Logo que chegaram em casa, Lorena já começou a se despedir antes de dormir.

- Vou escovar meus dentes, trocar de roupa e deitar.

- Já está com sono princesa? (Carine perguntou).

- Ainda não, quero acompanhar meu áudio book (contou).

- Seu o quê? (Sua mãe quis saber).

- Mãe, a Cá me deu de presente áudio livros muito legais.

- Compramos em uma livraria logo que te deixamos no aeroporto, literatura infantojuvenil (a morena explicou).

- Que interessante!

- Mãe, boa noite (disse Lorena beijando e abraçando-a).

- Meu amor, sonhe com os anjinhos. Deus te abençoe!

- Cá, vamos no parque amanhã?

- Se sua mãe concordar, vamos sim.

- Então, boa noite (falou também a abraçando e beijando).

- Pequena, durma bem!

A criança deixou a sala e seguiu para o seu mundo cor de rosa, seu quarto.

- É tão lindo o afeto que existe entre vocês. Obrigada por ser tão maravilhosa para ela.

- Nem precisa me agradecer, o faço por amor.

- Eu te amo!

- E eu te amo mais (Carine afirmou e a beijou com muita intensidade).

Beatriz decidiu contar tudo para ela e após o intenso beijo a chamou para o quarto. Mal entraram no ambiente, Carine largou a mala num canto fechou a porta e abraçou a companheira.

- Senti saudades (contou beijando o pescoço dela).

- Eu também e nós precisamos conversar.

- Deixemos a conversa para depois, agora quero você.

- Também te quero, mas preciso muito falar contigo.

- Agora o mais importante é matarmos as saudades (disse acariciando a companheira).

- O que tenho para falar é sério.

- Linda, depois!

- Carine.

- Eu?

- Por favor, me escute, é importante.

- Algum problema? (Perguntou olhando nos olhos de Bia, que assentiu).

Elas se sentaram na cama uma de frente para a outra e Carine começou a ficar preocupada.

- Amor, o que aconteceu? (Questionou aflita).

Beatriz inspirou e expirou, buscou força e coragem; revelou tudo detalhadamente. Ao término do seu monólogo ficou esperando Carine dizer algo, porém, a morena ficou emudecida.

- Fale comigo, grite, brigue, mas por favor, não fique calada. O seu silêncio está sendo uma tortura.

O problema é que Carine não estava com forças e nem com vontade de dizer nada. Estava em choque e perdida depois de ouvir todo aquele relato. Foram longos minutos em um silêncio absoluto. Então Beatriz tentou tocar na morena, que se esquivou e despertou do seu estado de inércia. Levantou da cama, abriu seu guarda-roupa retirou uma mochila, separou algumas poucas roupas e continuou sem dizer nada.

- Cá, o que você está fazendo?

Silêncio!

- Onde você vai?

Novamente nenhuma palavra foi pronunciada.

- Pelo amor de Deus, fale comigo!

Ser ignorada estava sendo uma tortura para Bia.

Carine foi até o banheiro pegou sua escova de dente, terminou de arrumar sua mochila e deixou o quarto sendo seguida por uma Beatriz desesperada.

- Por favor, não dirija, da última vez que errei contigo e você pegou o carro nervosa, ocorreu aquele acidente que me culpo até hoje. Não vou me perdoar se algo acontecer contigo.

Sem nada dizer, a morena deixou as chaves do carro em cima da mesa da sala, pelo aplicativo do celular chamou um táxi e deixou o apartamento. Beatriz arrasada queria ir atrás dela, no entanto, Lorena é só uma criança e não pode ficar sozinha. A loira passou boa parte da noite chorando, teve insônia, tentou ligar para Carine que recusou todas as suas ligações e não respondeu nenhuma mensagem, nem mesmo visualizou, pois optou por desligar o celular. Na manhã de sábado, nem sinal da morena e Bia concluiu que ela precisava de tempo para pensar, o jeito foi deixa-la em paz e aguardar o seu retorno. Quem não gostou nem um pouco da ausência de Carine, foi Lorena, que passou o final de semana inteiro perguntando por ela e a sua mãe sem saber o que dizer, inventou que a fisioterapeuta teve um compromisso profissional.

Fim do capítulo