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  • Capítulo 42 Sacrifícios (Parte 2)

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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 8125
Acessos: 3751   |  Postado em: 22/04/2018

Notas iniciais:

Boa noite a tod@s, 

Um pouco mais tarde que o usual, estou postando mais um capítulo da nossa fic. 
Peço desculpas por não ter respondido os comentários essa semana, mas estava na correria de correções de provas. 

Aproveito para informar que teremos uma nova trilogia de capítulos, ou até quem sabe uma "quadrilogia". Sendo assim, preparem seus corações. 

Bom leitura e uma ótima semana!

Capítulo 42 Sacrifícios (Parte 2)

Guardo comigo as palavras de Nanuk e das anciãs... Aquelas que alentam meu coração:

"O amor de vocês é extraordinário e ancestral e está escrito que vocês sempre estarão juntas!”

Por isso meu amor, que hoje, já sob os primeiros raios de sol do ultimo de meus dias, eu não tenho medo, porque sei que irei reencontrá-la e saber que estás viva e bem, me conforta.

Não temas! Não sofras! A dor que experimentarei será só física, pois minha alma está em plena alegria pois sei que fui e sempre serei amada por você.

Com amor,

Sua Mel.

Nice, 14 de setembro de 1661

 

******

 

Com o coração em pedaços, Delphine leu as ultimas palavras do diário de Melanie. Estava devastada e ao mesmo tempo encantada com tudo o que pode experimentar com aquela leitura e reviver aqueles dias, meses e anos pelos olhos de seu grande amor foi a mais surreal das sensações.

Os últimos dias passaram voando e ela mal parou para comer ou dormir. Necessitava terminar aquela leitura como se dependesse daquilo para viver e, indiretamente, sabia que aquilo poderia ser bem a verdade. E assim que pôs o ponto final na transcrição que fizera para Cosima, sentiu como se um enorme peso lhe fosse tirado dos ombros. Pois agora poderia entrega-lo para sua amada e deixar que ela pudesse tirar suas próprias conclusões antes que pudesse lhe contar tudo o que precisava.

- Com licença Srta. Cormier! – Uma jovem mulher negra lhe chamava a atenção. – O seu voo foi liberado. – Era a funcionária da área para voos privados do aeroporto Charles De Gaulle.

- Muito obrigada. – Agradeceu educadamente enquanto fechava o caderno com capa de couro marrom escuro e folhas de linho e seda finíssimas. Havia escolhido aquele caderno com todo o carinho, para transcrever as memórias de seu amor. O fez a próprio punho, com a clara esperança de que Cosima reconhecesse a sua caligrafia, juntamente com a de Melanie. As mesmas usadas na escrita do livro da Ordem, cuja cópia ela havia recebido.

- Também pensei que atrasaria muito mais. – Helena, que estava sentada na poltrona a sua frente fez o mesmo gesto de conferir seu relógio. – Aqui estão as confirmações de reserva do hotel.

- Ainda chateada porque não irás à Índia comigo? – Brincou enquanto caminhavam para a saída do hangar.  

- A palavra que melhor me definiria nesse momento em relação a você é preocupada Delphine. – Desvencilhou-se dos braços dela em sua cintura. – Sinto que algo ruim está por acontecer.

- E desde quando acreditas nessas coisas de sensações? Tens andado muito com a Genevieve. – Brincou.

- Sabia que há dois dias não temos notícias da Susan? – Parou com ambas as mãos na cintura enquanto Delphine continuou andando até parar e se virar para ela.

- Essa não é a primeira vez não é mesmo? – Caminhou de volta a ela. – Mas não se preocupe a repreenderei novamente por isso. O farei assim que voltar, prometo! – Brincou cruzando os dedos e os beijando. Fez o mesmo na bochecha de sua amiga. – Mas agradeço a sua preocupação e tudo que está fazendo para manter a Cosima segura. – Lhe olhou profundamente nos olhos e não disseram mais nada.

Helena ficou atrás da porta automática, apenas assistindo Delphine seguir em direção ao seu jatinho que estava bem próximo. Ela cumprimentou o comandante e a comissária que seguiriam com ela. Sua segurança ainda esperou que a pequena aeronave taxiasse e saísse de seu campo de visão. Detestava quando não tinha Delphine ao seu alcance, pois parecia que perdia o controle sobre qualquer ameaça que poderia estar iminente. Mesmo tendo se certificado que seu pessoal estaria de olho nela a todo o instante, sabia que ela era imprevisível e que não teria problemas em mudar a sua agenda por puro capricho e sem avisá-la.

- Você precisa ser mais prudente Delphine Cormier! – Disse para si mesma enquanto caminhava em direção ao seu carro. A prudência seria algo muito mais do que necessária dali para frente, pois agora havia a vida de Cosima em jogo e a iminência de um embate final entre a Ordem e o Martelo.

Pouco mais da meia-noite estava estacionando em seu prédio. Sentia um pesar nas têmporas e o sono lhe queimar os olhos. A exaustão de dias agitados e de muitos treinos estava cobrando seu preço. Só conseguia pensar em um bom banho de banheira e boas e longas horas de sono, pois teria todo o final de semana para si. Ainda estava lamentando o fato de Stella estar ocupada em algum lugar sigiloso do Oriente Médio a serviço da CIA. Adoraria passar esse tempo com ela, mas teria de se contentar em aproveitar sua própria companhia e a de bons filmes e séries.

Com esse pensamento lhe fazendo sorrir, desceu de seu carro. Devido ao horário, o amplo estacionamento estava vazio e os seus passos ecoavam naquele ambiente, porém eles não eram os únicos e num movimento rapidíssimo, sacou sua arma de sua cintura e virou-se para ser completamente surpreendida.

- JOANA?! – Disse em total incredulidade. A mulher estava parada diante dela, com expressão preocupada e ambas as mãos erguidas e espalmadas, indicando que estava desarmada.

- Helena, por favor, me ouça antes de qualquer coisa. – Suplicou.

- Você é realmente uma cretina muito corajosa ou muito idiota para aparecer diante de mim novamente. – Caminhou em direção a ela com a arma ainda apontada em sua direção.

- Eu preciso que me perdoe! – Ergueu suas mãos ainda mais causando uma risada sarcástica na outra mulher.

- Então você quer o meu perdão? – Disse assim que encostou sua pistola no abdômen dela, mais ou menos no mesmo lugar onde ela havia atirado em Delphine há alguns anos atrás, num estacionamento semelhante aquele. – Ironia poética eu diria! – Sorriu com ar perverso.

- Vai mesmo atirar em mim? – Apesar do pedido inicial de perdão, a petulância de Joana não ficava de fora.

- Você bem que mereceria, mas... – Girou a pistola em sua mão e acertou o belo rosto da mulher negra, causando-lhe um pequeno corte e levando-a a tombar, apoiando-se em um carro e quando Helena guardou sua pistola, e partiu para continuar a bater nela, foi surpreendida por uma terceira pessoa ali.

- OIE! – A característica saudação foi dada em tom de advertência. – Eu não a ensinei a perguntar antes de bater?

- Siobhan? – A surpresa foi ainda maior ao ver sua antiga mestra e em quem mais confiava ali naquele estacionamento. – Mas o que significa isso? – Sua cabeça estava um caos. Aparentemente Joana estava ali juntamente com S.

- Se você se acalmar um pouco nós podemos explicar – S ajudava Joana a se levantar. – Mas sugiro que façamos isso lá em cima, muito em breve o dono do carro estará aqui. – S se referia ao carro que Joana caíra contra, disparando o alarme.

Sem muito compreender, Helena as seguiu em direção a um dos elevadores que fechou suas portas, com as três lá dentro, segundos antes de o outro chegar com o dono do carro. Ainda dentro daquele cubículo, ela olhava para Joana com ira e desgosto nos olhos. Apesar dos anos passados, a mágoa ainda era algo que corria o coração da morena. Chegaram ao oitavo andar e entraram no apartamento de Helena.

- Não pensei que voltaria a entrar aqui! – Joana ousou dizer, aumentando a raiva de Helena que foi freada por S que a olhou duramente. Bufou para ela, detestando o fato de Siobhan a conhecer tão bem.

- Muito bem, sou toda ouvidos! – Sentou-se, cruzando as pernas e os braços enquanto as duas outas mulheres permaneceram de pé e trocaram um ultimo olhar antes de seguirem.

- Susan está em poder do Lamartine e do Martelo! – Joana foi direto ao ponto.

- O QUÊ? – Helena deu um salto da cadeira buscando a explicação de S.

- Isso mesmo Helena, Joana me procurou ontem para me contar isso. – S confirmou.

- E você acreditou nela? É uma traidora... – Disse essa ultima palavra com dureza, deixando claro que o perdão buscado por Joana era algo aparentemente impossível.  – Ela pode ter dito o que quiser para se aproximar de nós e da Delphine... Nem ouse chegar perto dela novamente sua...

- Calma Helena! – S a repreendeu com veemência. – Sim, Joana cometeu muito erros no passado e certamente o pior deles foi ter se aproximado de você com esse intuito.

- Erros que me arrependo a cada instante... – Joana se pronunciou novamente causando um olhar de repulsa de Helena.

- Joana! Deixe que eu fale. – S a advertiu também. – Você pode não acreditar na Joana ou nem se quer perdoá-la Helena, mas de fato desde aquele momento em que ela... – Mediu as palavras, temendo aumentar ainda mais a tensão naquela sala – Atentou contra a vida de Delphine... Que ela se questionou de seus atos.

- Mas pelo visto o arrependimento nem é tão significativo como ela diz, pois claramente retornou para o lado Lamartine, pois só assim ela poderia ter uma informação como essa. Se é que é verdadeira. – Desdenhou.

- Sim, ela retornou! – Siobhan fez um gesto para que Joana permanecesse calada. – Mas pouco tempo depois ela entrou em contato comigo. – Aquela informação chocou Helena que apenas deixou seu queixo cair e não conseguiu dizer nada. – Você sabe muito bem que eu conhecia a Joana antes de lhe conhecer e ela sabia da existência da Ordem embora nunca tenha feito parte dela. – Helena ouvia tudo com atenção, pois estava realmente desesperada para saber o que aquilo tudo significava. – Então, após aquela noite fatídica, ela questionou-se acerca de tudo o que ela estava fazendo e dos erros que cometeu com você. E me procurou, pedindo e oferecendo ajuda.

- Como assim ajuda? – Helena evitava olhar para Joana que não tirava os olhos marejados dela.

´- Joana passou a ser a minha informante dentro do Martelo! – Só então Helena a olhou de canto de olhou e antes que pudesse formular a pergunta, S a respondeu. – E não, mais ninguém da Ordem sabe disso, nem mesmo a Delphine.

 - Mas S... Ela... Nos... – Ponderou com o fel da ira corroendo sua garganta. - Me traiu! – Havia muita dor e pesar na voz de Helena. Joana baixou a cabeça e deixou que as lágrimas despencassem de seu rosto. – Você já pensou que ela pode está fazendo um serviço de “mão dupla”?

 - Isso seria impossível Helena. Ela nunca me pediu informação alguma em troca do que me dizia. Inclusive... – Olhou para Joana que acenou positivamente com a cabeça. – Foi ela quem me avisou da emboscada para você em Istambul. Lembra? – Helena voltou a despencar na sua poltrona, completamente incrédula daquilo.

 Acabara de ouvir que a sua vida foi salva devido a Joana e que, consequentemente a de muitas outras pessoas naquela missão. Se viu com a cabeça em turbilhão diante de tudo o que acabara de ouvir. Em momento algum Joana havia negado os seus erros, muito pelo contrário, os assumia, mas o que viu era que ela estava procurando algum tipo de redenção que jamais poderia vir.

 - Então quer dizer que a Susan foi sequestrada pelo Martelo? – Helena pareceu mudar seu tom, embora tenha feito questão de ignorar o olhar suplicante de Joana.

 - Infelizmente sim! – S confirmou. – E isso significa que fomos enganadas. – Helena franziu a testa.

 - Isso mesmo! Ela está sob o poder deles desde o ultimo sábado, ou seja, há quase uma semana. – Joana procurou se recompor e enxugou as lágrimas de seu rosto.

 - Mas como isso é possível S? – Helena desesperou-se. – Para que eles a sequestraram... Espera! – Chegou à conclusão antes mesmo de precisar que Siobhan lhe dissesse, mas optou por não verbaliza-la ao olhar para Joana. Apesar de tudo o que ouvira, não poderia mais confiar nela.

 - Não sei ao certo do que se trata, mas eles querem tirar alguma informação dela. – Joana disse – Jamais vi Lamartine tão desesperado... Então eu presumo que deva ser uma informação muito séria. – Emendou. – Mas não se preocupem não precisam me dizer nada. – S e Helena se entreolharam. – E eles as enganaram porque fizeram a Susan mentir sobre seu estado.

 - Mas existe a nossa palavra de segurança! – S andou de um lado para o outro da sala. – Por que ela não usou?

 - A menos que ela não queira ser resgatada... – Helena concluiu.

 - Isso seria um tremendo sacrifício! – Joana complementou.

 E tanto S quanto Helena tiveram o mesmo pensamento. De alguma maneira Susan estava se sacrificando pelo bem da Ordem.

 - Mas não podemos deixa-la passar por isso sozinha. Não podemos deixa-la lá. – Helena concluiu e com uma expressão séria para Joana caminhou em direção a Siobhan, puxando-a para fora do apartamento. Não pretendia que Joana ouvisse o que ela queria dizer. – Como podemos ter certeza de que a Susan já não falou sobre a profecia e sobre a Cosima? – Falou em tom de cochicho.

 - Simplesmente porque a Cosima ainda está respirando! – S foi incisiva. – Susan está resistindo, tenho certeza disso. Mas... Só não sei até quando.

 - Vamos avisar a Delphine... – Helena foi interrompida antes de sacar seu celular do bolso.

 - Não! – S a olhou significativamente. – Você a ouviu, esse final de semana será crucial para elas e, consequentemente, para nós. Nada pode interromper isso. – Helena precisou concordar com Siobhan. – Não alertaremos Delphine, não enquanto não for estritamente necessário. – Voltaram para dentro do apartamento.

 - Tudo bem Joana. Terá sua chance de se redimir um pouco nos colocando no coração do Martelo para que possamos trazer a Susan de volta! – Helena disse com frieza na voz.

 - Será um prazer! – Joana lhe respondeu com um sorriso nos lábios.

 

 _____

 

 - Anda Cosima... Só falta você! – Amélia batia seu pé direito no chão enquanto repousava ambas as mãos na cintura, numa visível postura de quem estava no limite de sua paciência.

 - Isso Cos, os meninos já desceram e já devem até estar terminando o café da manhã. – Até a pacata Sophie já estava estressando com a demora de sua amiga que permanecia tempo demais no banheiro. Era muito lenta pela manhã e isso só piorava com o fato de só ter dormido poucas horas devido a farra da noite anterior quando aproveitaram para comemorar o sucesso de suas apresentações.

 Cosima estava aliviada por não ter pego tão pesado com a bebida, ao contrário do pobre René. O jovem precisou ser praticamente carregado de volta para o hotel, pois a sua foi a ultima apresentação dos seis semideuses e para ele fora a primeira internacional e o nervosismo o fez passar a quinta-feira sem se alimentar direito e quando começou a beber, o efeito foi quase fulminante.

 - Pronto... Para quê tanta agonia?

 - Agonia? Não era você a apressada em querer continuar “explorando as belezas exóticas do oriente”? – Suas duas amigas disseram juntas como se tivessem ensaiado. As três riram e saíram animadas. Ainda no elevador se amontoavam ao lado de Cosima checando o roteiro que ela havia planejado, com o intuito de verem o máximo possível antes de retornarem para a conferência de sua orientadora.

 - Cos... Me tira uma dúvida! – Sophie disse assim que ficaram sozinhas no elevador.

 - Hum... – Sua amiga respondeu enquanto guardava o panfleto na sua bolsa.

 - Me diz como é... – Sophie juntou as mãos, com ambos os indicadores tocando seus lábios. Amélia franziu a testa, mas logo compreendeu o que a ruiva queria saber e isso levou um sorriso sacana em seus lábios.

 - Como é o que? – Ela estava sinceramente sem compreender a quê sua amiga se referia.

 - Como é estar com a Toda Poderosa Delphine Marie Cormier!? – Entrelaçou os dedos e fez uma expressão de ansiedade.

 Cosima fora pega de surpresa com aquela pergunta e ergueu seus olhos do seu celular, onde checava justamente as ultimas mensagens de sua amada.

 - Eh... – Não sabia ao certo o que responder, quando saíram do elevador e já pararam diante do restaurante do hotel.

 - Eu acho que poderemos ver com nossos próprios olhos! – Amélia indicou com o queixo para uma mesa ao centro do restaurante, onde os rapazes estavam acompanhados de ninguém menos que sua professora.

 - Delphine? – Cosima sussurrou enquanto paralisou. Na sintonia perfeita que possuíam, a loura olhou para trás e lhe lançou aquele sorriso especial.

 - Meninas, vejam quem encontramos na recepção do hotel! – Marc gesticulou para amigas.

 - Olá professora Cormier. – Amélia a cumprimentou. – Está hospedada aqui?

 - Na verdade não! Só vim aqui encontrar uma certa pessoa, da qual eu estava surtando de saudade! – Disse sem tirar os olhos de sua amada. Cosima corou de cima a baixo e sorriu debilmente em retribuição ao olhar apaixonado de Delphine que se levantou para recebê-la e causar o seu estarrecimento total e completo ao colar seus lábios, num beijo terno e carinhoso. – Bom dia meu amor! – Puxou a cadeira para ela sentar! Os demais Semideuses também estavam boquiabertos e inevitavelmente ficaram tocados com a troca de carinho entre elas. Contudo, o clima de romance foi quebrado com a saída às pressas de René, literalmente correndo para o banheiro.

 - Ele não melhorou nadinha? – Cosima perguntou, sentando ao lado de Cosima.

 - O que o Sr. Avril tem? – Delphine questionou os demais enquanto bebericava um delicioso chá com leite. Todos se entreolharam e findaram fixando em Cosima. Estavam visivelmente temerosos do que a sua orientadora poderia pensar da pequena farra que realizaram na noite anterior quando deveria estar participando do congresso.

 - Bom... Ontem a noite... Demos uma saidinha... – Cosima iniciou a explicação.

 - Após as nossas apresentações! – Sophie quase cuspiu as palavras, assustando a todos e ficando encabulada em seguida.

 - Sim... Após as nossas apresentações. – A morena repreendeu a breve explosão da amiga. – E parece que o René é mais fraco do que eu para bebidas. – Disse olhando-a de baixo para cima. Delphine fitou a todos com uma expressão séria, causando um frisson em todos, pois estavam certos que iriam receber uma reprimenda por tal ato.

 - Alguns dos meus melhores porres ocorreram em minha época de estudante. – Mordiscou sua omelete, enquanto todos os outros ocupantes da mesa a olhavam incrédulos. – Os congressos também são feitos de momentos etílicos. – Disse em tom divertido e logo todos estavam rindo e contando detalhes engraçados da noite anterior e o ponto alto dos relatos foi a forma como René se metamorfoseava num galanteador de péssima categoria quando alcoolizado.

 - Do que vocês estão rindo? – O rapaz retornará a mesa e um nova explosão de gargalhadas deixou o rapaz sem compreender nada.

- Mas qual programação para hoje? Visto que todos já apresentaram seus trabalhos? – Delphine espreguiçou-se visivelmente cansada.

- Cosima é a nossa guia aqui em Deli. – Louis anunciou. – Ela planejou nosso dia. – Delphine olhou para sua aluna.

- Pensei em irmos ao Forte Vermelho e a mesquita Jama Masid agora pela manhã e a tarde irmos ao museu Gandhi. – Disse meio sem jeito

- E a Sra. está convidada a juntar-se a nós professora! – Marc se pronunciou.

- Um ótimo roteiro. Confesso que das vezes que vim aqui eu não consegui visitar o Forte Vermelho. – Lamentou-se, mas infelizmente não poderei me juntar a vocês. – Acariciou as costas de Cosima de forma sugestiva – Viajei a noite toda e mal consegui pregar os olhos na viagem, além de precisar me preparar para mais tarde, pois tenho uma reunião com a Comissão do evento antes da palestra.

- Uma pena professora! – Sophie lamentou.

- E onde você vai ficar? – Cosima disse mais baixo e mais próxima a ela.

- O evento reservou um hotel para as conferencistas e palestrantes. – Respondeu enquanto acariciava o rosto dela. – Mas a noite, após a minha conferência, partimos direto para Jodhpur. Quero você só pra mim o quanto antes... – Inclinou-se e a beijou na face, chegando bem próxima ao ouvido dela. – Para matar essa saudade absurda que estou de você! – Cosima fechou os olhos e sentiu-se esquentar por completo. Mas assim que os abriu, deu de cara com seus amigos as olhando com certa malicia. Foi inevitável até mesmo para Delphine passar ilesa aquilo.

Todos terminaram seu café da manhã e já estavam esperando o táxi de Delphine. Seguiriam novamente o seu passeio de metrô. Os semideuses ficaram mais afastados observando a breve despedida de Cosima e Delphine que não demonstraram receio algum ao trocarem um demorado beijo antes da loura entrar no carro que a levaria a seu hotel.

O passeio pelos pontos escolhidos por Cosima foi ainda mais divertido do que seus amigos haviam pensado e até mesmo a ressaca de René havia diminuído significativamente. A tarde de sexta já se aproximava do fim, quando já estavam retornando para o hotel novamente com algumas sacolas de compras.

- Incrível e ao mesmo tempo perverso como a globalização possibilita que uma moeda possa valer muito mais e comprar tantas coisas maravilhosas por tão pouco. – Sophie fazia sua usual análise crítica do mundo enquanto provava uma belíssima blusa de seda.

- Ficou muito bem em você e combinou bastante. – Cosima a olhava por trás diante do espelho. – Esse verde fica lindo com o tom do vermelho de seus cabelos.

- Agora vejamos aquele espetáculo de vestido que você comprou. – Amélia demandou. – Deves usá-lo hoje a noite! – Sua amiga completou. – Tenho certeza que um certo alguém vai adorar! – Brincou. As três riram e Cosima correu para tomar uma boa ducha morna. O dia de passeio lhe cansou um pouco, mas a empolgação pelo tão esperado final de semana com Delphine, faziam-na esquecer qualquer cansaço.

- Pelas deusas Cos! Esse vestido foi feito para você! – Marc aplaudia enquanto Louis levava a mão ao peito, parecendo estar comovido com a visão diante de si. Sua amiga estava vestida num vestido longo e justo ao escultural corpo de Cosima. Possuía estampas em V que desciam do busto e formavam belíssimos mosaicos. Era sustendo por suas alças finas e ainda tinha lascões em ambos os lados, permitindo que boa parte de suas pernas ficasse a mostra.

- Assim vocês me deixam sem jeito. – Ela estava sinceramente desconcertada pela reação dos amigos.

- Realmente eu não entendo como podes não ter a dimensão do quanto és linda! – Amélia suspirou. Nesse instante, o telefone do quarto das meninas tocou. Sophie atendeu e informou que um carro havia chegado para pegar as bagagens de Cosima e leva-las para o aeroporto, pois seguiria direto da conferência para lá.

Os seis desceram e ajudaram sua amiga com a bagagem. Os demais semideuses retornariam na manhã do sábado para Paris e Cosima só o faria na segunda-feira. Seguiram para a Universidade e procuraram o salão de convenções que fora nomeado também em homenagem a Indira Gandhi que, apesar do sobrenome, não possui nenhum parentesco com o grande pacificador indiano.

Chegaram com vários minutos de antecedência e isso lhes possibilitou conseguir bons lugres mais próximos ao palco. Sentaram em duas fileiras, para poderem ficar mais próximos. Cosima ficou entre Marc e Louis na fileira da frente e René ficou se achando, sentado em meio a Sophie e Amélia, que riam da postura do amigo. Perceberam que haviam fones de ouvido e alguns botões no braço de direito de duas poltronas, indicando que haveria uma tradução simultânea daquela Conferência para mais de dez idiomas.

- Nenhuma outra conferência ou palestra nesse evento teve tradução simultânea. – Marc cochichou para sua amiga que lhe olhou estarrecida. Realmente a Profa. Cormier era uma sumidade em sua área e atraia a atenção de pesquisadores do mundo inteiro. – Eu estive no Congresso anterior, quando estava concluindo o meu mestrado e a Conferência dela causou um verdadeiro frisson e literalmente deu briga na fila.

- Nossa orientadora pode ser considerada uma verdadeira pop-star acadêmica. – Louis cochichou.

- E isso faz de nós quase celebridades! – Marc acenava para um rapaz louro que estava duas fileiras a frente.

- Afinal de conta somos... Semideuses! – Amélia começou e os demais concluíram em uníssono, atraindo a atenção dos mais próximos.

Em pouco mais de quinze minutos, o imenso auditório estava lotado, obrigando a organização a permitir que pessoas sentassem nos degraus entre as cadeiras. E no horário exato previsto para o início da Conferência, as luzes da plateia se apagaram e uma lindíssima mulher indiana vestida com um sari lilás entrou no palco e passou a ler a vastíssima lista de títulos da conferencista daquela noite. E a medida em que ela mencionava cada referência, seus orientando estufavam o peito, especialmente Cosima, que ainda custava a acreditar que aquela deusa pudesse ter olhado para ela. Foi então que o silêncio após as palmas foi delicadamente quebrado pela voz dela.

“Não mandei o demônio se afastar quando ele me trouxe as flores. Eu queria mandar e sei que deveria ter mandado.”

Um frisson se fez em reação àquela voz e aquela frase. Mas quem a proferiu não podia ser vista ainda. Uma nova frase foi ouvida.

“A bruxa é uma pessoa que tem o poder de atrair e manipular forças invisíveis.”

Cosima sentiu seu sangue gelar e começou a temer o que Delphine pretendia.

“O que eu sou? Uma bruxa, pelo amor de Deus! Sou quem cura, não quem destrói. Tenho chance de escolha como todos os seres humanos tem.”

O imenso telão se ascendeu mostrando uma antiga tela que Cosima conhecia bem. E um holofote ascendeu bem no meio do palco e lá estava ela, em toda a sua grandiosidade arrebatando a todos.

- Se não aceitar o que uma cultura opressora determinou como sendo o comportamento ideal para uma mulher me faz uma transgressora taxada como tal... Então... – Todo o palco se ascendeu – Eu sou uma bruxa! – E sorriu, causando uma onda de risos e aplausos calorosos. – Muito boa noite senhoras e senhores.

- Ela é fabulosa! – Louis suspirou.

- Nunca me canso de ser surpreendido por ela. – Marc emendou. Cosima os olhou e se encheu preencher de uma felicidade acolhedora. Voltou a admirá-la.

- As frases com as quais comecei minha fala estão em ambos os volumes de um romance bastante popular e que aprecio bastante. A Hora das Bruxas, da estadunidense Anne Rice. – Disse enquanto desfilava pelo palco. – Permitam que lhes apresente para quem não a conhece. Trata-se da história ‘fictícia’ – Destacou essa palavra em tom divertido - de 13 gerações de poderosas e amaldiçoadas mulheres, todas pertencentes à família Mayfair e datadas de seu início há 400 anos atrás, no período da inquisição, quando Suzanne invocou Lasher pela primeira vez. Falamos de uma entidade que ninguém verdadeiramente conhece ou sabe a origem e que vem desde então acompanhando de geração a geração sempre para a mais forte herdeira, escolhendo a dedo quem comandará os Mayfair. Ao longo dos anos essa família se criou, consolidou e enriqueceu e, a sombra de tudo que lhe aconteceu paira esse espectro. – Pausou sua fala e pareceu pensar em algo. – Se me permitem, podemos utilizar metaforicamente essa entidade como a figura demoníaca que sempre é associada às bruxas. E isso nos leva a tela que vos apresento. Trata-se do ‘Triunfo de Pã’ de autoria de Poussin. Percebam... Sempre ilustradas como desordeiras, provocadoras e de... Sexualidade descontrolada. – Nova onda de risos. – Assim somos pintadas!

Cosima se viu novamente embevecida ao ouvir sua professora e amada Delphine desferir todo o seu absurdo intelecto sobre os pobres mortais que só poderiam admirá-la. E foi inevitável lembrar-se do dia em que se encontraram pela primeira vez. Pensou em tudo que viveram desde então e do quanto estava feliz e plena, como nunca antes em sua vida. E podia perceber que essa mesma felicidade incidia em Delphine, pois ela literalmente brilhava no palco. Sua usual desenvoltura estava lá, mas havia algo mais, a loura exuberante parecia flutuar, pois estava leve e sorridente e essa mudança não passou desapercebida por seus demais orientandos que fizeram comentários a esse respeito.

Essa mudança também era visível pela coragem em abordar um tema muito sensível para ela, contudo ela o tratava de forma leve e até mesmo descontraída. Sem dúvida era uma nova Delphine e isso também era percebido em seu estilo de se vestir. O negro e as cores neutras e fechadas deu lugar a um lindo vestido social cor de pérola, marcando seu belíssimo corpo. Os cabelos estavam soltos e os cachos perfeitos balançavam sempre que ela girava a cabeça ou os jogava para trás.

- Ela está radiante! – Amélia disse e olhou para Cosima. – E sabemos o motivo disso. – A morena olhou efusivamente para sua amiga e teve seu rosto levemente corado, estava experimentando a plenitude da felicidade mas ter a noção de que estava causando algo tão bom assim naquela que tanto amava era algo extraordinário.

Palmas entusiasmadas e alguns assovios mais descarados indicavam que a fala de Delphine havia chegado ao fim. Por se tratar de uma conferência de encerramento, não haveria espaço para perguntas e mesmo se houvesse, certamente ela não as aceitaria, pois a ansiedade em estar com Cosima era urgente. Contudo, não conseguiu escapar de um extensa fila de fãs que estavam com livros em mãos para que ela pudesse autografar. Ainda de cima do palco e sentada atrás de uma mesa retangular, ela assinava os livros e sorria gentilmente para cada gracejo e elogio que recebia e de lá mesmo lançava olhares para Cosima e seus demais estudantes, quase pedindo socorro.

Quase uma hora depois, a fila chegava ao fim e os seis últimos integrantes dela saldaram a conferencista.

- Sei que serei redundante professora, mas foi mais uma excelente fala. – Amélia disse após algumas palmas dela e dos colegas. Porém, Delphine mal processou aquele elogio, pois estava descaradamente perdida na admiração de Cosima, que estava mais atrás e lhe olhava com devoção, embora trouxesse um certo tom de provocação em seu olhar.

- Isso mesmo professora, nunca tive muita vontade de ler Anne Rice, mas depois de hoje, estou revendo essa possibilidade. – Marc emendou.

- Fico feliz que tenham gostado. Concordo que foi uma de minhas melhores falas e isso muito me agradou. – Sorriu lindamente e se ergueu, esperando que seus alunos continuassem com seus elogios. Os deixou seguir mais a frente e, gentilmente segurou o braço de Cosima, parando de frente para ela. – Você está linda meu amor! – Lhe acariciou a face embevecida.

- Eu digo o mesmo! - E fechou os olhos ao ter seu rosto delicadamente segurando entre ambas as mãos dela. Assim que os abriu a viu morder seu lábio inferior e, como se esquecessem de onde estavam, trocaram um terno e apaixonado beijo. Perderam-se naquele contato até que um pigarro as trouxe de volta à realidade. Olharam em direção aos Semideuses e riram levemente envergonhadas.

Delphine tomou a mão de Cosima na sua e dessa forma, saíram do Centro de Convenções em meio a conversas entusiasmadas acerca das opiniões de cada sobre aquele exótico país.

- Bom, é aqui que nos despedimos. – Cosima se dirigiu aos amigos. – Foi maravilhosa essa semana com vocês! – Abraçou um a um.

- Faça uma boa viagem Cos. – Louis disse após soltá-la – A Sra também professora.

- Obrigada! – Ela lhe sorriu de volta. Logo todos se despediram já quando ambas estavam dentro de um luxuoso Audi cinza grafite, que as levaria para o aeroporto e assim que o carro deu partida, Delphine puxou Cosima para si a aninhando sob seu abraço acolhedor.

- Del... Sobre sua fala de hoje... – Cosima iniciou sua fala, mas fora interrompida.

- Já estava mais do que na hora de eu abordar tal tema. – Disse enquanto olhava pela janela. – Inclusive estou pensando em dedicar meu próximo livro a discutir a importância e mística falaciosa sobre as bruxas. – Cosima ergueu a cabeça, desencaixando-a de baixo do queixo dela. – Acho que tenho um pouco de propriedade para tal, não achas? – Riu divertida e foi seguida por Cosima.

- Acredito que sim. – Voltou a se aninhar.

- Inclusive penso em escrevê-lo à quatro mãos. – Fingiu falar algo sem muita importância, mas sabia que estava sendo compreendida por sua aluna. Era um evidente convite de parceria para que ambas escrevessem um livro. Juntas!

- A Toda Poderosa Professora Delphine Marie Cormier está me convidando para escrever um livro em parceria com ela? – Olhou ao redor simulando estar olhando para outras pessoas. – Eu, uma reles mortal! – A loura gargalhou.

- Calma Srta. Niehaus. É um convite para uma parceria autoral e não um pedido de casamento! – Recostou-se no banco do carro. – Pelo menos não AINDA! – Fechou os olhos com uma expressão serena no rosto, ao ponto que Cosima tentava fechar sua boca. Acabara de ouvir Delphine mencionar a palavra casamento e sabia que ela não era o tipo de pessoa que brincaria com algo assim. Tentou balbuciar algo, mas a voz do motorista a interrompeu.

- Chegamos Srta. Cormier. – Ele já estava do lado de fora do carro, abrindo a porta para elas. Delphine saiu primeiro e estendeu a mão para ajudar Cosima a sair. Se viu próxima a um hangar de embarque na área privada do aeroporto e mais a frente havia um jatinho particular, onde uma simpática mulher as esperava.

- Vamos? – Delphine a tocou nas costas e ambas caminharam para a escada da aeronave. Cosima subiu e assim que entrou percebeu o luxo e a sofisticação em cada detalhe daquele avião que não era apenas alugado, ele pertencia à Delphine pois as inicias DMC estavam bordadas nos encostos dos assentos e nas cortinas que ornavam as persianas.

- Quão exatamente rica você é? – Cosima questionou Delphine assim que essa sentou-se ao seu lado. Não era uma pergunta que esperasse uma resposta, apenas tratava-se de uma constatação. Contudo sua professora ponderou por alguns instantes se deveria responder aquela questão. Poderia ser o início das respostas e explicações que precisava dar a Cosima.

- O meu dinheiro e o da Ordem se misturam Cosima. Assim como a minha própria história está diretamente ligada a ela. – Delphine falava com a cabeça recostada no banco enquanto a olhava intensamente.

- Isso que dizer que...

- Eu sempre fui da Ordem do Labrys... – Disse com cautela. – Eu nasci dentro dela. – A verdade começava a vir a tona.

- Mas eu pensei que você fosse adotada... – O tom de voz indicava que Cosima estava se sentindo um pouco enganada.

- Mas eu fui adotada pela Genevieve Cormier! – Explicou-se. – Mas a minha mãe biológica foi uma grande Mestra da Ordem então... – Respirou fundo e cerrou os olhos, deixando que sua voz transparecesse que aquele era um assunto difícil. Sentiu o aperto firme, mas gentil da mão de Cosima na sua a olhou com ternura. – Mas ela morreu! – Cosima dividiu e experimentou um pouco da dor de Delphine.

- Sinto muito Del! – Já tinha os olhos marejados. Estava tão envolvida nas confissões de sua amada que mal percebeu que o avião já havia decolado.

- Então eu fui treinada desde muito pequena para ocupar esse lugar onde estou agora. – Não mentia, apenas escolhia a melhor maneira de se fazer compreender por Cosima. Por mais que pensasse, não conseguia achar uma maneira plausível e racional para contar que tudo isso que ela acabara de confessar ocorrera há mais de 300 anos.

- Caramba Delphine, então sua vida foi toda dedicada à Ordem. Isso explica muito do seu comportamento e muito do seu conhecimento. – Cosima adiantou-se. – Não tens ideia do quanto isso me faz admirá-la ainda mais. Toda essa devoção, essa entrega. – O amor transbordava de Cosima. – Mas existe algo que eu gostaria de lhe perguntar. Mas só responda se quiser. Não ficarei chateada se não o fizer. – Delphine empertigou-se no assento.

- Pode perguntar qualquer coisa!

- Porque você levou um tiro? Ou melhor, quem poderia lhe querer morta e porque? – Delphine franziu a testa, pois não esperava aquela pergunta naquele momento, mas não via problemas em responder-lhe aquilo.

- Sabes que a Ordem do Labrys é uma sociedade secreta antiquíssima, não é? Que temos uma missão que pode vir mudando de roupagem ao logo dos séculos, mas o nosso maior inimigo permanece o mesmo. O Martelo! – Percebeu que aquele nome não fazia sentido para Cosima e insistiu. – Se o Labrys é um grupo feminista e de busca por igualdade, o Martelo é justamente o contrário.

- Também é uma sociedade secreta? Uma irmandade?

- Isso mesmo! Quase tão antiga quanto a Ordem. Ela ascendeu juntamente com a ascensão da Igreja Católica e se consolidou durante a Alta Idade Média justamente no momento da expansão da Inquisição. – Cosima sentiu seu estômago retorcer. Tinha opiniões duras acerca desse momento histórico e dos meios utilizados pela igreja para combater seus “inimigos”. – A Sata Inquisição dava carta branca para o Martelo fazer abertamente o que já fazia às escondidas. Perseguir e matar mulheres e simpatizantes daquelas que consideravam hereges e a quem chamaram de bruxas. Nossas antepassadas! – Inseriu Cosima na história.

- Então o Martelo também chegou aos dias de hoje?

- Mais fortalecidos do que nunca! – Delphine suspirou com denotado cansaço na voz. – Eles compreenderam que a igreja não era mais o aliado perfeito então buscarão ocupar outros lugares de poder. Então seus membros estão nas direções de grandes corporações e até mesmo de poderosos Estados. Refiro-me a parlamentares e até presidentes. – Cosima arregalou os olhos e rapidamente vislumbrou alguns nomes que eram conhecidos por atitudes conservadoras e machistas. – Esses mesmos! – Delphine viu em que Cosima pensava. - Então nós representamos um problema para ele.

- Sei que algumas mulheres da Ordem também ocupam cargos importantes como a Reitora Duncan mas... – Cosima ficou pensativa.

- Estamos em muitos outros lugares Cosima, não duvides. No momento certo saberás de todas, mas para teres uma dimensão... Lembras da Dana Scully? Que frequentava sua cafeteria? – Cosima concordou com a cabeça. – Sabes que esse não é o nome verdadeiro dela. Ela se chama Stella Gibson e é uma das principais diretoras da CIA. – Cosima arregalou os olhos e começou a ter uma mínima dimensão de onde estava se metendo.

- É muito grande Delphine!

- Demais! Então, como Mestra da Ordem, eu represento o pior para o Martelo.

- Foram eles que mataram sua mãe? – Arrependeu-se de imediato da pergunta logo após fazê-la. A loura contraiu sua mandíbula e desviou os olhos de Cosima. – Desculpe, não precisa me dizer. – Tentou remendar.

 - Indiretamente! – Foi tudo o que ela disse secamente. E Cosima compreendeu que aquilo representava o final momentâneo daquela conversa, pois Delphine puxou sua mão e cruzou seus braços, sucumbindo a um leve estremecer.

 - As Srtas desejam alguma bebida? – A comissária simpática interrompeu o silêncio que se instaurou entre elas. Cosima piscou várias vezes e a olhou.

 - Uma dose pura de Macallan, por favor, Sabine. – Delphine solicitou.

 - Não quero nada, obrigada! – Cosima respondeu ao olhar gentil da mulher.  Pouco tempo depois ela retornou com a bebida de sua professora, mas essa desistiu de bebê-la, deixando-a no suporte para copos do seu assento.

 - Desculpe-me Cos. – Virou-se para ela. – Determinados assuntos são difíceis para mim e não costumo falar neles. – Lhe olhou com pesar, de baixo para cima.

 - Não precisa se desculpar Delphine. Eu tenho de aprender a ser menos curiosa. – A pesar do que disse, ainda havia uma pitada de mágoa da voz de Cosima, pois essa se originou no momento em que tentou penetrar na mente de Delphine e fora bloqueada.

 - Meu amor! – Desatou o cinto e ajoelhou-se diante dela, surpreendendo-a. – Quero partilhar tudo com você. Todos os meus segredos mais íntimos. Mas tudo há seu tempo, peço que tenhas um pouco de paciência comigo. – Segurava ambas as mãos dela entre as suas e as beijava repetidas vezes. Cosima sentiu seu coração ser preenchido por um amor incondicional que seria capaz de fazê-la esperar por Delphine o tempo que fosse necessário.

 - Com licença Srta Cormier. Peço que retorne ao seu assento e afivele seu cinto. Já estamos em processo de aterrissagem. – A comissária a alertou. Delphine a obedeceu, mas logo buscou a mão de Cosima novamente e a segurou contra seu peito.

  Pouco mais de vinte minutos depois de terem pousado, estavam passando pelos portes que limitavam o território do Hotel e Resort Ajit Bhawan e mesmo tendo feito uma pesquisa e uma visita digital às dependências do hotel pelo site, nada se igualava com a visão daquele lugar e Cosima estava deslumbrada. Toda a decoração remetendo a um imenso templo hindu era de extrema minucia e cada detalhe permitia que ambas fizessem uma viagem no tempo e imergissem naquela cultura fascinante.

 Entraram no prédio principal para realizar o check in e dois funcionários vestidos como indianos do período vitoriano carregaram suas malas. Cosima arregalou os olhos quando ouviu a expressão “Suíte Presidencial” ser proferida pelo atendente do hotel e entregar, em seguida, um pequeno kit para Delphine, contendo os cartões de acesso para o bangalô delas, dois pequenos livretos e o que parecia ser uma chave de carro. 

 Seguiram os dois funcionários que as guiaram até uma saída lateral onde um Rolls-Royce Silver Cloude 1963 restaurado os esperava. O dos funcionários guardou a bagagem enquanto o outro abriu as portas porta elas. Ambas riram e estavam apreciando aquele tratamento. Delphine já havia ficado hospedada naquele hotel, mas nunca usufruiu daquelas regalias, pois sempre ia de passagem e sozinha.

 Foram levadas pelos jardins belíssimos daquele Resort e ao longo do caminho perceberam placas que indicavam todas as áreas de lazer e relaxamento oferecidas aos hospedes. Pararam em frente a um amplo casarão que em nada combinava com o termo “bangalô”. O funcionário as ajudou a descer e as instalou dentro de sua suíte.

 - Uau! – Foi tudo o que Cosima conseguiu dizer assim que adentrou na antessala da suíte.

 - Gostou meu amor? – Cosima derreteu-se a sentir as mãos de Delphine em sua cintura, a abraçando por trás e lhe beijando a nuca.

 - Não tenho palavras Del... Embora ainda ache exagero. – Virou-se para encará-la. Mas sabia que seria inútil fazer mais qualquer protesto até porque já estavam ali mesmo. – Mas... Que cheiro maravilhoso é esse?

 - Sabia que estarias com fome, já que não jantamos então tomei a liberdade de solicitar o nosso jantar aqui no quarto.

 - Eu já disse que lhe amo Sra Cormier? – A encheu de beijos.

 - E eu sou completamente louca de amor por você Cosima! – A olhou intensamente, desfazendo o tom de brincadeira da morena e enchendo de poder e significado cada palavra. Cosima sorriu embevecida e a beijou com furor, exigindo o seu corpo contra o dela e apertando sua cintura. – Jantar primeiro Cos... – Disse ofegante. E riu do bico fingido feito por ela.

 Após o farto e delicioso jantar, Delphine tomou a mão de Cosima e a guiou por uma porta de correr lateral que dava acesso a uma piscina aquecida privada. A morena arregalou os olhos e percebeu que aquela seria a sua reação mais frequente naqueles próximos dias. Caminhou até a borda e viu as luzes internas da piscina formarem figuras lindas no teto daquele salão. Acariciou as felpudas e branquíssimas toalhas que repousavam num carrinho ao lado da piscina e então foi surpreendida pelo som de algo caindo na água. Quando se virou, viu que tratava-se de Delphine, que acabara de mergulhar. Sorriu de canto de boca e aproximou-se de onde estava o monte de roupas dela, incluindo suas peças intimas.

 Fez uma expressão marota e divertida enquanto encarava Delphine que estava recostada na outra extremidade da piscina, com os braços abertos, apoiados na borda. Ela fez um gesto malicioso com a cabeça e indicou com os olhos o que esperava que Cosima fizesse. Essa olhou para si mesma e compreendeu de imediato. Pensou em provocar sua professora ainda mais, contudo estava ansiosa demais por ela, contudo tripudiou um pouco, pois virou de costas a medida que arriava as alças de seu vestido. Delphine empertigou-se. Acompanhou o deslizar do vestido pelo corpo dela com uma gula crescente e sentiu o ar lhe faltar ao perceber que ela não usava nada sob aquela peça lindíssima.

 Cosima se virou para ela, parando por alguns segundos para ser contemplada como uma obra de arte. Em seguida desceu pelas escadas e nadou lentamente para alcançar sua amada. A água morna as envolvia e as aquecia, mas a necessidade uma da outra fizeram-nas lançarem num abraços intenso e no beijo frenético.

 E ali mesmo na piscina, amaram-se com paixão e sem pressa. Sussurrando promessas e juras de amor.

 

 ______

 

 - Bonjour, mon amour. – Delphine exigiu os lábios de Cosima que já estava sentada a mesa para o café da manhã. Ambas estavam envolvidas em roupões marrom claros e com as iniciais do hotel bordadas.

 - Bonjour! – Cosima imitou o sotaque formal de Delphine a fazendo cerrar os olhos fingindo não ter gostado.

 - Tem algo que eu gostaria de lhe entregar Cosima. – Sentou-se diante dela com uma expressão que misturava seriedade e incerteza.

 - Um presente? – Cosima brincou, embora estivesse um pouco apreensiva com a expressão vista no rosto amado.

 - Algo que pertence a você! – Dizendo isso, estendeu para ela e por sobre a mesa um pesado caderno com capa de couro. Cosima o recebeu e ficou sem compreender bem do que se tratava. – Abra-o! – A loura demandou e a morena a obedeceu, colocando o caderno em seu colo. Encontrou o fecho de zíper e o puxou, uma folha de seda fina deixava transparecer letras escritas á mão e com um cuidado impressionante. A virou para ler melhor e arregalou os olhos ao ver do que se tratava.

“Les Souvenirs de Melanie Verger”

Uma transcrição, por Delphine Marie Cormier

 

 - Você transcreveu mesmo? – Acariciou a página com carinho. A loura apenas anuiu com a cabeça. Virou para a segunda página e sentiu um estranho embora familiar arrepio percorrer seu corpo.

- Nice, 14 de setembro de 1660. – Cosima lia as palavras escritas por Melanie e transcritas por Delphine que sentiu uma absurda emoção lhe envolver. - Ao meu grande, único e eterno amor, Evelyne Chermont! -

Eve, Minha vida! Cada palavra, cada sentimento e cada lágrima contida nessas páginas são para você e por você. Aquela que me ensinou o que era a vida e a como amá-la da forma mais intensa já imaginada.

Minha amada! Sei o que me acontecerá no dia que se segue a esse, mas não o temo. Não temo meu destino, pois sei que fui sua e sempre o serei. Sinto isso com uma certeza que sei que dúvidas, afinal finges ser descrente não é mesmo? E essa é uma das coisas que mais amo em você, a força com que defendes o que acreditas e o que não acreditas. És minha fortaleza, meu porto seguro e meu lar.

Portanto, em meus últimos dias, aqui de meu cárcere, eu lhe escrevo e lhe dedico as minhas memórias que também são suas. Rogo às deusas para que esse livro chegue em suas mãos e lhe traga conforto após minha partida.

A amo com todas as forças de meu ser. És minha vida, minha paixão, meu destino. E o que vivemos foi, é e sempre será o mais extraordinário dos amores.

Fique viva! Fique viva por mim, por nós e por nossas irmãs!

Com amor,

Melanie Chermont (como eu adoraria que fosse)

Nice,14 de setembro de 1660

 

Ambas choraram por motivos, aparentemente, diferentes, mas na verdade estavam partilhando algo ancestral que as ligava definitivamente. O mais profundo amor!


Fim do capítulo

Notas finais: E para quem ficou curios@ a respeito do hotel... Segue o link rs... 

http://www.ajitbhawan.com/

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Comentários para 42 - Capítulo 42 Sacrifícios (Parte 2):
patty-321
patty-321

Em: 24/04/2018

Ai ai. Que emocionante. Um imenso amor capaz de atravessar o tempo e todaa as adversidades. Sera q Joana está mesmo do lado da ordem? Ou continua sendo traidora? E a cos como ira reagir ao saber toda a verdade? Ansiossima fico a cada novo capitulo. Bjs

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