Beatriz pensou por alguns minutos, analisou e respondeu:

 

- Thomaz, eu não vou fazer nada que eu possa me arrepender depois.

 

- Você só vai se arrepender, se não passar a noite comigo (disse convicto).

 

- Sinceramente, sim eu tenho interesse e não é pouco.

 

- Gostei da sua sinceridade (falou sorrindo e se aproximando ainda mais dela).

 

- Olha, se eu estivesse solteira, sim, nós já estaríamos juntos em um dos quartos, satisfazendo as nossas vontades, porém, eu não consigo, pois neste instante, é a minha companheira que está cuidando da minha filha, em São Paulo. Da mesma forma e na mesma cidade, tem também a sua esposa, que agora, está na sua casa, com o seu filho. Então, seguirei a minha consciência e não quero amanhã enfrentar nenhuma ressaca moral.

 

- Não pense nisso, siga seus instintos (aconselhou pegando na mão dela).

 

- Eu tenho juízo!

 

- Esqueça disso e vamos aproveitar (citou antes de depositar um beijo na mão dela).

 

- Por mais insistente que você seja, alerto que você não vai conseguir.

 

- Adoro um desafio (afirmou).

 

- Vai só perder seu tempo (debochou).

 

- Você deveria ter bebido mais vinho e se soltado ainda mais.

 

- Discordo.

 

- Percebo que você tem uma opinião bem forte.

 

- Sim tenho e postura também (contou ríspida).

 

- Conheço este jogo feminino de se fazer de difícil.

 

- Cara, agora você foi bem machista. Se eu quisesse e pudesse, não teria nenhum joguinho comigo e nem me faço de difícil. Sou autêntica, quando quero algo, batalho e conquisto.

 

- Acho que eu poderia dormir sem essa né (disse sem graça).

 

- Por falar em dormir, vou entrando no meu quarto.

 

- Eu ainda não desisti.

 

- Mas deveria.

 

- Dura na queda?

 

- Muito.

 

- Quanto tempo para que você perca o controle?

 

- Eu não vou perder.

 

- Posso te fazer mudar de ideia.

 

- Nem tente.

 

- Então temos um dilema, pois eu também não quero sair perdendo.

 

- Aceita!

 

- Beatriz, eu quero você.

 

- Querer, não é poder.

 

- Você também me quer, observo no seu olhar.

 

- Elevada sua autoestima.

 

- Mulher, não me provoque.

 

- Nem tenho esta intenção, pretendo mesmo fugir das suas garras.

 

- Como?

 

- Entrando no meu quarto, tomando um longo banho e na sequência vou adormecer, com a consciência tranquila por nem ter feito nada errado.

 

- Tem noção que eu posso ser um erro muito prazeroso?

 

- Tenho.

 

- Certeza?

 

- Sim, sei que entre nós prazer não faltaria, é perceptível está tensão sexual e seria delicioso sanar; contudo, eu não posso e nem vou sucumbir à tentação.

 

- Beatriz, permita-se!

 

Ela não respondeu, deu as costas para ele, abriu a porta do seu quarto, entrou e fechou. Ele, ficou parado, atônito por ter sido abandonado. Thomaz inconformado ainda bateu na porta dela, chamou e nada. Uns vinte minutos depois acabou desistindo e seguiu para o seu quarto.

Bia ignorou todos os chamados dele, tomou uma longa ducha, ouviu músicas e antes de dormir, ficou deitada olhando fotos da sua filha e de Carine.

O último dia do congresso educacional foi produtivo e passou rápido. Thomaz optou por evitar Beatriz, ele estava com o orgulho ferido, ela achou melhor e mais seguro manter distância.

Durante a viagem de regresso, a loira manteve-se pensativa por todo o percurso, estava na dúvida se contava ou não sobre tudo.

No aeroporto, especificamente no setor de desembarque Thomaz finalmente compreendeu os motivos de Bia e teve a confirmação que a atitude dela foi muito assertiva. Ele viu primeiro quem aguardava por ela.

 

- Ei Bia.

 

- Oi.

 

- Elas te amam.

 

- Como?

 

- Permaneça valorizando-as e cultivando este sentimento.

 

- Não estou entendendo.

 

- Sua família é linda. Continue sendo leal.

 

- Thomaz você me ignorou o dia todo e agora do nada vem com esta filosofia de vida. Você está bem?

 

- Sim estou e aprendi contigo, sabia?

 

- Aprendeu o que?

 

- Que devo valorizar mais quem me ama e cuidar verdadeiramente da minha família.

 

- Uau!

 

- Agora é hora de matar as saudades, dos nossos filhos e companheiras (ele terminou de falar, deu um rápido abraço nela de despedida e em seguida deixou o saguão).

 

Thomaz estava ansioso para chegar em casa, reencontrar sua esposa e filho.

 

- Mamãe! (Lorena chamou por Beatriz que ainda estava digerindo tudo que tinha acabado de ouvir).

 

Bia se virou para elas e se sentiu a protagonista de uma cena, que só tinha visto em novelas e filmes. Nas mãos de Carine um lindo buquê de flores e Lorena carregando consigo um belo cartaz de boas-vindas. A loira ficou muito emocionada e agora sim, as palavras de Thomaz ganharam muito sentido. O reencontro foi muito agradável, repleto de carinho e afeto. As três jantaram juntas, em um restaurante próximo do aeroporto.

Todo o diálogo foi mediado por Lorena, que quis contar os mínimos detalhes sobre os dias que não passaram juntas.

 

- Cá, conta para a mamãe, eu me comportei direitinho não foi?

 

- Verdade princesa.

 

- Ela te obedeceu?

 

- Sim, ela é muito educada e uma criança encantadora.

 

- Sou quase uma mocinha (Lorena destacou e voltou a tagarelar sobre tudo que fez na ausência da mãe).

 

Beatriz fez uma prece silenciosa agradecendo por ser amada e ter uma família maravilhosa.

Fim do capítulo