Alvaro
-Eu vou com você!
-Não, fique em casa.
Estranhei Álvaro não querer minha presença, insisti mais uma vez e foi pior gritou comigo na frente dos policiais.
-Delegacia não é lugar pra você!
Os policiais o ajudaram a entrar na viatura, permaneci sentada olhando o carro se afastar, com certeza isso tinha dedo da Isabela.
Ao chegar na delegacia havia alguns homens e claro o meu de confiança, ao aguardar do lado de fora ele veio falar comigo.
-Parece que o passado veio pra atormenta-lo, novamente.
-Por que não me ligou ? É muito bem pago.
O encarei sério, enquanto fingíamos não ter tanta intimidade.
-Foi muito rápido, quando percebi os homens já estavam de volta trazendo você.
-Quem foi ?
Calou-se o infeliz, insisti até que ele abriu o bico.
-Sua filha, ela mesmo trouxe a prova enrolada num saco plástico.
Bufei de raiva, a um tempo atrás me acusou sem provas, mas hoje veio na cara dura me enfrentar.
A porta se abriu era minha vez o delegado iria me atender, ao entrar na sala a prova do crime estava em cima da mesa.
-Senhor Álvaro, vou ser rápido. Conhece está bota ?
Olhei-a estava deteriorada pelo tempo, o couro todo se desmanchando neguei imediatamente.
-Isso é uma injuria, como podem me chamar aqui me acusando de um crime que foi a anos.
-Senhor Álvaro, antigamente não tínhamos essa tecnologia que temos hoje, o caso da Luíza foi sim engavetado, mas não podemos cruzar os braços diante de uma prova dessas.
-Mas não tenho nada a ver com isso!
-Isso que vamos ver, agora pode ir.
Deixei sua sala sendo seguido pelos olhos acusadores dos policiais, ao deixar a delegacia conversava com o meu aliado.
-Eles não vão engavetar o caso novamente.
-Até parece que aquela bota vai me acusar, eles não têm como provar nada!
-Suspeita de alguém que tenha contado pra sua filha ?
-Sim tenho, mas vou dar uma palavrinha com a minha filha primeiro.
Estávamos andando pela região, pedi pra Rubens ir na frente falando que o encontraria ele depois, caminhava ao lado da Leticia olhando a paisagem.
-Deveria ter ido de carro.
-Isso tudo é medo de ficar sozinha comigo.
Brinquei enquanto seus olhos me fuzilavam, gostava de provoca-la e ver essas labaredas se espalharem.
-Brincadeira, gosto de andar de verdade, agora me diga o que tem na cidade pra se divertir.
-Temos muitas coisas, forró circo quermesse e tourada.
-Mentira que aqui tem tourada! ?
Ela sorriu e ficou sem graça com minha curiosidade espontânea.
-Sim tem fins de semana, fora as lojas que você conhece.
-Isso é ótimo, vou me divertir à beça.
Carol se mostrou se diferente, aparentemente não havia encenação de sua parte, caminhava na minha frente sem se importar se a roupa ia se sujar de terra, ou se os mosquitos iam pica-la.
Mas, o ronco do motor que parecia estar perto demais vinha a todo ritmo na estrada, só foi o momento de abraça-la por trás, acabamos caindo seu corpo ficando por cima do meu, o carro passou por nos levantando a poeira, seu conjuntinho acompanhava uma jaqueta jeans que usou pra proteger nossos rostos nos deixando ainda mais unidas.
-O que foi isso ?
Me perguntava sem tirar os olhos dos meus.
-Eu salvando a sua vida, será que pode sair de cima de mim.
-Há claro, me desculpa.
Ela se levantou super. sem graça, enquanto batia a terra que ficou em meu vestido.
-Você salvou minha vida.
Ela repetia isso várias vezes, como se não tivesse entendido o que tinha lhe falado.
-É foi isso que aconteceu, só que preciso mesmo ir.
Estava me afastando quando ela me impediu.
-Espera!
Segurou delicadamente em meu braço, se aproximando com um cuidado enorme.
-Você salvou minha vida.
Suspirei - É foi isso, fim da estória.
-Não não, você não entende, tem sabor nessas palavras, - Salvou minha... vida.
Instantaneamente levou minha mão até o seu peito, enquanto a palavra vida era pronunciada de seus lábios, seu coração batia desenfreado no peito.
-Entende, agora.
Assenti. - Entendo que isso é tudo muito errado!
Me afastei dela negando tudo aquilo com a cabeça, pedindo pra ela me deixar em paz enquanto caminhava atrás de mim.
-Por favor Leticia vamos conversar.
-Não quero conversar com você, sim salvei sua vida, mas não pode se aproveitar disso.
Parei de andar e a encarei.
-Você se aproveita de tudo, aposto que parou na estrada pra "Ajudar" só com o gostinho de ficar comigo, mais sabia que sou uma mulher casada é amo minha esposa.
-Será que ama mesmo ?
Carol se aproximou, e olhou em meus olhos que depois desceram pros meus lábios.
-Você só conheceu a Isabela, nutriu essa amor por ela durante esse tempo todo, não teve a chance de conhecer o outro lado.
Rir da sua cara de pau.
-Quer dizer que o outro lado é, me envolver com a amante da amante do pai dela, que quer acabar com tudo que a mãe deixou.
-Não, é conhecer o meu lado... Esse lado
Carol foi mais além tomou-me em seus braços e me beijou, um beijo fugaz e elétrico, meu corpo todo foi tomado por uma onda de prazer e leveza, havia muitas comparações entre as duas mulheres, Isabela beijava com paixão havia força em sua mão e pressa de me dominar, mas a Carol era um misto de várias coisas inebriantes desde o cheiro até a maneira que sua língua invade minha boca.
No impulso a afastei, dando-lhe um tapa e acabando com toda aquela loucura fantasiosa de sua cabeça, ou da minha naquele momento, a deixei pra trás ainda com a mão no rosto e segui meu caminho.
Estava ensacando alguns sacos enquanto os empregados estavam na plantação, a porta do celeiro foi aberta pensei que fosse Leticia, mas era ele aquele verme que chamava de pai.
-Trabalhando sozinha ?
-O que quer.
-Isso é maneira de falar com o seu pai ? Mas estou aqui por que você acha que sou culpado de algo que não sou.
-Eu não acho tenho certeza!
Ele riu, como a Sonia aguentava esse monstro ao lado dela.
-Uma bota não prova nada, seja quem for que colocou você contra mim está cometendo um grande erro, irei me casar semana que vem é vou viajar, não quero que minha esposa fique com esse tormento na nossa lua de mel.
-Veio aqui pra me ameaçar.
-Não, vim aqui pra gente conversar como antes lembra.
Engoli a seco, sua visita não durou muito tempo, quando deixou o celeiro consegui soltar o ar lentamente, minha vontade era de voar em seu pescoço.
Ao entrar na fazenda acabei me esbarrando com o pai da Isabela, me desferiu um olhar frio cheio de ódio.
-Como vai Leticia ?
-Bem, é o senhor.
-Melhor agora, está vindo de onde ?
Olhou-me de cima a baixo me causando um calafrio pelo corpo todo.
-Da cidade com licença.
Entrei em casa encontrando Isabela na sala, ao me ver se aproximou preocupada.
-A onde estava esse tempo todo.
A abracei forte beijando seu pescoço suado, enquanto seus braços me envolviam.
-Isso é bom, significa que não está mais brava comigo ?
Me afastei pra olhar em seus olhos ela sorria satisfeita.
-Significa que não quero mais mentiras entre nós, se haver algo me conte agora.
Depois que a Leticia me deixou sozinha no meio da estrada, Rubens vinha ao longe ao me ver parou e perguntou se estava tudo bem comigo, apenas assenti entrando no carro e voltando pra fazenda.
Ao chegarmos encontramos com Sonia seria dando ordens pros empregados, ao nos ver fez sinal pra nós reunirmos.
-A polícia veio aqui, parece que foi encontrada uma bota do Álvaro na minha antiga choupana.
-Isso quer dizer que estamos livres ?
Rubens perguntou me dando uma enorme esperança, mas Sonia negou revelando que agora ele estaria mais enérgico e desconfiando de todos, inclusive nós.
-Vocês tinham que ver como ele ficou, o desgraçado gritou comigo.
Estava quieta no meu canto, quando a mesma perguntou o que tinha.
-Dor de cabeça.
-Rum, acho que seja só isso mesmo, por favor querida não estrague nosso plano.
Suas mãos tocavam meu rosto, aquela era a Sonia que conheci a anos atrás numa boate, com garra força de vontade de encontrar o tal Álvaro, naquela época tentava mascarar qualquer tipo de amor que a desviasse do seu plano. Me lembro da nossa última noite juntas no hotel, me revelava que a esposa dele tinha batido as botas é que agora era finalmente a sua vez, e que quando fosse necessário me chamaria.
-Qual o seu plano ?
-Vigiar o Álvaro enquanto ele estiver na fazenda.
Respondeu Rubens convicto de sua posição no plano.
-É o seu Carol ?
-Impedir que o Álvaro se cure totalmente da perna, e fazer a Leticia se apaixonar por mim, ao ponto de ela querer ir embora e deixar a Isabela.
-Boa menina.
Ouvimos quando o carro de Álvaro se aproximava, a noite seria longa demais, durante o jantar ele estava sério demais e bebia além da conta.
A noite estávamos em nosso quarto ele serio sentado na cama, enquanto penteava meu cabelo o olhava pelo reflexo do espelho.
-Feliz com o casamento chegando ?
-Sim amor, amanhã vou experimentar o vestido de noiva que chegou da cidade.
-Ficará comigo pelo resto da vida.
Suas palavras começaram a me intimidar, o olhar calculista e frio estava me assustando.
-Deveria dormir um pouco, descansar.
-Ando descansando muito, está na hora de termos um tempinho pra nós.
Escovava os cabelos com velocidade não iria me deitar com ele novamente, demorava um tempo pra ele apagar.
-Venha cá.
Bateu no colchão, respirei fundo largando a escova e me levantando me aproximando ainda mais.
-Tem certeza, sua perna...
Não deu tempo de terminar a frase, me pegou pelo braço me obrigando a me sentar em seu colo.
-O que é isso parece até que meu cheiro meu corpo a inoja.
-Está louco amor, claro que não.
Tentei sorrir enquanto sua mão apertava com força meu braço, pra acalma-lo deslizava minhas mãos pelo seu peitoral, seus olhos estavam fixos nos meus como se os queres sem desvendar.
-O que tanto olha querido.
-Você me parece com uma pessoa.
Meu corpo travou na hora, enquanto meu coração batia forte no peito.
-Está errado bobinho, com quem iria me parecer.
Sorri.
Sua mão segurou firme meu cabelo me aproximando ainda mais de seu rosto.
Gargalhou.
-Tem razão, não se parece.
E soltou.
Antes de terminar aquela noite assim cheia de campos abertos dei-lhe um beijo, me segurando por dentro evitando que meu corpo reagisse de forma violenta contra aquele homem. Depois de algumas horas ele dormiu me salvando mais uma vez de uma possível trans*.
Deixei a casa e caminhei um pouco pelo campo, caminhei bastante indo até o local a onde ficava minha casa, agora só havia entulho e uma placa com aviso que ali será um novo colégio.
Me apoiei na arvore sentindo uma leve tontura e vomitando, lavei a boca no River.
-Só falta está gravida agora.
Levantei a cabeça olhando atentamente, crente que aquilo não era real.
-Luiza
-Olá irmãzinha.
Fim do capítulo
Olá meninas me tirem uma duvida, o que estão achando da estória até agora ? Estou pensando em fazer umas mudanças o que acham ? tudo vai depender se continuo ou não.
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