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Linha Dubia por Nathy_milk

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Palavras: 4151
Acessos: 4042   |  Postado em: 29/03/2018

Capítulo 19

Capitulo 19 - Caroline


        Apesar de eu ainda não ter aprendido totalmente o caminho entre o hospital e a carsa da Fer, meu retorno foi tranquilo. A vila estava mais escura que o normal, mas não afetou minha caminhada até em casa.  Quando de longe meus olhos avistaram a porta da casa da pediatra, uma sensação maravilhosa tomou conta de mim. Era exatamente ali que eu queria estar.

        Ainda não tenho a chave de casa e muito menos posso forçar a Fernanda a me dar uma, bati na porta diretamente. Aqui em urros, a porta de entrada das casas dão direto para a rua, os quintais ficam no fundo da casa. Quando a porta abriu, vi a Fernanda segurando o lampião, se não fosse trágico, eu diria que é ao menos bem engraçado. Havia uma escuridão ao fundo, mas uma moça linda segurando um lampião do lado do rosto e sorrindo como se desse risada de algo.

        - Vem Carol, entra. Preciso te dar uma chave de casa. Ainda não tive tempo de ir fazer.

        - Tudo bem Fer. Pingo seu lindo. Opa.. Quem são esses?

        - Oi, esses são os meus, Tuco o branquinho e Dina a marrom. Tudo bem? - a moça levantou do sofá e me esticou a mão - Sou Lucia,  vizinha da Ganate. - educadamente cumprimentei a garota, não sei explicar bem o porque, mas não gostei nem um pouco da presença dela. A iluminação estava bem precária, sendo fornecida apenas pelo lampião que a Fernanda segurava. Pude ver pouco da garota que ali estava, consegui ver que tinha um cabelo curto, estiloso, feminino, não consegui ver se era castanho ou preto, sei que era uma cor escura, mas para a iluminação de um lampião tudo é escuro.

   - Olá, tudo bem? Caroline. - Comprimentei ela pela educação que minha finada mãe me deu, não por que eu queria. Graças ao bom Deus o Pingo ficou me trazendo os brinquedos dele para brincar, pude usar isso para dispersar da sala e sair rapidinho. - Opa, acho que o Pingo quer brincar. Que mocinho carente. - joguei a bolinha dele umas 2x e depois sai pro meu quarto, pedindo licença.

   - Você não vai jantar com a gente Carol?

   - Não precisa não Fernanda. Eu estou sem fome - mentira, não comi nada hoje. Peguei.minha mochila e entrei no quarto. Percebi que a Fer fez uma carinha estranha, mas não falou nada. Meu celular não serve para nada nesse lugar, mas hoje serviu como lanterna ou iluminador. Entrei no “meu quarto”, deitei na cama e senti meu corpo apertando o colchão. Eu realmente estava cansada, minha ideia de adiantar o projeto do centro ginecológico para a Dra Marcela iria por água abaixo, meu corpo realmente sentiu o dia pesado de atendimento e a falta de alimentação também.

        Do meu quarto ouvi as duas maricotas batendo um super papo, os cachorros brincando. Não é que estou com ciúmes da Fernanda, não é isso, mas sei lá, queria ficar conversando com ela, poder ficar com ela no meu colo como ontem. Mas eu não tenho nada com ela, então não posso nem falar, muito menos cobrar nada.

       Fiquei no meu quarto pensando na vida e acabei pegando no sono. Quando despertei, do nada, percebi que já se passava das 2 da manha. Uma certa raiva bateu em mim, achei que no mínimo a Fernanda iria bater no meu quarto, perguntando como foi o meu dia, ou me chamando de novo para comer. Sim, comer, meu estomago deu sinal de vida, meu corpo precisa de algum alimento. Estou só com o cafe da manha de ontem.

       Levantei num lapso, tentei acender a luz. Por sorte, ela tinha voltado, fui ate a cozinha, mexi nos armários até achar umas bolachas. Não era isso que eu queria comer, mas tudo bem, dá pro gasto. Encostei na pia para comer a bolacha, quando escutei um soluço de choro. Sabe aqueles soluços que a pessoa consegue segurar até um dado ponto e quando não consegue mais sai em um barulhão?

       Acabei me assustando, a casa vazia em silêncio e do nada um soluço super alto. Rapidamente olhei pra direção do barulho. Era a Fernanda, sentada no sofá, abraçando os joelhos, de cabeça baixa, tentando esconder o choro.

       - Fernanda, o que aconteceu? Você está chorando. - falei isso de longe, me aproximando dela, mas de longe.

       - Não é nada não. Esquece isso. Está tudo bem. Pode ir dormir. - quando ela levantou o rosto pra falar, pude ver o rosto dela inchado, de quem não começou a chorar agora, e sim chorar a muito tempo.

       - Fer, não está tudo bem. Ninguém chora de soluçar se tudo está bem. Quer conversar?

       - Ai, agora você quer conversar? Vai la pro seu quarto e dorme!

       - Opa. Você tá brava comigo? Percebeu que eu estou perguntando se você está bem?

      - ontem você nem falou comigo. Tive só um sonho ruim. Quero ficar quieta só.

      - Ok xuxu. Vou comer alguma coisa, volto pro quarto e te deixo em paz. - mais uma patada da Fernanda, mas que ao fundo eu queria era abraçar ela. Consigo perceber nos pequenos detalhes que ela é grossa e mal educada quando está frágil, em perigo.

      A Fernanda ficou em silêncio, não respondeu nada, olhou pra mim com um certo desprezo e voltou a abaixar a cabeça, não sei se para chorar ou apenas desviar o olhar. Eu até gostaria de encher ela de beijos, até parar de chorar. Mas se nem minha presença ela quer, imagina beijos.

      Voltei para a cozinha e comi as bolachas que achei. Eu realmente estava com fome, apenas percebi quando o leite bateu no meu estômago e ele contraiu. Fiquei ali na cozinha não mais que 15 minutos, tempo apenas para comer e ficar de olho na Fernada. Ela me olhava frequentemente, percebi que não estava mais chorando, mas ainda sim triste ou assustada. Quero cuidar dela, mas não posso forçar ela a ser cuidada.

       Quando terminei de comer recolhi tudo, organizei tudo e levantei da mesa. Segui em direção ao meu quarto, sem olhar para o lado.

       - Carol - pude ouvir meu nome ao fundo, baixinho, quase como um sussurro. Acabei olhando para os lados, dei de cara com a Fer em pé, olhando pra mim. Apenas fiquei parada onde eu estava e esperei ela continuar a caminhada ao meu encontro. - Fica aqui comigo. Preciso de vc aqui comigo.

       Eu não me dei ao luxo de pensar não. Ela precisa de carinho, e eu estou aqui. Abri meus braços e deixei, ali em pé mesmo, ela se encaixar no meu ombro. Depois fechei meus braços ao redor do seu pescoço. Senti o corpo dela soluçar, no meu colo ela soltou o que estava prendendo em sua alma.Delicadamente puxei ela para o sofá, sentei de costas com o apoio lateral e deixei ela se encostar em mim, enquanto uma mão a abraçava, a outra fazia cafuné  e carinho nos cabelos dela. Logo quando sentamos no sofá ela continuou chorando muito, com uma intensidade pesada, soluçando como se ela fosse uma criança e eu tivesse roubado a boneca nova dela.

      - Fica aqui comigo? Fica hoje, por favor. To com medo de ficar sozinha. Quando você esta perto eu fico mais calma. Fica. - ela me pediu entre um soluço e outro. Talvez eu não tenha palavras para expor como aquilo estava partindo meu coração. Posso conhecer a Fernanda a pouco tempo, mas tenho um carinho por ela que pula o peito, que me mata ver ela triste e machucada. Nessas 2 noites seguidas pude sentir que algo machuca ela,não apenas machuca como traumatizou.

       - Claro que eu fico meu amor. Fico aqui até você pegar no sono. - ela continuou no meu colo e eu abracei com a força que eu tinha. Se eu pudesse pegava toda a dor  dela pra mim.

       A Fer levou um tempo para se acalmar, mais tempo ainda para dormir. Quando pegou no sono, apagou no meu colo, soltando todo o peso sobre mim, ficando quase que inerte. Não tinha uma expressão leve como a vez que vi ela dormindo lá na base, tinha o rosto fechado, apreensivo. Mesmo ela já dormindo eu continuei fazendo carinho nela. Mas posso dizer que a única coisa que passa pela minha mente nesse momento, é como posso deixar essa menina sozinha aqui em Portugal. Não sei se eu terei coragem de fazer isso daqui 3 semanas.


         Urros é um lugar frio, mesmo no verão. Quando a luz do “sol” bateu na sala, acordei com meus braços dormentes pelo peso da Fer sob eles. Com o braço livre, tentei acordar minha menina com o máximo de delicadeza que eu poderia. Ela estava frágil, definitivamente frágil.

        Caraca, minha menina. Como posso falar isso? Não tenho nada com a Fer. Mas me sinto tão perto dela, sinto que ela precisa de carinho. Ela só precisa parar de ser grossa comigo, mas depois dessas noites, sei que tem algo a mais por trás dessa grosseria. Não posso forçar ela a me contar, mas quem sabe com muito carinho e tempo ela não consegue se abrir, não é. Sinto que tenho que ser forte, tenho que ajudar ela de alguma maneira.

O destino proporciona eventos para a gente, preciso parar de pensar nos porquês e usufruir das consequências. Quem sabe não vim parar em Portugal para ajudar essa garota? Não sai de São Paulo para viver algo novo? Será que não estou tomando esse frio todo para depois conseguir sentir o sol queimando deliciosamente na minha pele? Quem sabe? Quem sabe?


Os demais dias da semana passaram voando, com nós duas acordando cedo para atender pacientes em Úrros. Na maioria dos dias eu apenas via a Fernanda pela manhã e depois quando eu voltava para casa, durante o dia não nos esbarramos nem mesmo nos corredores do hospital.

Em geral, todos os dias nossas noites seguiam o mesmo padrão, preparavamos o jantar juntas, juntas é força de expressão, ela cozinhava e eu pegava os ingredientes e utensílios. Depois disso, acabavamos no sofá batendo um papo e conversando, isso independente de ter luz ou não. Não consegui ainda conversar com ela quanto aos pesadelos, nem sobre nós duas, mas conversamos muito sobre a vida em Portugal, em Úrros, como eu poderia estar presente nesse lugar, atuando como médica. Não forçamos o momento perguntando o que tinhamos, nem sobre o futuro.

Quando finalmente a sexta feira chegou, eu está esgotada, apenas desejando um banho quente e deitar abraçadinha com a Fer, algo que se tornou praticamente um hábito esses dias. Saindo do hospital, na sexta a tarde, segui direto para a casa da Fernanda, agora que já tenho a chave do casebre, fica mais fácil entrar. Ao chegar em casa, a luz pra variar havia acabado, algo que estou percebendo como coisa comum daqui.

A Fernanda estava andando pela sala carregando algumas roupas. Assim que entrei eu já ouvi ao fundo:

- Você está atrasada, arruma sua mala e vamos logo.

- Boa noite Fernanda. Esse é o primeiro passo. Depois, estou atrasada pra que?

- Eu já te falei Gineco, vamos para Maçores hoje.

- Oi?! Não estou sabendo nada disso, você não falou nada.

- Claro que eu falei Princesa, se arruma rapidinho e vamos. Falei que ia te levar onde tem sinal de celular e tudo mais. Pode ser?

- Ah, verdade Fer. Falou mesmo, eu que esqueci.

- Leva roupa de frio. Maçores fica mais ao norte, então é mais frio que aqui.

- Dá pra ser mais frio que Úrros, meu Deus, vou congelar. Não tenho roupa de frio pra isso.

- Para de reclamar bobona, garanto você ficar quentinha com o meu abraço.  - Falou isso vindo em minha direção e naturalmente me dando um selinho - Saimos daqui meia hora no maximo, ouviu.

Eu sai andando em direção ao meu quarto, com o Pingo, meu fiel companheiro, me seguindo. Consegui arrumar rapidamente o que havia de roupa limpa na minha mala. Passei na cozinha da Fer e comi algo rapidinho.

- Você não anda se alimentando Dona Caroline. Não vejo você nunca no refeitório.

- Ai amor, desculpa, não estou conseguindo parar para comer. Tenho pouco tempo para atender esse mundarel de gestantes.

- Não quero que fique doente! - Apesar de ter sido uma bronca boba, eu gostei do carinho que a Fer está tendo comigo. Não tenho nada oficial com ela, mas de certo modo, sei que estou com ela, sem títulos, sem status, sem nome. E isso vai doer quando eu me afastar dela e voltar para o Brasil. Os dias passam lentamente em Úrros, mas o período que eu fico com ela, esse sim passa voando, passa num piscar de olhos. Sei que tenho que voltar para o Brasil, mas devo dizer que não tenho mais certeza se essa viagem para Portugal é um tempo apenas para pensar.

Saímos de casa e seguimos em direção ao carro dela. Ele estava no quarteirão da casa dela, mas um pouquinho mais longe, ela saiu com o Pingo na coleira, e eu automaticamente peguei a minha mala e a dela. Entramos no carro e logo já fechamos todas as janelas, o frio de Portugal estava cada vez mais intenso. Não consegui esperar mais nenhum tempo, puxei a mão da Fer, delicadamente e olhei para ela, com cara de cão pedinte. Ela deu uma risadinha e veio me abraçar. Esse estava sendo nosso trato, nosso cafune. Mas eu quero mais, mais um pouco dela. Enquanto ela me abraçava, passei a mão em sua nuca e puxei ela mais perto. Meus lábios, como se já soubessem o caminho, encostaram nos lábios dela.

Lembro de cada segundo desse momento, senti a presença dela, exatamente ali. Seus lábios se abriram levemente, dando espaço para que a minha língua explorasse o ambiente desconhecido da Fernanda. Como um beijo, por mais simples que seja, tem um significado tão especial. Passei minha mão pelo couro cabeludo dela, senti sua pele responder. Não paramos, apenas em lentos momentos para puxar o ar, mas sem nos separar. Quero mais, quero beijo, quero pele. Quero a Fernanda.

Quando finalmente nos soltamos, pude perceber um sorriso tão lindo e leve dela. Um sorriso encantador. Seus olhos escuros estavam brilhando, vivos.

- Finalmente.

- Oi?!

- Achei que você nunca fosse me beijar Carol. Caraca, demorou uma semana. Ai! -  Não resisti e mordi ela, que ousadia - Garota, isso doi viu?!

- É?! Bem feito. Um momento tão fofinho e você vindo com piadas pra cima de mim. Palhaçada. Dirige logo esse calhambeque que você tem.

- Faço piadas porque fico nervosa. Vem cá me dá mais beijo, agora eu quero mais. - Ela do banco do motorista me puxou e começamos novamente a nos beijar. Apenas paramos quando o Pingo ciumento começou a latir. Ve se pode, eu levando bronca do cachorro.

Seguimos em direção a Maçores. Foram cerca de 50 minutos de viagem que fomos conversando sobre nosso dia, trocando carinhos. Eu passava a mão na perna dela, ela na minha. Tinha uma música leve sempre tocando ao fundo, um som brasileiro que me lembrava minha adolescência.

- Pode ligar seu celular, ele já deve estar com sinal.  - A Fer falou isso quando estávamos rodando na estrada a mais de 40 minutos, devíamos estar chegando na cidade que ela falou.

- Nem sei se quero ligar esse celular, vai ter tanta mensagem e ligação que o coitado vai convulsionar. A vida longe de tudo e de todos é tão mais simples. Tenho mesmo que voltar para essa vida?

- Você não é obrigada a nada. Mas talvez seja válido avisar para o seu irmão que você não foi sequestrada.

- Verdade, o Lucas deve estar preocupado. Nunca ficamos tanto tempo assim longe um dos outros. Desde que minha mae faleceu, eu acabei cuidando dele, como mãe.

- Ele deve estar com saudades de você. Assim como eu vou ficar quando você voltar por Brasil.  - Sempre que essa frase era solta no ambiente “ Voltar para o Brasil”, a conversa ficava sério e o clima pesado.

Seguimos por uma estrada de Terra por mais um tempo, enquanto eu tentava ligar meu celular. Assim que ele recebeu o primeiro pontinho de sinal começou a apitar e vibrar. Resolvi jogar ele de volta na bolsa e mexer nele depois. No final da estrada de terra, um portão grande chamava a atenção em uma estrada iluminada por luzes artificiais. A Fernanda apertou a campainha, logo em seguida o portão abriu, dando acesso a um jardim bem cuidado e uma casa ao fundo.

- Quem mora aqui? Que lugar é esse?

- Vamos entrar e depois eu te explico. Deixa a mala no carro ok. - Abriu mais um sorriso, me deu um beijinho e desceu do carro. Realmente, essa cidade é bem mais fria que Urros, assim que sai do carro senti bem a rajada de vendo gelado batendo no meu rosto, por dentro da roupa quente, senti meus pelos eriçarem.

A casa era como um sobrado, 2 andares, bem decorada com móveis rústicos. Assim que paramos na porta, uma senhora idosa veio cumprimentar a Fernanda, com dois beijinhos. Ela tinha um sotaque frances, misturado com o portugues, difícil de eu entender, mas a Fernanda parecia já estar habituada com ela. Logo em seguida, a Fernanda pegou na minha mão e me puxou para o andar de cima. A escada que conectava os dois era de madeira, mas muito bem cuidada. No andar de cima, a decoração continuava rustica, interiorana. No final do corredor, a Fernanda abriu uma porta, que dava acesso a um quarto e entrou. Sempre me puxando, sem falar absolutamente nada.

- Princesa, não é um castelo, mas sinta-se a vontade.

- Primeiro, mais uma vez, para de me chamar de princesa, eu não gosto. Segundo, que lugar é esse? Quem mora aqui?

- Hahaha, sabe que eu adoro ver você assim bravinha Carol? Eu moro aqui, essa é minha casa.

- Como assim, sua casa? Você não mora em Úrros?

- Sim e não linda. Eu moro em Úrros, fico lá de semana, fica mais fácil por causa dos pacientes, do atendimento. Mas de sexta a noite eu venho pra cá, digamos que essa é minha casa de verdade. Onde deixo minhas coisas, meus livros, onde lavo roupa.

- Entendi, como se fosse a casa dos seus pais?

- Mais ou menos isso, talvez assim fique mais fácil de entender. Agora srta, para de fazer perguntas e deita aqui comigo, me enche de beijos. Afinal, agora que você decidiu finalmente me beijar, eu quero muuuitos beijos.  - Deitamos na cama que tenha no quarto e ali ficamos nos beijando por um tempo, apenas nos curtindo em carinhos.


Depois de um tempo, a Fernanda aproveitou que eu já estava acomodada e resolveu ir tomar banho. Eu aproveitei esse tempo e fui mexer no meu celular, verificar o que havia de mensagens. Tinha apenas 4682 mensagens aguardando a minha leitura, mas apesar desse número, nenhuma delas é da minha esposa. Sim, já faz mais de 3 semanas que não nos vemos, 3 semanas que sai de casa e nenhuma mensagem da Christiane nem ao menos me perguntando se eu estou viva. Talvez eu esteja fazendo certo em aproveitar a minha viagem aqui em Portugal. Apesar de toda a magoa que estou tendo dela, eu pensei que ao menos ela iria ver se eu estou bem, mas nem isso.

As mensagens que eu precisava ler a principio era do Lucas, meu irmão; da Clara, amiga e secretária; da Ana, amiga da Chris e minha tambem, e do Rodrigo, que tem a clinica comigo, eu preciso saber das minhas pacientes. Essas são as mais importantes.

Comecei pelas mensagens do Lucas, todas perguntando como estava Portugal, se eu estava bem, como estava tudo. Estou com saudades dele, nunca fiquei tão longe desse garoto. Mandei uma mensagem para ele perguntando se eu poderia ligar, se ele estava trabalhando. Automaticamente meu telefone tocou, com ele me ligando.

- Sua viada, eu estava quase mandando alguem te procurar em Portugal. Você não é capaz de mandar mensagem não?

- Que drama lindo. Fala que está com saudades da sua irmã. Fala vai!

- Claro que estou sua quenga. Estava preocupado já. Não tem sinal ai?!

- Não tem Luc. Só consequi te ligar porque estou em uma cidade vizinha. Em Úrros só tem um telefone no vilarejo todo e ele está sem funcionar.

- Que merd*. Mas tudo bem ai? Está gostando?

- Ai cara, no começo foi bem foda. Aqui é um hospital pequeno de interior, sem nada de recursos, fiz um parto a luz de velas logo que eu cheguei na cidade. Sem nada, o hospital mais perto com gineco fica há 80 km. Parei com a mulher morrendo em um PS no meio do caminho, operei ela sozinha. Uma zona só.

- E me fala que você não está gostando disso, você adora isso, essa correria toda.

- Po, posso dizer que gosto de emergencia, mas perder paciente por falta de recurso não é minha cara. Não é o que eu gosto de fazer não.

- Tá, mas e aí, decidiu alguma coisa da sua vida?

- Dá minha vida em qual sentido? Se volto pro Brasil?

- Não sobre a sua carreira? A sua carreira tambem, mas sobre a Chris? Deciciu algo?

- Ainda não. Nem parei pra pensar na verdade. Lu, conheci uma moça tão linda aqui, a Fer.

- Fer?! Não é o mesmo nome daquela louca que você brigou quando chegou em Portugal?

- É a mesma louca. Mas ela não é mais louca. Ela só não é bem entendida, sozinha.

- Para de arrumar problema Carol. Sério. Mas ok, tá com ela?

- Não é estar com ela. Estou deixando rolar. Mas se beijar é estar junto, sim, estou com ela.

- Não se machuca ok?!

- Lucas, me sinto traindo a Chris.

- Para Carol, para de gostar dessa escrota, para de importar com ela. Vai viver garota. Você sente que está traindo ela porque ainda se sente casada, mas Carol, posso te dizer que você tem mais é que curtir a vida e sem a Christiane.

- Porque você está falando isso?

- Não sou eu quem deve te contar, você deve descobrir sozinha. Apenas segue o conselho do seu brother, vai viver, ela não está deixando de fazer isso!

- Ela está bem?

- Cacete Caroline! Para de se preocupar com quem não se preocupa com você. Ela está ótima, melhor que eu. Está corada, sorrindo pelos lados, dando carona pra quem ela quer. Esquece sua esposa, que pra mim não é sua esposa. Me fala dessa louca daí.

- Ela não é louca Lu. Entendi que era grossa porque estava com medo de gostar de mim, só isso. Ela sabe que vou embora em 3 semanas, ela tem medo e eu tenho tambem. Não quero deixar ela sozinha aqui.

- Já está até preocupada em deixar a louca sozinha. Que lindo!

- Você é chato hein?! Ela é uma fofa, pediatra, toda bruta, mas no final dorme no meu colo toda noite. Ah, ela tem um cachorro super lindo, o Pingo. Adoro ficar brincando com ele.

- Ah, gosta mais do cachorro que da menina?

- Não bobo, gosto mais dela.

- Haha, peguei! Gosta dela! Você acabou de falar!

- Aff, você me induziu a falar isso. Que besta que você é.

- Sou seu irmão chatona.

- Como está meu sobrinho lindo?

- Arteiro, uma peste. Vou te mandar um vídeo dele em cima do cachorro.   Que barulho é esse ai no fundo?

- É a Fernanda que saiu do banho, está desmontando a casa pra achar uma roupa.

- Ela está sem roupa?

- Está enrolada na toalha

- Aff, tchau. Nem parece a Caroline que eu conheço. Vou desligar o celular para você não ter desculpas. Vai ajudar ela a ficar mais tempo sem roupa.

- Bobo. Me manda o video. Beijo gato, te amo.


- Não estou destuindo a casa pra achar uma roupa. Você que faz mal juizo de mim. -  falou a Fer, ainda enrolada na toalha, rindo de mim.

- Vai se trocar logo garota. Eu preciso de um banho urgente.  - Ela mostrou a língua e entrou novamente no banheiro. Sim, eu poderia ser feliz com essas pequenas brincadeiras. Mas coração  machucado tem medo, um dia fui feliz assim com a Chris. Um dia ela também fez piada e brincou comigo.

 

A conversa com o Lucas me faz pensar, ela realmente está com alguém. Se o meu irmão, o cara mais fiel e honesto que eu conheço, está falando para eu ser feliz com a “louca”, porque não acreditar nisso?


Fim do capítulo


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Comentários para 19 - Capítulo 19:
rhina
rhina

Em: 17/02/2020


No começo fiquei com dó da Chris......alias passa esta intenção no começo.....agora .....Cristo.....quero muito a Carol com a Fernanda.
Rhina

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josi08
josi08

Em: 30/03/2018

Nossa que historia linda, começei a ler e nao parei, é bem por ai um casamento a gente tem kcuidar um do outro sempre, nao importa quanto tempo estao juntos, o amor é como um jardim, se vc não cuidarele morre. 

O que a Cris anda fazendo com a Carol ja passou dos limites. Torcendo p Carol terminar e casamento logo e fcaem Portugal .Kkkk

Anciosa por mais capitulos.  

Feliz Páscoa moça .Td de bom p vc e sua família.  

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 30/03/2018

Oi, nossa pensei que seria uma história de um casamento em crise e uma volta. Olha agora torço para a Fernanda conquiste a médica poderosa, e que a ex se arrependa só que tarde por fazer essa canalhice.

 

Bjus  ;) 

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SaraSouza
SaraSouza

Em: 29/03/2018

Carol pfv nao cometa o mesmo erro da Cris... termine o casamento antes de cair de cabeça numa nova relaçao ok.

autora teremos um Pov da cafajeste da Cris????

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