Meninas, postei dois capítulos para que vocês conheçam a história e me falem se estão gostando ou não. Fico aguardando a opinião de vocês pra saber se posso postar o resto ou não. :)
Beijão!
Capítulo 2 – Seus olhos e seus olhares..
-- Rafa, já tomamos o sorvete que você queria, agora vamos lá na livraria. Preciso comprar esse livro logo, depois esqueço e já viu, né?!
-- Já disseram o quanto você é chata, Larissa?
-- Já e foi você, acho que ontem mesmo.
-- Continuo tendo razão!
Chegaram na livraria e foram em direções opostas, cada qual à procura dos livros de seu interesse. Rafaela seguia distraída, olhando a quantidade de livros de Direito, começara o curso naquele mesmo ano, mas fora tempo suficiente para se apaixonar. Seus dedos tocavam a capa do livro, enquanto seus olhos brilhavam contentes diante das letras. Pegou o livro e quando já se preparava para ir ao encontro de Larissa, esbarrou em alguém que vinha de costas, parecendo estar igualmente distraída com a quantidade de livros. Abaixaram-se ao mesmo tempo para pegar alguns que caíram, se entreolharam e riram envergonhadas.
-- Desculpa! Estava tão distraída olhando os livros que nem percebi que estava andando de marcha ré.
-- Imagina, sem problemas. – Respondeu Rafaela, educada.
-- Pra mim, que sou advogada, aqui é quase um santuário. Desculpa novamente!
-- Tudo bem, tá mais que desculpada. – Observou a mulher à sua frente e concluiu intrigada – Engraçado que você nem tem jeito de advogada.
-- E advogado tem jeito certo? – Riu achando graça no jeito da menina. – Bom, deve ser porque não estou com as roupas de trabalho.
-- Não é só isso! Você é bonita e sorridente. Quase todos os advogados que conheço são feios, carrancudos e nada simpáticos. E olha que conheço muitos, hein?!
-- Suponho que a maioria deles sejam seus professores, certo?
-- Como você sabe? – Rafaela assustou-se com a perspicácia da mulher. Completou mais pra si do que para sua interlocutora: – Eu nem disse que cursava Direito.
-- Bom, são muitas as evidências, você não acha? – Ela respondeu divertida.
O papo foi interrompido por uma Larissa bastante empolgada, carregando vários livros e sorrindo efusivamente.
-- Professora Melissa.
-- Larissa, quanto tempo.
Trocaram um abraço saudoso e embalaram um papo animado, nem perceberam a expressão confusa de Rafaela. Só pararam de conversar quando a mesma interrompeu, perguntando:
-- Vocês já se conhecem?
-- Ah, esqueci de fazer as devidas apresentações. Essa é minha amiga Rafaela. E Rafa, essa é minha professora Melissa. Aliás, uma das melhores..
Cumprimentaram-se e sorriram cordialmente.
-- Imagina, Larissa. – Respondeu ao elogio, corando levemente. – Você é que é uma ótima aluna.
-- Ah, professora, a senhora sabe que manda muito bem. A sala toda te adora e olha que sua matéria, no começo, não era nada apaixonante.
-- Senhora não, Larissa. Vou dar um jeitinho de tirar sua nota, hein?!
Sorriu simpática e fez com que os olhos de Rafaela brilhassem involuntariamente.
-- É sempre muito interessante aplicar o Direito em outras matérias. Eu, particularmente, adoro ministrar aulas pro curso de Relações Internacionais. É uma experiência muito satisfatória.
-- Uau! Eu tiro o senhora, mas você – frisou bem a palavra – alivia na linguagem técnica, combinado? – Comentou Larissa,divertidamente.
-- Combinado.
Sorriram e apertaram as mãos, selando o acordo.
-- Professora, a Rafa tá fazendo Direito. É louca pelo curso!
-- Eu percebi pelo modo com que olha para os livros. Fico feliz com a sua escolha, Rafa. Aliás, se precisar de algum livro ou qualquer tipo de ajuda, será um prazer.
-- Bom, já que você se ofereceu..
-- Ah, Rafa.. Já vai abusar? Ela ofereceu por educação. – Protestou Larissa.
-- Imagina, Larissa. Vai ser um prazer ajudar alguém que compartilha da mesma paixão que eu. – Respondeu educadamente – Pode falar, Rafa..
-- É que vai ter um Tribunal do Júri Simulado na faculdade e eu vou ser a advogada de defesa, só que estou um pouco perdida.
Falou rapidamente, quase atropelando as palavras. Melissa, sem deixar de admirar a espontaneidade da garota, interrompeu, interessada..
-- Vocês estudam na mesma faculdade?
-- Sim.
-- Ah, então é o projeto da professora Flávia. Bom, continua, acho que te interrompi..
-- Então, eu estou mesmo precisando de ajudo, ainda estou um pouco perdida. E a professora Flávia disse que tem que ser imparcial e por isso não pode ajudar ninguém. Se você puder me dar algumas dicas – Rafaela gesticulava e atropelava as palavras. Não sabia de onde surgiu a timidez repentina – Mas, se não for incomodar, claro.
-- Imagina. Vai ser ótimo. – Melissa divertia-se com o embaraço da garota. – Vou te passar meu telefone, você me liga pra gente combinar direitinho, pode ser?
-- Pode, claro. Mas não quero te incomodar, professora.
-- Incômodo nenhum, Rafaela! Bom, agora tenho que ir. Já tá na hora de pegar meu filho na escola.
-- Professora Melissa, prazer te ver. Até amanhã na aula. – Larissa adiantou a despedida, abraçou novamente a professora e ganhou um sorriso quando, sorrindo também, completou – Vê se não passa muito trabalho, hein?!
-- Foi um prazer, professora. E obrigada pela atenção.
Despediram-se e já a caminho do caixa, Melissa respondeu à Rafaela:
-- Prazer foi meu, Rafa. Aguardo seu telefonema..
Rafaela sentiu uma empolgação desconhecida. Nomeou como simpatia à primeira vista.
-- Ela é legal né, Rafa?
-- Muito. Você nunca tinha me falado dela.
-- Como não, doida? Ela quem tá organizando aquela festinha que te chamei.
-- O amigo secreto?
-- É. O bom é que agora você não vai dar a desculpa esfarrapada de que vai ficar deslocada por não conhecer ninguém.
-- Ela tem um olhar forte, né? E o sorriso é lindo também.
Deixou escapar na fala o que era pra ser só um pensamento. Só percebeu que havia pensado alto quando Larissa a questionou:
-- Como assim olhar forte, Rafaela?
-- Não sei. Desconcertante. Expressivo.. Marcante.
-- Nossa! Deu tempo de perceber tudo isso?
-- Bom, digamos que não é muito fácil ficar sem reparar nela. É linda.
-- Ah, Rafa.. Não vai começar a jogar charme na professora, hein? Ela é casada, tem filho e tudo.
-- Ei, que mania de achar que eu jogo charme em todo ser vivo. Quem vê pensa que sou tarada assim.
-- Tarada eu não diria, mas conquistadora sim.
-- Exagerou, Larissa. E já estou enferrujada, a Amanda foi a ultima menina com que fiquei.
-- E isso tem o que, dois meses?
-- Quase três, Lari. – Deixou com que o tom de voz soasse bastante indignado e com gestos efusivos, completou : – Três!
-- Tá legal, vai. Vamos pra casa? Tô morta de cansaço!
-- Absurdo você esquecer que já faz três meses. E eu não joguei charme na professora, só a achei linda.. Só isso.
-- Rafa, fica caladinha, fica?!
Rafaela calou-se. Não por obedecer o pedido da amiga, mas para não correr o risco de exteriorizar seus pensamentos. O som daquela voz ecoaria na sua cabeça pelo resto da tarde, dos dias e da semana que seguiria..
“Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.”
Fim do capítulo
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