Atrasadíssima. Sorry!!!
CapÃtulo 6 - E o cerco vai se fechando
O trajeto no carro fora feito no mais completo silêncio. Cada uma presa na cena do beijo com sentimentos diferentes. Para Madalena era um momento sublime. O beijo superara suas expectativas. Ansiava por este momento e perdeu o controle quando vislumbrou a oportunidade. Torcia para não ter posto a perder a chance de conquistar aquela linda mulher. Mas, o mutismo da outra a deixava incerta.
Lana, por sua vez, ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido. Madalena a beijara. E, ela permitira e correspondera. E, agora? O que fazer? Como agir? Todas essas interrogações atormentavam simultaneamente a publicitária.
Parou o carro.
Ambas estavam mudas. Para a publicitária seria muito mais fácil nem ter que se despedir. Bastava que a empresária saísse do carro e que somente voltassem a se encontrar quando o projeto fosse posto em prática. Problema resolvido.
- Lana, eu queria... – Madalena iniciou a fala.
Lana não lhe dirigiu o olhar. Somente olhou para o movimento do trânsito e interrompeu.
- Sra. Pimentel, não precisamos tocar nesse assunto. Tenha uma boa tarde.
O silêncio se fez mais uma vez. Lana demonstrava uma indiferença que estava longe de sentir enquanto Madalena pensava numa forma de desfazer aquele mal-estar. A empresária tocou levemente a mão da publicitária.
- Eu gostaria muito de conversar com você no meu apartamento. – Se encararam.
- Não. Preciso descansar. Amanhã terei que desenvolver vários projetos de criação.
- Vem comigo? – Madalena sussurrou e sustentou o olhar. – Preciso te explicar uma coisa.
Bastava ser firme e se recusar a subir. Ir embora e somente voltar a ver aquela mulher quando necessário. Mas, algo ainda sem nome e não muito refletido a impelia a subir. Entender o que havia acontecido. O que poderia acontecer de ruim?
- Ok. Você tem dez minutos.
Madalena sorriu. Adorou saber que teria a publicitária em sua zona de conforto. Mas, teria que ser cautelosa. Afinal, percebera que Lana havia ficado na defensiva e o tratamento cordial havia retrocedido para o formal com o velho senhora Pimentel.
***
- A Selena te observa constantemente. Já percebeu? – Marcela perguntava para uma Verônica que parecia estar distraída. – Camila? Camila? – Falou mais alto.
- Oi. Eu estava distraída.
- Hum! O que foi aquele pega com a Brenda, hein?! Safada. Rolo antigo?
- Você é uma idiota. – Disse Verônica rindo. – Pode-se dizer que sim. Eu a conheci uma vez numa balada e ela me reconheceu.
- Então te ameaçou por causa disso? Ufa, fiquei até com medo de você estar correndo perigo. Você deve ter a maior pegada. Ficar uma vez e marcar tanto assim. Essa mulher está enjaulada há séculos.
Verônica coçou a cabeça. Teria o horário de janta para obter maiores informações. Esperava ter sorte. Seu sexto sentido alertava que o tempo estava acabando e precisava ter alguma carta na manga.
- Acho que ela estava me alertando para não ficar com mais ninguém. – Despistou.
- Você percebeu que a Selena não tirava o olho de você com a Brenda? Acho que ela está a fim de você.
Verônica encarou Marcela na expectativa de flagrar o semblante cômico de quem acabara de contar uma piada. No entanto, ficou perplexa quando entendera que a colega de cela falava sério.
- Ficou doida? Essas policiais são malucas. A Selena deve ter ficado de olho devido a constante ameaça daquelas malucas. E, por acaso, os guardas ficam com as detentas?
- Eita, mulher ingênua. Você já observou quantas mulheres recebem visita? Muito menos do que os homens com certeza. A maioria de nós é abandonada aqui à própria sorte. Família fica pouco se lixando com a mulher vem para a cadeia. Somem com os filhos, marido arranja outra. Ficamos esquecidas. Você já parou para ver que a vaca da Gisele é cheia de delicadeza com algumas meninas... Ela, pega geral.
- Ah! Você está me sacaneando... – Disse Verônica sem acreditar no que ouvia.
- Nunca mexeram comigo. Mas, a gente nota. Eu ia querer pegar a gostosa da Selena. Se ela me desse metade da encarada que deu para você, eu cairia matando. – Disparou a gargalhar principalmente da cara da parceira de cela.
A hora do jantar chegou. Ao se aproximar da mesa, Verônica teve o corpo puxado para o colo de Brenda e sua boca tomada num beijo vigoroso.
“Filha da puta, tá se aproveitando”.
Ao conseguir se separar, ainda se mantendo no colo de Brenda, inconscientemente correu o pavilhão com olhar e do outro lado conseguiu visualizar Selena, que olhava fixo para a cena com cara de desagrado. Não deu muita importância.
A investigadora voltou a sua atenção para a detenta.
- Porr*, Brenda. Não fode. Você tá se aproveitando.
- Presta atenção. Tenho informação de que você está na lista. – Disse alisando a policial.
- Tem a ver com os gritos que ouço em algumas noites?
Mais um beijo.
- Não sabia que policial beijava gostoso assim. – Sorriu ao ver Verônica virar os olhos. – Mas, respondendo a sua pergunta, tem a ver. Algumas meninas somem.
- Tráfico de drogas.
- Isso é o que mantém todo mundo calado. O buraco é mais embaixo.
- Todas as policiais estão envolvidas?
- Gisele, com certeza. Da nossa ala, a Selena e a Jaqueline são novas. Ainda não devem conhecer o esquema. Mas, o Joaquim e o César, fecham com a vaca da Gisele. Que me parece comandar o esquema com as presas.
Verônica percebia que a atenção de Selena ainda estava voltada para si.
- O que acontece com elas?
- Algumas não retornam e as que voltam não contam. Mas, voltam diferentes. Garotas que eram cheias de vida, com planos para quando saíssem daqui, até mesmo as mais rebeldes... Voltam murchas. Apáticas. Fica atenta porque você está na lista.
- Como você sabe?
- Eu só sei.
Verônica ficou tensa. Estava difícil entender o que estava rolando. Percebera com a fala de Brenda que a droga era somente uma distração para o que verdadeiramente rolava ali dentro.
Estava deitada observando o teto. Marcela já dormia. Fazia pouco tempo que as luzes tinham sido apagadas.
Ouviu um barulho na grade da cela. Fingiu que dormia, mas estava atenta. Ouviu passos se aproximando. Seu coração batia descompassado. Seria aquela a sua vez?
Alguém mexeu consigo.
“Merda não conseguiria fingir que dormia por muito tempo...”
- Acorda. – Ao abrir os olhos, Verônica teve sua boca fechada pelas mãos de Selena. Seus olhos arregalaram. A carcereira a levantou puxando pelo braço.
A cena era aterrorizante para a policial. Fazia um grande esforço para manter-se fria para conseguir pensar uma estratégia para sair daquela emboscada.
Selena a levava com muita truculência. Verônica estudava o caminho. Pensava nas possibilidades de golpear a ruiva e sair ilesa. Mentalmente, bolava inúmeras saídas. Mas, estava ali para descobrir o que acontecia naquele presídio. Teria que ir até o fim.
- Sua cretina, o que foi que eu fiz dessa vez? – Verônica perguntou assim que percebeu que havia sido jogada na solitária. – Não diga que serei abusada por uma guardinha de merd*?
Selena avançou para cima dela e fechou-lhe a boca mais uma vez. Encostando-a na parede suja daquele lugar.
- Cala a boca. – Sussurrou com o rosto bem próximo da investigadora disfarçada que percebia raiva na postura da ruiva. – Você está aqui para sua proteção.
Sem mais nenhuma palavra Selena saiu e trancou a porta.
“Pensa, pensa, pensa... A droga é fachada. O que acontece com essas mulheres? Algumas morrem... Outras voltam diferentes... Famílias não reclamam nada.”
Verônica estava sem pistas. E, aquela atitude de Selena? Será que seria a vez dela naquela noite?
E se eles entrassem na cela e não a vissem? Por que a ruiva intercedeu?
Estava cansada. Pensava em inúmeras saídas, mas nada lhe parecia fácil de entender. Faltavam peças.
Sabia que já estava ali há algum tempo.
Ouviu o barulho da porta. Colocou-se de pé. A cabeça parecia que ia explodir. Não fechara o olho desde o momento em que fora deixada ali. Viu Selena entrar.
- De volta para a cela, Camila.
Segurou-a bruscamente pelo braço. Quando iam saindo, Gisele entra. Seu semblante estava fechado. Nitidamente percebia-se que ela estava prestes a explodir.
- O que ela faz aqui, Selena?
- Ela me desafiou. Coloquei-a para pensar em suas atitudes. – Disse nervosamente.
Gisele começou a andar pelo cômodo. Estava insatisfeita.
- Está desafiando as minhas subordinadas, vadia?
Antes que Verônica pudesse responder, Gisele desferiu um soco em seu rosto. Atingindo perto da boca, de onde rapidamente surgiu um filete de sangue.
Gisele pegou o cacetete. Começou a bater com ele na própria mão, como quem planeja algo.
- Mulheres como você precisam saber seu lugar, sua merdinha. - Sua voz era de escárnio.
- Você não pode ferir essa detenta. Lembre-se que temos outros planos. – Interviu Selena entendendo a linguagem corporal de sua superior.
A superior não satisfeita deu um tapa no rosto de Selena.
- Planos estes atrasados por sua incompetência. Leve-a de volta a cela.
Selena passou a mão no rosto e como um cachorro adestrado segurou o braço de Selena para conduzi-la de volta.
***
- Bebe algo?
- Não. – Estava tensa. Já havia se arrependido de ter subido. Sentia-se vulnerável.
- Sente-se. Relaxe. Eu não mordo. – Madalena falava serenamente. Num tom de voz sedutor. Sentia a outra tensa.
Lana havia se sentado. Tamborilava dos dedos no próprio joelho. Sentiu Madalena sentar-se ao seu lado. O nível de nervosismo aumentou. O perfume dela provocara em si uma sensação inesperada. Olhou no relógio e fingindo se manter no controle da situação, limpou a garganta com medo da voz não sair e disparou
- Você tem cinco minutos. – A voz não lhe traíra. Saiu limpa e segura.
Observou um meio sorriso partindo da mulher mais velha. Tinha que admitir que ela era linda e beijava muito bem.
“Que pensamento inapropriado, Lana”
- Não precisarei desses cinco minutos para dar o meu recado. Serei breve. Quero me casar com você.
Fim do capítulo
Beijo.
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josy 21
Em: 10/04/2018
Nossa!!! Madalena vai direto ao ponto.Sem enrolação.
Eu gosto assim.Espero que a Lana também.
Ansiosa pelos próximos capítulos.
Resposta do autor: Oi, Josy! A Madalena não manda recado, rsrs. Mas, acho que vai assustar a publicitária... rsrs. Obrigada pelo comentário. Beijo
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Mille
Em: 09/04/2018
Olá Paloma
Ainda bem que a Lana não estava bebendo nada porque se tivesse teria cuspido depois da revelação da Madalena. Kkkkk
Aonde foram colocar a Veronica heim cada vez fico mais curiosa mais acho que tem haver com violência sexual e deve ser coisa pesada.
Bjus e até o próximo capítulo
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Andys
Em: 09/04/2018
Oá autora!
Gostando muito desse conto e curiosa e ansiosa para saber esse esquema macabro da prisão.Poxa ate o final da investigação a Vero vai ficar so "osso" o sofrimento saco de pancada de todo mundo.A Madelena é de atitude e nem perdeu tempo gostando de vee!
Tá muito boa a historia continua!
Abs!
Resposta do autor: Oi, Andys! Q bom que está gostando. Fico muito feliz. sempre que possível deixe um recadinho com o seu parecer. Obrigada pelo comentário. beijo
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