Medo de amar por Lari28
Alguns momentos clichês da vida.
Capítulo 18
Helena continuou seguindo para a saída, as lágrimas já eram incontroláveis, ela soluçava, seu peito doía e suas mãos tremiam.
- Helena? - Júlia a chamou. - Helena o que aconteceu, por que você está chorando?
- ....- Helena apenas chorava.
- Ei se acalma, vamos sentar ali e conversar. - Abraçou a amiga de lado a encaminhando para um banco.
- Não.... vamos... embora daqui.... por favor. - Ela não conseguia conter o soluço.
- Tem certeza? - Perguntou preocupada com a ruiva.
Helena apenas balançou a cabeça em afirmação enquanto era abraçada pela amiga.
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-VOCÊ ESTÁ LOUCO! - Alexandra empurrou Henrique violentamente, de inicio ficou sem reação, mas depois que se deu conta do que havia acabado de acontecer, sentiu uma raiva jamais sentida antes. - Que porr* está passando pela sua cabeça Henrique?
- Me desculpa morena.... mas eu ... eu não resisti ao te ver assim. - Ele sabia que tinha errado ao agir por impulso, mas não entendia o porquê de tamanha raiva da morena.
- Você é um idiota Henrique, saia da minha sala agora! - Estava vermelha de raiva, pensou na sua ruiva, o que ela pensaria se soubesse de algo assim. - Eu não quero que você chegue perto de mim.
- Alex, eu não to entendendo você. - Tentou se aproximar da morena, mas ela se afastou. - Me desculpa ta bom, eu errei, mas pra que toda essa raiva, não vamos deixar que isso atrapalhe a nossa volta né?
- Volta? - Riu irônica. - Do que você está falando Henrique, nós não temos volta, nunca teremos, eu ...- Depois de tudo ele merecia ouvir isso. - Eu nunca amei você Henrique, eu não senti sua falta e eu agradeço o nosso termino até hoje, eu estou amando sim, mas essa pessoa não é você, nunca foi. - Sentiu as lágrimas caírem. - Me desculpa dizer isso, mas eu não posso mais mentir, eu nunca amei você.
- Mas e a pessoa que você reencontrou? - Ele também tinha lágrimas nos olhos. - Quem é essa pessoa, eu fui a pessoa que mais marcou sua vida, você tinha me dito isso.
- Henrique, você foi o namorado que mais durou, você foi importante sim... confesso, mas - olhou para cima e limpou as lágrimas que caiam. - Mas você não foi a pessoa que mais marcou a minha vida, eu sei que tinha dito isso, mas foi por impulso, foi por eu me iludir com a ideia de que talvez tínhamos um futuro juntos, mas não tínhamos e nem temos. - Mesmo com toda raiva sentiu pena do rapaz. -Essa pessoa que eu reencontrei não é você, ela sim marcou a minha vida e o meu coração e é com quem quero estar até os últimos dias da minha existência.
Henrique não sabia o que dizer, apenas deixava as lágrimas caírem, percebeu que tinha cometido um grande engano. Deu meia volta e ia sair quando resolveu perguntar.
- O que essa pessoa te deu que eu não te dei, o que ela fez que eu não fiz?- Limpou as lágrimas.
Alexandra abaixou a cabeça e depois olhou para Henrique.
- Ela deu um sentido novo para minha vida e fez meu coração disparar como ninguém nunca fez. - Sabia que isso machucaria Henrique, mas não podia mentir. - Você não tem culpa, você sempre foi um homem maravilhoso, mas não era a pessoa certa pra mim, eu precisava sentir amor e eu não sentia isso ao seu lado Henrique.
- Me desculpa por essa situação. - Passou a mão pelo rosto cansado. - Eu realmente pensei que o brilho do seu olhar e o motivo do seu sorriso fosse finalmente eu. - Sentiu mais algumas lágrimas caírem. - Te desejo toda felicidade do mundo Alexandra, porque ao contrario de você, eu sempre te amei e nunca te esqueci, não posso desejar nada ao contrario do que o seu bem.
Alexandra viu o homem sair de cabeça baixa da sua sala. Não aguentou e chorou ... chorou por pena, por raiva, por saudade da sua mulher, por cansaço e por medo de perder o seu amor, como Henrique um dia havia perdido, não sabia se teria forças para seguir em frente caso isso acontecesse.
A morena controlou seu choro e tentou ligar para Helena, sentiu necessidade de conversar com o seu amor, mas a chamada caia apenas na caixa de mensagem.
- Você não vai atender ela?- Júlia perguntava enquanto dirigia, estava vendo o nome e a foto da morena no visor do celular de Helena, sinal que estava ligando.
Helena desligou o celular, tinha conseguido parar de chorar, mas a dor ainda não havia passado. Júlia entendeu aquele gesto como um não, o que será que havia acontecido para que a ruiva ficasse daquela maneira.
A psicóloga havia parado com o carro em uma praça qualquer, não estava aguentando aquela situação, precisava entender o que tinha dado errado.
- Desculpa, mas eu não estou aguentando Heleninha, o que aconteceu? - Júlia tirou o sinto e sentou de lado no banco, virando em direção a amiga.
A ruiva deixou algumas lágrimas caírem e depois olhou para Júlia.
- Ela... - Olhou para cima e depois para Júlia de novo. - Ela me traiu Jú. - Chorou sentida.
- Como assim Heleninha, quem te traiu, a Alex, como? - Envolveu a ruiva em um abraço. - Se acalma. - Como assim Alex havia traído Helena, a morena parecia tão apaixonada.
- Eu vi, ela estava com um homem, com o ex dela. - Helena narrou toda a cena que tinha visto para a amiga, a qual não podia acreditar no que havia acabado de ouvir.
- Eu não to acreditando nisso, eu... eu to chocada- Olhou para amiga que tinha um olhar triste e distante. - Eu sei que isso parece idiota, mas não tem nenhuma chance disso ter sido um engano?
- Que engano Jú?- Levantou a cabeça. - Eu me enganei sim, mas foi com a Alexandra.
- Espera ruiva, eu sei que isso pode parecer estranho, mas depois de tudo o que a Alexandra fez por você, não é possível que do nada ela tenha simplesmente jogado tudo para o ar e ficado com o ex. - Júlia sentia que tinha alguma coisa errada.
- Eu fui apenas uma conquista, ou sei lá. - Helena também sentia que havia algo errado, mas a cena voltou a sua cabeça, qual explicação teria para aquilo.
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- Não to acreditando que ele fez isso Xanda?- Manoela ouvia tudo o que a irmã tinha acabado de contar.
- Pois é, fez. - Olhou pela janela do quarto. - Ele acreditou que o brilho do meu olhar e o meu sorriso fosse por ele. - Balançou a cabeça.
- Gente que loucura, você vai contar isso para a ruiva? - Perguntou curiosa.
- Não sei, o que ela iria pensar se soubesse que meu ex praticamente pulou sobre mim, quando eu estava se sutiã? - Sentia raiva ao se lembrar. - Eu me coloco no lugar dela, imagina se o Bruno da fazenda faz uma coisa assim, acho que eu mato ele. - Apertou a mão e bateu na cama.
- Ei se acalma, já passou, você não teve culpa, não podia imaginar uma situação assim.
- Eu to tentando ligar para a Helena, mas não consigo, ela me ligou no hospital e eu não consegui atender, o sinal estava horrível. - Olhava o aparelho.
- Daqui a pouco você consegue, vamos comer alguma coisa. - Manoela queria ver sua irmã sorrindo e então fez graça. - Você já tomou banho?
- Não né ... cheguei e já vim conversar com você. - Alexandra não entendeu a pergunta da irmã.
- Percebi mesmo. - Tapou o nariz fazendo graça.
- ahhh vai se ferra Manoela kkkk.- Riu da irmã.
- Isso aí, gosto de te ver sorrindo. -Abraçou a irmã.
- Como não sorrir com uma palhaça assim. - Apontou para a irmã que fez careta.
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- O que faremos agora?- Júlia perguntava com pesar na ruiva.
- Agora nós vamos voltar pra fazenda, enquanto eu coloco na minha cabeça que essa história nunca existiu.- Dizia olhando para o nada.
- Helena eu sei que é difícil, mas você não acha que seria melhor conversar com a Alexandra, sei lá, vai que ela tenha alguma explicação. - Viu o desagrado no rosto da ruiva. - Só não quero que você sofra mais ainda, talvez ela te contando tudo você possa entender, talvez ela tenha agido por impulso e já esteja até arrependida, dê a ela uma oportunidade de se explicar.
- Eu dei a ela uma oportunidade, nos dei uma oportunidade de tentar viver essa história. - Olhava nos olhos de Júlia. - Mas ela não quer isso, pesou pra ela, acho que caiu em si e viu que não poderia viver com uma pessoa cega, largar tudo para estar no meio do mato ao meu lado, tendo que cuidar de mim. - Disse com raiva e magoada.
- Ei ... não diga isso meu bem, não seja tão dura assim. - Fez carinho no rosto de Helena. - Tudo bem, ela traiu você, mas não acho que você ser cega tenha influenciado isso, pelo pouco que eu conheci a Alex, vi uma mulher sensível e boa. - Suspirou.- Converse com ela.
A ruiva não disse mais nada, sua amiga então resolveu também se calar. Não entendia o porquê de a morena ter traído Helena, as duas pareciam tão apaixonadas uma pela outra, algo estava errado nessa história.
Demoraram algumas horas até chegarem ao destino, todo o caminho foi feito em silencio, até chegarem na porta da casa de Helena.
- Sobre os exames, eu ... eu farei depois, caso meus pais perguntem diga que o médico especialista tinha viajado e que não pode me atender.
- Tudo bem, mas você vai mesmo fazer depois né? - Perguntou preocupada.
- Vou sim, eu preciso ajudar meus pais, preciso voltar a ativa aos poucos. - Deu um sorriso triste.
- Entendo. - Segurou as mãos da amiga. - Só não se esqueça de que eu estou ao seu lado, para qualquer coisa.
- Obrigada por tudo.
Os pais de Helena se assustaram com a rapidez da filha e também ficaram indignados com a ‘' falta de competência'' do médico, por não estar no hospital para atender sua filha.
- Não acredito que vocês perderam viagem meninas. - Dona Elisa estava chateada.
- Tudo bem mãe, da próxima eu marcarei consulta antecipadamente.
- São exames de importância dona Elisa, mas nada muito sério, apenas para confirmar que minha amiga vera o escuro apenas se desligar as luzes, caso contrário esses olhos azuis poderão trabalhar a todo vapor. - Sorriu, fazendo todos relaxarem um pouco.
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- Eu vou ligar para a mamãe, talvez ela saiba algo sobre a Helena.- olhava para o celular aflita. - Já liguei mil vezes e só cai na caixa de mensagem.
- Meu Deus mana, se acalma, talvez ela esteja ocupada, o celular talvez não esteja ligado, sinal ruim, sei lá, espera um pouco mais.
- To sentindo algo ruim Manu. - Apontou para o peito. - Não sou de ligar com essas coisas, mas depois do que aconteceu com o Henrique, eu sinto que preciso falar com a minha ruiva. - Tentava mais uma vez ligar. - Telefone desligado ... vou esperar mais um pouco e depois eu tendo de novo.
Manoela olhava para cima, ria do desespero da irmã, isso que era amor. Nunca tinha amado ninguém, via a irmã tendo essas reações diante o sentimento que tinha pela ruiva e achava curioso, sentia a intensidade das duas, poderia até ter um pouco de inveja, se não curtisse tanto sua vida de pegação.
Dois dias tentando e nada de ter notícias da Helena, já estava quase pegando suas malas e indo atrás da ruiva, tinha ligado para sua mãe, mas a mesma disse que não tinha visto nada de diferente, estava tudo normal como sempre, porem tinha prometido a filha que iria ver como estava a ruiva.
- Olá minha querida. - Beatriz tinha visto Helena sentada embaixo de uma árvore perto da sua casa e decidiu ir até ela, Alex ligava todos os dias atrás de notícias da ruiva, então decidiu saber o que estava acontecendo.- Tudo bem?
Helena ainda estava de costas para a senhora, mas não precisava se virar para saber quem era, reconhecia sua voz. Ninguém sabia da volta de sua visão além de seus pais, Bruno e Júlia, não queria que os patrões de seus pais soubessem, sabia que isso iria chegar até os ouvidos de Alexandra e não queria a mesma soubesse disso.
Virou devagar para a senhora, seria difícil esconder que tinha voltado a ver, mas tinha que tentar, era algo necessário. Nunca tinha visto Beatriz, era a primeira vez que a via depois da volta de sua visão, a mulher lembrava muito a filha mais velha, linda como a mesma.
- Olá dona Beatriz, eu estou bem e a senhora?. - Disse um pouco sem graça, tentando deviar o olhar para outros lados que não fosse em direção a mulher.
- Vou muito bem minha filha, posso me sentar ao seu lado? - Perguntou tranquila.
- Claro, fique a vontade. - Tentava se manter natural, mas a presença de Beatriz automaticamente lhe levava a pensar em Alexandra, esses dois dias após o ocorrido pensou bastante, quase ligou para a morena, mas depois decidiu realmente esquecer a mulher e tudo o que viveram, tudo não passou de momento, mesmo seu peito gritando de amor e ao mesmo tempo dor.
- Sinto falta da minha aluna. - Colocou as suas mãos sobre as da ruiva. - Eu estava pensando querida, em como você se tornou uma pessoa importante pra minha família. - Sorriu pensando em sua filha mais velha. - Principalmente para uma certa morena dos olhos verdes. - Olhou para a ruiva e pode ver um olhar triste.
- Eu agradeço pelo carinho de vocês. - Não sabia o que responder diante aquele comentário.
- Filha eu queria lhe dizer uma coisa, eu não sei como você vai interpretar isso e o que se passa pela sua cabeça nesse exato momento. - Sentia algo estranho na ruiva, precisava de alguma forma tentar ajuda lá, principalmente pela Alex.- Eu nunca vi a minha filha tão feliz como tenho visto nesses últimos dias, a Alexandra sempre foi uma pessoa encantadora, não digo isso por ser minha filha, apenas reconheço a mulher incrível que eu coloquei no mundo.- Sorriu ao se lembrar da sua menina.- Mas ela ainda não tinha achado alguém com que pudesse mostrar todos os seus sorrisos, toda sua alegria como faz com você, ela gosta muito de você meu anjo e eu tenho certeza que essa felicidade dela, tem você como culpa, essa felicidade parece ter completado minha filha.
Helena viu uma lágrima escorrer no rosto da senhora, automaticamente sentiu as suas também escorrerem pelo seu.
- Obrigada por fazer minha filha feliz, obrigada por dar aquele brilho no olhar daquela menina mulher. - Apertou as mãos da ruiva. - Confie nela, ela te fará feliz, assim como você a faz. - Suspirou sorrindo, não entendia o porquê de ter dito tudo aquilo, mas algo dentro de si a incentivou a dizer todas aquelas palavras, sentia certo sofrimento e angustia da ruiva, só não caberia a ela perguntar o porquê.
Logo a ruiva viu a mulher se afastar, não soube dizer o que estava sentindo naquele momento, não esperava ouvir tudo aquilo da senhora, precisava fazer alguma coisa, mas fazer o que, se a morena a amava tanto assim, porque lhe trair, porque ficar com outra pessoa?
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- Estranha como mãe? - Alexandra estava do outro lado da linha aflita.
- Calma filha, não quero que você se preocupe assim, ela apenas estava com o olhar distante e um pouco triste me parecia. - Tentava acalmar a morena. - Ela é jovem, acredito que ficar aqui no meio do nada sem companhia não esta fazendo bem a ela, ela já tinha se acostumado com sua presença, deve sentir sua falta.
- Amanhã eu irei para fazenda mamãe, irei conversar com ela. - Disse decidida.
- O que você sente pela Helena minha filha?
- Eu...eu - Aquela pergunta foi direta demais, não queria conversar isso pelo telefone com sua mãe. - Podemos conversar sobre isso pessoalmente mãe?
- Claro filha, só quero que você saiba que pode contar comigo para o que precisar.
- Eu sei mãe, obrigada por isso, eu te amo.
- Também te amo filha.
As duas desligaram na esperança de se verem pessoalmente no dia seguinte, mas infelizmente Alexandra precisou operar um paciente de emergência e não conseguiu ir para fazenda, ficando chateada.
- Ei Xanda, não fica triste assim.- Estava começando a também se preocupar com o sumiço da ruiva.
- Já fazem dias que eu não consigo falar com ela, eu ligo para o celular dela e nada dela atender, ligo para casa dela e a dona Elisa e o Sr. Geraldo sempre falam que ela não esta no momento, ou que já esta dormindo. - Tinha vontade de chorar.- Eu preciso ver ela, entender se fiz algo errado, mas não to conseguindo, o hospital ta parecendo um campo de guerra, todo dia aparece algo diferente e cada vez mais emergente.
- Se acalma, você vai conseguir falar com ela. - Olhou para a irmã com carinho. - Mas em falar em campo de guerra, você recebeu alguma notícia dos Médicos sem Fronteiras?
- Não, na verdade eu nem olhei minha caixa de email esses dias. - Limpou uma lágrima teimosa.
- Eu sei que não é o momento, mas e se não aceitarem ela mana, as condições dela não são favoráveis você sabe. - Se referia a cegueira, sua irmã não poderia sempre estar ao lado de Helena.
- Eu não irei sem ela, antes essa ideia até me passou pela cabeça, ficaria alguns meses, por lá, tentaria entrar em um acordo para viver essa experiência que eu sempre sonhei, mas logo voltaria pra ficar com a Helena. - Olhou para a irmã.- Mas com esse distanciamento da Helena eu não posso ficar longe dela, não sei o que ta acontecendo, não acredito que seja falta de amor, talvez o medo de antes voltou, mas nós nos amamos, não tem porque ela estar assim.- Disparou a falar.
- Alexandra você esta me deixando preocupada com você, a Helena não vai fugir de você, se ela sumir, tenho certeza que você a acha, então não fica assim. - Segurou o rosto da sua irmã- Existe amor das duas partes que eu sei, vai dar certo, vocês têm pelo o que lutar. -Sorriu carinhosa. - Se fosse eu já teria largado kkkk... Mas é porque eu nunca amei e não tinha com o que me agarrar. - Não deixou de fazer graça.
Alexandra sorriu, as palavras da sua irmã a confortou e lhe deu esperança.
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- Heleninha, Heleninha- Bruno gritava na porta a procura de Helena.
- O que foi Bruno, que gritaria é essa?- A ruiva saiu assustada pensando que alguma coisa tinha acontecido.
- Oi...- respirou, parecia ter corrido uma maratona, respirava com dificuldade.- Eu consegui... consegui ...
- Conseguiu o que?- Olhava confusa para ele. - Senta, respira.
- Eu conversei com alguns conhecidos, eles são médicos, donos de fazenda aqui perto e por sorte do destino eles são doutores que cuidam dos olhos- Se referia dos médicos oftalmologista.
A ruiva esperava onde que o rapaz queria chegar com aquilo.
- Eu conversei com eles, contei de você e eles aceitaram te atender amanhã. - Estava feliz com a conquista, ele gostava muito da ruiva.
- Nossa... obrigada - não sabia o que dizer, ainda não tinha procurado um médico por conta de tudo que tinha acontecido, ainda se lembrava da cena que tinha visto.
- Eu sei que esta muito em cima da hora, mas eu consegui só amanha e eles pelo o que me disseram parecem ser os melhores da região. - Olhou esperançoso pra ela.- Mas tem uma coisa ... eles foram embora hoje e você precisaria ir para a capital.
- Ahhh... eu te agradeço pela consideração Bruno, mas não sei se a Júlia ira poder ir comigo amanhã e ....- Não queria ir, ainda não estava preparada para voltar a capital, mesmo sendo uma cidade grande, tinha medo de encontrar com a morena, mas também não podia negar essa oportunidade e não queria fazer essa desfeita com o homem a sua frente.
- Eu levo você ... se esse é o problema, está resolvido. - Estava feliz. - Vamos amanhã então?
- É ... sim. - Resolveu aceitar. - Obrigada mais uma vez por isso Bruno.
- Não tem porque agradecer te ajudar me faz feliz, você merece. - sorriu para ela. - Amanhã cedo partiremos, a consulta é pela manhã, depois voltamos pra cá.
- Tudo bem, amanhã eu te espero. - Não tinha como negar aquele gesto de atenção do rapaz, não era possível que iria ver Alexandra.
Logo cedo eles partiram para a capital, Bruno demonstrava toda sua felicidade e entusiasmo ao estar do lado da ruiva, já a mesma se mantiveram calada, apenas respondia as perguntas do rapaz e comentava uma coisa ou outra sobre alguns assuntos.
Chegaram antes do meio dia na clínica indicada, o médico conhecido de Bruno foi muito atencioso com o casal, ele fez alguns testes com Helena e pediu mais alguns exames, mas não via nenhum problema considerável na ruiva, apenas reafirmou ser um problema psicológico, por via das duvidas iria só confirmar isso através dos exames.
- Heleninha vamos almoçar por aqui mesmo, no caminho eu vi vários restaurantes, nós vamos chegar a tarde na fazenda, seria bom a gente comer antes, o que você acha? - Estava sem graça ao lado da ruiva, os dois ainda não tinham saído juntos assim sozinhos.
- Pode ser Bruno. - Disse sem muito animo.
O rapaz pediu para Helena escolher o melhor lugar, mas ela disse que confiava no gosto dele, então pararam em um restaurante de pratos prontos, estava razoavelmente cheio, logo que entraram sentiram aquele famoso cheiro do bife acebolado. Se sentaram e novamente o Bruno sempre falante, dizendo que estava feliz pela ruiva, por ela poder ver e por tudo no dia ter dado certo, Helena as vezes até sorria com algumas graças do rapaz. Era um homem simples, gentil e agradável.
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Alexandra andava pela cidade quase correndo, estava em seu horário de almoço, aproveitou esse momento para ir até o banco pegar um dinheiro, no final de semana iria para a fazenda, o mundo poderia acabar, mas ela iria ver o que estava acontecendo para Helena ter sumido desse jeito. A morena estava distraída, foi então que sentiu seu braço ser levemente puxado por alguém, virou assustada para ver quem era e então sua expressão agora foi de surpresa.
- Desculpa te puxar assim, mas eu preciso conversar com você. - Ele estava com o semblante triste e cansado.
- Não temos nada o que conversar Henrique. - Soltou o braço da mão dele.
- Eu iria te procurar no hospital, mas me faltou coragem e então eu vi você passar aqui agora e decide te puxar. - Falou ignorando o que a morena tinha acabo de dizer. - Eu estou indo embora Alexandra, mas antes eu queria me despedir e pedir desculpas de novo.
- É ... você já me pediu desculpas Henrique, não tem porque continuar me pedindo, é melhor esquecermos isso. - Olhou para os lados tentando dissipar um pouco da raiva que sentia pelos impulsos do rapaz. - Mas você disse que está indo embora, o que quer dizer com isso? - Se preocupou com isso, Henrique não parecia estar bem, tinha medo que ele fizesse alguma bobagem.
- Eu vou para Londres, recebi uma proposta de emprego de alguns advogados conhecidos da minha família e eu resolvi morar lá por uns tempos. - olhou para um ponto qualquer a sua frente, enquanto tinha uma Alexandra olhando atenta pra ele. - Eu to precisando me afastar um pouco de tudo Alexandra, depois que nos separamos tudo na minha vida mudou, antes eu tinha uma parceira sabe. - Algumas lágrimas já caiam no rosto do rapaz. - Eu sonhava em ter uma família, mas eu fiz uma bobagem que me arrependo até hoje, talvez poderíamos estar casados, eu poderia ter te conquistado, nós poderíamos ser felizes juntos...
- Xiii... não se culpe tanto por isso Henrique.- Alex colocou a mão nos lábios do rapaz pedindo silêncio. - Eu também errei, colaborei pra você criar seus sonhos ao meu lado, mesmo não sentindo o mesmo que você sentia por mim, eu alimentei suas esperanças, talvez nós dois pudéssemos realmente termos casado, mas não seriamos felizes, eu não iria conseguir me doar inteira pra você e isso não é culpa sua, não podemos controlar aquilo que sentimos. - Também sentia lágrimas no seu rosto, estava com os sentimentos a flor da pele, por tudo o que estava acontecendo. - Me desculpa não poder te amar como você um dia esperou você é um homem maravilhoso Henrique, tem suas falhas como qualquer ser humano, tenho minhas magoas em relação a você sim, mas desejo sua felicidade, desejo que você encontre um amor recíproco.
- Desculpa mais um vez por tudo de errado que eu fiz. - Fazia carinho no rosto da morena.
Bruno e Helena estavam saindo do restaurante depois de terem feito sua refeição, estavam rindo de alguma pérola do rapaz, foi quando Helena olha para frente e vê a razão de suas noites mal dormidas ultimamente, tendo o rosto beijado por Henrique e logo depois sendo abraçada, correspondendo a aquele gesto com intensidade.
Alexandra apertava o rapaz com força nos seus braços, mesmo ele tendo feito tudo o que fez, viveu bons momentos ao lado dele, sentia pena do sofrimento que via em seus olhos, não eram apenas noivos, Henrique também foi seu amigo, sempre a incentivou a conquistar coisas novas, mesmo não tendo o amado como homem, o amou como pessoa, se apaixonou pelo seu jeito gentil, por seu carinho. Aquele abraço era o fechamento definitivo de um ciclo.
- Seja feliz Rique. - Dizia em seu ouvido.
Depois de ver essa cena do outro lado da rua, Helena não precisava de mais nada para entender que a morena tinha reatado com o ex, que o que as duas tinham vivido, não passava de um momento de carência, que talvez sua história tenha sensibilizado a morena e a mesma tenha confundido pena com carinho e amor.
Ver Alexandra naquele momento lhe trouxe novamente aquela dor intensa, queria apenas sumir naquele momento, tinha tanta raiva e magoa, que não queria explicações da morena, queria apenas que essa sumisse de vez da sua vida.
Fim do capítulo
Voltei gatinhas.
Eu disse que não iria desistir da história e não vou.
Me desculpem a demora pra postar, mas a vida anda muio corrida.
Obrigada como sempre pelos comentários, elogios e carinho, continuem assim kkk
Essa semana ou semana que vem quero postar outro capítulo.
Capítulo intenso, espero que não fiquem bravas, precisamos desse começo difícil para desenvolvermos uma história legal. A vida é assim, começo é difícil, mas depois tudo se ajeita, se for pra ser, será.
Beijos, até o próximo.
Quem quiser mandar um alô no instagram tbm, perguntando algo, pode mandar, tem algumas meninas que não conseguem comentar por aqui, já passei por isso, sei como é.
lari_m.aguiar
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Alci
Em: 08/06/2018
Não entendo de amor,porém de fogo eu entendo. E o fogo que queima nessas duas é larva vulcânica. Corre por sobre as águas de traição,tornando se sólido ,eterno. É uma fogueira em brasa sob forte chuva. As gotas caem levantam um pouco de fumaça deixando os olhos ardidos a chorar...cria um pouco de cinza ,e a brasa continua ali menos vermelha,só esperando um capim seco para incendiar, uma madeira seca para voltar a ser chama. E segundo Camões, amor é fogo.Então...
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