Gente, me procurem no insta, quem tiver! É @literaturalesbicabr. (:
A verdade
POV LOUISE
Eu queria tanto matar Ingrid, para que ela foi abrir a boca? Eu conversaria com Elena sobre tudo, mas quando fosse o momento certo. Porém, quando ela me disse das palavras de Ingrid mudei de ideia, não tinha porque esconder dela.
Todas as vezes que tentei falar alguma coisa aconteceu e não foram coisas boas. Quanto mais sabia sobre sua família, mais entendia seu jeito frio.
Eu vi o desespero em seu olhar em todos os momentos, ao ser chamada no hospital, ao saber dos custos e mais ainda ao ver a mãe na cama, as lágrimas desciam de modo livre, fiquei aflita de vê-la se desmontando em minha frente. De modo impensado a trouxe para junto de mim, não foi um abraço, foi algo desajeitado, minhas mãos permaneceram em seus braços e ela permaneceu intacta por um tempo, depois afundou a cabeça em mim até cessar todo aquele desespero.
- Vai para casa Elena, ou trabalhar, não sei. Ficar aqui não altera, você não vai poder entrar e ela talvez só acorde amanha. - O médico explica depois de ficarmos quase duas horas na sala de espera.
- Não quero ir.. - Diz, com os olhos marejando de novo.
- Ele tem razão Elena, vamos. Amanha você volta, já são quase cinco horas. - Sento ao seu lado.
- Tudo bem. - Se levanta contrariada.
- Amanha nós voltamos. - Digo ao médico e vou atrás dela. - Hei, vamos à empresa, você tem coisas para pegar, não tem?
Elena apenas assente, seguimos em silêncio até a empresa. Eu daria muito para saber o que ela pensa enquanto esfrega uma mão na outra e tem o olhar distante.
Chegamos e subimos, as pessoas estão indo embora, todos olham para nós, para variar.
- Trabalhar depois do horário? - Elsa pergunta nos analisando.
- Vai embora, Elsa. - Falo fazendo um gesto com a mão.
Subimos e desligamos as coisas, ainda vejo alguns documentos, perder a tarde me deixou bem atrasada em algumas coisas.
- Vou indo, até amanha. - Elena diz com a cabeça dentro da sala.
- Vai para casa? - Pergunto desviando a atenção do notebook.
- Vou.. Não é longe. Tchau Srta. Poks e muito obrigada por hoje. - Antes que eu diga algo ela se vira fechando a porta.
Fico incomodada com o fato de ela dormir sozinha, pode ser perigoso. Desligo tudo que falta e quando saio, o elevador já está lá embaixo.
- Droga! - Resmungo enquanto desço.
A vejo ir embora, porém, é contramão. Subo no carro e dou a volta por na rua na intenção de encontrá-la. Não Louise anda olhando para baixo na calçada, a passos lentos. A acompanho com o carro, andando bem devagarzinho até chamar sua atenção.
- Louise? - Para de andar, me olhando.
- Você.. Pode ser perigoso dormir sozinha. - Falo de uma vez.
- Acredito que não, não precisava ter vindo até aqui. - Nega e cora.
- Você pode ficar em casa.. - Não quero pensar no que estou fazendo.
- Não, Louise, já te incomodei demais. Olha vou indo, está tudo bem mesmo. - Se despede.
- Me deixa te ajudar! Você não precisa fazer tudo sozinha. - Falo alto a fazendo parar.
- Porque quer me ajudar? - Pergunta séria.
- Não faz perguntas difíceis. Vem, por favor. - Entro no carro, a esperando.
A vejo se virar e dar um passo. "Teimosa", penso revirando os olhos. Porém, ela para e vem até o carro entrando.
- Eu fico com vergonha, sabe? Sou uma garota de 17 anos cheia de problemas, você é uma adulta, com uma vida formada, cheia de afazeres e eu fico te perturbando, um dia é porque minha mãe não volta, outro é no hospital e agora novamente você me levando para sua casa. - Comenta e vira, olhando para fora do carro.
Não comento, apenas dirijo. Sempre sincera, sempre sendo ela mesma. Chego em casa e peço que entre. Ela fica sem jeito, parece uma estatua6 no sofá.
- Pode ficar no mesmo quarto, tomar banho, tem roupas.. Fica a vontade. - Tento deixá-la a vontade, não sei muito o que fazer.
- Prometo incomodar o menos possível. - Fala se levantando, indo até o quarto.
Louise permanece no quarto lá por muito tempo, pois, tomo banho, preparo janta, dou uma olhada nos e-mails, pretendo sair para caminhar, e nada dela aparecer.
- Elena? - Bato na porta.
- Pode abrir. - Escuto sua voz baixa. Ela está sentada na cama com um short e uma camiseta branca. As cores claras combinam com ela.
- Quer ir caminhar um pouco? A praia fica vazia esse horário. - A chamo e ela assente calçando chinelos.
Saímos, tranco a casa e de fato, a praia está vazia. O clima está bom, o vento bate contra nós bagunçando nossos cabelos, mais os meus, pois, os de Elena são longos e mais pesados.
O único barulho que faz é das águas do mar. Elena anda olhando para essa imensidão a nossa frente.
- Quando eu era pequena queria morar em uma casa de praia. - Para e se vira para frente, cruzando os braços em sua frente.
- Eu amo! É o melhor lugar pra se morar.
- Você sempre trás pessoas assim para sua casa? - Pergunta me olhando.
- Assim?
- Que você ajuda..
- Eu não ajudo ninguém.. E você é a primeira pessoa que vem aqui. Nem minha família veio. - Sou sincera, só então paro para pensar que de fato, nunca trouxe ninguém na minha casa.
- Porque eu? - Pergunta desviando o olhar. Isso facilita tantas coisas.
- Cheia de perguntas difíceis. - Retornamos ao silêncio.
Eu sinto que estou sendo omissa com ela. Elena é sem duvidas minha melhor funcionária em anos e não quero perdê-la. A vejo se sentar na areia com a expressão preocupada.
- Elena.. - Posso ver só um lado de seu rosto, os olhos pequenos, um sorriso morno.
- Senta.. - Fala e volta a olhar para frente. - Você tem algo bombástico a me contar, lembra? - Brinca e quebra o clima tenso em partes. Olho para os lados, olho para ela, olho para minhas pernas e depois para o mar. Quando era menor eu me perdia em pensamentos dentro dele.
- Não sou quem ou o que você pensa.. - Começo, mesmo pensando que esse não é o jeito de contar.
- Louise, não enrola. Você é um ET? - Pergunta e eu rio alto.
- Sou transexual, Elena. - Cesso a risada de um segundo para o outro. Sinto o olhar dela cair sobre mim. Mas não tenho coragem de olhá-la.
- Sério? - Pergunta e concordo.
- Eu deveria ter te contado, eu sei. Eu só não queria que deixasse de trabalhar comigo e.. - Desembesto a falar e sou cortada.
- Hei! Você achou que eu deixaria a empresa por conta disso? - Pergunta com a expressão séria.
- É.. - Falo com o rosto queimando, ainda bem que está de noite.
- Você é muito boba, Louise. Primeiro de tudo, você não precisava me contar como disse, é algo seu, se não quisesse não precisava. Segundo, qual o problema nisso? Você disse hoje mais cedo "eu sou o problema", não, você é um humano igual a mim e todos os outros. Surpreendeu-me, claro. Mas não sei por que achou que eu teria preconceito ou algo assim. - Quem me surpreende na verdade é ela com essa reação. Eu só sei sorrir, porque fico realmente feliz por ela não ter surtado.
- Obrigada, Elena! De verdade, estava apreensiva de te contar, porque tem muitas pessoas que não aceitam e é um assunto delicado para mim. - Me levanto a ajudando a levantar.
- Você é uma mulher linda, Louise. Nunca tenha vergonha disso. - Diz e me surpreende mais uma vez dando-me um beijo na bochecha. - E, você tem alguém, né? Disse que está com problemas sentimentais... - Seu olhar encontra o meu e não sei decifrar, Elena entendeu tudo errado.
- Não tenho ninguém, Elena.. Eu.. - Suspiro e a vejo caminhar.
Fico a observando voltar para minha casa sem me deixar explicar, vou atrás sorrindo sozinha. Ela se senta no degrau da escadinha e sento-me ao seu lado.
- Qual é a sua história, Louise?
- Hoje aconteceram muitas coisas, outro dia eu conto. - Penso na quantidade de coisas que ocorreram. - Olha, desculpa ficar estranha, eu estava sendo boba.
- Quero que sua ex-mulher vá fazer graça comigo de novo. - Ri.
- Porque?
- Para ela saber que vai ter que me aguentar muito.
Sorrio abraçando meus joelhos olhando para frente, uma tranquilidade nos rodeia enquanto estamos aqui. Não me sinto leve assim a um bom tempo. Amanhã nós teremos outro dia difícil, Elena não demonstra tanto suas emoções, isso me incomoda um pouco, ela não mente dizendo estar bem ou mal, mas não diz nada sobre. As vezes, como agora parece estar bem, contudo sei que não.
Fim do capítulo
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