Capítulo 38
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 38
Quando chegaram diante da porta do apartamento, Carol pegou o cartão para abri-la.
Natasha encostou-se à parede, ao lado dela, com as mãos enfi*das nos bolsos.
-- Não esqueça que temos uma festa amanhã à noite.
A ruiva assentiu com um gesto de cabeça enquanto empurrava a porta.
-- Como poderia esquecer da minha festa de despedida -- disse amargurada.
Natasha logo percebeu que Carol estava triste, mas não poderia amolecer com relação a ela, não podia colocar seu plano em risco.
-- Não entenda a ida de vocês para a Ilha Carolina como uma coisa desesperadora. Vocês ficarão isolados, mas terão muito trabalho para mantê-los ocupados.
-- Tudo bem, Natasha -- Carol disse num tom de voz desanimado -- Não precisa se explicar.
Natasha subitamente teve vontade de envolvê-la nos braços e confortá-la, porém, somente a segurou no rosto e depositou um beijo em sua bochecha.
-- Nos vemos amanhã.
Carol foi para o seu quarto, trocou a calça jeans e a blusa de manga por um leve vestido floral e foi procurar Sidney. Encontrou-o na sala falando ao celular.
-- Daqui a meia hora apareço por aí. Beijos querido.
Ele desligou, olhou para o celular por um minuto e então sorriu.
-- Leozinho é um fofo -- suspirou, e se virou para a amiga -- Como foi o passeio?
-- Foi muito bom. Natasha voltou a me tratar como uma irmã carinhosa.
Sidney franziu a testa. Tadinha da Andreia, não faz ideia do tamanho da encrenca que estava metida.
-- Que bom! -- ele percebeu que o tom da fala dela era triste e talvez um pouco desesperada. Havia algo diferente nela. Ele não conseguia captar muito bem, mas era alguma coisa muito grave para deixá-la tão abatida -- O que está acontecendo, meu amor? Sua fisionomia está péssima -- comentou Sidney.
Carol sorriu, um pouco triste.
-- Eu não sei mais o que fazer, Sidney. Preciso de ajuda!
Sidney segurou a mão dela e levou-a até o sofá.
-- Senta aqui. Agora vamos conversar -- ele ainda estava segurando a mão dela e apertou suavemente -- Respira e me conta o que está acontecendo.
E foi exatamente o que ela fez. Respirou fundo, passou as mãos pelo rosto e começou a falar:
-- Eu não quero ir para a Ilha Carolina, Sidney.
Andreia, normalmente tão centrada e calma, chorou desconsoladamente até que os olhos incharam. Sem dizer nada, Sidney apenas esperou pacientemente até que ela se acalmasse.
-- Por favor, olhe para mim -- sem obter resposta, ele segurou-a pelo queixo, obrigando-a a fitá-lo -- Olhe para mim. O que foi que aconteceu? A Natasha te machucou? Ela te maltratou?-- Atônito, Sidney secou as lágrimas que escorriam pelo rosto da amiga com as pontas dos dedos -- Eu vou arranhar ela todinha.
-- A Natasha não fez nada -- como uma criança, Carol limpou as lágrimas com as costas das mãos -- Ela me tratou muito bem -- disse, com a voz trêmula.
Por um longo instante Sidney não disse nada e limitou-se a fitá-la, como se tentasse entender o que estava acontecendo.
-- Isto é tão diferente de mim. Eu nunca me senti assim, tão sensível, tão frágil -- todas as coisas que estavam lhe acontecendo nas últimas semanas pareciam impossíveis de suportar. Sabia que havia chegado ao limite.
Sidney tomou uma das mãos da amiga entre as suas, movido por um carinho imenso.
-- O que você está querendo dizer com isto? -- ele pegou um lenço de papel e o entregou para ela limpar as lágrimas.
-- Eu vou contar a verdade para a Natasha -- com o coração batendo descompassado no peito, Carol secou as lágrimas com o lenço de papel -- Vou contar tudo, depois fugir para bem longe.
-- Não diga besteira. Você precisa se acalmar. Devíamos ter pensado nisso antes, agora é tarde.
-- Não, Sidney. Não é tarde -- Carol levou a mão à boca para conter um soluço -- Eu conto a verdade para ela. Peço perdão, ela vai entender.
Carol levantou-se e começou a andar pela sala, parando para olhar as fotos dela e de Natasha em porta-retratos dispostos sobre a mesa de canto.
Sidney coçou a nuca e respirou fundo, tentando se acalmar e pensar racionalmente. Andreia estava descontrolada e prestes a fazer uma grande besteira. Caso confessasse agora, Natasha desistiria do plano de vingança e mandaria todos para a cadeia.
-- Não, Andreia. Natasha não vai entender. Coloque-se no lugar dela. O que nós fizemos foi muito grave -- Sidney aproximou-se dela -- Então não há escolha. Você está muito nervosa...
Enfurecida, Carol empurrou-o para longe. Não queria ouvir mais nenhuma palavra.
-- Deixe-me em paz! Você não está entendendo. Aliás, ninguém me entende. Ninguém está nem aí para o que eu penso ou sinto.
-- Você tenha razão -- concordou Sidney.
-- É claro que tenho! -- Andreia jamais falara dessa forma com ninguém em toda a sua vida, muito menos com seu melhor amigo, mas sentia que estava no limite de sua resistência.
-- Você quer ir embora? -- perguntou Sidney com inesperada suavidade.
Ela estava prestes a responder afirmativamente quando se lembrou de quem deixaria para trás. Sua fuga destruiria para sempre qualquer chance do perdão de Natasha.
A injustiça do destino provocou novas lágrimas.
-- Eu não vou embora -- ela olhou para Sidney, com lágrimas nos olhos castanhos -- Eu amo a Natasha, não posso ir embora, mas também não posso continuar mentindo.
Sidney colocou as duas mãos sobre a boca, para reprimir um grito.
Natasha caminhava pelo corredor do hotel num passo rápido. Seu rosto tinha leve sinais de preocupação. Quando ia abrir à porta de sua suíte, ouviu uma voz zombeteira atrás de si:
-- Para que tanta pressa, Natasha?
Ela virou-se rápido, reconhecendo a voz melosa.
-- Eu não acredito! -- ela se inclinou para a frente, com um brilho estranho no olhar -- O que faz aqui Mariana? Qual parte do: caia fora da ilha, que você não entendeu?
-- Não seja grossa comigo -- murmurou, junto aos lábios da empresária -- Me dá vontade de puni-la terrivelmente.
-- Não me provoque, Mariana -- Natasha teve ganas de sacudi-la.
-- Porque? Vai chamar a irmãzinha?
-- Não, mas te encho de pancadas sem a menor dificuldade.
Mariana fez uma careta medonha.
-- Você não pode me proibir de estar aqui. Estou pagando a minha estadia como qualquer outro hóspede.
Seguiu-se um silêncio carregado de tensão antes que Natasha caísse na gargalhada.
-- Pagando! Kkkk... -- exclamou com um riso debochado e alto; depois voltou-se novamente para a moça -- Você não tem dinheiro nem para comprar um chiclete Ploc.
Mariana estava indignada.
-- O que está acontecendo com você? Eu não a estou reconhecendo, Natasha -- ela suspirou -- Vim até aqui para conversarmos numa boa, mas você só está pretendendo me humilhar!
-- Me poupe, Mariana -- disse Natasha com raiva -- Não se faça de vítima. Você é uma viúva-negra. É só eu dar bobeira para você lançar a teia, e me aprisionar.
Mariana suspirou mais pesadamente dessa vez.
-- Eu só quero ficar mais alguns dias na ilha. Prometo que não vou mais me intrometer na sua vida. Só quero que seja feliz.
Natasha ficou em silêncio por um instante. Depois, ela sorriu, acreditando na promessa de Mariana.
-- Tudo bem, mas por apenas alguns dias -- intimou, Natasha.
A moça sorriu, satisfeita.
-- Agora eu ficaria muito feliz se você mandasse a Jessye providenciar uma suíte mais confortável para mim -- Mariana fez um biquinho -- Aquela que estou é tão simplesinha, não condiz com a minha beleza.
-- A gente oferece um dedo, já querem o braço inteiro.-- reclamou irritada -- Está bem, mas não abusa.
Quando Natasha se afastou, Mariana ficou pensando na besteira que havia feito quando deixou ela e a ilha. A única pessoa que não lhe deu às costas e sempre fez de tudo para agradá-la, agora não mostrava qualquer sinal de raiva, apenas da mais total frieza e indiferença. Pela primeira vez na vida, sentia-se derrotada, incapaz de dominar as circunstâncias.
Procurando raciocinar direito, Mariana decidiu que deveria agir com paciência e evitar brigas e discussões.
Embora estivesse claro que Natasha não a queria mais, talvez ainda existisse resquícios daquele amor. Mudaria de tática. Não pretendia abrir mão de Natasha tão fácil assim.
Carolina deixou-se cair na cama, de braços estendidos. Deitou a cabeça no travesseiro, deu um suspiro e fechou os olhos.
Talita fechou a porta atrás de si e encostou-se nela.
-- Posso saber o que faz aqui? -- a médica cruzou os braços, impaciente -- Pensei ter dito que o seu quarto é no final do corredor.
-- Tenho medo de dormir sozinha -- respondeu, com um leve sorriso nos lábios.
-- Ah, tá! Quer que eu acredite nisso? Olhe para mim, tá escrito, boba aqui na minha cara?
-- Na sua cara tem um luminoso piscando escrito: linda, linda, linda...
Talita olhou para ela, alarmada.
-- Você só pode estar brincando comigo. Tem que estar -- a expressão dela continuava estarrecida.
-- Sabe, você é realmente uma mulher muito linda -- disse ela -- Acho que, na verdade, podemos nos dar muito bem. Existe uma química sexu*l* maravilhosa entre nós que não podemos desperdiçar.
Talita a encarava de boca aberta. Estarrecida.
-- Você é louca. De onde você tirou essa ideia de química sexu*l*? Eu... -- ela desviou o olhar daqueles olhos tão penet*antes -- Sou casada e, muito bem-casada. Eu já lhe disse que o que aconteceu entre a gente foi um beijinho de nada -- disse ela, abaixando os olhos -- Foi um erro, deveríamos ter evitado -- Talita mordeu o lábio enquanto pensava o que dizer.
-- Concordo totalmente com você -- afirmou Carolina. Ela riu com ironia e se ajeitou melhor no travesseiro -- Ao menos me deixe dormir no seu quarto. Estou tão triste, abandonada -- ela aninhou-se contra o travesseiro, escondendo o rosto, demonstrando uma dor profunda -- Ninguém dá a mínima para mim, até mesmo a Natasha, parece gostar mais da bandoleira ruiva do que da irmã -- descontrolada, Carolina socou várias vezes o travesseiro -- Quero ir embora daqui.
-- Está realmente infeliz aqui?
A garota assentiu.
-- Não sei explicar. Sinto falta de tanta coisa. Aqui há regras para tudo, inclusive que temos que dormir em quartos separados. É tedioso.
-- Você é uma idiota -- Tatiana, sentia-se sufocada por sentimentos intensos e perturbadores e a culpa era de Carolina. Hesitou ligeiramente e sentou-se na beirada da cama. Estava atraída pela estranha emoção que viu nos olhos dela. Seria curiosidade? -- Chega prá lá -- pediu.
Carolina engoliu para tentar desfazer o nó que se formara em sua garganta. Talita estendeu a mão e tocou nos cabelos dela. Não conseguiu resistir.
-- Eu vou dormir aqui, mas ai de você se tocar um dedo em mim -- o que estava fazendo, pelo amor de Deus? Tatiana torturava-se tentando entender o que acabara de fazer -- Algo me diz que vou me arrepender amargamente disso.
-- Vai nada -- o olhar de Carolina se iluminou -- Vamos dormir de conchinha?
Atônito com a confissão de Carol, Sidney levou algum tempo até se recuperar do choque. Como não havia enxergado?
-- Não sei como isso foi acontecer. Demorei para percebeu que tinha cometido o enorme erro de se apaixonar pela Natasha -- ela respirou fundo, soltou o ar e balançou a cabeça com tristeza -- É tudo culpa minha. Não devia ter baixado a guarda tanto assim.
O rosto de Carol tinha uma expressão triste, mas ela forçou um sorriso. Estava amando, enquanto Natasha, apenas gostava dela como irmã.
-- Pois eu acho maravilhoso! -- Sidney se acendeu de empolgação.
-- Está louco? -- Carol passou a mão sobre o rosto -- Eu aqui desesperada e você achando maravilhoso.
-- Pensa bem -- Sidney mal conseguia disfarçar o entusiasmo -- Talvez isso seja a nossa única saída.
-- O que é que você está aprontando agora? -- perguntou Carol, franzindo o cenho.
-- Não estou aprontando nada. Apenas acho que você deveria recorrer ao seu poder de sedução para conquistar o coração da Natasha.
Carol sentou-se e, ansiosa, esperou o amigo continuar falando.
-- Quando sentir que ela está apaixonada, você conta toda a verdade.
-- Você tem cada ideia, Sidney! -- Carol olhou para ele, espantada -- Ela jamais se apaixonará pela irmã.
-- Por que você é tão pessimista?
-- Não sou pessimista, qualquer um percebe que esse seu plano é horrível. A Natasha vai me achar uma doente. Dando em cima da própria irmã. Que horror!
-- Você não a ama?
-- Já disse que amo.
-- Então! -- ele disse, afastando-se e olhando-a com enternecimento -- Vai à luta, bela.
-- Sei não -- ficou em silêncio por um longo momento. Parecia estudar o assunto. Não estava certa do que fazer. A ideia de tentar seduzir a empresária a fez tremer -- Você acha que eu tenho alguma chance?
-- Meu Deus! Que pergunta boba. Claro que você tem -- Sidney abraçou a amiga com carinho -- Lute pelo amor da sua vida, Carol e não desista nunca desse sentimento tão puro e bonito. E, na primeira oportunidade que tiver, conte a verdade. Mostre que se arrependeu verdadeiramente e está disposta a corrigir os seus erros. Procure recuperar a confiança perdida e o coração da Natasha. A confiança e o amor são sentimentos que devem andar juntos para um relacionamento ter sucesso.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 10/09/2020
Eita que a guerra agora começou... vamos a luta...
Mille
Em: 03/06/2018
Bom dia Vandinha
Carol vai para cima da Talita e ela faz uma manha que a doutora cai direitinho na dela. É Talita seu casamento não é mais bem sólido depois que conheceu as irmãs Falcão.
Andreia admitindo ao amigo sua paixão pela Natacha e ele a encorajando a seduzir e "irmã" para depois confessar a verdade e dizer o que fez se passar pela irmã desaparecida dela.
Eu acho que a criança que ela espera vai mudar a vida da Nat e também a Andreia.
Bjus e até o próximo capítulo um ótimo domingo.
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NovaAqui
Em: 02/06/2018
Essa Carolina verdadeira é muito cara de pau...kkkkkkkk e Talita está confusa. Sou muito bem casada kkkkk lá se vai uma hetero convicta rsrs ainda vai dormir de conchinha.....
Apesar da grande besteira que Andreia fez, estou com pena dela. Vamos ver como isso vai ficar
Mariana e o ex de Andreia vão aprontar ainda.
Abraços fraternos procês aí!
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