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  • Capítulo 22 - Slovenj Gradec

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Astrum por Bastiat

Ver comentários: 13

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Palavras: 3938
Acessos: 5871   |  Postado em: 08/03/2018

Capítulo 22 - Slovenj Gradec

 

Montserrat

    Senti dedos passando pelo meu rosto como se pedisse pelo meu despertar. Carinhoso, talvez pesaroso. A dor incomoda na minha cabeça me fez demorar abrir os olhos.

    - Amor... está acordada, Mon?

    Quando despertei e consegui focar no rosto da voz tão doce que me chamava, os olhos azuis expressivos estavam me encarando pensativa.

    - Hum... Bom dia, mon coeur (meu coração) - toquei sua mão com carinho.

    - Adoro quando você me chama assim, lembra muito o nosso começo de namoro em Paris.

    - Je t'aime de tout mon coeur (eu te amo de todo meu coração).

    Carolina balançou a cabeça em negação e respirou fundo.

    - Você chegou tarde ontem, falar coisas bonitas em francês não vai mudar isso - seus olhos azuis perderam o brilho.

    - Bom, pelo menos eu tentei evitar uma discussão logo pela manhã - tirei o edredom que nos cobrira. - Eu tive que ficar trabalhando até tarde. O desfile de Bruxelas está quase batendo na porta, você sabe o quanto é importante.

    - Ô se sei, você nunca me deixa esquecer o quão importante é cada detalhe. Talvez não se recorde, mas você chegou um pouco alterada ontem - sorriu sem graça.

    - Okay, talvez eu tenha bebido algumas doses de vodka para me esquentar e para clarear as ideias. Desculpa.

    - Esquentar e clarear as ideias ou para esquecer os problemas, Montserrat?

    - Ambos, Carolina. As duas coisas - dei por encerrado o assunto me trancando na suíte do nosso quarto.

    Encarei-me no espelho. Virei um retalho de pessoa. Meus olhos opacos, minha maquiagem ainda toda no rosto e um corpo mal alimentado.

    5 meses.

...

 

    Dias de inferno. Minha vida está se resumindo em buscar soluções que eu não encontro em lugar nenhum. Cinco meses, mas parece anos que não me sinto viva. Apenas estou sobrevivendo. Ao o quê? A um casamento duas vezes fracassado, cheio de cobranças e vigilâncias. Mas o pior de tudo isso é ver meu maior tesouro da vida acamada e agressiva.

    - Mon? - ouvi uma voz me chamando quando chegava no meu carro no estacionamento do ateliê.

    - Oi - oi, Char - tentei corresponder ao sorriso da minha amiga, mas nem isso conseguia.

    - Eu queria conversar com você sobre a viagem de amanhã, mas vejo que já está indo para casa.

    - Na verdade, eu estou indo para um barzinho... - olhei para o relógio do meu pulso que marcava cinco horas da tarde.

    Cedo demais para beber, pensei.

    - Barzinho? Hoje é quarta-feira, Mon. Que tal um café ou chá?

    - Qualquer coisa que me distraia, por favor.

    Segui a pé com a Charlotte pelas ruas de Slovenj Gradec. Sem demora, chegamos à cafeteria mais famosa da cidade. Fizemos pedidos simples. Café puro para mim e cappuccino para ela. Sentamo-nos em uma mesa mais afastada.

    - Sobre o que você quer falar? Está nervosa com o desfile? - Meu desanimo é nítido.

    - Você tem certeza de que não quer ir? Acho que será tão bom para se distrair-se! Todos vão perguntar por você, querer falar com você. A coleção está linda e eu não acho que estou à altura para te representar.

    - Não diga bobagens, Char. É claro que você está à altura. Do contrário, jamais seria a minha escolhida para representar o meu nome. Não precisa ficar insegura porque, como você mesma disse, a coleção está linda e será um sucesso. Isso tudo é graças a você também que tem me ajudado tanto.

    - Queria poder ajudar mais, querida - seu tom foi abaixando como se tivesse me acolhendo pela calma. - Você não quer desabafar? Desculpa, mas todos nós ouvimos seus gritos no telefone mais cedo.

    Senti vergonha pela informação. Eu tento ser discreta, mas já estou perdendo o controle de tudo. Falar sobre o que me aflige pode ser bom.

    - Annie se recusa a fazer os exercícios e mais uma vez Carolina teve que dispensar uma nova fisioterapeuta.

    " - Montserrat, ela não gostou da primeira, nem da segunda, a terceira ela deu a desculpa de que era chata, a quarta nem deu uma desculpa e essa não quer porque Annie agora tem certeza de que nunca mais andará. E onde você está? Sou sempre eu a resolver tudo sozinha? - a voz da minha esposa era amarga pelo telefone.

    - Sozinha? Sozinha, Carol? Ah, faça-me um favor! Sempre que eu posso, estou presente. O problema é que você perde tempo demais cuidando dos meus passos, isso faz com que esteja perdendo o contato com a nossa filha.

    - Por que você é muito inocente, não é? Depois que me escondeu coisas importantes, queria que eu estivesse como? Isso sem falar na sua ausência. Você está afetando a Annie com essas brigas que provoca.

    - EU? CAROLINA! VOCÊ SABE QUE ISSO NÃO É VERDADE E QUE EU TENHO TOLERADO SEUS, SEI LÁ, SURTOS PSICÓTICOS.

    - POR QUE VOCÊ MANTÉM TANTO CONTATO COM A SÔNIA SABENDO QUE ELA MORA JUNTO COM A SARA? É ISSO QUE NÃO ENTENDO! QUANDO DEIXAMOS O BRASIL, VOCÊ PROMETEU QUE VOLTARÍAMOS A SER COMO ANTES.

    - COMO EU VOU CUMPRIR ESSA PROMESSA SE VOCÊ NÃO É COMO ANTES? EU ESTOU CANSADA! EU ESTOU MUITO... cansada - baixei o tom.

    - De nós? - sua voz foi baixa, senti que estava segurando o choro. - Está cansada de nós?

    - Cansada de nós duas batendo cabeça. Vamos nos dedicar a Annie, sim? Precisamos arranjar uma solução rápida. Quem sabe contratar um psicólogo para nós três e ver o que está acontecendo? Dialogar mais com a nossa menina.

    E ali terminava a discussão que eu tentei evitar pela manhã."

    - Você não acha que esse casamento já deu o que tinha que dar? Eu até achei bonito quando voltaram, pois adoro a Carol e sei que ela te ama, mas está na cara que você não está feliz.

    - A Carol é maravilhosa, sabe? Sem a Carol eu... eu... sucumbiria mais rápido. Ela nunca foi assim, tão... irritável. Estamos passando por um momento delicado, é óbvio que isso afeta. Não posso acabar com ela só porque estamos cheias de problemas. Não posso fazer isso com ela.

    - Desculpa, eu não deveria estar me metendo. Não está sendo fácil para as duas. Em um casamento, é preciso que o apoio sobressaia sobre todos os problemas, não que o estrague. Por mais que você queira ser forte, eu não te vejo feliz. Entende o que quero dizer?

    - Como eu vou ser feliz com minha filha paraplégica que agora colocou na cabeça que nunca voltará a andar? Eu não tenho mais vida. Todos os dias eu chego em casa e vejo que por culpa minha a Annie está na cama. A Carol não tem culpa de nada, a Annie não tem culpa de nada. Eu sou a única culpada pelas nossas vidas estarem um inferno.

    - Mon, não diga isso. Você não poderia adivinhar que um sujeito invadiria com um carro a calçada que a Annie estava. Você não precisa se punir por pensar que é culpada, muito menos achar que não pode buscar a sua felicidade porque tem que se dedicar a Carol e a Annie.

    - Eu já fui muito egoísta na minha vida, Char. Hoje eu vejo que posso pagar os melhores médicos para a minha filha, mas não consigo ser a mãe que ela merece.

    - Você é uma mãe maravilhosa, Mon. Annie te ama.

    Decidir encerar o assunto e comecei a perguntar dos detalhes da viagem. Charlotte ficou contrariada ao ver que me fechei novamente. Conversar sobre Annie é como dar murro em ponta de faca. Eu precisava distrair minha cabeça, não ficar lamentando mais sobre a minha vida.

    Depois do café, voltei para a empresa para pegar o carro. Antes de arrancar, aproveitei o silêncio para refletir.

    Eu tive que tomar decisões meses atrás. Agora, por causa delas, eu estou prestes a explodir. Colho cada consequência.

    " - Montserrat, eu posso falar com a senhora?

    Perguntou Fernanda ao entrar na sala que outrora fora do meu pai e que passará a ser usada pela Sônia que eu tinha acabado de nomeá-la diretora geral.

    - Esqueça o senhora, Fernanda. Sente-se, sobre o que quer falar?

    - Bom, eu nem sei por onde começar... Na verdade... Acho melhor parar de enrolar - sua risada foi leve e de nervoso. - É sobre a Sara. Quero conversar sobre a Sara.

    Não sei quando esse nome me fará parar de ter esses arrepios, mas tem que ser logo.

    - Eu vou contratá-la de volta, não se preocupe. A demissão foi injusta, reconheço - tentei passar tranquilidade, mas meu coração estava disparado.

    - Não é sobre a demissão, Montserrat. Sara me contou tudo.

    - Tudo? - assustei-me.

    - Sim, desde quando vocês se conheceram até a fuga dela. Eu não estou aqui para defendê-la, as atitudes da minha amiga foram repugnantes.

    - Isso é passado, Fernanda. Não vamos revirar o que aconteceu na busca de justificar atitudes... - fui interrompida.

    - Eu acho que você merece uma explicação e a Sara também merece uma chance para, senão consertar, ao menos tentar amenizar os danos.

    - Diga para ela que o que passou fica no passado. Eu entendo o ponto de vista dela. Fico até feliz por ela ter conseguido chegar perto de mim. Afinal, eu continuo bem lésbica.

    Fernanda não se deixou abater pela minha ironia.

    - Ela quer conversar sobre o que aconteceu. Quer colocar um ponto final na história das duas.

    Um ponto final? Sara quer deixar mais claro do que já o fez quando disse na minha cara que jamais ficaria com uma mulher? Eu não vou me prestar a esse papel e passar pela mesma humilhação novamente.

    " - Eu sou os valores que minha mãe me passou, eu sou o que eu aprendi que sou. Eu sou uma mulher que vai casar e ter filhos com um HOMEM."

    As palavras de Sara ainda ecoam na minha cabeça.

    - Vou ser bem sincera com você, já que sabe da nossa história. Quando a Sara me deixou plantada na rodoviária, deixando que os seguranças me segurassem como se eu fosse fazer algum mal para ela, eu entendi muito bem o recado. O ponto final foi dado ali.

    - Se o ponto final foi dado ali, por que continuou ajudando-a? A Sara descobriu ontem que você pagou todos os estudos dela.

   Senti o que eu comi no café da manhã revirar no meu estômago. Eu queria perguntar como ela descobriu, mas pareceu algo sem relevância. Meu segredo agora já está até na boca da Fernanda. Ainda bem que contei para a Carolina antes.

    - Já ouviu falar em generosidade? Bem, foi uma. Só feliz isso porque queria provar à Carolina que eu não sentia o que imaginei sentir pela Sara um dia. Pagar os estudos foi uma forma de reconquistar a mulher com quem me casei de novo - Menti com facilidade.

    - Então você não sente mais nada?

    - Eu acho que nunca cheguei a sentir algo de verdade. Sara é bonita e eu estava solteira, foi um devaneio.

    Fernanda pareceu desconsertada. Seu rosto mostrava surpresa com a minha desenvoltura. Mal sabe ela que por dentro estou quebrada.

    - Bem, nesse caso, eu digo para ela que não tem o que conversar, então?

    - Diga que os estudos pagos ficam por ela ter salvado a vida da minha Annie."

    No outro dia, embarquei de volta para a Eslovênia. Sem sinal da Sara. Lembro-me que pensei por um momento que ela me procuraria. Torci, pelo menos. Mas se ela desejou um ponto final, foi feito.

    Toda via, duas semanas atrás em uma conversa por vídeo conferência com a Sônia, Sara ressurgiu das cinzas ao ser mencionada. Por conta disso, terei que tomar uma decisão.

    " - Mon, eu tenho uma coisa para te contar - Sônia parecia estar contente e ao mesmo tempo apreensiva.

    - Que não seja problema no hospital, por favor.

    - Não, querida, está tudo bem por aqui - tratou de me tranquilizar. - Eu entrei no quarto da Sara semana passada e descobri que ela está estudando a fundo fisioterapia após tomar aulas sobre o assunto. Ela vem me fazendo várias perguntas sobre isso e parece estar avançada em técnicas que até eu estou desatualizada. Ontem descobri que a Sara  está em um trabalho voluntário com crianças carentes nas mesmas condições que a Annie para aperfeiçoar sua técnica, não é lindo?

    Guardei o orgulho bom que senti com aquela informação. O mal eu deixei aflorar:

    - É, contando que não atrapalhe o trabalho dela no hospital - fingi desinteresse.

    - Você não tem jeito, não é?! - minha amiga revirou os olhos. - Tire a máscara, Montserrat. Já sabe que comigo grosseria e indiferença não colam. Carolina está por perto, por acaso?

    - Está no quarto ao lado com a Annie.

    - E por que você não está lá também?

     - Oras, eu estou falando com você agora.

    - Você que me ligou, querida. Não que eu esteja reclamando, eu amo as nossas conversas. Mas, parece que está fugindo de alguma coisa.

    - Vamos mudar de assunto, sim?! Também já pedi para você não falar da Sara, não quero saber notícias dela.

    Sônia sabia de todos os detalhes. Até dos meus sentimentos mais profundos.

    - Não estou te dando notícias dela. Vou falar rápido para você não correr riscos de brigar com a Carolina: Sara pode treinar uma pessoa para ser a fisioterapeuta da Annie..."

    Soninha só estava plantando a semente. O problema da Annie são as pessoas que contrato, não a fisioterapia em si. Sua reclamação é de são sempre mulheres indiferentes e que perdem a paciência com ela. De fato, eu contratava sempre mulheres mais velhas e rígidas. O motivo é que a Carolina não quer uma mulher nova ou da nossa idade. Insegurança dominadora. No começo eu via a Annie se esforçando com as novas fisioterapeutas, mas depois ela desistia.

    Há dias coloquei na minha cabeça que a Sara treinar uma pessoa será em vão. O que preciso é da Sara aqui. Annie adora a Sara de graça.

 

...

 

    Cheguei em casa já sabendo da minha missão difícil. Eu terei que convencer a Carolina. Quero sem brigas, mas já sei é quase impossível.

    - ANNIE LOUISE! - Carolina gritou do quarto da nossa pequena.

    As duas começaram a discutir em esloveno. Entendi poucas coisas, mas o que compreendi foi suficiente para saber que podem se machucar. Deixei a minha bolsa no sofá e comecei a caminhar para o local da briga. Meus ouvidos parecem sangrar a cada passo. Quando foi que Annie ficou tão bocuda e deixou de ser aquela menina meiga? É hora de começar a colocar as coisas no devido lugar.

    - Eu não queria atrapalhar o incrível momento de prática de xingamentos em esloveno das duas, mas eu preciso conversar com você Carolina.

    - Nós não precisamos conversar. Quem está precisando de uma boa conversa aqui é a Annie - Carolina estava vermelha e magoada.

    - Amor, aguarde-me no nosso quarto, sim? Deixe-me a sós com Annie.

    - Eu... tenho que preparar o jantar.

    Fechei os olhos quando vi mágoa em seu rosto. Escutei apenas seus passos saindo do quarto. Depois de respirar algumas vezes para encontrar calma, dirigi-me a Annie que enxugava as lágrimas.

    - Eu estou em choque, filha. Estou horrorizada pelos absurdos que disse. Sua mommy só quer te ajudar e é assim que você retribui? Se eu te ouvir mandando a sua mommy ir para o inferno de novo, eu não sei o que faço.

    - Não vai ouvir porque você nunca está aqui - foi seca.

    - Alguém precisa trabalhar para pagar toda estrutura que fizemos para você.

    - É só isso que você pensa: pagar, dinheiro, estrutura, médicas que estão aqui apenas pelo salário alto.

    Um tapa na cara sem mão. Se eu não tivesse resolvido me vingar da Sara...

    - As coisas vão mudar, meu amor. Eu te prometo que vou mudar tudo isso. Peça desculpas para a Carol, ela te ama mais que tudo e não merece ouvir coisas que você falou.

    - Eu já me arrependi do modo que falei. É só que... eu senti muita raiva. Ela me disse que não estou colaborando e isso está afetando nós três. É tão difícil, mami.

    - Eu sei, filhota. Eu sei. Mas eu te prometo que trarei uma solução. Eu tenho certeza que você vai gostar.

    - O que é?

    - Primeiro vamos jantar, você pede perdão e conversa com a mommy, depois te falo.

    Annie concordou olhando-me com esperança. Saí do quarto com a certeza que buscava para conversar com a Carolina.

    Entrei na cozinha e minha linda mulher estava separando alguns legumes da geladeira. Passei meus dedos pela minha aliança de ouro, o peso que faz no meu dedo anelar esquerdo é equivalente ao quanto me sinto incomodada.

    - Você ama a Annie e faria qualquer sacrifício para vê-la andar, não é? - iniciei a conversa.

    A porta da geladeira foi fechada. Ganhei a atenção total da eslovena.

    - Qualquer coisa - respondeu de imediato.

    - Eu tenho uma solução que com certeza que vai funcionar.

    - Eu não preciso nem saber o que é, já pode começar a colocar essa solução em prática agora.

    - Querida, não é assim - tentei acalmar a sua empolgação.

    - Eu tenho certeza que você não vai matar ninguém e posso muito bem fingir que não vou te ver comprando pessoas com seu dinheiro. É isso que você vai fazer, não é?!

    - Carol, por favor... Deixei-me falar antes que eu perca a coragem.

    O sorriso que deixava o rosto da minha esposa foi sumindo aos poucos. Ela sentiu o clima pesado no ar, mas não fez menção de falar.

    Depois de muito aguardar e trocar olhares receosos, aproximei-me dela para só então sentir minhas cordas vocais vibrarem pela fala:

    - A única pessoa que eu tenho certeza de que vai fazer a nossa filha andar é a Sara.

    - SARA? - agitou-se.

    - Segundo a Sônia, Sara é ótima em fisioterapia e estudou para isso. Está por dentro de tudo o que nossa menina precisa. Annie a adora.

    - Não, Montserrat. Não, não, não, não, não, não, não e não! - parecia que não ia parar de repetir a negação.

     - Volto a te perguntar: você ama a Annie e faria qualquer sacrifício para vê-la andar?

 

 

Carolina

 

    Se eu disser que sim, o sacrifício poderá ser perder a Montserrat. Se eu disser que não, estarei jogando uma chance da Annie voltar a sorrir.

    Olhei o gesto repetitivo da Montserrat quando ela mexe com os dedos na sua aliança de casamento. Sempre em uma briga ou com seus pensamentos longe, imagino que aquele gesto signifique que ela quer tirar o que pesa. Não é com carinho que ela toca o ouro, é de forma involuntária que ela o tira e coloca, como quem tem dúvida do que fazer.

    - Tem que ter outra solução - tentei.

    - Você acha que está sendo fácil tentar te convencer disso? Pois não está sendo. Eu te juro que jamais pensei em fazer-te sofrer. Você não tem noção do quanto é especial, do quanto é meu porto seguro e do quanto vale tudo que construímos. Você tem um valor imensurável para mim. Eu não planejei voltar para você, mas eu fui conquistada como sou cada vez que vejo a mulher maravilhosa que é. Acima de tudo, eu não poderia ter escolhido uma pessoa melhor para me ajudar a construir uma família com a Annie. Pela Annie, amor, pense mais um pouco. Eu só vou trazer a Sara para ajudar com a nossa pequena.

    Não nego que ouvir isso foi maravilhoso. Saber da minha importância para a mulher que amo é tudo que espero. De uma coisa eu tenho certeza, não posso ser egoísta ao ponto de colocar a recuperação da minha filha em risco. Vejo que estamos perdendo tempo demais tentando achar alguém que se encaixe. Tempo é precioso. Trazer a Sara será o fim das preocupações com a Annie, mas também pode ser o começo de uma batalha perdida de amor.

    - Carolina - Montserrat chamou minha atenção com seriedade. - Desculpe-me, mas eu vou trazer a Sara. Eu estou tentando conversar, mas chega a ser patético ter que sujeitar a saúde da Annie a ciúmes...

    - Você está certa - falei contando-a - Traga a Sara.

    Montserrat abraçou-me carinhosamente, como se dissesse que vai ficar tudo bem. Só não sei se ficará tudo bem.

    - Eu nunca pensei que chamaria a nossa filha pelo nome e pelo segundo nome antes da adolescência.

    Fiz a minha mulher gargalhar. O seu som alegre é como música para os meus ouvidos.

    Lutei pela Montserrat há cinco meses e ganhei a batalha. Sei que não estamos felizes. Os problemas se acumularam dia após dia. Não é à toa eu estar perdendo o controle. Até o sex* que antes da viagem ao Brasil era maravilhoso, passou a perder força. A guerra ainda não acabou. Com a Sara por perto, talvez fique mais fácil de acabar de vez com esse fantasma que nos assombra desde a viagem ao Brasil.

 

...

 

    Receosa, vi a Sara sentar-se de frente para a tela, assim como eu e a Montserrat estamos no sofá com o laptop em cima da mesinha de centro. Os anos fizeram muito bem para ela. Quando vi a menina pela primeira vez, percebi uma beleza diferente. A beleza dela não estava nas vestes, estava no natural. Podia jurar que não tinha tantas curvas, mas vejo agora que estava enganada.

    Seus olhos miram a Montserrat. Acabei unindo a minha mão com a da minha esposa na tentativa de buscar alguma segurança. Para minha surpresa, Mon apertou a minha mão e sorriu olhando para mim.

    Depois dos cumprimentos, a estilista foi direto ao assunto e fez a proposta. Sara prestava muito atenção ao que a brasileira falava, seu único gesto é balançar a cabeça como se dissesse que estava prestando atenção. Após toda explicação, disse:

    - Montserrat, você me pegou de surpresa. Eu... eu não esperava por isso.

    - Tome um tempo para pensar, Sara - ouvi meu amor dizer. - Eu entendo que é uma mudança de país, provavelmente de meses.

    - Sim, eu vou pensar - Sara sorriu.

    - Pense com carinho - resolvi dizer - Annie precisa de você. Jamais entraríamos em contato se não tivéssemos confiança em seu trabalho e tenho certeza que a Annie vai adorar tê-la aqui.

    Com a chamada foi encerrada, torci para que a resposta seja dada logo.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Para que não fiquem ansiosas: Sim, Sara vai aceitar.

Voltamos para a Eslovênia!

 

That's all.


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Comentários para 22 - Capítulo 22 - Slovenj Gradec:
patty-321
patty-321

Em: 10/03/2018

Que situação complicadíssima. Com certeza a Sara vai ajudar a Anne e as mães não podiam colocar seus problemas e dilemas acima da melhoria da filha. Temos maratona. Obaaa.


Resposta do autor:

Pelo menos todas tiveram bom senso pela Annie.

 

Abs.

Responder

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Lino
Lino

Em: 10/03/2018

Fico com dó da Carol, mas Mon ama Sara. ;) 

Bjos 


Resposta do autor:

Fica não, calma.

 

Beijos.

Responder

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Jo Santos
Jo Santos

Em: 10/03/2018

Boa tarde, moça! 

E mais uma vez aqui estou, encantada hoje e sempre pela tua  forma de  escrever, como já disse anteriormente noutro capítulo, FANTÁSTICA! Pelo modo como os acontecimentos, "dramas" vão acontecendo naturalmente sem forçar a barra, todavia, sempre nos prendendo a cada linha e entetrelinha, deixando cada vez mais essa humilde leitora  que lhe acompanha,ansiosaa, vibrante, torcedora,pelos próximoss capítulos. 

Infelizmente, para Carol, acho que é irremediável a reciprocidade do amor de Montserrat por ela.

 

Está claro que para uma das partes ja não existe  mais nada alémde amizade, penso). 

E abebida faz-noss esquecer os problemas? Desculpa, Mon, mas essa desculpa não cola. rs.

Confesso que imaginei que Sara fosse sim,aceitar.

att, Jô.:   


Resposta do autor:

Boa tarde!

Obrigada pelas palavras gentis, Jo! Nem sei comoa gradecer na verdade.

Carol precisa entender isso e vai precisar perceber os sinais que quer negar.

Sim, Sara tem que aceitar, não é?! Haha.

 

Abs!

 

 

Responder

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mtereza
mtereza

Em: 10/03/2018

Realmente só uma mãe para fazer o que a Carol está fazendo ou aceitando q a Mon faça 


Resposta do autor:

Sim, colocando a maternidade em primeiro lugar.

 

Abs!

Responder

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Baiana
Baiana

Em: 09/03/2018

Carol, só tenho uma coisa para te falar: o pior cego é aquele que não quer ver.

Um casamento fracassdo

Uma mulher que prefere sair para beber e chegar em casa bebada,a resolver os problemas do casal

Uma batalha que já começou perdida,mas que ela se recusa a admitir


Resposta do autor:

Adorei o ditado hahahaha.

Carolina pode tentar de todas as formas, ela gosta da Montserrat. Pode demorar, mas talvez ela perceba os sinais mais claros.

 

Abs!

Responder

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Aryany
Aryany

Em: 09/03/2018

Só uma coisa a dizer: eu amo a sua história! 


Resposta do autor:

Obrigada, Aryany!

 

Abs.

Responder

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Nunes
Nunes

Em: 09/03/2018

Quem, senão Sara, para fazer Monteserrat feliz? Cada dia mais e mais encantador acompanhar o desemroladdessa história. Para mim, uma das melhores escritas desse site. 

Beijos. 


Resposta do autor:

Nossa, obrigada. hahahaha.

 

Beijos.

Responder

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Julliaa
Julliaa

Em: 09/03/2018

Com certeza a Sara tinha que aceitar. Amo sua história. 

Vlw, bjs. 


Resposta do autor:

Obrigada :D.

 

Beijos.

Responder

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Ana Gil
Ana Gil

Em: 09/03/2018

Já pode postar outro kkkkkkkk fico louca com essa estória. Amoooooo 


Resposta do autor:

Sigo o cronograma hahahaha.

 

Abs.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

FoxyLady
FoxyLady

Em: 08/03/2018

Sim, vai dar merda (ou não) esse retorno...

Estória maravilhosa, parabéns :)


Resposta do autor:

Lá vem a musiquinha: Vai dar merda, vai... Vai dar merda, vai dar merda, vai... Vai dar merda.

 

Obrigada!

 

Abs!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

dannivaladares
dannivaladares

Em: 08/03/2018

Uau! 

Não consegui imaginar que rumo a estória iria tomar quando li o final do capítulo anterior. 

Você é incrível,  B.

Vou morrer de ansiedade. 

 

Feliz dia da mulher.

 

Abc, D.


Resposta do autor:

Ah, não poderia fazê-las mudar para o Brasil do nada. E gosto de voltar para onde tudo terminou, elas precisam disso.

 

Feliz dia de luta!

 

Abs.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

preguicella
preguicella

Em: 08/03/2018

Eitaaaaa! A coisa vai ficar animada! Peninha da Carol, contra um amor assim como o de Mon e Sara é difícil de lutar, principalmente um amor que não foi vivido, pq ele sempre vai estar lá se fazendo presente como uma lembrança do que poderia ter acontecido. 

Eu não tinha dúvida que a Sara iria aceitar, vamos ver o que vai acontecer com a volta à Eslovénia! 

Ah, me diz que Fernanda vai passar as férias em Slovenj! hahaha

Bjão


Resposta do autor:

Exatamente, principalmente um aor não vivido.

É, vamos ver o que acontecerá com essa volta para onde tudo começou.

 

Sim, claro que a Fernanda irá!

 

Beijos.

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 08/03/2018

Só a Sara para cuidar dessa menininha! Acho que ela ajudar muito a pequena.

Acho que será o fim desse casamento. O fim de verdade!

Abraços fraternos procês aí!


Resposta do autor:

Pode ser que seja mesmo o fim haha.

 

Abraços!

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