Capítulo 74
Haidê, Vanessa, Ulisses e Enrico estavam no local onde encontraram o corpo de Borges, enquanto a perícia fazia a coleta de evidências e análise da cena. Foi Haidê que quebrou o silêncio.
-- Rico, você não precisa ficar aqui. – o moreno respirou fundo e abraçou a amiga.
-- Prefiro ficar, quero aumentar a raiva que estou sentindo por esta criatura. – afastou-se e olhou Haidê nos olhos. – Ela não pode ser chamada de humana ou animal, não quero desqualificar ninguém.
-- Rico, quando penso na Bruna, imagino uma psicopata. Ela não tem amor por nada e ninguém. – Vanessa interrompeu a conversa.
-- Ela sempre foi estranha. – Enrico completou. – Meu pai que sempre a defendeu, alegava que era coisas da idade. – antes que Vanessa respondesse, um dos investigadores chamou.
-- Delegada, o local foi liberado. – aproximaram-se e Haidê conversou com um dos peritos.
-- Ele não morreu aqui... – Haidê fez a observação ao se aproximar do irmão e da delegada.
-- Foi desovado. – Ulisses falou displicentemente, após mais de uma hora de silêncio.
-- Ulisses! – Haidê o repreendeu. – Desculpe por isso. – pediu a Enrico que parecia desconectado com tudo o que acontecia.
-- Ele foi jogado aqui. – concluiu. – O carro parou... – apontou para as marcas dos pneus no barro. – Retiraram o corpo e arrastaram. – apontou para o local.
-- Vou olhar por aí. – um dos investigadores avisou a Vanessa.
-- Quem avisou a polícia? – Ulisses perguntou a Vanessa, mas a outra investigadora que respondeu.
-- Aquele homem da carroça, conversamos com ele, mas não viu muita coisa. – os irmãos se olharam e Haidê lhe fez sinal para ele mesmo falar com o homem. Vanessa os observou.
-- Nunca imaginei vocês como agentes da Interpol.
-- Gostamos de emoções. – Haidê respondeu. – Vou ligar para Cristina ou ela aparece por aqui. – pegou o celular.
-- Vocês se parecem muito... – fez a observação que fez Haidê a olhar com curiosidade.
-- Por isso mesmo vou avisa-la sobre a situação, ou ela aparecerá com suporte de soro e Isadora ao lado. – afastou-se e Vanessa a avaliou melhor.
“Espero que Camila não a conheça.” – pensou apreensiva.
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-- Mel, fica quieta ou essa dor não passa.
-- Eles estão atacando por todos os lados... – tentou se levantar, Isadora a impediu. – Precisamos planejar algo que os surpreenda.
-- Eu vou lhe surpreender caso não fique quieta. – alguém bateu e Melissa olhou ao redor, como se procurasse por algo. Isadora a olhou com repreensão e mandou entrar, José apareceu com uma aparência abatida.
-- Como estão?
-- Ela quer se levantar. – José olhou para neta e balançou a cabeça em negação.
-- Eu sabia que iria aprontar.
-- Vô, o senhor bateu e senti falta de uma arma, estava me preparando para algum ataque. – respondeu alarmada.
-- Minha filha, eles atacaram por todos os lados, querem nos encurralar, mas nós não permitiremos.
-- Como? Olha como e onde estou.
-- Tem dois homens de minha confiança na porta deste quarto. Dois policiais no corredor e mais alguns homens da confiança de Ulisses espalhados pelo hospital.
-- Quero o assassino de Borges, vovô. – falou entre os dentes.
-- Ele não chegará a ser capturado com vida, não vou lhe prometer nada. – respondeu com a mesma raiva da morena.
-- Por favor, vocês estão falando de pessoas. – Isadora interrompeu. – Deixe a polícia pegá-los.
-- Seu pai não retornou para prisão. – José respondeu sem paciência.
-- Ele está no meio de tudo isto. – Melissa completou irritada.
-- Mel, fica quieta, estava com dor. – impediu que Melissa se levantasse. – Não estou falando só do meu pai, estou pedindo para não estragar a vida de vocês, existe justiça, e eles irão pagar. Melissa, o que vai conseguir com vingança? Estragar a sua vida, a minha e deixar Enzo sem mãe. – José estava com impaciência.
-- Cristina, descanse. Não esqueça que você tem um filho e precisa cuidar dele. – Isadora pediu que fizessem algo para dor, ela começava a sentir sono.
-- Ela vai descansar agora, o remédio vai fazer efeito. – falou baixinho.
-- Qualquer coisa quero que me chame. – beijou a mão da neta. – Não precisa se preocupar, aqui está cheio de seguranças. – Isadora balançou a cabeça e voltou a beijar a morena.
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-- Enrico... Meu filho... – José se abraçou ao filho, dando-lhe apoio. O moreno chorou abraçado ao seu pai biológico.
-- Por que fizeram isso? Ele era um bom homem...
– Eu sei meu filho... Eu sei.
-- Ele tinha aquele jeito sério, não gostava muito de conversa... – falou entre soluços. - Bruna matou o próprio pai... Como pode?
-- Ela pagará. – respondeu. – Venha, precisa descansar.
-- Cristina...
-- Ela está bem. Coloquei gente de muita confiança por lá. – o moreno se afastou ainda chorando.
-- Pai, eles tentarão alguma coisa contra Cris ou Enzo.
-- Não conseguirá, nós vamos pegá-los antes.
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-- Então? – Haidê estava com Vanessa esperando o resultado da autópsia.
-- Ele teve uma hipoglicemia, isso levou a convulsões e taquicardia. - olhou entre as duas mulheres. – O que mais me impressiona, além de tudo isso, foi a causa da morte. – Haidê se mexeu incomodada, esperava pelo pior. - Ele morreu com o próprio vômito.
-- Ele teve as convulsões, com isso vomitou e depois se afogou com o próprio vômito? – Vanessa perguntou sem acreditar.
-- Sim. Pelo estado geral, ele estava com problemas sérios no coração, mas ao vomitar ele broncoaspirou. Houve uma obstrução das vias aéreas por aspiração. – deu de ombros. – Ele, literalmente, se afogou com o próprio vômito. – concluiu fazendo aspas.
-- Borges era diabético, lembro das preocupações de Enrico com horários das refeições e controle glicêmico. – olhou para Haidê. – E ele não era o filho biológico.
-- Essa Bruna não é humana. – Haidê pensou alto.
-- Precisamos falar a verdade para Enrico.
-- O que esse homem sofreu nas mãos da própria filha? – perguntou olhando para o corpo sobre a mesa.
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-- Essa filha da... – gritou contendo a raiva, mas Isadora o abraçou, impedindo de completar a frase.
-- Calma meu amigo, não vale a pena. – Melissa olhou para o tio e o chamou com a cabeça. Ele atendeu e se abaixou, deixando-a beijá-lo na cabeça.
-- A hora deles está chegando. – Melissa falou acariciando o rosto do tio.
-- Nós vamos pegá-los Enrico. – Haidê prometeu contendo a raiva.
-- A justiça do Brasil só funciona para quem não tem dinheiro. – Enrico desabafou. – Esse Timóteo consegue privilégios além do imaginável.
-- Nós vamos pegá-los e leva-los a julgamento. – foi a vez de Vanessa se manifestar.
-- Ou não. – todos olharam para Ulisses. – Faremos nosso próprio julgamento.
-- Pode contar comigo Ulisses. – Melissa completou e Isadora ficou preocupada.
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Dez dias depois...
-- Camila, fique aqui. – Ester pediu com carinho.
-- Não faz sentido... – parou para olhar a mulher mais velha. – Ester, ela tem uma namorada, e falo por mim, não iria gostar de chegar com minha namorada e encontrar a ex dela acampando em seu quarto.
-- Isadora não ficará aqui. – Camila parou de arrumar a mala e a olhou. – Daniel não quer por aqui.
-- Ele vai acabar brigando com a Mel.
-- Conversamos, ele não me ouve.
-- Depois eu tento... – deu de ombros. – O fato de terminarmos, não o obriga a escolher um lado, pelo contrário.
-- Como se não conhecesse Daniel. – lamentou.
-- Ester, posso levar Enzo para dormir comigo? Amanhã eu deixo aqui. – Ester pegou as mãos da médica e respondeu sorrindo.
-- Cristina me falou sobre o processo, não precisa me pedir nada, você é mãe dele. – Camila a puxou para um abraço.
-- Agora somos nós dois. – olhou para o menino que brincava no espaço montado para ele no chão do quarto. Ele a olhou com as duas safiras, iguais às de Melissa e sorriu, chamando-a com a mãozinha e depois falando com seu jeitinho.
-- Mamamamaaaa... – Camila se abaixou e sentou ao seu lado, abraçando-o. Ele aproveitou para segura-la e ficar em pé, não conseguia sozinho. – Mamaaaaa... – entregou o brinquedo, ela entendeu e foi brincar. Ester enxugou as lágrimas e foi sentar com os dois.
-- Sentirei a falta de vocês.
-- Não tenho uma casa grande, mas posso lhe oferecer um quarto de hospedes cheio de brinquedos. – respondeu sorrindo e Ester apertou sua mão em apoio.
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-- Isadora, serão algumas semanas. – tentou se explicar.
-- Algumas semanas? – perguntou irritada. – Sou capaz de cuidar de você e ainda uma criança.
-- Vai por mim, não será fácil cuidar de nós dois.
-- Eu sempre cuidei de você, Melissa Cristina.
-- Não assim. – mostrou o braço e a cabeça. – Eu não poderei pegar meu filho, e ele quando quer, acredite, é um verdadeiro barítono do choro.
-- Camila está lá. – afirmou irritada. - Ela está se aproveitando desta história de mãe... – Melissa a puxou para um abraço.
-- Pensei que havíamos conversado sobre isso.
-- Conversamos... – afastou-se e a encarou. – Só não estou convencida.
-- Então se convença. – respondeu seca e puxou suas roupas para arrumar. – Isadora balançou a cabeça e foi em sua direção.
-- Ainda é complicado para mim... Ela ficará entre nós pelo resto das nossas vidas.
-- Ela é mãe de Enzo, só peço que respeite isso.
-- Às vezes acho que está me punindo. – choramingou.
-- Nem tudo tem que ser sobre você. – aproximou-se. – Eu lhe amo e daria minha vida sem pensar por você, mas amo meu filho como nunca imaginei amar alguém. Um dia, quando for mãe, entenderá o que falo. Ele tem Camila como mãe, e não vou priva-lo disso por vaidade, picuinha ou qualquer outro motivo. Ela foi generosa em aceitar.
-- Ela foi generosa em ter esperança.
-- Acredita mesmo no que está falando? – a loirinha a olhou e pensou, depois balançou os ombros em derrota.
-- Não. – suspirou. – Pior que ela é tão justa e tudo mais que nem raiva eu sinto. – olhou para Melissa. – Só um pouco de ciúme.
-- Pouco? – deu uma gargalhada. – Imagina se fosse muito.
-- Estou anotando tudo, quando você melhorar nos entenderemos.
-- Não vejo a hora. – respondeu sorrindo.
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-- Finalmente voltaremos para casa. – Ester disse animada.
-- Papai ainda está chateado, não é?
-- Ele está preocupado... – lamentou. – Voltou para empresa e está apoiando Enrico, enquanto seu avô persegue todas as pistas com seus amigos.
-- Ulisses está se empenhando nesta missão, deu a palavra a vovô de que os pegaria.
-- Rezo pedindo a Deus para ter nossa vida de volta. A impressão que tenho é a de que somos os prisioneiros e eles que têm a liberdade.
-- Isso vai mudar, mamãe. – garantiu com firmeza. – Enzo e Camila estão me esperando? – Ester olhou para filha.
-- Eu vou pedir para pegá-lo na casa de Camila.
-- Ela está sozinha naquele apartamento? – perguntou irritada.
-- Não. – tranquilizou. – Seu avô colocou seguranças por lá e câmeras. Alugaram um apartamento no edifício e montaram uma “sala de situação” ... – revirou os olhos. – Parece aqueles filmes de espionagem. Conseguem imagens até da nossa casa e rua, você vai conhecer.
-- E dentro de casa? E se aparece alguém e não tem tempo de chegar até lá? Camila é muito calma, acho arriscado. – Ester olhou pela janela e concluiu de forma displicente.
-- Vanessa também está lá, fez questão de fazer companhia para Camila até tudo se resolver. – Melissa olhou para mãe, estava com o semblante fechado, em nada lembrava a pessoa que a pouco saia feliz do hospital.
-- Jair, quero que me deixe na casa de Camila. – o segurança que dirigia o carro a olhou pelo retrovisor.
-- Dona Cristina... Existem seguranças por lá. – afirmou com propriedade.
-- Jair, eu quero que me deixe na casa de Camila. – repetiu pausadamente.
-- Deixe-me em casa, prefiro que fique com Jair. – Ester interrompeu a filha.
-- Tudo bem, só quero pegar meu filho. – olhou o espelho retrovisor e perguntou a Jair. – Você me ajuda a pega-lo?
-- Com certeza dona Cristina. – Jair era o motorista e segurança particular de José. Um homem de poucas palavras e bastante observador, estava na família há quase dez anos. Ester se sentiu feliz pelo aparente ciúme da filha e aliviada por aceitar sua sugestão de ficar com o homem de confiança de José.
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-- Agora que ele adormeceu, a senhorita aceita uma taça de vinho? Posso lhe mostrar um dos meus dotes culinários e fazer uma pasta ao pesto. – piscou sorrindo.
-- Adoraria. – respondeu aceitando a mão que lhe foi oferecida. – Só irei aproveitar o intervalo comercial, e tomar um banho.
-- Não sei como aceitou isso numa boa. – falou enquanto pegava o vinho.
-- Aceitei o que? – Camila parou surpresa e perguntou olhando para delegada.
-- Essa história de ficar com o filho de Cristina. – Camila voltou e se aproximou de Vanessa.
-- Vou falar baixo para não acordar o Enzo. – colocou a mão sobre a mão de Vanessa, segurando-a entre as suas. – Presta atenção que não vou repetir ou voltar neste assunto. – estava séria. – Enzo é meu filho, a única pessoa que poderia tirar este direito de mim, resolveu colocá-lo no papel, deixando claro que também sou sua mãe. Não quero comentários deste tipo, ele é tão responsabilidade minha quanto dela. Eu o amo acima de qualquer coisa e faria tudo pela felicidade dele, entendeu? – Vanessa apenas balançou a cabeça. – Ótimo! Odeio repetir explicações. – falou decidida.
-- Eu não estava criticando... – tentou se justificar, Camila a interrompeu.
-- Sei que não, mas prefiro deixar as coisas esclarecidas, assim evitamos interpretações errôneas.
-- Camila, pode contar comigo para lhe ajudar com seu filho. – Camila avaliou e sorriu.
– Obrigada! - disse sorrindo. – Mas ele tem duas mães. – deu de ombros. - Agora vou tomar meu banho. – a veterinária era uma pessoa muito séria, não demonstrava muito o que pensava ou sentia, Vanessa não soube avaliar se realmente havia desculpado seu deslize. Ela abriu a garrafa de vinho e começou a preparar a comida, não demorou muito e alguém tocou o interfone. Vanessa verificou e estava mudo, pegou sua arma e se aproximou da porta, quando bateram ela olhou e viu Melissa, abriu com desânimo.
-- Você tocou o interfone e não respondeu quando falei.
-- O porteiro me viu e abriu a porta. – respondeu com mau humor. – E Camila?
-- Está no banho. – Melissa foi em direção aos quartos.
-- Você não pode entrar assim.
-- Por que não?
-- Vocês não são mais nada. – explicou-se irritada.
-- Como não? – perguntou com uma das sobrancelhas erguidas. - Eu sou a mãe do filho dela.
-- Isso não lhe dá o direito de entrar e ir direto para o quarto dela.
-- Estou indo para o quarto do nosso filho, não o vejo há mais de dez dias.
-- Que barulho é esse? – Camila apareceu enrolada em uma toalha, o que deixou Melissa muito mais irritada. – Mel? – sorriu e Vanessa viu a expressão da veterinária mudar.
-- Passei para pegar Enzo e lhe ver. – sorriu de lado. – Você não foi mais no hospital. – aquele sorriso foi o suficiente para ela se desmanchar, ainda amava aquela morena e vê-la em pé, discutindo com Vanessa, por mais louco que fosse a deixava feliz.
-- Camila, ela não pode entrar assim. – Vanessa protestou.
-- Não? – Melissa voltou a perguntar com ironia. Camila olhou de uma para outra.
-- Vanessa, pode deixar que converso com ela. – a delegada a olhou relutante, ela se aproximou e acariciou o braço da amiga. – Pode deixar, eu me entendo com Melissa. – saiu irritada depois de encarar os olhos azuis que pareciam sorrir. – Você não queria ver o seu filho?
-- Queria sim. – sorriu de lado e entrou no quarto do filho. – Não vem? – ela respirou fundo e despertou do encanto.
-- Não. – colocou a mão na porta, puxando-a. – Eu vou tomar banho.
-- Ele está lindo. – passou a mão pelo corpo do menino, acariciando-o. – Saudades desse meninão.
-- Está cada dia mais parecido com você. – Melissa sorriu. – Vai esperar?
-- Claro. – Camila saiu do quarto e viu Vanessa irritada, cortando cebola. – Se continuar assim, a comida não vai sair boa. – Vanessa a olhou.
-- Prefere pedir alguma coisa?
-- Não. – sorriu. – Quero experimentar sua pasta ao pesto.
-- Pensei que uma comida a luz de velas faria mais sua cabeça, agora. – foi irônica.
-- Vamos com calma, tudo bem?
-- O que isso quer dizer?
-- Para ir com calma. – respondeu com um sorriso e saiu.
-- Quer brincar? Então vamos brincar doutora. – pensou alto.
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-- Enrico, você sabe de Melissa? – Isadora perguntou após tentar o celular da morena.
-- Ester foi pegá-la.
-- Eu sei, mas isso faz duas horas.
-- Não se preocupa, ela está em casa depois de dias. – beijou o topo da cabeça loira. – Tem Enzo, basta ele sorrir para ela se derreter.
-- E tem a outra mãe de Enzo. – foi irônica.
-- Conheço bem a Camila, depois que fala não... – piscou o olho. – Não esquenta.
-- Enrico... – o moreno a olhou com curiosidade. – Esse negócio do nome de Camila constar como mãe de Enzo... – pensou por segundos. – Melissa está fazendo isso como prêmio de consolação? – Enrico avaliou e percebeu que não havia maldade, era mais ciúme.
-- Isa... – puxou a mão da loirinha. – Não entra nessa... – beijou a mão da jornalista. – Isso é ciúme e não tem importância, Cristina fez a escolha dela. – Isadora o olhou com os olhos cheios d´água.
-- Eu tenho medo de perde-la novamente.
-- Só vai perde-la se não cuidar. – piscou. – Não entra nessa de discussões bobas, todos estão com os ânimos à flor da pele, não puxa mais polêmica.
-- Prometo não surtar nestes primeiros meses. – Enrico estreitou os olhos e Isadora sorriu, depois os dois se abraçaram.
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-- Matou a saudade? – Melissa olhou para trás e viu Camila escorada a porta.
-- Nunca será o suficiente. – sorriu. – Ele cresceu, não é?
-- Eu não sinto tanto, como você está sem vê-lo... – deu de ombros e sorriu, aproximando-se. – Percebe mais. Como vai leva-lo?
-- Jair está aí, vou chama-lo para pegá-lo, empresta sua cadeirinha?
-- Claro. Deixe que levo até o carro. – pegou a criança com cuidado e sorriram quando ele pareceu reclamar. – Bem seu filho. – constatou olhando dentro dos olhos azuis. – Reclama na hora que é acordado. – Melissa retribuiu o olhar.
-- Cam... – pegou a mão da veterinária, chamando sua atenção. – Está rolando alguma coisa entre vocês duas?
-- Está mesmo perguntando isso? – deu de ombros.
-- Claro.
-- Claro? Mel não temos mais nada em comum, além do Enzo e uma amizade.
-- E acha pouco?
-- Não acho pouco, mas não é suficiente para você me pedir satisfação. Quando estávamos juntas, você ficou com Isadora...
-- Camila... – tentou falar, a veterinária prosseguiu.
-- Quando ficou com Isadora, eu não lhe pedi explicações, apenas respeitei sua escolha e confiei que foi uma única vez, mas o suficiente para não continuar.
-- Então estão juntas?
-- Não preciso lhe explicar, no entanto, por respeito, vou falar a verdade: não estamos juntas, mas vamos deixar rolar.
-- É vingança. – concluiu e isso irritou Camila.
-- Estou procurando tocar minha vida e não ficar chorando por uma pessoa que não me quer. Isso é vingança? Melissa, o mundo não gira ao seu redor. – acomodou o menino em seus braços. – Consegue pegar a bolsinha dele?
-- Não precisa, ele tem tudo em casa. – respondeu irritada.
-- Ótimo! Então vamos. – chamou no mesmo tom que a morena lhe respondeu. Vanessa viu quando as duas saíram do quarto.
-- Vai junto?
-- Só vou ajuda-la até o carro.
-- Eu vou junto. – falou seguindo-a. Melissa observou sem falar nada.
-- Vanessa, por favor, pega a chave do meu carro, preciso pegar a cadeirinha. – Melissa percebeu a familiaridade com o local, a delegada foi direto onde a morena deixava a chave.
-- A fila realmente andou. – pensou alto e fez Camila respirar fundo segurando a tensão com o comentário.
-- Melissa, espero que me poupe dos seus comentários. – falou baixinho enquanto beijava o filho.
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Melissa chegou acompanhada de Jair, ele carregava a cadeirinha com Enzo ainda dormindo.
-- Que demora! – Ester declarou preocupada. – Liguei para você e estava fora de área.
-- Estou sem bateria. – Ester avaliou a expressão da filha.
-- Pelo que percebi não é só seu celular que está sem bateria. O que aconteceu? – ajudou a filha a colocar o menino no berço.
-- Camila estava com aquela delegada metida.
-- Vanessa?
-- E tem outra delegada metida?
-- Sei lá. – deu de ombros. – Camila é linda, muito simpática e inteligente, pode atrair quem quiser.
-- Isso mamãe, está ajudando muito.
-- E você se preocupa? Que eu saiba você tem se preocupado mais com Isadora. – Melissa revirou os olhos e se sentou.
-- Eu amo Isadora e amo Camila, também.
-- E pode amar duas pessoas? – perguntou provocando-a. – Melissa se jogou na poltrona e passou a mão pelo braço imobilizado.
-- Eu não sei. – respondeu com derrota. – Camila apareceu na minha vida e levou todas as certezas.
-- Está arrependida da sua escolha. – os olhos azuis avaliaram Ester e logo depois ela ouviu a resposta que veio sem dúvidas.
-- Não. – levantou-se. – Eu gostaria de pedir a vocês para Isadora vir aqui sem problemas e repreensões.
-- Pode chama-la, ela será bem recebida. – respondeu de forma mecânica, levantou-se e saiu, deixando a morena sozinha.
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Dez dias depois.
-- Eu vou e quando menos esperar, já estarei de volta.
-- Isadora, eu não vou mentir.
-- O que está acontecendo? – os olhos verdes avaliavam a mulher nua ao seu lado na cama.
-- Como se esta fosse a última vez que nos falássemos e... – Isadora se ergueu e passou a perna envolvendo-a, sentou-se nas coxas da morena que olhou fixo nos olhos verdes.
-- Não completa... – colocou uma mão nos lábios de Melissa impedindo-a de falar. – Eu amo você mais que tudo. Mel, você é minha vida. – beijou suas mãos e Melissa se aproximou para beija-la na boca. – Cuidado com o braço, meu amor.
-- Talvez consiga lhe levar até o aeroporto. – apontou para o próprio rosto. – Não estou tão parecida com a noiva do Frankenstein.
-- Eu gostaria muito que fosse, mas não é por sua aparência física e sim sua saúde. Ainda não se recuperou por inteira. – a morena lhe deu um sorriso e em seguida teve sua boca capturada para mais um beijo. – Por que não me mostra aquele truque dos dedos? – balançou as sobrancelhas com malícia.
-- Só se depois me mostrar aquele com a língua. – respondeu com o mesmo sorriso malicioso.
-- Estava pensando em fazê-lo agora. – desceu entre coxas bem torneadas da morena e a olhou como se pedisse permissão.
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-- Camila, você prefere os ovos mexidos ou uma crepioca? – a veterinária sorriu e saiu do quarto com o filho em seus braços.
-- Se continuar assim, eu vou preferir uma dieta rigorosa.
-- Não precisa, está sempre linda. – respondeu sorrindo.
-- Eu vou levar Enzo para Melissa, hoje volto para empresa.
-- Modifiquei os meus horários, vou lhe acompanhar. Levamos Enzo para Melissa e depois lhe deixo na empresa. À noite lhe pego.
-- Vanessa, não precisa se incomodar. Sabe que o senhor José colocou gente me acompanhando.
-- Não é incômodo, eu mesma que quis. – aproximou-se. – Eu quero lhe acompanhar porque gosto de você. – declarou próxima ao rosto da veterinária que mudou de assunto.
-- Vai fazer a crepioca com algum recheio? – Vanessa sorriu e se afastou.
-- Eu tenho paciência, Camila. – declarou baixinho, mas a médica ouviu.
-- A minha vou comer com geleia. – falou com um sorriso e piscou para delegada.
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-- Isa, você assim, de cabelo curto, fica com cara de braba, tá ligada?
-- Júnior, eu sou assim e ponto. – respondeu enquanto beijava a mão de Melissa. – Principalmente com quem quer pegar minha mulher.
-- Vocês casaram? – falou alto e chamou atenção de Enrico que se aproximou com curiosidade.
-- Ainda não. – olhou dentro dos olhos azuis. – Mas vamos quando voltar.
-- E você volta ainda esse ano? – despertou as duas mulheres que se olharam com dúvidas.
-- Tem alguma dúvida? – perguntou de forma desafiadora.
-- Quem quer casa na hora, não espera o anoitecer, tá ligada? Parece que tá fugindo de casar mais que saci foge da cruz. – Melissa respirou fundo.
-- Vamos comer, Isa. – chamou com impaciência.
-- Mel, vocês têm que se aspirar ao Santo Teotônio que é santo dos casamentos impossíveis. – Isadora o olhou irritada.
-- Júnior, fica calado ou eu mesma arranco sua pele para fazer um casaco. – Melissa segurou o sorriso, amava assistir as explosões da sua loirinha.
-- Tudo eu... Tudo eu! – estava impaciente. – Eu sei que vocês pensam como meu pai, que nunca serei herói como Silvestre estar longe ou Arnaldo chuta nela. – saiu irritado.
-- O que ele tem? – a morena perguntou ao tio.
-- O pai dele marcou de almoçar hoje.
-- Enrico, só tenho uma coisa para lhe dizer: “tenho dó de tu.” – o moreno lhe jogou um guardanapo.
-- Como vai ser seu dia hoje? – ela olhou para Isadora e passou a mão em seu rosto que pela posição, pegava o sol que vinha da janela de vidro.
-- Meu dia sem você será sem graça. – Isadora sorriu e lhe deu um beijo rápido. – Volta logo.
-- Antes que o saci fuja mais da cruz.
-- Eu nem sabia que ele fugia da cruz, pensei que fosse da Cuca.
-- Suas abobalhadas, ele não precisa fugir, tem o gorro, esqueceram? – Enrico afirmou brincando, as duas se olharam e sorriram.
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-- De quem é este carro? – Isadora perguntou imaginando a resposta.
-- Camila. – Enrico respondeu e olhou para Francisco ao seu lado.
-- Ela veio deixar Enzo. – Melissa completou.
-- Vou descer com você. – Melissa a segurou.
-- Não Isa. – beijou o topo da cabeça loira. – Está na hora ou perderá o avião. – Isadora respirou fundo.
-- Melissa, eu me arrependo de tudo, nunca deveria ter lhe deixado. – pegou as mãos da morena e beijou. – Nunca esqueça que lhe amo e voltarei.
-- Eu sei que você voltará. – deu um sorriso de lado. – Agora você tem que ir, ou vai perder o avião. – beijaram-se. Francisco desceu para se despedir da morena. – Cuida dela para mim?
-- Sempre. – abraçaram-se, depois ela se afastou do carro e olhou para Isadora, seus olhos pareciam conectados por alguma energia maior.
-- Eu lhe amo! – disse baixinho, mas Isadora entendeu e sorriu, mandou um beijo no ar. A morena entrou em casa e deu de cara com Vanessa. – O que faz aqui? – procurou Camila pelo lugar. – Aconteceu alguma coisa com Camila?
-- Não. Ela está lá fora com sua mãe, estão conversando. – Melissa a olhou com curiosidade.
-- E por que não está lá?
-- Quis deixa-las mais à vontade. – a morena balançou a cabeça e saiu em direção a varanda. Enzo viu a mãe e se apoiou em uma cadeira para se levantar.
-- Mamm... – Camila o segurou e ele foi andando atrás da outra mãe.
-- Olha esse rapazinho andando. – brincou e se ajoelhou para facilitar para o menino.
-- Ele não parou um minuto, minha filha. É muito parecido com você nesta idade.
-- Então Ester, você é uma guerreira, porque ele só para um pouco quando dorme. – Camila disse sorrindo e se divertindo com a cena de Melissa fazendo cócegas no menino. – Bem, eu tenho que ir. – abraçou a ex sogra.
-- Não vai ficar?
-- Melissa, eu trabalho, esqueceu?
-- Mas está de licença.
-- Acabou ontem, hoje eu retorno.
-- Não Camila. – as duas mulheres se olharam com curiosidade e voltaram para ela.
-- Não?
-- Eu preciso conversar com você. – Ester olhou para as duas e pediu licença.
-- Vou deixa-las a sós.
-- Não Ester, Vanessa está me esperando e...
-- Mãe, por favor, avisa aquela moça que Camila ficará aqui hoje.
-- Gente, eu não posso. Seu avô está me esperando e Vanessa mudou os horários dela para me acompanhar.
-- Precisamos conversar. – foi incisiva. Camila olhou para ela e depois para Ester.
-- Eu mesma falo com Vanessa, e você com seu avô.
Fim do capítulo
Olá meninas, estou em dívida, mas tenho uma explicação: estou em uma correria sem fim. Juro que já tentei a mega, ou até mesmo uma herança, só que o negócio não rola, e tenho que trabalhar em ritmo acelerado... kkkk... A escrita acaba em terceiro ou quarto plano. Desculpa!
Ah, será que não rolar comentários? Sò esses minguados?? Magoei! Vamos lá, ajudem com comentários, ao menos para me iludir que a história é boa. Beijos e bom domingo.
Comentar este capítulo:
Alexia
Em: 11/03/2018
Olá! Rafa , gostando da história ainda bem que nossas heroínas estão se entendendo elas tem que ter cuidado com Timóteo e o resto das corjas espero que o pequeno Enzo amoleça o coração da Isa.bjs! Até o próximo capítulo!
Ps será que tem como aproximar mais a Isa e Mel por favorzinho! Bjs!
Resposta do autor:
Estão se aproximando Alexia... KKKKK... Então, elas terão alguns imprevistos e surpresas indesejáveis, mas será um momento decisivo para elas e Camila. Obrigada pelo comentário, acho que na reta final as leitoras me abandonaram kkkkkkkkkk
SPINDOLA
Em: 26/02/2018
Olá autora.
Sua história é ótima, mas confesso que estou triste da Mel ter escolhido a Isa. Apesar de gostar da delegada, ainda torso pra Camila ficar com a Mel. #camilaforever
Bjs
Ps: Mude a primeira versão, a Mel tem que terminar com a Camila. Se não for possível, faça um final alternativo para as fãs de Camila, assim não ficamos tristinhas. Sugestão: Isa se sacrificando para salvar o filho da Mel
Resposta do autor:
Olá Spindola, eu também estou triste com o rompimento de Mel e Camila, iria preferir as duas do que Isa, massss.... A torcida e votação foi ferrenha a favor da Isa e Mel. O final alternativo é uo! kkkkkkkkkkk Elas me matarão. Bjs
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patty-321
Em: 25/02/2018
Eu sinceramente nao to entendendo a Melissa. É apego? Sentimento de posse? Hum...para com isso Melissa e deixa a camils ir e quem sabe ser feliz com a Vanessa. O enzo ta crescendo e ta muito fofo. Não deu pra saber como está a isadora. Mas parece que ela estárealmente de cabeça no relacionamento com a mel. Boa semana . Bjs
Resposta do autor:
A Melissa está confusa, eu acho natural, mas ela fez uma escolha, então deverá arcar com as consequencias. Será que a Isa amadureceu mesmo? Vamos aguardar. Bjs
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Mille
Em: 25/02/2018
Olá Rafa
Melissa está dividida e não quer ver a Camila seguindo em frente. E a Vanessa quer a chance de conquistar a veterinária e começou bem aceitando o Enzo mesmo com ciúmes.
Bjus e até o próximo capítulo
Ah suas estórias são sensacional.
Resposta do autor:
Oi Mille, a Mel realmente gosta de Camila, e ai pode pegar pesado, porque Isadora vai chegar junto. Obrigada e beijos
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Baiana
Em: 25/02/2018
Eita eita eita! Qual será o teor dessa conversa?
Melissa esta parecendo aqueles homens cafajestes que não quer a mulher, já esta com outra,mas não aceita que a ex siga em frente e refaça a vida com outra pessoa! Egoísmo impera ai. Sorte da Camila que a delegada é paciente e gosta dela de verdade
Resposta do autor:
O bicho pode pegar a as duas se entenderem kkkkkkkkkkkkk Ou não. Será que essa delegada é msmo a melhor opção? Beijos e boa semana.
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Lutz_07
Em: 25/02/2018
Aiii, meu God!!!
Nem acreditei quando vi que tinha capitulo novo!!!
Ei, a sua historia é boa sim, excelente, pode acreditar! Ela me cativou desde o inicio e estou amandooo. Estou mega ansiosa para o próximo capituloooooo aaaaaaaaaaaaa.
P.s. Boa sorte com seu momento correria!! Eu sei bem como as coisas são loucas de se organizar quando estamos na correria hehe. Tente descansar um pouco e relaxar, vai dar tudo certo!!! ^-^
Resposta do autor:
Oi Lutz, obrigada! Esse momento correria dará uma trégua de 20 dias e agradecerei a Deus por cada minuto dele....kkkkkk.... Fériaaaaaaaaaaaaasssssssss! Beijos
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deni
Em: 25/02/2018
A história não é boa. É maravilhosa. Mas confesso que desanimo quando demora tanto pra atualizar. To firme e forte apesar de tudo. Team Isa sempre.
Resposta do autor:
Oi Deni, também desanimo, muito ruim demorar nas postagens, mas falta pouco e terminamos. Beijos
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