Capítulo 21 – Bem que se quis..
Depois da tarde com Rafaela, cheguei exausta em casa.
Só não esperava me sentir a pior das criaturas quando, sorrindo, meu marido e meu filho vieram me receber, como há muito não faziam.
Aqueles momentos eram preciosos. Nós três. Juntos.. Como uma família.
Uma família feliz. De dar inveja a qualquer propaganda de margarina..
O filme que passava na TV já não tinha minha atenção.
Fechei os olhos e encostei minha cabeça no sofá.. Cansaço não seria a melhor palavra para definir o meu estado. Confusão, sim.
Senti braços fortes rodeando a minha cintura, em um abraço protetor. Lábios grossos tocaram meus lábios. Um cheiro de loção pós barba alcançou meu olfato..
Mesmo com o trabalho e as viagens constantes, Leonardo sempre fora um bom pai e um bom marido.
Carinhoso, atencioso, romântico.. Perfeito.
E por que o ser humano lida tão mal com a perfeição?
O perfeito assusta.
Deixa uma vontade insaciada. Um gosto amargo de estar tudo certo e pacato demais.
O perfeito nunca é perfeito o bastante diante de nossas vontades e olhos insaciáveis..
Uma busca que faz parte da essência do ser humano.
Buscamos a perfeição que não temos. Buscamos sem nem saber se vamos alcançá-la
A eterna e incessante busca pelo alheio.
Leonardo aconchegou-me em seus braços e, inevitavelmente, eu comparei.
Lembrei..
Pensei..
Rafaela..
Mateus veio correndo e juntou-se a nós.
Olhava para os olhinhos dele e eles brilhavam tanto. Guardavam em si todos os sonhos do mundo..
Brilho nos olhos também me lembrava alguém..
-- Mamãe, to com saudade da Rafa.. – Mateus comentou enquanto acariciava meu rosto.
As primeiras palavras que eu pensei foram: Ironia. Coincidência.. E eu nem acredito que coincidências existem.
-- Qualquer dia a mamãe combina com ela e leva vocês para brincarem de novo no parque, tá bom?!
-- Quem é Rafa, Melissa? – Leonardo questionou-me, aparentemente, sem entender..
-- É uma aluna minha que o Mateus conheceu. – Tentei responder naturalmente, mas não pude evitar o palpitar acelerado de meu coração. – Os dois se deram muito bem.
-- A Rafa é muito legal, papai. Ela adora a roda gigante e brinca muito comigo.
-- É mesmo, filhão? – Leonardo pegou Mateus de meu colo e passou para o seu. Sorrindo, completou: – E o papai não é legal e nem ganha carinho? Só ta fazendo na mamãe..
Fiquei observando o carinho e as brincadeiras. A cumplicidade entre pai e filho. A naturalidade e a espontaneidade dos sorrisos..
Algumas semanas atrás, observar esse momento seria o bastante para mim..
Não que deixou de ser importante, apenas deixou de ser o bastante..
Ainda em clima familiar, jantamos..
Mateus tomou banho e fez os deveres da escola. Leonardo o colocou para dormir.
Cansado e feliz, logo se entregou ao sono.
Eu estava no quarto, sentada na cama, usando a luz do abajur, que ficava no criado ao lado, para terminar de ler e adiantar alguns processos. Quando Leonardo chegou sorrateiramente..
-- Sabia que você fica deliciosa com essa camisola de seda? – Ele sussurrou no meu ouvido enquanto me abraçava por trás e beijava meu pescoço. – Mas fica mais deliciosa ainda sem ela.
Fez com que eu levantasse os braços para que ele mesmo retirasse a camisola. Apressado.. Envolveu meus seios com ambas as mãos e apertou. Forte.
Minha mente teimava em comparar o toque, a maciez das mãos.. Tentava afastar os pensamentos, mas não conseguia.
-- Para, Léo.. Tenho que terminar isso ainda hoje.
Tentei dizer, enquanto fugia de suas investidas, mas eu sabia que não seria possível. Não entendia essa minha fuga. O sex* nunca havia sido problema antes..
-- Amanhã você termina isso – Ele virou-me em sua direção e beijou-me. – Tô louco pra te comer inteira.. – Sussurrava ofegante e mordia o lóbulo da minha orelha – Olha como você me deixa. Sente..
Disse enquanto levava minha mão até seu sex*, pude sentir sua excitação.
Leonardo puxou-me para junto de seu corpo. Rapidamente, retirou a própria roupa.. Rasgou a calcinha que eu usava e me penetrou com força. Tesão.
Eu não conseguia me concentrar. Alguma coisa ali não se encaixava. Ou eu já tinha gastado minha cota de sex* do dia.
Fechei os olhos e me deixei levar..
Por horas e horas.. Até ele se satisfazer.
Não demorou muito para que adormecesse.
O sono não vinha e a mente ainda me perturbava. Passando as cenas do dia, revivendo diálogos. Relembrando sorrisos.. Apertava os olhos, tentando parar, mas era inútil..
Levantei sem conter a súbita agonia que aquilo me causava.
O quarto, na penumbra, não me deixava enxergar com exatidão as horas no relógio, que estava no criado, ao lado da cama.
Procurei meu celular e, surpresa, não contive o sorriso ao ler a mensagem de Rafaela..
Mel,'' a minha estrada corre pro seu mar. Vem pra perto vem. Vem depressa, vem sem fim.. Dentro de mim.
Que eu quero sentir o seu corpo pesando sobre o meu.. Vem pra mim, me abraça devagar, me beija e me faz esquecer. ''
Te vejo no sábado, no amigo secreto da turma de Relações Internacionais?
Beijo.. Boa noite.
Ps- Adorei hoje à tarde!
Deixei escapar baixinho, cantarolando e respondendo mentalmente àquela mensagem..
'' Mas tanto faz!
Já me esqueci
De te esquecer
Porque!
O teu desejo
É meu melhor prazer
E o meu destino
É querer sempre mais.. ''
Bem que se quis – Marisa Monte
Fim do capítulo
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