CapÃtulo 19 - Sfogarsi
Montserrat
A espera pela resposta da Sara fez o meu desespero aumentar. Vi em seu nervosismo explicações negativas e coloquei minha mão direita no meu coração que bate acelerado no meu peito apertado de tanta angústia.
- Ela está... seu estado inspira cuidados - Sara escolheu as palavras.
Tentei colher mais alguma informação nos seus olhos de mel, porém foram desviados para a Soninha.
- Sônia, as coisas não estão como imaginávamos. Infelizmente não será possível a sua entrada, deixe os exames para depois - ouvi a Sara se dirigir a minha amiga de infância.
- Cada minuto que se passa as coisas podem agravar, Sara. O que aconteceu lá dentro?
Segurei minha cabeça com as mãos e fiz força tentando conter o meu desespero. O que poderia agravar? O ar que deveria entrar nos meus pulmões foi ficando raro e me senti sufocada. Perdi a força sob meu corpo, passei a tremer e sentir calafrios. Encostei na parede para deslizar para o chão evitando uma queda maior. Minha cabeça flutua e eu não sei mais onde estou. Puxo o ar com força, mas ele não vem.
- Ela está tendo um ataque de pânico - Fernanda agachou-se e pegou meu pulso.
- Montserrat, calma, respira - Sônia veio ao meu socorro.
- Ann... Annie... meu... amor... minha... vida - disse.
- Ela não pode ficar aqui, levem-na para um quarto e dê algo para ela dormir - a voz da Sônia parecia longe.
Comecei a ter alguns apagões mesmo com os olhos abertos. Vi Fernanda ajudando a me levantar. Depois eu estava em uma maca. A última coisa que me vi foi a Sara aplicando algo em mim e seu doce olhar chegando mais próximo de mim. A última coisa que senti foram os lábios dela na minha bochecha e seus dedos roçarem de leve o meu braço esquerdo.
...
- Annie! - chamei.
A primeira imagem que veio na minha cabeça quando abri os olhos foi da maca que levava a minha filha. Olhei para a janela para notar que o dia está bem claro. Dei-me conta de que estava em um quarto de hospital.
Senti uma certa vertigem ao me levantar depressa da cama. Acabei pisando em meu par de scarpin quando tentei sair da cama. Calcei os dois com dificuldade para me manter de pé. Piorou quando fiquei tonta ao dar dois passos. Eu estou muito fraca.
Com uma certa lentidão que só que fez ficar ainda mais nervosa, consegui chegar no corredor. Apoiada na parede, caminhei mais um pouco até que encontrei a doutora que me acalmou ontem parada no meio do corredor olhando uma ficha.
- Doutora Fernanda - chamei sua atenção.
- Senhora Schubert! - ela veio ao meu encontro.
- Me chame apenas de Montserrat, por favor.
- Certo, Montserrat. O que faz aqui? Como está se sentindo? - cuidadosa, colocou a mão na minha testa.
- Estou tonta e fraca. Vocês me deram algo para apagar. Onde está Annie?
- Venha, vamos voltar para o quarto, você pode desmaiar a qualquer momento se continuar fazendo tanto esforço.
Mais uma vez fiquei angustiada. Por que quando pergunto pela minha filha ninguém responde algo exato? Anestesiada pelo momento, permiti que a doutora me levasse de volta para o quarto e me deitasse na cama.
Em silêncio absoluto, doutora Fernanda mandou uma mensagem pelo seu celular e alguns minutos depois trouxeram o café da manhã para mim.
A comida desceu raspando na minha garganta. O suco ajudava a empurrar. Fiz o esforço de comer o quanto consegui para me recuperar. Não adianta eu teimar em perguntar uma coisa que ela só vai responder quando eu estiver bem.
Pedi para ela retirar a bandeja do meu colo e respirei fundo.
- Onde está... - não consegui conter meu choro - Por favor, me fale alguma coisa. Mas fale a verdade... eu sou... eu sou forte. Ela está.... ? - não tive coragem de completar.
- NÃOOOOO! Não pense bobagem - a doutora respondeu logo. - Sua filha passou por uma cirurgia ontem e você entrou em pânico, por isso precisou ser medicada.
- Por que você não fala o que a minha filha tem? Eu preciso de respostas diretas. O que vocês estão fazendo comigo é desumano. Onde está Annie? Como ela está?
- Eu... eu não posso falar. Eu não sou a doutora dela, entende?
- Então chame a Sara, por favor.
- Bem... a Sara foi para casa. Ela foi demitida, lembra-se?
Pesou. Senti uma certa raiva na voz dela. Ninguém está se sentindo tão culpada e arrependida da demissão quanto eu. Se eu não tivesse teimado em demitir a Sara e aguardado para ver a cara dela quando a demitisse como vingança, talvez eu tivesse cumprido o que tinha combinado com a minha filha e a teria levado à praia. Deveria tê-la protegido.
- Por favor, chame alguém que possa dar informação da minha filha - falei desesperada.
- A Dra. Sônia já está a caminho, Montserrat.
- Dra. Sônia? Por que a Sônia? - Fiquei ainda mais confusa.
- Bom dia, Montserrat. Como está se sentindo? - Sônia acabou de entrar no meu quarto.
- Eu estou bem. Como está a Annie? - Perguntei esperando finalmente uma resposta decente.
- Annie está bem. Passou por uma cirurgia ontem porque teve uma hemorragia interna ocasionada pelo impacto da batida. Foi uma hemorragia considerada leve, ela deu entrada quase consciente ao hospital.
Achei aquele diagnóstico muito simples para não ser dado desde ontem. Sônia olhava para mim e às vezes desviava o olhar para a Dra. Fernanda. Algo de muito errado está acontecendo. Estão me escondendo algo.
- Certo. Se minha filha está bem por que essas trocas de olhares?
Ambas olharam assustadas para mim. Talvez não esperassem que eu fosse tão direta.
Sônia chegou mais perto e sentou-se na minha cama. Pegou minha mão ao me das um sorriso.
- Bem, nós não queremos dar um diagnóstico porque a sua menina não acordou ainda. Eu entendo sua aflição e como médica, não como sua amiga, aconselho você não se desesperar e aguardar o nosso retorno. Temos um procedimento a seguir e...
- Sônia - a interrompi. - Eu não sou um parente qualquer e nada vai mudar o fato de eu ter acesso a tudo neste hospital. Por favor, não me esconda nada.
- Montserrat, por favor... - minha amiga pegou na minha mão.
Olhei para o crachá dela e vi escrito: Dra. Sônia Ferreira - Ortopedia.
- Se você é a médica que está responsável pela Annie e faz parte do núcleo de ortopedia, isso significa que minha filha tem algum osso quebrado? É isso que estão tentando me esconder?
- Montserrat você não pode passar por cima dos procedimentos de informação porque é dona. Eu não quero estar errada por te defender quando diziam que você é arrogante ou coisas similares.
- Eu não estou nem aí para o que vocês pensam de mim. Eu quero saber da minha filha! - Olhei para a Fernanda e dirigi minha pergunta a ela - Qual é a especialidade da Dra. Sônia?
- Lesões na coluna - falou sem hesitar.
- Fernanda! - Sônia assustou-se.
- O quê? Você não está vendo o desespero dela? Montserrat não vai sossegar enquanto não souber a verdade. Ela está fazendo o que qualquer mãe faria. Quer proteger a menina e não sabe como, você está tirando isso dela.
Lesões na coluna. Atropelamento. Coluna. Annie. Especialista em lesões na coluna. Ontem Sara dizendo que ela não pode realizar os exames. Coluna. Soninha é a doutora dela. Lesões na coluna.
Não sei de onde tirei mais lágrimas, mas elas vieram devagar, uma por uma, escorrendo pela modelagem de meu rosto. Eu não consegui controlar meus lábios nervosos. Não é mais desespero para saber, é desespero pelo que tinha acontecido. Foquei com mais raiva de mim.
- Nanda, deixo-nos sozinhas, por favor - Sônia disse para a outra doutora.
Assim que ela saiu, Sônia pegou um copo de água e trouxe para mim. Bebi em poucos goles, como se quisesse ter calma, mas essa não vinha.
- Mon, minha amiga, não é hora de desespero. Acho que você entendeu um pouco, não é?
- Lesão na coluna pode significar muita coisa - respondi.
- Não é nada certo ainda, por isso não queria te contar. Não gere angustia. Quando eu fui chamada, a garota me disse que não estava sentindo as pernas. Bem, ela tinha que ser operada às pressas, então eu não pude fazer exames. Eu queria ter feito ontem mesmo, mas Annie não tinha as mínimas condições para passar por outros procedimentos. Ela é apenas uma criança.
- Mas se ela não sentia as pernas, por que não é certo ainda? - me enchi de esperança.
- Porque pode ser apenas uma perda de sensibilidade momentânea. Ou pode ser grave. Não temos o diagnóstico. Só saberemos quando ela acordar.
- Eu posso vê-la? - perguntei.
- Claro, meu bem. Mas antes eu queria te fazer algumas perguntas, pode ser?
Enxuguei as lágrimas e fiz sim com a cabeça, me recompus.
- Logo depois da Annie falar para mim que não estava sentindo as pernas, a Sara chegou e a menina não só a reconheceu como a chamou pelo nome. Sara também a reconheceu e se desesperou. Eu, lógico, perguntei de onde elas se conheciam. Sei que a Sara não conhece muita gente por aqui, o que me intrigou mais e mais. Ainda não consegui uma resposta com a minha miga. Mas quando você me disse que aquela menina é a sua filha, eu não posso deixar de perguntar: de onde você conhece a Sara, Montserrat?
Se ontem eu pensei que era só demitir a Sara e seguir com a minha vida. Hoje sei que nossas vidas estão entrelaçada mais uma vez.
- É uma longa história - tentei sorrir.
- Eu pensei que éramos amigas, mas se você prefere que a Sara me conte, tudo bem. Eu vou saber de qualquer forma.
- É tão amiga da Sara assim? - Perguntei desconfiada.
- Nós moramos no mesmo apartamento. Eu, a Fernanda, que é essa que estava cuidado de você, e Sara, dividimos o aluguel.
- Não pode ser! Cada dia mais eu acredito que o mundo é um ovo. Mas também, como eu iria adivinhar que você trabalha aqui? Eu fiz tudo errado.
- Mon, você está delirando? O que tem de errado?
Eu já estou falando demais. Não posso revelar o meu segredo.
- Bem, eu conheci a Sara há três anos na cidadezinha onde moro na Eslovênia. Não deve ser segredo para você que ela fugiu da guerra da Síria - Sônia fez um sinal de quem já sabe da história. - O caminho que ela percorreu para chegar até a Alemanha cruzou com o meu. Eu dei abrigo a ela enquanto passava uma severa tempestade e acabamos nos tornando, digamos, amigas. Eu adorava a Sara, o seu jeito, a sua simplicidade... conheci uma menina que não sabia de nada do mundo. Meu erro foi querer mostrar o mundo para ela e achar que tinha um tempo certo para contar certas coisas. Sara, uma preconceituosa, mente extremamente retrógrada, acabou caindo na casa de uma lésbica. Quando ela descobriu, correu.
Sônia me olhou desconfiada, como se tivesse a certeza de que eu estivesse escondendo algo.
- Não me parece que a Sara que conheço é assim. Quando eu disse que você é casada com uma mulher, ela não demonstrou preconceito.
- Pergunte para ela se não foi isso que aconteceu - disse me levantando. - Pronto, já respondi sua pergunta. Agora eu quero ver a Annie.
Sara
Em um dia eu acordava com minha vida tranquila e no outro eu já estava com ela de ponta cabeça. Para quem já escapou de uma guerra, perder o emprego deveria ser apenas uma chacoalhada. Mas eu não perdi simplesmente o meu trabalho e meus pacientes que logo terão uma médica tão boa quanto eu. Também sei que com o meu currículo eu vou achar outro o mais rápido possível. O que virou de ponta cabeça a minha vida foi a volta da presença das ondas loiras e sorriso perfeito. Foi não entender o porquê daquela atitude. Eu merecia sim xingamentos, até que ela me demitisse depois, afinal, ninguém merece trabalhar com alguém que fez o que fiz com ela. Mas fingir que não me conhece?
Para piorar tudo, Annie acabou nas minhas mãos. Uma menina tão doce, que sem entender o motivo, gosto tanto. Foi difícil separar a Dra. Sara Salmen da Sara que teve um laço com a mãe da menina. Foram sentimentos incompreensíveis e que não consegui desligar até agora. Rezo para que a falta de sensibilidade nas suas pernas seja momentânea. Não quero ver a menina tão esperta passar por sofrimentos e muito menos a mãe dela. As mães, me corrijo. Annie tem duas mães. Talvez até uma terceira que é a outra mulher com quem Montserrat casou-se.
- Oi, Sara. Está sonhando acordada? - Fernanda estalou os dedos na minha frente - Faz uns segundos que estou aqui tentando falar com você.
- Desculpe-me, Nanda, eu estava pensando na Annie. Como ela está?
- Ela está bem, mas provavelmente a Sônia ainda não tenha feito os exames. A menina não acordou enquanto estive lá. Deixei a Sônia dando a notícia para a Montserrat e vim para casa.
- E a Montserrat, como está?
- Bem, ela está... bem. É claro que com certeza a notícia pode ter a abalado, mas ela me parece bem forte. Mas e você? Está bem?
- Preocupada com a Annie, mas bem.
- Qual foi o rolo entre você e a Montserrat? Tive a impressão que vocês se conhece, percebo toda preocupação com a menina dela agora.
- Eu me preocupo com todos meus pacientes.
- Você entendeu, Sara. Não adianta tentar me enrolar porque para a mulher ter te demitido assim, algo não me cheira muito bem entre vocês.
Fernanda é a melhor pessoa para desabafar e neste momento é de quem eu preciso para coloca minha cabeça no lugar.
- Três anos atrás, eu acabei sendo muito ajudada pela Montserrat. Ela mora, ou morava, não sei ao certo, em uma cidade chamada Slovenj Gradec, localizada na Eslovênia, que é relativamente perto da Áustria, ou pelo menos o local mais longe que um refugiado conseguia ir sem o risco de ser preso ou deportado. Você sabe que antes de morar no Brasil, eu estava na Alemanha. Mas não sabe dessa parte da travessia.
- Não sei porque você nunca me contou. Mas se você nunca contou é porque tem algo - Fernanda sorriu.
- Deixe-me falar, sim? Digamos que eu não era a Sara que sou hoje. Você sabe, cresci na Síria e rodeada por conflitos religiosos. Conflitos esses que eu trouxe para a minha vida e que faziam de mim uma pessoa preconceituosa. Quando conhecia a Montserrat foi como se conhecesse tudo que me ensinavam sobre uma pessoa pecadora. Uma mulher que não era casada, independente, mexia com dinheiro, usava roupas curtas e convivia muito bem com gays - Fernanda fez uma cara de quem não estava entendendo nada. - Não, querida, quando eu conheci a Montserrat, não fazia a mínima ideia de que ela era lésbica, já tinha casado e ainda por cima tinha uma filha. Ela escondeu tudo isso de mim por meses. Eu já estava começando a entender que ela era apenas uma mulher moderna. Mas saber que ela é homossexu*l* foi assustador para mim e no dia que soube disso, fui embora para a Alemanha. Não sem antes de correr com a passagem e os documentos que ela conseguiu para me legalizar na Europa.
Fernanda olhava assustada para mim. Seu olhar é de indignação. Não queria acreditar nas minhas últimas palavras.
- Eu sei que errei - adiantei-me. - Sei que tudo que fiz foi infantil e incompreensível.
- Não, Sara. O que você fez foi ridículo. Você foi preconceituosa, intolerante e ainda por cima fez a mulher se sentir idiota por ter ajudado uma pessoa que a julgou. Agora faz todo sentido a demissão...
- EU ME APAIXONEI POR ELA!
Saiu em uma explosão. Saiu o que guardei por anos. Saiu de uma vez, em disparada, quase um alívio. Só não foi total porque eu já admitia para mim em alguns diálogos internos. Mas falar é a concretização do sentimento que guardei a sete chaves dentro do meu peito.
- Você o quê? Como? - Fernanda ficou ainda mais confusa e mordeu o canto do lábio inferior de nervosa.
- Eu não sei como e nem quando aconteceu. Pode ter acontecido quando nossos toques eram tão intensos que me davam choques. Pode ter acontecido quando seu olhar me passava a segurança que precisava. Pode ter acontecido quando eu sentia de chegar mais perto dela enquanto assistíamos filmes. Pode ter acontecido ao desejar ser beijada por ela quando quase aconteceu no fatídico dia que me dei conta de que sim, eu estava completamente apaixonada por outra mulher, mas a deixei para trás.
Eu respirei porque falei tudo correndo e rápido. Era como se eu tivesse medo de que a Fernanda não quisesse me ouvir e eu ter que guardar mais aqueles sentimentos. Cada momento registrado na minha mente como dos melhores que vivi na vida, vieram na forma da Montserrat e nosso convívio.
- Quando ela se declarou para mim - continuei a falar depois de me dar conta de que a Fernanda estava chocada demais para isso - eu me perdi. Aconteceram tantas coisas em poucos minutos. Primeiro ela me deu a minha vida de volta quando entregou os documentos. Depois rolou um clima e eu me dei conta de que estava apaixonada. Desesperei-me quando a mulher e a filha dela apareceram no nosso momento e eu descobri que ela é lésbica. Foram minutos demais para eu pensar. Meu lado irracional falou mais alto e em bom som o quanto eu estava envolvida naquela trama de vida errada. Senti medo dos meus sentimentos ainda mais dos sentimentos dela. Eu não aceitei que amava uma mulher, muito menos que era correspondida. Neguei que o amor entre duas pessoas é tão possível que havia acontecido comigo. Eu me perdi e perdi a Montserrat.
- E o destino fizeram vocês se reencontrarem. Que história, Sara.
Eu consegui sorrir em meio a tanta emoção de ter desabafado.
- Você não vai me falar que fui burra? Que eu deveria ter voltado e vivido o amor que sentia por ela?
- Quer que eu diga o que você já sabe? Sara, você teve escolhas e optou por uma. Se você se arrepende ou não já é outra história. O que me preocupa mesmo é o que você ainda sente pela Montserrat.
- Já faz tantos anos... - murmurei.
- O tempo não apaga mágoas e nem amor de histórias mal resolvidas. O tempo pode maquiar, mas apagar nunca.
- Eu ainda acho errado eu sendo uma mulher me envolver com outra mulher - confessei. - Eu não tenho nada a ver com a vida dos outros. Mas a minha ainda é minha.
- Você ainda não superou totalmente os conflitos dos quais mencionou. Ainda não aprendeu que fazendo isso consigo mesma só trará sofrimento.
- De qualquer maneira, Montserrat está casada e eu acho que só posso ser grata pela generosidade que ela teve comigo.
- Generosidade? Sei. Você achou que uma mulher linda daquelas, cheia de vida e rodeada por pessoas que dariam a vida para ter um beijo dela, te esperaria tomar uma atitude diante de tanta indecisão? Pelo olhar que eu vi dela para você, sei que você não foi apenas uma mulher que passou na vida dela. Mas se você quer saber a real mesmo, o que eu penso, te falo: Esqueça Montserrat, Annie e hospital. Se ela te demitiu é porque você é tóxica para ela. Tanto preconceito assim até me intoxica também. Não vou te julgar, nem quero que você saia daqui pelo que eu disse. Mas também não te considero como te considerava antes. Mesmo assim, se quiser a minha ajuda para superar qualquer coisa, pode contar comigo.
Vi ali a conversa dada como encerrada. Fernanda que ainda estava de jaleco, saiu pela porta que ela tinha acabado de chegar do hospital.
Meu celular tocou e eu quase recusei a chamada. Ainda estava com a voz embargada pela emoção que tinha acabado de viver.
- Alô - eu disse.
- Sara Salmen da Costa? - uma mulher perguntou do outro lado.
- Sim, pois não?
- Sou Karen, da secretaria da PUC e percebi que a senhora ainda não retirou os extratos referentes aos pagamentos das mensalidades. Emiti todos pois pode ser importante. Sabe como é esse negócio de receita federal. A senhora pode estar passando aqui esta semana para retirar.
- Que estranho, não sabia que bolsista também tinha que ter esses extratos. Mas se é importante, passo entre hoje e amanhã.
- Tudo bem, obrigada.
- Obrigada você.
Assim que desliguei a chamada sem importância, levantei-me. Preciso de um bom banho para pensar. Sem emprego tenho todo o tempo do mundo para pegar esses extratos, mas acho que vou ainda hoje.
Montserrat
Fiquei bem mais que duas horas velando o sono da minha filha. Tocava os seus dedos e mãos de leve. Às vezes olhava o simples gesto de seu peitoral levantando e abaixando conforme respirava. Dava graças por ela estar viva.
- Mami - sorri ao ouvir sua voz baixinha e sua tentativa de abrir os olhos.
- Annie! Annie, meu amor. A mami está aqui.
Ela despertou totalmente. Tentou sorrir ao olhar para mim.
- Como você está?
- Bem, estou... estou bem - respondeu insegura.
- Diga para mim, meu amor, você sente as suas pernas? - Eu tinha que saber.
Seus olhos se encheram de lágrimas, mais ainda quando olhou que minha mão estava lá.
- Não - respondeu.
Eu não podia desabar ali. Não na frente dela. Engoli uma bola que se formou na minha garganta e acariciei seu rosto.
- Está tudo bem, meu amor. Não se preocupe com isso. Eu vou chamar um médico, aguarde só um pouco.
Corri pelo hospital à procura de Soninha.
Fim do capítulo
Tha's all!
Até o final de semana.
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inacia
Em: 01/03/2018
Parabéns a autora muito bom msm.. q angústia menina torcendo pra q Annie não fique sem movimento das pernas séria tão doloroso, e Sara agora vai saber q foi bancada em babado gente...rsrs muito bom obg vc é nota mil um forte abraço
Resposta do autor:
Obrigada :D.
Pois é, Sara vai descobrir tudo e terá mais uma "dívida" com a Montserrat.
Abs!!!
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patty-321
Em: 01/03/2018
Ufa! A pequena ta viva. Com sequelas, provavelmente. A mon desabou, quem é mae compreende essa dor. A sara finalmente assumiu q apaixonou pela mon, mas suas crencas foram mais fortes. A Fernanda se decepcionou com a sara. Boa noite.
Resposta do autor:
Sim, viva! Não estou ainda na fase de matar personagens, eu acho hahahaha.
Sara ainda se deixa levar por suas raízes preconceituosas. Não mais com os outros, mas pior ainda que é com ela mesma.
Abs.
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NovaAqui
Em: 01/03/2018
Sara realmente não mudou algumas convicções. Vai ser difícil ela conseguir mudar, mas acredito que ela vá se esforçar para melhor
Situação difícil da pequena Annie
Torcendo aqui para que Annie peça a sua mãe o retorno de Sara.
Amando
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Algumas raízes são difíceis de cortar, principalmente quando vem de pessoas que nos criaram.
Annie vai sim perguntar pela Sara, mas o retorno...
Obrigada.
Abraços!!!
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Rita Dlazare
Em: 01/03/2018
Sophiebrt... quer dizer q vc acha q a Mon é de escorpião por ser vingativa? kkkk sou de escorpião e não sou kkk
Mas, falando da estória...me tirou o fôlego esse capítulo, esperando anciosa pelo próximo.
Nem preciso falar q é uma das minhas preferidas.
Resposta do autor:
Você viu o que a Shopie pensa de vocês?! Que horror! Hahahaha. Conheço apenas uma de capricónio e ela até tenta ser vingativa, mas nunca consegue.
Obrigada :D.
Abs!
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Donaria
Em: 01/03/2018
Depois da deixa até final de semana ....estou tendo uma premonição..... certeza que teremos capitulo até final de semana, vou arriscar mais ainda.... será no sabado! Estou sentindo que será capitulo duplo....chega não vou arriscar mais nas minhas premonições rsrsrsrsrsrs
Resposta do autor:
Será duplo sim hahaha.
Abs.
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Donaria
Em: 01/03/2018
Autora de Deus!! fiquei tão agoniada com o capitulo anterior que nem prestei atenção que já tinha outro rsrsrsrsrs.....sofri alguns minutos a toa. Mas a senhora Monteserrat é muito rancorosa hein! No capitulo anterior cheguei a pensar que o ato dela demitir a Sara era porque não queria a proximidade por medo de não resistir e, também por medo do encontro entre Sara e Carol, mas a safadinha queria era uma boa vingança! A Sara assumir assim tão rápido a sua paixão pela Mon e ainda entender que o sentimento era reciproco foi uma grata surpresa, prevejo fortes emoções quando ela descobrir que a Mon continuou sendo a sua estrela.....Agora voltando aos abacaxis (rsrsrsrs), como é que a autora vai juntar essas duas hein? hein? A sara é toda cheio de preconceito consigo mesmo e sobre sua sexualidade, imagina então envolver com uma mulher e ainda....casada! Autora eu tenho um hobby ao ler as historias... eu gosto de tentar advinhar os signos das personagens, os autores vão caracterizando seus personagens e eu vou juntando as peças e depois tento acertar, já acertei alguns (segundo confirmação de autores nos proprios textos...rsrsrs) A Mon eu acho que já posso arriscar...no principio só pensava em si mesma=egoista, vaidosa, já deu alguns sintomas de cíume (isso não tá bem definido ainda), mas a caracteristica maior é rancorosa e vingativa, ahhh e não perdoa.... posso chutar que ela é uma bela escorpiana rsrsrsr... Agora a Sara ainda não consegui nada nem pra chutar na trave, apesar de que pessoas que não temos a menor comprensão costumam ser de Aquario ....rsrsrs
Resposta do autor:
Viu como não sou má?! Hahahaha. Você ai perdendo capítulo e depois me cobra.
Montserrat em dualidade de pensamentos, é tipo "não quero por perto e aproveito para me vingar também".
Tão rápido? Demorou anos para admitir hahahaha. Mas eu entendi o que quis dizer.
Se eu juntei Camila e Laura... brincadeira rsrsrsrs. Calma, vamos manter a calma para união.
Ah é? Que hobby maneiro. Agora eu fiquei curiosa, se leu A fortiori, adivinhou das protagonistas? Hum.. haha.
Montserrat é leonina e Sara é... eu vou te dar mais uma chance para ver mais características hahahaha.
Abs!
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Baiana
Em: 01/03/2018
Mas rapaz! A Sara mesmo admitindo que se apaixonou pela Mon,ainda não se despiu do preconceito. Quero ver sua reação ao saber que foi a "pecadora" que custeou seus estudos e garantiu um emprego.
Gostei da chamada que a Nanda deu nela,quem sabe com mais essa chacoalhada ela corre de vez para a vida.
Resposta do autor:
Quem disse que as coisas seria simples para a Sara, não é?! É tipo aquelas pessoas: Ah, não tenho preconceito, só não quero na minha família. Horrível.
Confesso que também gostei hahahaha.
Abs!
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sonhadora
Em: 01/03/2018
OMG! Gente, que drama bem articulado! Só você mesma né moça? Esperando ansiosamente pelo próximo! Que não demore pq meu core tá numa aflição só.
Beijos de Luz!
Resposta do autor:
Que bom que está curtindo.
Oh, não demorei, hoje teremos :).
Beijos.
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