Contém: Violência, sangue e morte.
Capítulo 2
Comecei a tirar as minhas roupas para deixa-las dobradas em uma pilha próxima à sequoia onde Sophie estava sentada. Me senti envergonhada, nunca tive problemas com a minha nudez antes, mas, ao lembrar que Sophie estava lá em cima observando tudo atentamente fez aparecer em mim uma timidez de adolescente. Eu era bem satisfeita com o meu corpo, anos de treinamentos em artes marciais e técnicas de defesa modelaram bem os meus músculos.
A transformação estava começando, senti minha boca se alargar e meus dentes se transformarem em presas, ao mesmo tempo de cada poro do meu corpo saiam pelos espessos, cada músculo se expandia e rasgava triplicando de tamanho. Contrações me faziam debater-me, os dedos das minhas mãos e pés recuavam e as unhas saiam em forma de garras. Os ossos da minha caixa torácica se expandiam fazendo com meu peitoral se abrisse. Meu nariz recuou formando um focinho, minhas orelhas agora pontudas captavam todos os ínfimos sons presentes na floresta. Toda ação não durou mais que um minuto, e eu já não era mais Ashley, agora a minha forma era de uma loba com a pelagem cinzenta. Um detalhe interessante sobre a cor da pelagem dos lupinos é que sempre adquiria a cor dos cabelos, meus cabelos são precocemente grisalhos, dando um aspecto de platinado, logo minha pelagem era cinza. Os olhos seguiam a mesma ordem, os meus castanhos se transformavam em um castanho amarelado, com a mesma pintinha que eu tinha na íris. Olhei para lua brilhante iluminando a clareira e um uivo gutural saiu da minha garganta. Escutei Sophie murmurando acima da árvore: “Magnifica!”
Eu continuo ali, mas, não sou somente eu, sou eu o animal predador, minha fome por caçada e sangue era urgente e me pus a correr em quatro patas, o primeiro animal de qualquer porte que eu encontrasse seria um banquete! Sophie saltava logo acima entre os galhos das árvores não querendo perder nem um segundo das ações da Ashley-loba.
Os cheiros da floresta, musgo, sereno, pequenos roedores, lama, e um lince repousando em um galho próximo. Seria perfeito me alimentar dele, um animal que ofereceria alguma resistência e eu ansiava por um pouco de luta. Enquanto estava preparando o ataque um grito me desconcentrou. Cerca de 1.5 quilômetros dali uma mulher gritava por sua vida. Galopei em direção ao grito com Sophie ao meu encalço na copa das árvores.
Uma mulher loira de pouco mais de 30 anos, com a parte de cima da roupa rasgada lutava contra dois agressores. A intenção dos homens era clara, estuprar e matar a mulher.
“Não podemos intervir, eles vão saber o que somos!”, disse Sophie. Observei a cena a alguns metros de distância, um dos agressores imobilizava a vítima enquanto outro tentava se deitar sobre ela que lutava desesperadamente desferindo um chute na cara do agressor. A resposta ao chute veio com uma bofetada violenta fazendo a vítima gem*r de dor. Foi o suficiente para me tirar do controle, com um rosnado ameaçador andei em direção aos 3. O homem mais alto que tinha esbofeteado a mulher puxou um facão de caça e apontou para mim. Com um salto cobri a distância e avancei sobre o homem derrubando-o no chão, o facão foi arremessado longe. Senti a raiva queimar a minha garganta enquanto olhava o homem deitado embaixo das minhas patas. Abocanhei a lateral do seu rosto arrancando um naco grande de carne enquanto o sangue esguichava me lavando o focinho. Alheia ao resto da cena fui mastigando o homem enquanto estava vivo, dei grandes mordidas comendo o resto do braço direito. Nesse momento ele perdeu os sentidos. Atrás de mim Sophie impediu o segundo agressor de fugir e em seguida quebrando seu pescoço em único golpe, como se partisse um palito de fósforo ao meio. A vítima continuava atônita deitada no chão, sem saber o que estava acontecendo. Continuei me banqueteando com a carne macia do homem corpulento, abrindo agora um rasgo em sua barriga, comendo suas entranhas e sorvendo seu sangue ainda quente. “Não tenha medo, nós não vamos machucá-la, venha cá deixe-me ajuda-la a se levantar.” Disse Sophie para a mulher loira. Me sentindo estufada deixei a carcaça do homem e comecei a me lavar para tirar o sangue das minhas patas e focinho, fiquei sentada lambendo a pata e esfregando no focinho. Na minha frente Sophie e a mulher loira estavam sentadas em um tronco de árvore apodrecido caído no chão me observando. A mulher agora estava mais calma e conversava um pouco com Sophie, seu nome é Sacha. “Precisamos nos livrar dos corpos, não podemos deixa-los aqui expostos.” Disse Sophie. “Porque não chamamos a polícia, afinal esses homens iam me matar, vocês me salvaram, você e o seu cão gigante!” Dei uma risada de escarnio, e Sacha me olhou com a atenção. “Ela não é meu cão, e em poucas horas voltará a ser humana.” Disse Sophie.
“O que vocês são? Não se preocupe, eu jamais contarei o que houve hoje para ninguém, eu lhes devo a minha vida.” – Disse Sacha. “Eu sou uma vampira e ela é a minha guardiã, uma loba pura de nascimento.” – Confidenciou Sophie.
Ali mesmo procurei uma parte onde a terra era mais macia e comecei a cavar. Em poucos minutos cavei 1 metro cubico, que julguei ser suficiente para acomodar os dois corpos. Sophie quebrou os ossos do humano não-comido para que ocupasse menos espaço e depois fez o mesmo com o resto da minha refeição, jogou os dois dentro do buraco que eu prontamente comecei a tapar.
Após enterrarmos os corpos Sophie convidou Sacha para voltar com a gente, fomos andando no ritmo da humana até a clareira onde eu havia deixado as minhas roupas. Chegando ao nosso ponto de partida comecei a operar a transformação novamente, para voltar a forma humana. Nunca havia feito isso na presença de não-lobos, ainda apoiada nas quatro patas senti meus músculos encolherem, meu focinho recuar formando novamente meu nariz e boca, as minhas patas se achataram e os dedos foram se alongando. Minha pelagem cinza caiu completamente revelando minha pela nua. Me sentia fraca e esgotada, consegui me colocar de pé e vi as duas mulheres me encarando. Eu estava nua, suja de sangue e terra, mal podia me sustentar o peso do meu corpo.
“Segure-se em mim! Sacha, pegue aquela mochila que está ali escondida embaixo dessa samambaia.” Sacha prontamente pegou a mochila abrindo-a e retirando os itens de higiene que eu havia preparado, toalhas, lenços umedecidos e álcool. Sophie limpou cada parte do meu corpo que estava suja, me deixei ser cuidada por ela, geralmente eu passava por isso sozinha, exceto quanto estava junto da alcateia. As duas ajudaram a me vestir e fomos andando em direção ao carro que estava parcialmente oculto pela vegetação. Sacha contou que estava fazendo uma viagem de mochilão e sua mochila com suas coisas não estava muito longe dali, ela largou suas coisas quando encontrou com os dois homens que a perseguiram até dentro da floresta.
Entramos as três no carro, Sophie na direção, Sacha no banco do carona e eu deitada no banco de trás, paramos apenas para pegar as coisas de Sacha e tomamos o rumo de casa.
Apaguei um pouco depois de escutar Sophie dizendo para Sacha que ela poderia ficar com a gente por uns dias e a oferta foi recebida com satisfação.
Fim do capítulo
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Sahkuerten
Em: 07/03/2018
Amei!!
Ansiosa pelos próximos capítulos!!
??‘???‘???‘???‘?
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