego e os projetos estavam aparecendo.
Comecei a pensar seriamente em talvez oferecer ajuda a Silvana, as coisas iria apertar agora com um bebê, (nem me olhem assim, queria apenas ajudar uma amiga!).
Estava lavando meu quintal do fundo, quando ela apareceu para estender roupa no dela, fez questão de colocar a música da Marilia Mendonça, O Que falta em você sou eu, nem falo nada.
Nos cumprimentamos de longe e ficamos naqueles olhares cheios de saudades, ela sorria lindamente(meu sorriso) quando chegava o refrão:
"O que falta em você sou eu
Seu sorriso precisa do meu
Sei que tá morrendo de saudade
Vem buscar logo a sua metade"
Eu ficava com cara de pateta e o coração disparado!
Estávamos nessas trocas de olhares, quando ouço a voz de Alexia aos berros no portão da frente. Me virei para ir até a minha amiga, mas não sem antes Silvana me dá piscadela, tive que sorrir.
Quando entrei na sala, tomei um susto, já que Alexia não estava só. Sentada no meu sofá estava Camila.
(Bom deixe eu voltar um pouco aqui, elas se conhecia porque Camila insistira em sair comigo para balada, então acabei levando para um dos shows de Alexia, e as apresentei, não é que as duas viraram melhores amigas.)
Pois então as duas beldades estão lá espalhadas no meu sofá com carinhas que estão querendo aprontar. Logo pergunto desconfiada, depois de cumprimenta-las:
- que vocês querem?
- credo Flor, não sei porque esta desconfiada.
Olhei séria para Alexia, que fez cara de paisagem arrancado um sorriso de Camila, me sentei com elas e insisti:
- sério gente, o que foi?
- antes quero que prometa que não vai ficar brava - disse Alexia
- Flor não briga com ela.
Essa foi Camila, estava ficando estressada já:
- vai logo, diz que diabos está acontecendo.
- contei para a Caca que seu niver e no próximo sábado, então ela teve a brilhante ideia de fazer uma festa.
Me levantei, olhei para elas e disse:
- nem pensar, não estou no clima.
Camila para na minha frente e me segura pelos ombros:
- por favorzinho Florzinha, vai ser legal. Anda... olha só precisamos da sua casa, deixa os comes e bebes por minha conta e da Alê, vai ser nosso presente, certo.
E nisso nos se viramos para Alexia, minha amiga bate as palmas e se levanta feliz:
- e festa bebê! Vamos comemorar em grande estilo.
E eu...apenas aceitei, sabia que não tinha como lutar contra essa duas.
A festa estava cheia, não conhecia metade das pessoas ali, mas Camila e Alexia estavam se esbaldando, as duas eram muito parecidas e para mim seria o máximo aquelas duas juntas, uma pena que Alexia não era lésbica. Bom só tinha mais um problema nessa equação além da minha melhor amiga não curtir mulheres, Camila estava totalmente afim de mim e ali na festa estava pegando pesado para mostrar isso. Dançava comigo se esfregando toda, quando podia pegava em cada parte do meu corpo e beijava meu rosto, meu pescoço e uma vez quase meus lábios. Da minha parte só pensava na casa vizinha, Alexia disse que tinha convidado Silvana e Lavínia, mas ainda não tinham aparecido.
Desejei que tudo fosse diferente e que aquele ano pudesse estar comemorando com a minha família, doce ilusão.
Foram esses pensamentos desanimadores que me levaram até o quintal do fundo, onde tinha menos pessoas. Me encostei no murinho e me inclinei as procurando, mas a casa estava às escuras. Suspirei audivelmente e meus ombros arriaram, foi quando ouvi a voz:
- Florzinha o que está fazendo ai só?
Me aprumei e virei para Camila, que começou a se aproximou de mim meio cambaleante, quando chegou perto, deu um tropeço e foi parar dentro do meus braços. Ela dá um sorriso bêbado e depois sua expressão fica séria, aqueles olhos de gato brilham no escuro da noite iluminada apenas pela lua. Ela se aproxima mais, enlaça meu pescoço e quase encosta nossas bocas, diz sussurrando:
- queria te dar seu presente agora, posso?
Engoli em seco, Camila era uma mulher muito sensual, nesse período que nos conhecemos, aprendi mais sobre ela. Era inteligente, engraçada e tinha um coração de ouro, por um instante quis estar apaixonada por ela, seria tudo mais fácil, por isso respondi:
- pode.
Então ela me beijou.
Fim do capítulo
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