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An Extraordinary Love por Jules_Mari

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Palavras: 7753
Acessos: 3192   |  Postado em: 15/04/2018

Capítulo 41 Sacrifícios

- Sem sombra de dúvidas você conseguiu me converter numa fã de ópera! – Cosima sorria divertida enquanto caminhava empolgada pelo pouco espaço de seu quarto.
        A tarde de domingo já ia longe quando ambas ainda estavam entregues às preguiças dominicais. Delphine permanecia jogada na cama, recostada nos travesseiros. Seu corpo parcialmente coberto deixava a mostra parte da nudez que evidenciava, assim como a cama em desordem e as roupas jogadas ao chão, a intensa e longa noite de prazeres que aquele ambiente testemunhou.

- Fico muito feliz por isso. – A loura sorriu enquanto contemplava embevecida a sua amada falar com sua característica empolgação e paixão, com um intenso gesticular de mãos.

- A melodia tão poderosa, aliada àquelas vozes intensas... A luz, a atmosfera... E a história? Que amor extraordinário o da Buterffly por seu comandante. Ao ponto dela abandonar toda a sua cultura por ele... Embora, claro, eu discorde de algo assim. Mas... A entrega entre eles...

- Cosima, você lembra que se trata de uma tragédia certo? Butterfly é abandonada pelo tenente!

- Sim! – Abaixou-se um pouco para depois reergue-se num frenético gesticular. - Mas eu me refiro às metáforas e as mensagens contidas na peça. Inclusive eu até pesquisei a agenda de apresentações para os próximos meses e gostaria de ir ao máximo que for possível! – Disse sentando-se na beira da cama enquanto olhava algo em seu celular.

- Eu criei um monstro! – Divertiu-se Delphine que sorria, sentindo-se transbordar de felicidade. Uma sensação há muito esquecida. – Mas tudo bem, iremos juntas a quantas apresentações você quiser. Desde que... – Abriu um sorriso sacana. – A Srta volte para essa cama agora mesmo. – Cosima a olhou com um misto de falsa indignação e o mesmo tom de sacanagem.

- E para quê mesmo eu voltaria para cama? – A provocou já engatinhando de volta e parando sentada sobre o colo da outra, a envolvendo com as pernas.

- Vejamos... – Fingiu pensar em algo. – Discutir sobre ópera e música clássica, ou sobre as novas correntes pós-feministas...

- Eu tenho uma ideia melhor! – Cosima lançou-se e a tomou num beijo intenso que logo as acendeu novamente. Fazendo retornar a excitação que já era comum entre elas e que mal as deixou dormir nas ultimas horas.

A urgência do toque mais intimo fez com que Delphine retirasse o lençol que ousava ficar entre elas, jogando-o longe e então delirou ao sentir a umidade de Cosima contra a sua coxa, denotando que ela estava tão excitada quanto ela. Na verdade pareciam disputar sobre quem ficava mais molhada que a outra. Quase como um delicioso duelo!

O beijo se intensificou enquanto Delphine apertava a bunda de Cosima, demandando que essa se esfregasse ainda mais em seu colo, num rebol*do acelerado, provocando o atrito do sex* dela contra suas coxas, causando o som peculiar daquele ato. Aquilo enlouquecia ainda mais a loura que sentiu sua boca salivar para poder provar tudo que provinha de sua amada. Então sem aviso a retirou de seu colo, deitando-a para trás, e com o mais luxuriante dos olhares, lambeu os lábios enquanto anunciava seus planos.

Cosima cerrou os olhos e mordeu o lábio inferior, erguendo levemente a cabeça para acompanhar o caminho percorrido por Delphine e sua língua que descia por entre seus seios, deixando um rastro molhado e quente, lhe fazendo estremecer e contrair seu abdômen, sentindo o latejar de seu sex*, anunciando que certamente iria explodir em uma onda de gozo muito em breve e pretendia se derramar na boca de sua amada professora.

A loura apreciava cada segundo, cada singular reação do corpo da morena que já arqueava seu quadril quase involuntariamente, indicando a sua perda de controle que sempre antecedia seu êxtase e Delphine já estava se tornando uma perita no que dizia respeito às reações de Cosima.

Finalmente alcançou a leve e bem aparada penugem que cobria o sex* encharcado de sua amada e literalmente puxou o ar com mais força, com a clara intenção de inalar o especial perfume da excitação da mulher que amava. Gem*u, fazendo com Cosima erguesse a cabeça novamente e a olhasse nos olhos. E naquele contato, ela suplicava para que o seu doce tormento fosse aplacado.

Comovida com aquele olhar, Delphine não quis e nem poderia mais demorar, pois também partilhava do mesmo tormento. Então, sem maiores ressalvas, mergulhou no sex* pulsante de Cosima, que urrou alto quanto sentiu o hábil serpentear da língua da outra em seu sex*, estimulando o ponto certo, na intensidade correta e logo o estremecer dos músculos da morena anunciaram o que seria inevitável.

Sem parar o que estava fazendo, Delphine ergueu os olhos para assistir o espetáculo que era o gozo de quem tanto amava. A boca entreaberta, o arfar acelerado, os dedos embranquecidos fincados nos lençóis, a cabeça virando sutilmente de um lado para o outro, tudo isso sob o som de gemidos desconexos.

“Maravilhosa!” Pensou e teve o seu tão desejado prêmio quando o erguer firme do quadril de Cosima indicou que ela acabara de atingir seu limite em espasmos que começaram intensos e foram se acalmando. A loura se ergueu e gentilmente deitou-se ao lado dela, assistindo os últimos tremores que acometiam o corpo amado.

- Eu nunca me cansarei disso! – Disse em tom de confidencia enquanto acariciava o rosto de Cosima.

- Disso o que? – Questionou sinceramente.

- Do espetáculo que é o seu gozo!

- Ah não Del! – Tapou o rosto com ambas as mãos e mergulhou rosto sobe o queixo dela.

- E ficas ainda mais deliciosa quando sem jeito. Assim mesmo como estais. – Gargalhou.

- Tudo bem! Mas sei de um outro jeito que gostas ainda mais... – ergue-se para lhe beijar os lábios. Contudo, um som abafado fez com que ambas se olhassem e rissem uma da outra. – Isso foi o seu estômago, não o meu!

- Mais provável que seja o seu! – Disse enquanto sentava-se na cama. – Mas acho prudente, para a nossa saúde física, que comamos algo.

- Sim, precisamos repor as energias não é mesmo? – Cosima brincou. – Mas aqui está tão gostoso. Eu não queria sair! – Aninhou-se ainda mais nos braços dela.

- Cos, já viemos direto para cá ontem a noite. Pulamos o jantar diretamente para virmos para a cama... – Fingiu repreende-la.

- Não lhe ouvi reclamar em momento algum. Muito pelo contrário, ouvi vários elogios entre outras coisas mais. – Piscou um dos olhos. – Mas sério Del, tá uma frio absurdo lá fora. Podemos pedir algo e comer aqui na cama mesmo. Que tal? – Fez cara de cachorrinho. – Além do mais, eu viajo amanhã  e ainda nem se quer arrumei minhas malas.

- Ah é... Viajas já amanhã! Isso me lembra que em alguns dias estaremos juntas novamente, num lugar muito especial.

- Eu não vejo a hora, admito. Mas então... O que vamos comer?

 

______

 

Sons desconexos começavam a chegar em seus ouvidos. Eram vozes que não se faziam compreender a principio, mas ela sabia de alguma maneira, que falavam sobre ela. Aos poucos a consciência foi sendo retomada e a confusão inicial foi dando lugar a uma crescente e desesperadora angústia que foi tomando conta de si.

Tentou focar sua visão e percebeu que se encontrava em uma sala muito clara, com uma forte e incidente luz branca que lhe doía nos olhos e lhe dificultava enxergar mais além. Sua cabeça latej*v* e tinha a garganta seca, como se estive de ressaca, contudo sabia que não havia bebido uma gota de álcool.

Procurou se mover, mas percebeu algo que a assustou ainda mais. Focou em suas mãos e essas estavam presas por fivelas de couro aos braços de uma cadeira metálica. O pânico crescente começou a comprometer a sua razão, contudo esforçou-se para buscar em sua mente e refazer seus passos e aos poucos a imagem da noite anterior começou a se formar em sua mente. A ópera, um encontro inesperado... Paul! A angustia fez seu estômago revirar. Lembrou-se em seguida de ver Delphine e de que ela não estava sozinha... E então...

- NÃO! – Pensou alto.

- O que disse minha querida? – A conhecida e aterradora voz de John Lamartine chegou aos seus ouvidos, provinda de algum lugar daquela sala. Girou a cabeça a procura dele.

- John? É você? – Fingiu uma afinidade há muito perdida e que fora tecida com claras intenções.

- Sim Susan, sou eu. – Ele aproximou-se por trás dela, parando ao seu lado. Estava tranquilo e sorridente como de costume, porém o olhar perverso não negava que possuía más intenções.

- Meu querido, o que significa tudo isso? – Indicou suas mãos presas. – Realmente acha que precisamos disso?

- Digamos que... Para o que eu preciso que me contes... Sim, talvez medidas mais extremas sejam necessárias.

- Do que você está falando John? – Buscou parecer confiante, embora estivesse sendo consumida pelo pavor quase primitivo, pois começou a temer por sua vida. – Acha mesmo que precisa me algemar a cadeira para que possamos conversar? Quando foi que não deixei de lhe dar as informações que me pedisse?

- Susan minha cara, suas informações sempre foram muito uteis para nós e eu sempre lhe serei muito grato por isso. Porém, eu também sei que o servicinho de entrega de informações ocorre dos dois lados. – Lamartine se referia ao fato de que Susan fingia entregar notícias da Ordem à ele, tão somente para conseguir informações de volta.

- Como assim John? – Tentava ganhar tempo para pensar em algum tipo de alternativa para o seu destino que parecia cada vez mais certo.

- Refiro-me ao nosso conveniente casamento! – Ela sentiu seu estômago embrulhar, pois ele mencionou os piores anos de sua vida. Quando precisou fazer o sacrifício máximo pedido pela Ordem. Aquele para o qual fora preparada. – Descobri, tardiamente é bem verdade, que tudo não passou de um estratagema da Chermont! – A menção ao verdadeiro sobrenome de Delphine acionou os últimos alertas em Susan. Ele estava desesperado e isso  sempre significava perigo extremo! – Mas, então eu vi que também poderia usar tal estratégia. E aqui estamos nós. – Abriu os braços juntamente com um sorriso sarcástico.

- Mas repito, preciso mesmo ficar presa?

- Vejamos... – Bateu dois dedos no queixo, fingindo pensar em algo. – Digamos que o que preciso que me digas tem a ver com a imortalidade de Evelyne Chermont! – Finalizou a frase com seu rosto bem próximo ao dela, e ambas as mãos apertando os braços da mulher que falhou ao esconder o seu temor. Ele a olhou intensamente nos olhos, buscando vislumbrar o que eles deixariam transparecer.

- O que eu poderia saber sobre a imortalidade de Evelyne que você não saiba? – Retrucou. – Afinal de contas, vocês a partilham, não é mesmo? – Tentou provoca-lo.

- SIM! – Ele aumentou seu tom de voz e afastou-se dela, retornando a escuridão. – Infelizmente a partilhamos! – Disse como se aquelas palavras doessem em sua boca.

- Então nesse caso eu sou completamente inútil para você! – Susan argumentou em favor próprio.

- Eu duvido muitíssimo disso... Pois eu tenho absoluta certeza de que... – Aproximou-se lentamente e alcançou uma mesa que possuía rodinhas, trazendo-a para sob o feixe de luz que iluminava Susan – Como um membro da alta cúpula da Ordem do Labrys... – Pegou da mesa um bisturi afiadíssimo e o balançou diante do rosto de Susan, “acariciando” seu queixo e descendo por sua garganta, obrigando-a a engolir em seco – Sabes muito bem o motivo disso! – Ela fechou os olhos com força, achando que ele enfiaria aquele instrumento em sua garganta. Porém não foi isso que ocorreu e com relutância, abriu-os e assustou-se ao ver pingos de sangue sobre o seu vestido. Quando ergueu os olhos, deu de cara com a mão dele espalmada diante de si e um corte relativamente profundo de onde minava aquele líquido vital.

- O que é isso? – Fingiu ignorância!

- Isso? Isso é sangue Susan! – A segurou pelo queixo com a mão ferida. – MEU SANGUE! E isso é IMPOSSÍVEL! – Berrou a plenos pulmões!

- Calma papai! – Paul entrou na conversa!

- Como podes me pedir calma? Eu não sabia o que é sangrar há mais de 300 anos e agora, sem mais nem menos isso acontece? Não posso ter calma! – Ele perambulava pela sala, entrando e saindo do campo de visão de Susan. – Algo aconteceu! Algo causou isso e ela sabe! – Apontou para Susan que retesou todos os músculos. Sabia que iria precisar de toda a sua força e concentração para evitar contar algo que pudesse leva-lo a descobrir o que estava acontecendo tanto com ele quanto com Delphine.

- Não sei do que estas falando. Como bem sabes, a Cormier tem os segredos dela e que não compartilha nem mesmo conosco.

- É isso que veremos! – E olhou para um canto da sala. Susan pode ouvir os passos ritmados sobre a cerâmica e procurou quem mais estaria ali.

- Olá de novo Susan. Há quanto tempo não é mesmo? – Ferdinand lhe sorria sadicamente. – Então Senhores e Senhora... Podemos começar?

 

______

 

O som estridente e acelerado do salto de seus sapatos batendo contra o piso de porcelanato do saguão do aeroporto indicava que estava, mais uma vez, atrasada!

Cosima corria, empurrando o carrinho com suas bagagens e tentava se desvencilhar das pessoas que transitavam pelo saguão do aeroporto de Londres e se amaldiçoava por ter perdido a hora devido a ter esquecido de programar seu celular. O mesmo erro cometido por Delphine que a acordou há pouco mais de quarenta minutos atrás.

Sua professora insistiu para que não se desesperasse daquela maneira, que ela poderia compra-la uma nova passagem em um voo mais tarde, mas Cosima recusou-se veementemente a isso. Pois disse que deveria assumir os seus erros. Tomou um banho às pressas e vestiu a primeira roupa que encontrou e assim que chegou ao aeroporto, já ouvia os anúncios de seu voo e as incessantes ligações de seus amigos não paravam.

Os avistou pouco antes de passarem pela alfandega, pois fizeram questão de espera-la e os cinco já gesticulavam para que ela corresse ainda mais. René se ofereceu para despachar sua bagagem e realizar o seu check-in.

Sob os últimos alertas, os cinco entraram no voo que os levaria para a Índia. Procuram seus assentos e coincidentemente, Marc e Amélia fizeram a organização dos lugares de uma maneira que Cosima sentaria na janela, tendo Louis ao seu lado e um completo estranho no corredor. Ambos olharam para os amigos que estavam nas fileiras próximas e os fuzilaram com o olhar.

Seriam mais de dez horas de voo e isso deveria ser tempo suficiente para que ambos pudessem conversar e acabar com qualquer mal entendido que ainda pudesse existir entre eles. Até porque ambos eram falantes ao extremo e não aguentariam ficar calados por tanto tempo.

Foram resistentes nas duas primeiras horas, mas a situação já estava atingindo níveis ridículos de desconforto. E foi Louis quem quebrou o clima.

- Acho que já está estanho demais não é mesmo? – Disse fechando o livro que fingia ler.

- Demais! – Cosima retirou os fones de ouvido assim que o ouviu abrir a boca. – Louis, antes de dizeres qualquer coisa, eu queria que você me ouvisse. Eu não procurei por nada disso, por me envolver com outra pessoa estando com alguém. Mas o que eu e a Delphine temos transcende tudo o que é racional. Tudo o que eu já pude imaginar ser possível. – Cosima falava em um único fôlego, sem deixar que seu amigo dissesse nada, apenas ouvisse. – E a minha relação com a Shay era... Algo muito bom, mas... Não era amor Louis. – Havia pesar em sua fala – Pelo menos não de minha parte. E hoje eu posso falar isso com propriedade, pois agora tenho certeza, pois sei o que é amor. – O olhou com intensidade, seus olhos estavam marejados. – Pois eu amo a Delphine, com cada fragmento de meu ser. – O leve tremor do queixo do rapaz indicava que ele também estava sendo tocado com o que sua amiga lhe confidenciava.

- Cos! – Ele a interrompeu com um gesto de mão. – Eu lhe entendo minha amiga. E gostaria de pedir desculpas por minha atitude inicial com você, mas como deves ter imaginado, eu misturei as coisas. Tomei dores que não devia.  – Cosima fez menção a dizer algo, mas foi gentilmente impedida por ele – Então eu gostaria de dizer que estou muito feliz por você e espero muitíssimo que a Profa. Cormier tenha dimensão do privilégio que tem. – E mesmo sentados, se abraçaram carinhosamente.

- Foi mais rápido do que imaginei! – Marc estava de pé no corredor, ao lado de Sophie, René e Amélia.

- Podem me passar a grana queridos! – Amélia estendia a mão diante deles.

- Ei, vocês fizeram uma aposta? – Louis se adiantou.

- Sim, apostamos em quantas milhas rolaria as pazes entre vocês. – Sophie orgulhou-se de sua ideia.

- E eu venci! – Amélia recolhia o seu espolio satisfeita.

- Ufa! Ainda bem que a paz voltou a imperar no reino dos Semideuses. – Marc anunciou. – Porque seria terrível ter de passar os próximos quatro dias com vocês nesse climão. Além do mais, vamos arrasar em Nova Deli!

- Por favor! – Louis concordou e os seis riram. Uma bela comissária de bordo os abordou, solicitando que retornassem a seus assentos e a viagem transcorreu de forma tranquila com Cosima e Louis conversando entusiasmadamente, sem conseguir cochilar um instante se quer. Pareciam dois amigos que não se viam há anos e precisavam colocar a conversa em dia.

No horário previsto, pousaram no Aeroporto Internacional Indira Gandhi e já nele puderam ter uma pequena amostra do fervor que era aquela cidade e aquele país.

Assim que saíram dele puderam ter uma noção da riqueza cultural que representava aquele país. Mesmo sob a influência do mundo Globalizado, a Índia ainda conseguia manter muito da sua cultural original, encantando os visitantes.

O percurso do táxi até o hotel também foi uma outra surreal experiência, a começar pela curiosidade deles ao conversar com o motorista, perguntando-o sobre o seu idioma e de como algumas palavras eram ditas. E apesar dos demais semideuses falarem inglês, não tinham o hábito de usar tal idioma com frequência, ficando a cargo de Cosima a maior parte da comunicação ali. E rapidamente chegaram ao hotel Chanakya Inn, onde tinham suas reservas.

Ficaram em duas suítes triplas, uma para os rapazes e outra para as moças. O quarto era amplo e a decoração moderna e característica de todo hotel de negócios se misturava com traços da cultura local.

- Nada mal! – Amélia conferia a cama que parecia ser confortável.

- Vejamos o banheiro! – Sophie correu até lá. – Muito bom viu? – Gritou lá de dentro. E logo as três trataram de desfazer as malas e pendurar algumas roupas nos armários que havia ali.

- De que horas precisamos realizar o nosso credenciamento no evento? – Amélia perguntou já jogada em uma das camas.

- A partir das 15h, e como são... – Sophie ajustou seu relógio de acordo com o que havia sobre a mesa de canto. – 10h, temos um tempinho para descansarmos. – Já começou a se despir.

- Acho uma excelente ideia! – Cosima espreguiçou-se, até porque, ao contrário das amigas, não havia conseguido pregar os olhos ao longo da viagem. – Mas não podemos dormir demais. Devido ao Jet Lag! – Foi então que, sem anuncio algum, os rapazes adentram no quarto delas, sob os protestos de Sophie, que já estava de sutiã e retirando sua calça.

- Estão prontas para explorar os segredos do Oriente? – Marc já estava a mil.

- Na verdade, nós achávamos que seria bom um breve descanso. Afinal estamos com uma pequena diferença de fuso – Sophie emendou seu protesto.

- Teremos tempo de descansarmos quanto voltarmos para casa. – Louis saiu em apoio a seu amigo. – Além do mais, quantas vezes nós estaremos na Índia novamente todos juntos?

- Ai Louis... Te odeio, pois sempre tens razão! – Amélia bufou e olhou para Cosima com uma sobrancelha erguida. Essa suspirou, sentindo que seria voto vencido e sorriu em concordância para os amigos. Então sentiu um vibrar pulsante em seu bolso e assim que tomou seu celular em mãos, um luminoso sorriso tomou conta de seu rosto. - Timing perfeito o da nossa professora não? – Amélia a provocou com um sorriso cínico nos lábios. Ela não havia visto quem era, apenas presumiu a autora da ligação pela reação escancarada da amiga.

- Não vai atender? – Marc sentou-se ao lado de Amélia também na expectativa.

- Atende logo Cos! – Foi a vez de René juntar-se aos amigos e logo o cinco Semideuses estavam amontoados todos na mesma cama, atentos a reação de sua amiga que ainda não havia decidido o que faria.

- Ah Cos... - Louis inclinou-se e conferiu o aparelho que tocava insistentemente – É chamada de vídeo! – Anunciou para os amigos e com uma expressão marota nos lábios, foi mais rápido que sua amiga e atendeu a ligação, retornando em seguida para junto dos demais. Um palavrão ficou preso na boca de Cosima quando ela viu o rosto amado do outro lado da linha.

- Olá Mon Amour! Chegou bem? – O rubor nas bochechas de Cosima atingiu níveis inimagináveis.

- Oi... Oi Delphine... Sim... Cheguei sim. – Respondeu gaguejando.

- Fico muito feliz em saber. Sei que a programação da semana será cansativa... – Delphine falava e Cosima esforçava-se para parecer normal, enquanto seus amigos lutavam para conter o riso e não denunciarem sua presença ali. – Aproveite ao máximo o evento, pois a programação está interessantíssima e irás me passar tudo que eu perder...

- Po... Pode deixar! – O desconforto era evidente.

- Se bem que... Meus planos para o final de semana... – Cosima crispou os lábios e prendeu a respiração com o que Delphine estava prestes a falar. Inevitavelmente ergueu seus olhos e vislumbrou seus amigos boquiabertos e ansiosos. – Vão muito além de discutirmos os temas das palestras... Afinal de contas estaremos só eu e você... – Cosima engoliu em seco – E tudo o que eu mais desejo fazer com você... – Pensou que iria desfalecer ali mesmo. – Não diz respeito a absolutamente mais ninguém além de nós duas. – E lhe piscou um dos olhos. Cosima arregalou os seus, mas logo entendeu o que havia acontecido e virou seu celular para os amigos. – Olá Srs e Srtas... Espero que também tenham feito uma boa viagem! – Delphine os saldou, pegando-os de surpresa e logo as gargalhadas contidas, vieram à tona.

- Olá professora! – Marc falou em nome dos demais que apenas acenaram!

- O mesmo que eu disse para a Cosima vale para todos e todas... Aproveitem ao máximo as conferências e palestras. E tenham excelentes apresentações. – Todos agradeceram. – E Cos, nos falamos mais depois está bem?

- Sim Sra! – Brincou!

- Amo você! – Cosima se derreteu com aquela declaração ao ponto que os Semideuses ficaram ainda mais surpresos.

- Já vai ai? – Marc disse boquiaberto após a ligação ser encerrada.

- Hunrum! – Cosima sorriu timidamente. E todos ali puderam confirmar que realmente o que estava acontecendo entre elas era algo muito sério e intenso e foi impossível para eles não se contagiarem com a felicidade estampada no rosto da amiga. – Bom, agora eu estou ainda mais disposta. Para onde vamos?

Logo os seis estavam no saguão do hotel, vasculhando todos os panfletos de passeios turísticos e indicações. Cosima questionava a simpática recepcionista acerca das indicações dela e então decidiram seguir seus conselhos e optaram por passear de metrô visto que o trânsito na superfície era caótico.
            Como tinham poucas horas, optaram por conhecer os lugares da Old Dehli, em especial os mercados tradicionais que haviam ali e, se desse tempo, visitarem o Templo Vermelho. E como bons turistas em um país completamente diferente e estranho, perderam-se algumas vezes, mas sempre encontraram a simpatia dos habitantes locais para lhe socorrerem e, após alguns desencontros, chegaram ao Chandni Chowk, um imenso e super movimentado mercado popular que tinha absolutamente um pouco de tudo e muito da Índia. Ficaram encantados com a diversidade de cores que saltavam aos olhos, provindas dos belíssimos tecidos usados para as vestimentas das mulheres e os turbantes dos homens.

As barracas de especiarias eram um caso a parte, cativando pelos exóticos cheiros e pela variedade de sabores. Cosima e Amélia ousaram provar alguns e se surpreenderam com os gostos. Já Sophie ainda estava tentando se livrar da claustrofobia que lhe consumia diante de tanta gente se acotovelando.

Aproveitaram também para almoçarem e se deliciarem com a melhor comida de rua que o mercado poderia lhes oferecer. Então pararam na Jalebi Wala, uma espécie de restaurante a céu aberto onde as mais variadas delicias da culinária indiana poderiam ser provadas. Mas todos optaram em seguir as dicas de Cosima.

- Acredito que todos já devem ter provado as Samosas, mas eu sempre quis provar as legitimas aqui na Índia. – Ela anunciou para os amigos enquanto gesticulava para o vendedor a quantidade que desejavam. – E minha mãe me disse que aqui estão as melhores que ela comeu. E eu confio nela, afinal ela passou meses viajando por esse país. -  E seus amigos não se arrependeram. Degustaram, maravilhados aquela comida típica.

- Vocês tem Vada Pav? – Seus olhos brilharam ao questionar o vendedor. Sabia que a resposta seria positiva, afinal estava no mais variado restaurante de rua de um dos principais mercados indianos.

- O que é isso? – Louis a interrogou.

 - O Vada Pav é uma espécie de sanduiche vegano com um hambúrguer feito de batata que vem dentro de um pãozinho. – Virou-se para questionar o vendedor – Isso, o pão se chama Pav.

- Ah eu quero provar! – Sophie se adiantou a todos e logo que recebeu sua porção, adorou o sabor e logo todos a seguiram.

E a tarde transcorreu naquele clima de descobertas e compras. Sobrando para o pobre René, ser gentil e carregar sacolas e mais sacolas das amigas e também dos amigos.

- Nossa, queria muito ir ao Templo Vermelho, mas exageramos nas compras. – Cosima lamentou-se!

- Sim, já é quase noite e precisamos ir para a abertura do evento. – René disse em tom aliviado, pois já estava preocupado de seus amigos quererem ir carregando tudo aquilo.

- Bom, podemos sempre escapar aqui e ali para fazermos um pequeno turismo. – Amélia se pronunciou – Quando rolam mesmo as apresentações de vocês? – Logo todos confirmaram os dias que iriam apresentar seus trabalhos e constataram que teriam a tarde da quinta e toda a sexta-feira livres. Combinaram de continuar com o turismo nesses dias, mas sem exageros, pois todos pretendiam estarem presentes na conferência de encerramento do evento na sexta a noite e que seria dada por ninguém menos que a sua orientadora.

 

______

 

Delphine desligou seu celular com um sorriso bobo nos lábios. Pegava-se tendo os mais intensos e quase juvenis sentimentos em relação à Cosima e estava, para sua surpresa, já com saudades dela. E isso também se devia ao fato de terem de passar uma semana inteira separadas. Mas ela sabia que precisava organizar questões da Ordem e, acima de tudo, precisava finalizar a leitura do diário para que pudesse mostra-lo à Cosima e poder explicar tudo o que era necessário.

Respirou fundo enquanto guardava o aparelho no bolso de seu casaco e descia as escadas de seu castelo. Seguiu para uma imensa sala de estar com vários sofás e poltronas. Lá estavam Siobhan, Helena e Genevieve a sua espera, próximas a imponente lareira ornada em mármore negro.

- Muito obrigada por terem vindo! Podemos começar? – Disse sentando-se ao lado de Helena que, assim como as demais, percebeu o excelente humor que sua Mestra estava naquele dia.

- Antes de tudo eu gostaria de justificar a ausência de Susan. – Siobhan iniciou a sua fala. Só então Delphine lembrou-se de tê-la visto na Ópera há 3 noites. – Ela precisou se ausentar para um de seus “retiros” de descanso. – Todas se entreolharam em sinal de compreensão ao fato de que S se referia às viagens que a reitora Duncan fazia com algum de seus vários jovens amantes. – Falei com ela a pouco por telefone e recebi confirmações da guarda pessoal dela.

- Para onde ela foi dessa vez? Rio de Janeiro? Buenos Aires? – Delphine provocou e logo todas riram divertidas. Sabiam das preferências de Susan por se relacionar com homens bem mais jovens do que ela e não a condenavam por isso. Muito pelo contrário, pois Delphine, assim como as demais, defendiam que as mulheres deveriam viver a sua sexualidade e as suas escolhas da melhor maneira que lhes convier.

- Bom... Mas agora temos alguns assuntos um pouco mais sérios para serem tratados. – Helena interrompeu os risos, atraindo atenção para si.

- Sim temos. – S trocou olhares com sua pupila e ambas se voltaram para sua Mestra. – Precisamos montar um esquema de segurança para Cosima! – Delphine mudou seu semblante instantaneamente. A prudência de suas irmãs era mais do que necessária e ela sabia disso, contudo, aquele alerta a trouxe para a mais dura e temível das realidades. A de que Cosima estava correndo um imenso risco de morte.

- Eu sei! – Foi tudo o que Delphine conseguiu dizer, baixando a cabeça.

- Apesar de termos a certeza de que Lamartine e o Martelo não sabem sobre a profecia, temos de nos resguardar e nos prepararmos para tudo. – Genevieve se pronunciou.

- Sim. Aquele lunático, quando roubou as páginas do Nominis Umbra não teve tempo de levar tudo por completo. – Delphine afundou-se no sofá. – Nem tão pouco sabe o que minha mãe e as anciãs fizeram para... – Era sempre difícil para ela, mesmo após tantos anos, lembrar-se daquele fato – Garantir que a profecia pudesse ser concretizada.

- E ela está acontecendo! Não podemos mais negar isso! – S disse visivelmente emocionada. – Não restam mais dúvidas de quem a Cosima é. – Olhou ternamente para Delphine. – Mas todas sabemos que ela só poderá ser concluída quando a Srta Niehaus souber quem ela realmente é.

- Não apenas isso! – Delphine suspirou. – Não basta ela apenas saber. – Todas a olharam apreensivas. – Ela precisa ACEITAR quem ela é! – Tratou de atribuir força a cada palavra dita, para deixar claro que havia ali um problema.

- E achas que isso será difícil dela aceitar? – Helena a questionou.

- Muito! Ela é racional demais. É do tipo que precisa ver para crer! – Delphine disse olhando para a mão que outrora fora cortada. – Embora eu sinta que muito está mudando nela. Nosso encontro está proporcionando mudanças nela também. – As olhou com esperança. – Mas até que ela aceite mesmo, temos que ter cautela.

- Mas... – S olhou para as demais – Quando pretendes contar a ela? – Era nítida que a ansiedade não estava só no coração de Delphine.

- Muito em breve! Na verdade eu tenho planos de começar a lhe contar tudo já quando reencontrá-la no próximo final de semana. – Suspirou. – Tenho a esperança de que os relatos contidos no diário da Melanie possam me ajudar a legitimar o que preciso contar a ela.

- Que diário? – Helena se sobressaltou, assim como Genevieve. E então Delphine percebeu que S não havia guardado aquele segredo só dela. Encarou firmemente a sua antiga Protetora.

- Bom, sabem que eu entreguei o outro exemplar do livro da Ordem do Labrys a Cosima como parte do legado da Melanie para a realização da profecia. – As duas concordaram com a cabeça. – Contudo, a jovem Verger deixou outra coisa como herança. Um diário, onde ela narra suas memórias sobre a Ordem e sobre seu relacionamento com a Evelyne. – Olhou para Delphine que fez um gesto para que ela continuasse. – Pois bem, esse diário foi deixado para ser entregue a Evelyne, porém ele nunca chegou, naquele tempo, nas mãos dela, pois ela também estava presa. – Delphine baixou a cabeça e lutou contra as memórias de seu doloroso cárcere.

- Mas então como ele chegou até os dias de hoje? – Helena estava impaciente.

- Ele foi entregue à Emanuelle Chermont, juntamente com o exemplar do livro da Ordem escrito por ambas, por uma das amas de confiança da Melanie. – Delphine a olhou interessada, pois estava tendo a explicação que tanto ansiava. – Foi ela, a Mestra Chermont quem decidiu o que deveria ser feito com aquele diário. – Olhou atentamente para todas, escolhendo as palavras que diria a seguir, pois aquela era a sua missão mais secreta enquanto Protetora da Ordem do Labrys. – Com a prisão da sua filha, Manu não tinha certeza do que iria acontecer com a Ordem e... E quando ela decidiu criar a profecia, achou que o que continha naquele livro, serviria de prova para que Evelyne aceitasse que o seu grande amor havia retornado para ela. – Lágrimas caiam dos olhos de Delphine. Um misto de felicidade e tristeza e essa se devia às lembranças de todos os sacrifícios que sua mãe fez por ela. – E essa tem sido a missão mais secreta das Protetoras da Ordem. Um segredo passado de uma para outra ao longos dos últimos 300 anos. – Dirigiu-se para sua pupila – Helena... Eu não lhe repassei tal missão porque comigo chegou o momento de cumpri-la e entregar ambos os livros àquela que é o grande amor de Evelyne Chermont.

Todas foram tocadas pela emoção daquele momento e de todas as revelações que estavam sendo feitas. E o soluçar de Delphine comovia a todas que faziam apenas uma vaga ideia do que ela poderia estar experimentando naquele momento. Helena recostou-se e a envolveu sobre os ombros, puxando-a para si, tentando conforta-la.

- Obrigada S! – Finalmente ela disse. – Obrigada a todas vocês! Mas agora eu creio que cabe a mim e à Cosima realizarmos a profecia. – Sorriu. – Eu deixo a cargo de você – Olhou para S – E de Helena a segurança da Cosima.

- Não se preocupe Del... Tem pessoas minhas com ela na Índia nesse exato momento. – Delphine a olhou surpresa, embora nem deveria, pois sabia que sua amiga era muito mais do que eficiente.

- Bom... Acho que encerramos por aqui. Helena, devo ficar no castelo nos próximos dias. Viajo para a Índia na quinta à noite e ficarei por lá até o domingo.

- Sim, estou com sua agenda. Tem certeza que não quer que eu vá com você? – Insistiu.

- Não precisa minha cara... Você mesma não disse que tem pessoas suas por lá? Ficaremos bem! – Ergueu-se, sendo seguida pelas demais que foram logo se despedindo, porém Delphine se demorou mais no abraço em S.

- Muito obrigada por tê-la trazido pra mim! – Disse em seu ouvido. Siobhan a olhou ternamente e lhe beijou a testa saindo em seguida. Tão logo se encontrou sozinha novamente, voltou sua atenção para a leitura do diário que estava repousando sobre sua mesa na biblioteca.

 

******

 

Passei os dias seguintes lamentando-me severamente por ter fugido de você mais uma vez e por não ter retornado para me despedir de Manu e de você, que eu soube que havia partido junto com sua mãe, ao contrário do que havias dito.

- Menina, você precisa se alimentar. Já basta que mal tem dormido! – Alba me oferecia a colher com um caldo morno. – Vai acabar adoecendo seriamente.

- Deixe ai em cima Alba. Prometo que tentarei comer um pouco. – Menti e ela sabia disso. Mas a verdade é que, eu havia me perdido nos labirintos de minhas confusões e dúvidas e sentia como se jamais fosse voltar a vê-la e o fato de teres ido embora apenas corroborava aquela minha sensação. E os sonhos que eu tinha com você, nas poucas horas que o sono dava o ar de sua graça apenas me torturavam ainda mais. E a paixão por você me consumia como uma verdadeira doença.

Foi quando tentei erguer-me de minha cama para ir até o lavador, que a minha visão turvou bruscamente e a voz de Alba em desespero ficava cada vez mais distante. Perdi completamente os sentidos e me perdi em uma escuridão que me pareceu passageira, só que descobri depois que não foi.

Quando acordei, já não estava mais em meu quarto. A claridade provinda da janela incidia nas paredes de cal brancas. Olhei ao redor e vi que haviam pouquíssimos móveis naquele quarto e um grande crucifixo pendia sobre a cama onde eu estava.

- Graças a deus a Srta acordou! – Alba se debruçou sobre mim com o ar preocupado embora parecesse mais aliviada.

- Onde estou? – Consegui perguntar com dificuldade, pois minha garganta estava seca – Tem água?

- A Srta está numa instituição para cuidar de sua saúde. – Alba me disse enquanto que erguia para que eu bebesse água.

- Mas porque estou aqui? Não estou doente! – Tentei me levantar e praticamente lutei com Alba para isso.

- Vejo que já está bem melhor! – Aquela voz tão amada encheu meu coração de alegria!

– Manu!? Você está aqui! – Corri na direção dela e a abracei.

- Na verdade é você que está aqui em Paris! – Ela me disse com um largo sorriso nos lábios. Olhei incrédula para ela e para Alba. – Agradeça a sua ama ali. Assim que ela a viu debilitada como estava, convenceu seu pai a manda-la para cá após entrar em contato comigo.

- Como está a nossa paciente essa manhã? – Uma mulher grisalha e vestindo um vestido branco e bege entrou no quarto.

- Eu... Eu estou muito melhor! – Eu respondi.

- Essa é a Magadalena, Mel... Uma das dirigentes desse estabelecimento.

- Muito prazer... Mas, que lugar é esse? – Questionei.

- Um ‘hôpital.’[1] – A mulher lhe respondeu sorridente.

- Tipo uma... – Melanie estalava os dedos para tentar lembrar-se de algo – Instituição de acolhida de enfermos?

- Algo assim. – Magdalena sorriu para Manu. – Mas a Srta chegou aqui bastante debilitada devido a recursar-se a se alimentar, então tivemos de alimentá-la com caldos e soluções salinas enquanto estavas dormindo. – A mulher me explicava.

- O que pretendias Melanie? – Manu me olhou duramente, mas também com ternura. A verdade era que eu não sabia a resposta àquela pergunta. Se pensas que eu pretendia dar cabo de minha vida, não era isso. Eu apenas não via mais graça em nada.

- Eu, eu... Não sei! – Suspirei arriando meus ombros. – Eu simplesmente não via nenhuma esperança em meus dias futuros. E... – Olhei Manu de baixo para cima e vi quando ela olhou rapidamente para Alba – Senti muito a sua falta e... – A mulher mais velha sabia exatamente o que viria a seguir, então decidiu interrompê-la.

- Calma criança! Não se desespere certo? – Ela me abraçou acolhedoramente. A verdade é que assim como Alba, Manu já havia percebido que o sofrimento maior que eu tinha devia-se a ideia ou até mesmo ao sentimento de paixão que eu criei por você e ela sabia também que aquele tipo de sentimento não seria bem visto, muito menos numa instituição como aquela. Confiava na Magdalena, porém ela não era da Ordem nem tão pouco concordava com as ideias “avançadas” de Manu. – Ainda temos tempo e vamos pensar em uma forma de você não ter o destino que seu pai deseja. – Disse em meu ouvido.

- Mas hoje, estando aqui em Paris e com você, eu me sinto bem melhor. Inclusive estou morrendo de fome! – Todas riram.

- Pois bem! Mandarei trazer o seu almoço e, se comeres tudo, posso pensar em lhe dar alta... – A mulher disse antes de sair.

- E eu a levarei para a minha casa! – Manu disse e meus olhos arregalaram-se de alegria. Naquele instante eu quis perguntar por você, mas achei melhor não. Até porque, muito em breve, eu estaria na casa de Manu e saberia o seu paradeiro.

Devorei o meu almoço, solicitando, inclusive um segundo prato, indicando que a minha indisposição e tristeza pareceram que foram embora. Então, no final da tarde eu estava chegando ao castelo Chermont. E como se fosse mágica, à medida que eu me aproximava dele, me sentia cada vez mais viva e forte.

Avistei ainda de dentro da carruagem, todas as mulheres da Ordem que viviam ali já me esperando na porta do castelo. Até mesmo Nanuk estava lá e, para a surpresa de todas, ela sorria e acenava para mim. Contudo, você não estava lá e para mim foi impossível esconder meu descontentamento, mesmo diante de tantos abraços calorosos que recebi.

Assim que entrei eu a procurei em todos os lugares que meus olhos alcançavam, mas não havia sinal algum de você.

“Ela não está aqui!” Manu me respondeu mentalmente, obrigando-me a olha-la.

“Eu... Desculpe...” Lamentei-me sem bem entender por que.

“Não se desculpe criança!” Ela me alcançou.

- Muito bem. Sei que todas estão felizes em rever a Melanie, mas as recomendações foram para que ela repousasse bastante, pois ainda está debilitada.

- O quarto dela já está pronto Sra. – Uma das mulheres disse a Manu. Terminei de receber o carinho de todas e segui Manu para o aposento que eu sempre ocupava quando estava ali.

- Para onde ela foi? – Finalmente a questionei assim que passei pela porta do quarto que era seu.

- Para a Toscana, como ela lhe disse! – Entrou no meu quarto – Melanie entenda uma coisa. Evelyne é como um animal selvagem, uma grande ave... Alguém que é impossível de ser ‘presa’ – Ela me dizia tudo com cautela e eu sofria com cada palavra. – Ela vai e vem como o vento. Ninguém a controla, ninguém a prede! – Ela viu meu pesar. – E ela ficou muito desconcertada após o ocorrido no hotel em Nice. – A olhei com interesse.

- Como assim? – A questionei enquanto me despia.

- Você teve um pequeno vislumbre do que ela é capaz de fazer... – Eu apenas anui com a cabeça, arrepiando-me ao lembrar da sensação que tive naquela tarde. – Então ela ficou extremamente fora si... Com... A possibilidade de poder ter te machucado. – Manu disse tudo aquilo com temor, pois sabia que tais palavras encheriam meu tolo e inocente coração de esperanças levianas. – Confesso inclusive que jamais a vi daquela maneira... – Manu disse aquelas palavras muito mais para ela mesma, mas eu as ouvi com perfeita nitidez e elas me serviam de alento.

Você também saiu mexida daquele nosso encontro. E como se eu houvesse ganho uma nova motivação, fui tomada por uma certeza firme e palpável. Eu a veria novamente!

 

******

 

- Eu sempre volto para você e você sempre volta para mim! – Delphine suspirou tais palavras completamente tocada pelo que estava lendo, contudo as ultimas noites mal dormidas ao lado de Cosima estavam cobrando seu preço e o cansaço lhe arrebatou, fazendo-a deitar em seu confortável sofá, onde mais cedo tivera uma reunião com as suas irmãs da Ordem. Sem nem perceber o sono veio e a abraçou. Seu cansaço foi tanto que nem se quer percebeu o vibrar insistente do seu celular. Era Cosima a lhe ligar.

 

______

 

O pútrido odor de fezes e da decomposição de corpos invadia e queimava suas narinas. Enquanto o frio que entrava pela alta e pequena janela de sua cela lhe doía os ossos, pois estava com as roupas e o cabelo molhados.

Susan estava suportando dias de torturas e isso incluía privação de sono, pois sempre que demonstrava que iria adormecer uma música alta ou um apito insistente eram acionados.

As feridas e hematomas por seu corpo indicavam o terror que estava experimentando nos últimos três dias. Lembrou-se da mentira que teve de inventar para S ao lhe ligar para confirmar que estava tudo bem. O mesmo foi feito com suas guardas, que agora jaziam mortas a alguns metros dela.

Sabia que a essa altura não sairia dali viva, e esse era o seu trunfo e a derrota deles. Pois como não mais lhe havia esperança, eles poderiam fazer o que desejassem que ela não lhes diria o que tanto desejavam saber. Contudo, o sadismo de Ferdinand não tinha limites e após o som ensurdecedor de um heavy metal fazer sua cabeça latejar, dois homens entraram em sua cela e lhe arrancaram as ultimas peças de roupas, deixando-a nua.

Ela ria debilmente para eles e em direção das câmeras.

- Vocês nunca terão o que querem de mim! NUNCA! – E berrou essa ultima palavra. Diante da tela, Lamartine bufava e esbravejava com seus homens.

- Três dias! Três dias e vocês não conseguem extrair nada da mente de uma velha! – Jogou um dos monitores no chão, fazendo-o quebrar em pedaços.

- Calma John! Ela irá nos dizer o que quer... Ferdinand foi interrompido

- Calma? – Ele urrou enquanto Ferdinad se contorcia, como se tivesse sendo sufocado.

- Lamartine... – Ele sentiu um toque suave em seu ombro. – Peço que deixe-me tentar buscar tais informações. – A melodiosa e feminina voz ao seu lado lhe chamou a atenção.

- E como pretendes conseguir isso? – Paul a questionou. – Você já falhou uma vez!

- Não falharei novamente! Eu garanto! – Ela lhe disse duramente.

- Pois bem! – Lamartine libertou Ferdinand e se virou para a mulher. – Não me de decepcione mais uma vez... Joana!

 

 

[1] Documenta-se o vocábulo português "hospital" no século XVI talvez por influência do francês "hôpital" do século XII derivados da forma culta do latim "hospitale" relativo a hospede, hospitalidade, adjetivo neutro substantivado de "hospitalis (domus) - (casa) que hospeda.


Fim do capítulo

Notas finais: Caso não estejam lembrados/as de quem seja a Joana, é ninguém menos que a moça que atirou em Delphine, ou seja... A coisa realmente ficará séria! Muahahahahaha (risada maligna)

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Comentários para 41 - Capítulo 41 Sacrifícios:
patty-321
patty-321

Em: 18/04/2018

Ai q medo. Pega mais leve. Coitada da susan. Sera q a Del nao vai sentir q sua irmã de ordem está sendo maltratada? Ai meu core. Bjs

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