Quinto Capítulo
Quando cheguei em casa no domingo à tarde, senti meu coração se despedaçar, o carro de Pedro estava estacionado na frente da casa dela. Está certo que eu estava sendo hipócrita, afinal tinha passado a noite com Regina, mas ainda assim doeu. Fiquei tentada a dar meia volta e ir para casa de Alexia, mas não poderia fugir da minha própria casa. Lembrei que Carlos iria buscar Lavínia no sábado depois do churrasco, e eles com certeza aproveitaram a noite.
Mais a noite ,ela foi em casa, estava com um prato na mão, vi dois pedaços de bolo. Essas pequenas gentilezas me fazia ficar mais encantada. Agradeci e a chamei para entrar, estava de banho tomado e seu cheiro era inebriante, me lembrei o porquê dos cabelos molhado, rugi de raiva por dentro. Ela me confirmou que Lavínia não estava em casa, e me contou sem detalhes a noite com Pedro. Não que isso importasse, minha imaginação infelizmente era fértil. Eu vi o brilho no seu olhar, a satisfação na sua expressão, ela estava gostando dele. Me explicou seus medos, por estar depois de anos se envolvendo com outra pessoa, e eu com uma boa masoquista, falei que nessa vida a gente tinha que tentar mesmo. E naquele momento resolvi seguir meu próprio conselho.
Regina entrou na minha vida como uma brisa suave que aplacou um pouco o calor abrasador que Silvana havia incutido nela. Saímos algumas vezes, dormir mais algumas vezes no apartamento dela. Até que estive pronta para mostrar minha casa. Foi em um sábado que Silvana descobriu que estava namorando.
Nossa rotina tinha mudado, ainda dava carona para ela, amava aqueles momentos quando se enroscava toda em mim, sabia que era o máximo que teria dela. Mas não almoçávamos mais juntas, nosso jantares também não aconteciam porque sempre me encontrava com Regina. Eu sofri com essa separação, mas foi necessário se eu queria esquece-la como mulher. Mas tentava sempre ter um tempo para Lavínia.
O sol estava abrasador, eu consertava um probleminha na minha moto, estava com uma regata e uma bermuda, coisa rara para mim, mas ficar no sol torrando com minhas surradas calça jeans e camisetas não daria. Meu cabelo curto estava em um coque , deixando minha nuca para queimar. Estava agachada vendo o escapamento, quando senti alguém me observando, por um momento pensei que fosse Regina, mas ao levantar a cabeça deparei com Silvana parada alguns passos, não consegui observar seus olhos direito por que ela estava contra os sol, mas ela mordia o lábio inferior e tinha uma expressão que se eu não soubesse de quem se tratava, acharia que era de desejo. Me levantei um tanto assustada e Silvana deu seu meio sorriso e a expressão sumira. Ela me ofereceu o copo que levava e disse:
- te vi torrando aqui fora, toma ta super gelada ,fiz agora.
- valeu.
Nos encostamos no meu murinho, e não nego, olhei seus seios volumosos saindo pelo decote da blusinha que ela usava. Tomei a limonada meio sôfrega, tentando apagar o fogo que me tomou com a visão, ela continuou:
- faz tempo que a gente não conversa, está tudo bem?
Uma gota escorreu pelo meu queixo e para minha surpresa antes que eu pudesse seca-la, Silvana correu o dedo por ela. Eu travei, meu coração disparou tanto que parecia que tinha corrido uma maratona, meu corpo correspondeu com tesão. Não consegui me controlar, meu olhos desceram até a boca dela, e a única coisa que tomou minha mente, e que tinha que sentir o sabor dela, correr minha língua ali dentro, senti a dela na minha. Cheguei a inclinar a cabeça e me atentei que Silvana não tinha se afastado. Foi quando Regina gritou meu nome, o feitiço foi quebrado. Minha cabeça girou e quando vi, minha namorada já estava junto a nós, do outro lado do muro.
Regina me puxou pelo braço e entrelaçou meus dedos aos dela. Silvana deu um passo para trás, estávamos realmente próximas e olhou para nós duas. Pigarrei e disse meio sem graça:
- Silvana essa e Regina, minha namorada.
- ah - ela me olhou com acusação nos olhos, porque nunca mencionei Regina.
Minha namorada sorriu amplamente e estendeu a mão para Silvana, que apertou e depois começou a se afastar, gritei:
- o copo Sil!
Ela me encarou parecendo com raiva e disse com a voz seca:
- depois você leva.
- ta.
Ela se afastou e entrou no quintal, Regina me virou para ela e perguntou:
- que isso?
- limonada.
- adoro limonada.
Ofereci o restante do meu copo, mas ela me puxou e me beijou. Me afastei logo em seguida, não gostava de demonstração de carinho em público, não por ser lésbica, mas por minha personalidade. Mas Regina apenas respondeu faceira:
- prefiro da sua boca.
Sorri, então meu olhos foram sempre para onde iam desde que a casa ao lado fora ocupada. Foi assim que a vi, ainda não tinha entrado e viu o beijo, tive certeza que sua expressão mostrava tristeza, naquele momento não entendi o porque.
Fim do capítulo
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