Capítulo 4- Vida louca, vida..
-- Mateus, essa é uma amiga da mamãe, a Rafaela. – Melissa apresentou-os.
-- Oi, Mateus. – Rafaela cumprimentou simpática.
-- Oi. – O garoto deixou escapar timidamente, enquanto segurava firme na mão de sua mãe, buscando proteção.
-- Ela vai no parque com a gente, filho. – Melissa falava, acariciando os cabelos lisos e pretos do filho, em um gesto de carinho terno e maternal.
Rafaela abaixou-se, ficando na altura do menino, e sorrindo, perguntou-lhe:
-- Você deixa eu brincar contigo no parque, Mateus?
-- Do que você gosta de brincar? – Perguntou analisando-a longamente.
-- Eu gosto de jogar futebol, andar de bicicleta, roda-gigante, carrossel..
-- Eu também gosto de tudo isso! – Ele respondeu afastando-se da mãe e aproximando-se mais da garota parada à sua frente.
-- É?! E do que mais você gosta de fazer no parque?
-- Comer cachorro quente e algodão doce!
-- Hum.. Eu também adoro! Deu até vontade de comer tudo isso.
-- Trabalho em dobro pra mim, hein?! – A advogada comentou fingindo uma falsa bronca. – Duas crianças para cuidar, tô bem arrumada..
-- Ei, criança não! Eu tenho dezoito já, sou maior de idade.
Protestou Rafaela, encorajando também Mateus a falar..
-- E eu tenho sete, mamãe. Já sou grande!
-- Isso mesmo, Mateus. – Apoiou Rafaela.
Sorriram cúmplices e marotos.
-- Sei! São grandes, mas se fizerem bagunça, vão ficar de castigo! E ó, chega de papo, vamos antes que fique tarde.. – Completou já se encaminhando ao carro e apressando os dois garotos.
-- Mateus, vem cá, posso te dar um abraço, amigão?
Rafaela pediu antes de saírem e, diante da afirmação, abraçou e girou com o garoto no ar, ganhando um sorriso confiante. Diante daquela cena, Melissa teve certeza de que seu filho ganhara uma nova amiga, só não poderia imaginar que a amizade se consolidaria tão rápido.
Horas mais tarde, já no parque, Mateus e Rafaela concentrados na partida de futebol, nem viram as horas passando. Só pararam quando foram vencidos pela exaustão. Decidiram comer cachorro quente e algodão doce, pausa suficiente para recuperarem as energias, que logo decidiram gastar novamente, rolando na grama, andando de bicicleta, divertindo-se nos brinquedos. Todas as atividades ganharam uma telespectadora especial e admirada. Melissa, surpresa com a cumplicidade dos dois garotos, sorria feliz ao ver o filho se divertir tanto. Tinha receio que em razão de sua intensa carga horária de trabalho e as viagens constantes do pai, ele se sentisse sozinho. Rafaela nem se lembrava quando fora a ultima vez que se divertira tanto.
-- Ei, garotos.. Vocês não se cansam não? Já anoiteceu, hora de ir para casa!
A advogada convocou a dupla para ir embora, ganhando reclamações e expressões emburradas em troca.
-- Ah, mamãe.. Deixa a gente ficar mais, deixa? Tá tão legal!
-- É, deixa, Mel.
Pediram os dois, suplicantes.
-- Mel? – Perguntou mais pra si do que para sua interlocutora, lembrando-se do tempo em que não era chamada assim.
-- Não gosta que te chame assim? Desculpa, eu..
-- Não é isso, Rafa.. – A interrompeu – É que fazia algum tempo que eu não era chamada assim, acho que me desacostumei.
-- Vou fazer você se reacostumar então! Ser chamada só de Doutora Melissa é muito chato e forma. Aliás, tem que acostumar sua criança interior a brincar também, sabia? Faz bem!
Sorriu e ganhou um sorriso de volta. Iluminando-se com a expressão divertida da advogada.
-- A mamãe quase não brinca comigo, Rafa. Só conta historinha na hora de dormir, mas ela sempre dorme primeiro que eu e antes do final.
Mateus disse faceiro e levemente emburrado, cobrando da mãe mais atenção em suas brincadeiras.
-- Tá vendo? Vem brincar com a gente! – Emendou Rafaela – Te garanto que vai ser legal.
-- É, mamãe.. vamos!
-- Por favor, por favor.. – Pediram os dois em coro.
-- Outro dia. Agora meu lado adulto e racional diz que é pra ir pra casa. Vocês dois estão imundos, precisam de um banho urgente. – Comentou após analisar a aparência dos dois garotos.
Frustrados, eles prepararam-se para ir embora. Tendo Melissa, agora Mel, apressando-os de perto.
-- Chantagem emocional não funciona contigo né, doutora?! – a estudante zombou diante da postura autoritária da advogada.
-- Quase nunca! Aprendi a não me desestabilizar com chantagens. Menos um ponto fraco. – Respondeu divertidamente
-- Anotei a dica. – Concluiu sorrindo.
Rafaela já se preparava para despedir-se de seus dois amigos, quando, para sua surpresa, fora convidada por Mateus para ir até sua casa e assistir seu filme preferido. Tentou negar e justificar-se em razão da hora, mas não conseguiu resistir ante a expressão pidona do garoto. Cedeu ao convite e, com uma felicidade crescente, abrigou o garoto em seu colo. Os dois foram conversando e trocando opiniões sobre seus desenhos favoritos. Vez ou outra, Mel opinava e ria com o combate amigável dos garotos. A advogada sentia-se feliz, a alma parecia ter uma leveza desconhecida..
'' Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão. ''
Fim do capítulo
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