Os círculos roxos em volta dos olhos dela estavam maiores e junto com a palidez da pele lhe dava um aspecto de moribunda, muito aquém da sua aparência normal. Eu sabia que a fome estava lhe consumindo e que ela era orgulhosa demais para admitir. A minha missão de vida é mantê-la em segurança, a minha família trabalha para sua há séculos, um acordo firmado muito antes da humanidade ouvir falar em vampiros e lobisomens.

Estamos na cozinha em silêncio, observo o meu chá esfriar na xícara com desenho de gato e ela lava alguns pratos na pia, a observo suas costas e vejo o segundo em que ela perde os sentidos e vai de encontro ao chão. Pulo sobre a mesa ao seu encontro e a seguro antes que atinja o solo, a ação não durou mais que um segundo. Enquanto ela me olha com olhos tristes eu rasgo a gola da camiseta e ofereço meu pescoço à ela. Ela recusa insistentemente sem tirar os olhos da minha jugular inchada e latejante. “Sophie! Eu sei que é errado, contra tudo que fomos ensinadas, mas, eu não vou te deixar morrer de fome! Alimente-se de mim ou vou buscar um humano para nós duas hoje a noite!” A ideia de matar para se alimentar era repulsiva para ela, para mim não, mas, não o fazia em consideração a ela. Relutou por 3 segundos e abocanhou com força a lateral do meu pescoço. No mesmo instante uma onda de estase me invadiu, senti o sangue fluindo e latejando desde os meus pés, passando pelo meu sex* até voltar ao pescoço onde ele estava sendo sorvido com vigor. A mudança já era visível, as olheiras diminuíram até ser apenas uma sombra escura ao redor de seus olhos, sua pela já apresentava um tom rosa pálido, e os olhos que agora me fitavam, azuis penetrantes. Sem conseguir me controlar comecei a gem*r e me mexer de encontro ao seu corpo. Os sons que eu emitia não poderiam ser confundidos com nada além de sex*. Ela pressionou seu braço de encontro as minhas costas me segurando mais firme, eu me deixei desabar e uma leve fraqueza foi se abatendo sobre mim. “Já chega, senão vou deixa-la doente!”. Disse ela desgrudando seus lábios do meu pescoço e me colocando sentada na cadeira próxima. Eu era uma mulher/loba extremamente forte, alta e de constituição atlética, fruto de anos de treinamento preparatório, e Sophie era delicada nos seus 1.60m de altura, quem a olha não imagina o quão forte ela é, quero dizer os humanos. E uma Sophie reanimada sai da cozinha em direção ao quarto deixando uma envergonhada, confusa e desejosa Ashley sozinha.

Olhei pela janela e vi a lua brilhando mais forte, me chamando, cheia e fértil. É um mito que os lobisomens só se transformam em noites de lua cheia, na verdade podemos nos transformar todos os dias e controlar se a transformação vai agir. O único dia que não temos controle, que a transformação tem vida própria é durante a lua cheia. Pelos meus cálculos eu tenho mais 2 horas antes do meu corpo se transformar alheio à minha vontade. Esse tempo dá e sobra para eu chegar em uma área florestal. Vou para o meu quarto buscar a mochila já preparada com itens necessários pós transformação: toalhas, itens de higiene e álcool. Quando estou no quarto trocando de roupa Sophie entra sem bater e pede para ir comigo essa noite. “Quero ver como é, depois da experiência de hoje quero que você compartilhe isso comigo.”

“Não! Definitivamente não, eu não posso garantir a tua segurança enquanto estiver em forma de loba, meus instintos serão puramente animais e posso olhar para você e te enxergar como comida.” – “Não acho que você vai me machucar, e além disso, como você vai garantir a minha segurança se eu ficar em casa sozinha enquanto você passa a noite fora? Eu posso ficar a noite toda em cima de uma árvore e te observar a distância, o que acha?”

Sim, ela tinha razão em parte, e talvez em cima de uma árvore fosse seguro o suficiente, mesmo que eu pudesse saltar alto na forma de loba não se comparava à velocidade de uma vampira bem alimentada.

“Ok! Mas, somente hoje, e você não pode contar à ninguém sobre isso e a parte da alimentação.”

“Fechado lobinha! Vamos logo que quero ver o espetáculo e voltar antes do nascer do sol.”

Outro mito derrubado, os vampiros não queimam com a luz solar, a claridade do dia os incomoda bastante e estraga a camuflagem da noite. Na claridade do sol sua pele fica tão clara e transparente que é possível ver todo padrão de desenhos das veias azuis. Toda pele exposta exibe um mapa de veias quando era pequena achava assustador.

1h30 minutos depois estávamos em uma clareira com as majestosas sequoias formando um circulo protetor a nossa volta, já estava sentindo a transformação me chamar desde antes de sairmos de casa. Obviamente a presença de Sophie não me ajudava a manter o controle, não mais. Por 10 anos sou a sua guardiã e o nosso relacionamento sempre foi frio e distante, ela não se sentia a vontade com alguém a vigiando o tempo todo e eu achava que poderia ter sido melhor designada para alguém do alto conselho.

“É agora, não consigo mais me segurar, afaste-se por favor.” – falei de forma ríspida. Ela assentiu sem falar nada se encolheu por 2cm centímetros, flexionou as pernas e saltou para o último galho da maior sequoia ao nosso redor. A graça e elegância com que ela executou esse movimento me fez suspirar. “Vamos logo com isso!” Disse ela com um sorriso zombeteiro acenando par mim lá de cima.

Fim do capítulo