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An Extraordinary Love por Jules_Mari

Ver comentários: 2

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Palavras: 9457
Acessos: 3809   |  Postado em: 24/02/2018

Notas iniciais:

Boa noite a tod@s, 

Excepcionalmente - mais uma vez rs - estou postado um Capítulo de AEL fora do domingo, mas amanhã estarei viajando. 
Aproveito também para agradecer muitíssimo pelos comentários que tem deixado. São muito importantes para que eu possa sentir se os caminhos seguidos estão lhes agradando. 

Boa leitura e um ótimo final de semana.

Capítulo 34 Súplicas Silenciosas

A surpresa anunciada por ela nem se quer chegava perto de definir o estarrecimento que Cosima estava experimentando com a chegada repentina de Shay e esse sobressalto ficou mais do que evidente em seu semblante, pois alguns segundos se passaram até que a morena caísse em si e desse passagem para a sua visitante no exato instante que essa fez menção a lhe beijar. Mas tudo o que ela conseguiu foi estalar um selinho na bochecha dela.

- Será que a saudade lhe fez entrar em choque com a minha chegada surpresa? – a loira quis suavizar o clima que estava começando a ficar estranho já que os olhos de Cosima não buscavam os dela. Eles estavam focados nas malas que Shay trazia enquanto tentava digerir aquela presença ali e conciliar seus sentimentos que lhe fazia experimentar uma verdadeira montanha-russa nesse instante. - Cos? – insistiu em chamar-lhe a atenção.

- Oi... Oi Shay! – forçou um pouco entusiasmado sorriso que, muito provavelmente a sua namorada fizera questão de fingir estar feliz em aceita-lo. – Você apenas me pegou de surpresa. Eu... É...

- Você estava esperando outra pessoa? – apontou para a porta.

A pergunta era simples e não exigia um avançado exercício intelectual para ser respondida, contudo Cosima se encontrava incapaz de fazê-lo pelo simples fato de não saber ao certo delimitar qual dos sentimentos se sobressaia sobre os demais. Mas algo lhe dizia que devia a outra, ao menos um abraço. E o fez com desmedida formalidade.

- Não exatamente. – Se viu numa situação complicadíssima, pois sabia que era um fracasso no que dizia respeito a esconder seus sentimentos e, consequentemente, incapaz de mentir. – Talvez um colega viesse aqui hoje, mas nada certo. – A mentira tinha gosto de fel em sua boca. – Mas me desculpe você realmente me pegou de surpresa. Me dê suas malas – Tentou desviar o foco do seu desconforto e praticamente tomou as malas das mãos da outra que continuava a olhando sem ter certeza do que pensar daquela recepção estranha, para não dizer fria. – Fez uma boa viagem? – Perguntou já dentro de seu closet.

- Cosima? – a morena paralisou com o tom empregado em seu nome. Sabia que não conseguiria evitar os questionamentos de Shay e mais, como faria com ela ali, bem diante de si. Retornou para o quarto e a encontrou de braços cruzados e recostada na soleira da porta que separava seu quarto da sala. Trazia uma expressão séria no rosto e aquilo lançou uma mensagem direta para o intimo de Cosima. Ela sabia que Shay era uma mulher inteligente e certamente estava sentindo o seu afastamento e ainda mais ali, na presença dela.

- Oi Shay... – Respirou profundamente, preparando-se para o que estava por vir.

- Eu estava morrendo de saudades de você! – Disse cada palavra enquanto partiu em sua direção, tomando a morena em seus braços que, fora pega novamente de surpresa e apenas recebeu aquele carinho sentindo o seu coração acelerar em descompasso, mas aquilo lhe doía, pois não era empolgação ou felicidade que sentia ao receber aquele abraço, mas uma constrangedora culpa. Com a mente distante, não conseguiu reagir quando teve seu rosto segurado e um beijo roubado.

“Droga... Delphine!” Lamentou em seu intimo.

 

******

O característico som de pneus deslizando com intensidade contra o asfalto indicava que aquele luxuoso carro havia freado bruscamente, obrigando os carros que vinham atrás a fazerem algumas manobras arriscadas para evitarem bater e causar algum acidente mais grave. E à medida que ultrapassavam a imprudente motorista que quase problema maior, buzinavam e uns até gritavam xingamentos chulos, mas a motorista daquele veículo não ouvia nem via nada, pois estava com as mãos quase destroçando o volante sob seus dedos, tamanha a força que aplicava nele. Os olhos fechados com a mesma intensidade de suas mãos e o trincar dos dentes completava a descrição da agonia que Delphine sentia.

“Droga Cosima...!” Respondeu aquela inesperada e inoportuna conexão, e a loira não reclamaria daquilo se não fosse o motivo. Sim, Delphine estava conectada a sua amada e era palpável o sofrimento sentido por ela e, num esforço de concentração, “viu” o que estava causando aquilo.

O que não, quem! “SHAY!”

-MERDE! – Gritou fortemente enquanto chocava sua testa contra o volante se sentindo derrotada. Internamente amaldiçoava as damas do destino e a forma como elas sadicamente se divertiam com ela.

Havia acabado de reencontrar a felicidade nos braços de sua amada e ter o final de sua sina anunciado, porém agora precisava sentir e ter a plena consciência de que ela estava em outros braços. Ergueu a cabeça e a bateu com força contra o encosto do banco.

“Não Cosima... Por favor!” Suplicou em sua mente e se sentia sucumbir diante da agonia que agora aquela conexão lhe proporcionava, pois estava completamente ligada a ela e, para o seu tormento, sentindo exatamente tudo o que ela sentia. Os braços da mulher loira a envolvendo com força e ternura e os... Lábios dela contra os de Cosima.

Delphine sentiu como se o ar lhe faltasse e num ato desesperado saiu do carro em plena avenida movimentada e, por muito pouco, não foi atropelada por mais de uma vez e isso só foi possível porque ela os desviou com um resquício de consciência que ainda lhe restava. Precisava quebrar aquela conexão, interrompê-la ao menos, para que pudesse seguir com a dura tarefa que tinha e que era inevitável. Porém o seu receio lhe impelia a querer estar com ela para saber o que iria acontecer com Cosima, mesmo que isso parecesse masoquismo ao extremo. Mas tinha de cortar aquilo. Livrar-se momentaneamente de Cosima. E com pesar, o fez, pouco antes que um guarda de trânsito viesse abordá-la convicto da multa que aplicaria, mas findou – surpreendentemente - dando uma pausa para o café e a deixou ir embora sem maiores problemas.

Com o peito apertado e uma dura e desconfortável sensação de derrota, partiu para o encontro com suas irmãs que a esperavam na Universidade. Em poucos minutos estava estacionando em sua vaga e seguiu direto para a sala da reitora Duncan, seguindo as instruções de Helena. Ignorou toda e qualquer pobre alma que lhe abordou ao longo do caminho e isso incluía a Gracie e a própria Marion que recebeu apenas um “AGORA NÃO” bem ríspido. Ela estava focada no que tinha de fazer, mas a verdade era a de que estava lutando para manter-se concentrada e evitar deixar sua mente vagar até Cosima.

Queria fixar sua mente na terrível revelação que tivera. A de que fora fatalmente traída e por quem menos esperava. Tentava a todo custo conciliar suas emoções quanto aquilo, pois se por um lado aquele ato de insubordinação significava um desrespeito da sua função e dos códigos da Ordem, por outro representava a total inocência de Cosima, de que ela havia entrado em toda aquela história sem saber o que estava acontecendo, mas agora Delphine tinha a certeza de quem sua orientanda era, na verdade quem tanto esperava. Mas isso não diminuía em nada os atos de Siobhan e Stella contra ela e principalmente contra a Ordem.

Pegou-se pensando nisso assim que atingiu a antessala do gabinete da reitoria. Uma imensa sala com paredes revestidas de madeira e tijolos aparentes contendo quadros imensos emoldurando as fotos dos reitores e reitoras de outrora. A secretária de Susan a reconheceu de imediato.

- Bom dia Profa. Cormier. A Sra Duncan está a sua espera. – Delphine agradeceu com apenas um aceno de cabeça. Parou ante a imensa porta de madeira antiga. Espalmou ambas as mãos nas duas partes da porta e com um ultimo suspiro as empurrou com tudo, causando um sobressalto em todas as mulheres que a aguardavam ali dentro.

Correu os olhos pela ampla sala e avistou Susan sentada em seu birô. Logo atrás dela estava Siobhan, de pé, vestindo o seu usual casaco de couro preto. Os cabelos vermelhos estavam soltos. Sentadas nas duas cadeiras diante da mesa estavam Helena e Stella e para a sua surpresa, Genevieve também estava ali, sentada num sofá, localizado no canto direito da sala. A presença dela lhe lançou uma mensagem duríssima.

- O que significa isso? – Usou de todo o seu cinismo para deixar claro o quanto estava descontente.

- Calma Delphine... Venha, sente-se aqui! – Helena ergueu-se para lhe oferecer seu acento. Puxou-a gentilmente pelo braço, contudo evitou encará-la diretamente. A loira insistiu em buscar os olhos de sua Protetora e mesmo não conseguindo ter acesso a sua mente soube que aquele seria o pior dos golpes.

- Helena... – Puxou seu braço e a olhou duramente, fechando de vez o seu semblante. Cambaleante, deu dois passos para trás e encarou cada uma delas.

- Deixe-nos explicar minha filha! – Genevieve se adiantou.

- Cormier, procure nos escutar! – Stella também se levantou.

- Isso Delphine, nos ouça antes de tirar conclusões precipitadas. – Foi a vez de Susan se pronunciar. Todas estavam bastante ansiosas e quase se atropelaram na fala.

- CALADAS! – Delphine ordenou, retornando os dois passos que havia recuado. Tinhas os dois punhos fechados e o olhar mais intenso que todas ali jamais haviam visto nela. – Vocês que irão me ouvir! – jogou levemente a cabeça para o lado e todas as que haviam levantado, foram jogadas de volta às suas cadeiras por uma força invisível que lhes empurrou de cima a baixo. – Bom, presumo que todas saibam por que estão aqui, mesmo que não tenham sido chamadas por mim! – Depositou ambas as mãos nos bolsos de sua calça e começou a caminhar pela sala. – E é exatamente essa presença não solicitada que reafirma a minha certeza de que algo muito errado está acontecendo pelas minhas costas. E o que é pior... Acontecendo há muito tempo! – Fixou seu olhar em S que, ao contrário das demais, se manteve de pé e firmou o seu olhar.

- O que exatamente você sabe Delphine? – Susan retomou um pouco de controle. Sua Mestra lhe olhou assim que rompeu a batalha com S. Aquela pergunta lhe indicava que aquela mulher também sabia o que estava acontecendo.

- Esperem um instante! Todas vocês aqui sabiam do que estava acontecendo? – Chocou-se com aquela constatação. Esperava que apenas Siobhan e Stella estivessem envolvidas e que as demais estavam ali apenas para a apoiarem. Enganou-se! O silêncio que imperou lhe respondeu positivamente. - Pois bem! O que eu sei você perguntou, não é Susan? – Fez questão de demorar a responder apenas para aumentar a angustia que imperava naquela sala. – Sei que houve uma das piores traições da história da Ordem! – Todas sentiram seus sangues gelarem. – Algo que jamais deveria chegar ao conhecimento público foi entregue a uma leiga! – Caminhou até Siobhan, que lutava para manter a sua fisionomia impassível e esconder o seu temor. Ela sabia que se aquela conversa não fosse bem conduzida, coisas terríveis poderiam acontecer caso Delphine não conseguisse se controlar ou se ela simplesmente não desejasse fazê-lo.  

- Eu assumo total responsabilidade Delphine! – Siobhan finalmente se pronunciou.

- Eu aposto que assume! E certamente você irá pagar por isso. Mas não será apenas você! – Repousou sua mão no ombro direito de Duncan que, ao contrário de S, estremeceu e não escondeu seu temor. – Não é mesmo Susan?

- Delphine... Você precisa deixar que elas expliquem! – Helena voltou a ficar de pé denotando a sua aflição.

Foi a primeira vez que Delphine fechou os olhos, denunciando o quanto estava mexida com o que estava acontecendo ali e como se houvesse sido atingida mais duramente olhou extremamente decepcionada para sua Protetora.

- Até você Helena? Eu jamais pensei que farias algum assim! – Helena abriu a boca, mas não teve forças para responder, pois estava se sentindo destruída. E jamais pensou que receberia aquele olhar de decepção de Delphine para ela. E naquele instante amaldiçoou-se por não ter ido lhe contar de imediato, assim que descobriu tudo aquilo.

- Não a culpe Cormier! Helena não tem culpa nenhuma. E deixe de exagero. – Stella partiu em defesa de sua parceira.

- Exagero Stella? Você tem traído a Ordem há anos e não queres que eu “exagere”? – Inclinou-se em direção a ela.

- Como assim há anos? – Helena alarmou-se e buscou os olhos de Stella que baixou a cabeça e suspirou com pesar.

- Pelo menos não sou a única que fui enganada aqui! – a loira disse após uma sarcástica gargalhada.

- Vai nos deixar explicar ou prefere ficar nos acusando e nos condenar sem nem se quer nos ouvir? – S pediu a fala.

- Muito bem. Sou toda ouvidos! – Sentou-se ao lado de sua mãe e cruzou as pernas, deixando as mãos repousar sobre sua coxa direita.

- Todas nós sabemos quem é a Srta. Niehaus. – Siobhan foi direto ao ponto. – Na verdade Delphine, eu sempre soube! – Aquela informação lhe atingiu duramente.

- Como assim? Quanto tempo? – Descruzou as pernas.

- Para ser bem precisa... – Siobhan ergueu os olhos como se buscasse alguma informação em sua mente. – Há 33 anos! Ou seja, desde que ela nasceu! – S complementou sua resposta tão somente para reafirmar o peso dela. E esse fora tremendo, pois levou Delphine a escancarar sua boca e não conseguir dizer nada.

Ela conhecia muito bem a habilidade extraordinária de cada uma daquelas mulheres que compunham o Alto Conselho e sabia muito bem o incrível dom que Siobhan possuía e que a fizera ser a mais jovem integrante do Coselho na história da Ordem, pois ela conseguia literalmente “enxergar” a alma das pessoas e, dessa maneira, identificar os possíveis caminhos que aquela pessoa poderia seguir e, da mesma forma, ela conseguia “ler” as habilidades para além do convencional, o que a tornava imprescindível no recrutamento para Ordem. Fora graças a esse dom que mulheres como Stella e Helena foram descobertas e habilmente treinadas para ocuparem dois dos lugares mais importantes naquela irmandade.

O silêncio estarrecido de Delphine indicou que S deveria prosseguir com sua explicação sem rodeio algum.

- Como você bem sabe, e todas aqui também, eu entrei muito jovem para a Ordem. E pouco tempo depois disso eu senti algo grandioso. Uma poderosa força chegou até mim e aquilo me incomodou muito. Levando-me a procurar a Mestra Genevieve Cormier para lhe falar do que me atormentava. Eu tinha a clara certeza de que algo muito importante acabara de acontecer. – Olhou para Genevieve, levando Delphine a fazer o mesmo. A sua mãe apenas acenou sutilmente com a cabeça.

- Sim! A jovem Siobhan chegou até mim consternada, sem conseguir dormir, atormentada com visões que ela não conseguia compreender. Então eu suspeitei do que aquilo poderia significar e então a levei até as Anciãs para que elas lessem os sonhos que S estava tendo.

- Foi assim que eu soube da Maldição e da Profecia da Ordem! – S retomou a fala.

- Siobhan... – Delphine conseguiu voltar a falar – Isso significa que você soube quando... – hesitou – A Cosima nasceu? – falou quase como um sussurro aquela ultima frase.

- Eu a senti Delphine! Foi um domingo... Há 33 anos. Exatamente como agora. Eu via imagens vagas em meus sonhos. Então, usamos de todas as nossas fontes para interpretá-las e chegamos até a família Niehaus. E desde então nós estamos acompanhando a e cuidando da vida de Cosima!

Delphine arregalou os olhos. Sabia o quão poderosa Siobhan Sadler era, mas nada poderia prepara-la para aquilo.

- Genevieve...- Virou-se para sua “mãe” mas não conseguiu prosseguir pois ela lhe respondeu antes mesmo da pergunta formulada.

- Você sabe muito bem que não poderia haver interferência alguma minha filha. Só poderíamos assistir. Isso está bem claro na Profecia.

- Mas o que vocês fizeram não foi uma interferência? – Helena as questionou, mas sem tirar os tristes olhos de Stella que lhe olhava com pesar, mas permanecia em silêncio.

- Não exatamente... Mas estávamos desesperadas Delphine! Lembra-se o que você me disse enquanto agonizava após ter levado aquele tiro? – Siobhan a questionou com pesar.

A poderosa Mestra da Ordem do Labrys deixou seus ombros arriarem assim que aquela lembrança foi acessada em sua memória. Era algo que se envergonhava, mas também era algo que tinha pedido para ficar só entre elas e as anciãs, que tratavam de seu ferimento. Mas logo em seguida reassumiu a sua usual postura impassível.

- NÃO OUSE! – Disse entredentes em tom ameaçador.

- Eu precisei Delphine. Elas tinham de saber, pois o destino da Ordem estava em jogo.

- O que foi? – Helena se solidarizava cada vez mais com a ignorância de Delphine.

- Como já sabes Helena, naquela noite a Delphine estava vulnerável devido à falta da lua e quando ela foi baleada e realmente estava entre a vida e a morte... Ela... – Trocou um olhar duro com ela.

- O que ela disse? – Mais uma vez Helena não se conteve.

– Ela... Implorou para que não a salvássemos.  – Lágrimas caiam do rosto da loira. Era um misto de tristeza e de vergonha que a faziam chorar naquele instante. – E... Evelyne... Ninguém aqui pode se quer imaginar o que é ser você... – Foi a primeira vez que S a chamava por seu verdadeiro nome. – Sentir o que sentes e viver séculos de espera... De luta... E acredito que falo por todas aqui quando digo que somos imensamente gratas a você, a sua luta, a sua resistência.  Mas...

- Eu sei! Eu não tenho o direito de desistir! Esse é o meu fardo! – sorriu sem vontade alguma. Tudo o que estavam lhe contando mexia demais com ela e lhe reafirmava que a sua espera havia realmente acabado. Riu agora com vontade, pois era impressionante como Cosima conseguia afastar suas sombras mesmo sem ter a noção disso. Para ela estava tudo esclarecido, mas elas continuaram suas explicações.

- Exato! Então pense o meu desespero... Não dava mais para esperar que o destino agisse sozinho. Pois há 13 anos vocês estiveram bem próximas, quando ela esteve aqui na França pela primeira vez. Estiveram no mesmo ambiente por duas vezes e NADA aconteceu Delphine! – A loira surpreendeu-se com aquela informação assim como Helena. – A essa altura Stella já havia sido enviada para os EUA para, entre outras coisas, tomar conta da Cosima. – Helena arregalou os olhos.

- Sim... Eu seria sua protetora, como bem sabes! – Stella falou diretamente para Delphine. - Mas S não confiava em mais ninguém para se aproximar da Niehaus, então eu fui enviada. Tudo tinha de ser mantido no mais absoluto sigilo, até mesmo das demais irmãs da Ordem e... De você Cormier!

- Então eu tive essa ideia de juntá-las indiretamente sem de fato interferir. – S reassumiu. – Para a nossa sorte ela felizmente estudava a mesas área que você atuava. Então eis que a Susan entra na história! – Delphine surpreendeu-se ainda mais com tudo aquilo. E em sua mente tudo se encaixou perfeitamente. Ergueu-se.

- Enquanto você tratava de dar elementos para a Cosima desenvolver seu projeto, a Susan me convencia a abrir a vaga de orientação... – Montava o quebra-cabeça.

- Isso mesmo Delphine. Ela precisava chamar sua atenção. E nada melhor do que ela citar a fonte mais improvável possível. – Susan concluía. E aquilo alertou a loira.

- Mas... Como? Não é possível. O outro livro foi destruído. Eu vi com meus próprios olhos! – Delphine exasperava-se.

- Você viu o que a Melanie queria que você e o pai dela vissem! Não foi o livro dela que fora queimado. O verdadeiro livro ela conseguiu entregar a uma das amas dela.

- Alba... – Delphine sussurrou e teve sua mente viajando até ao passado. Fechou seus olhos e as lágrimas voltaram a escorrer em seu rosto.

- E esse livro chegou até a sua mãe. Nele havia um bilhete da Melanie que implorava para que aquele livro fosse guardado, pois era a memória da Ordem. – Siobhan concluiu.

- Então ele logo se tornou parte da Profecia e a herança da Melanie. E foi sua mãe Delphine, a grande Mestra Emanuelle Chermonte quem incumbiu a Protetora da Ordem a missão de guardar aquele livro e passa-lo para a próxima Protetora e assim por diante até chegar o momento dele retornar a sua dona. – Genevieve finalizou. – Pois ele se tornou o objeto que conferiria o reconhecimento final à volta da de quem tanto esperamos.

Tudo aquilo era impressionante! Era só o que conseguia pesar.

Delphine havia ido ali certa da difícil tarefa que teria de julgar e condenar aquelas mulheres que traíram as mais sagradas leis da Ordem, mas tudo o que lhe foi dito naquela sala só lhe mostrava o quanto todas elas estavam engajadas no cumprimento de suas missões. No papel da Ordem no mundo.

- Então... – Procurou se recuperar e conciliar suas turbulentas emoções – Siobhan, você providenciou para que o livro chegasse até Cosima, como lhe foi conferida tal missão. E você Susan, coube me dissuadir a abrir a orientação.  Stella, você sempre soube e esteve de olho em Cosima todos esses anos...

- Isso mesmo. Não poderíamos interferir diretamente. Apenas tratamos de... Dar um empurrãozinho no destino Cormier. – Stella lhe piscou o olho ainda sentindo o peso do olhar de Helena que, ao contrário de Delphine, ainda estava se sentindo traída por sua parceira.

- Minhas queridas irmãs. – Delphine postou-se no centro da sala, com as mãos repousadas nos ombros de Helena e Stella. Eu vim aqui hoje tomada por um duro sentimento, incumbida de cumprir a sentença da traição realizada por vocês e com a certeza de que iria puni-las. – Ponderou por uns instantes. – Mas então, o que isso diria sobre mim? Certamente que seria uma hipócrita! – Todas as demais mulheres se entreolharam confusas. – Sim, pois o “crime” que cometeram contra a Ordem eu também cometi. – Focou em Helena. – Eu acabei de contar  a Cosima sobre a nossa irmandade e de como ela existe até hoje. E... – olhou para além delas, focando na imensa janela. – Lhe mostrei o meu livro! – Nova troca de olhares. – Foi como eu soube da “traição” de vocês!

- Bom Delphine, se você o fez, tenho certeza que tinhas a certeza de quem era a Cosima. Do que ela carrega! – S lhe disse docemente e com um suave e aliviado sorriso nos lábios.

- Minha nossa Delphine! Você esta... – Helena deu um salto da cadeira, tomando a mão da loira na sua.

- Sangrando? – Ela mesma lhe respondeu. O improvisado curativo realizado em seu dedo deixava a mostra uma pequena quantidade de sangue. Todas olharam para aquilo completamente estarrecidas e logo, uma onda de alegria preencheu a sala e assim como ela, as demais se sentiram ser tomadas pela extrema felicidade que emanava de Delphine e todas foram as lágrimas enquanto a envolviam num intenso e aliviado abraço. E nenhuma outra palavra foi necessária, pois todas ali sabiam que haviam sido perdoadas.

******

Cosima encarava as malas abertas de Shay que já ocupavam um significativo espaço de seu quarto. Ouvia o cair da água do chuveiro onde ela estava e se viu pensando em como poderia ter aquela difícil conversa. Sabia que seria inevitável, mas estava se sentindo péssima em ter de fazê-lo e isso muito era potencializado pelo fato de não ter suportado esperar.

Não era hipócrita quanto à questão da monogamia, mas queria ser justa com Shay, pois ela era uma mulher maravilhosa, que acabara de enfrentar uma longa e cansativa viagem, com várias horas de conexão. Tudo aquilo só para estar ao seu lado. Sentia-se ainda pior por estar fugindo dela, evitando seus carinhos, como acabara de fazer quando ela tentou lhe beijar, fazendo com que estabelecesse aquela poderosa conexão com Delphine, e da mesma forma que sua professora poderia senti-la, ela também experimentou a agonia dela e foi doloso demais.

- Nossa! Como eu precisava desse banho! – Shay saia do banheiro enxugando os cabelos. Vestia a parte de cima do pijama xadrez verde da morena e uma calcinha branca. Certamente ela era uma mulher linda e atraente, mas nada daquilo surtia mais efeito algum em Cosima que a olhava com pesar. – Pena que não quis se juntar a mim. – Disse já se sentando ao seu lado.

- Está com fome? – Cosima levantou-se no mesmo instante. – Posso preparar algo para você! – caminhou até a cozinha e tratou de colocar algumas paredes entre elas. Shay a alcançou e ficou observando-a preparar café. – Sei o quanto detestas comida de avião, e aposto que não deve ter comido nada. Aliás, aquilo nem deveria ser classificado como alimento. – Falava sem parar.

- Cos! – A loira estava ao seu lado. – Calma! Sei que talvez eu tenha exagerado na surpresa, mas não estou entendendo esse nervosismo todo. – Debruçou-se sobre ela, que recuou o quanto pode, chocando-se contra a geladeira. – Conheço uma forma bem interessante de tranquiliza-la. – Iniciou o desabotoar de sua camisa. Cosima abriu e fechou a boca, mas não conseguiu dizer uma palavra. E quando teve a visão dos seios firmes de Shay diante de si não conseguiu desviar o olhar. E o motivo nada tinha a ver com excitação e sim com o temor de olhar nos olhos dela. Sentiu seu queixo sendo erguido com carinho e incapaz de reagir, apenas se deixou levar.

Teve sua boca capturada num lento beijo, demonstrando que apesar da saudade, Shay estava disposta a ter paciência com Cosima e aos poucos foi intensificando aquele beijo.  

A morena relutava em não deixar sua mente lhe trair. Não queria deixa-la vagar até a dona de todos os seus desejos, aquela que conseguia despertar cada vontade mais primitiva. Quem era capaz de acendê-la apenas com um olhar. A única que comandava suas sensações mais intimas. Ela!

“Delphine...” E com aquele nome em sua mente, sentiu seu sex* latejar e ser gentilmente tomado. Só então se deu conta do que estava acontecendo ali.

- Como eu senti saudade de você Cos... – Shay suspirou em seu ouvido, fazendo com que todo o seu corpo retesasse. Num rompante, parou o movimento da mão dela, que já estava dentro de sua calcinha. A loira a olhou assustada, pois uma lágrima escorria no rosto que tanto amava. – Você está bem? – Cosima não sabia o que dizer. Contudo, batidas sucessivas em sua porta lhe alertou.

- Shay... Eu preciso atender. – Desvencilhou-se enquanto ajustava sua roupa e seguia até a porta. Agradeceu as deusas pela breve interrupção, contudo parou sua mão no ar, pouco antes de tocar a maçaneta. Algo lhe ocorreu e lhe fez gelar o sague. Por uma fração de segundos temeu quem estaria do outro lado da porta. A demora fez com que com a pessoa insistisse na batida. Seu coração atingiu um ritmo alucinante e olhou por sobre o ombro e pode ver Shay retornando para o quarto.

- Cos? Você está em casa? – Uma voz masculina fez com que ela suspirasse aliviada. – Sou eu, o Louis! – Ainda tremula, abriu a porta e deu de cara com seu amigo que estava estranhamente cabisbaixo. – Oi Cos... Eh... Posso entrar?

- Claro Louis. Venha. – Abriu passagem para o amigo que estava sozinho. Ele deu alguns passos pela sala parecendo um pouco sem rumo.

- Você está bem? – Ela lhe tocou no ombro. Como se fosse duramente atingido, ele estremeceu e virou-se para ela com os olhos marejados e ela percebeu que algo sério havia acontecido. Ele não respondeu, apenas buscou abrigo nos braços dela e chorou em silêncio por um instante.  Ela o guiou até o sofá e sentou-se ao seu lado, esperando pacientemente que ele decidisse falar algo. Ele apoio os antebraços nas pernas e baixou a cabeça, parecendo derrotado.

- Foi o Filipe. Ele me deixou Cos... – Disse sem lhe olhar nos olhos, fitava o chão.

- Mas Louis... Assim do nada? Caramba!  - Acariciou o ombro do amigo.

- Cos? Está tudo bem? – Shay retornou para sala. Ela os surpreendeu, causando um sobressalto em Louis.

- Nossa Cos, você está acompanhada. Desculpe-me. Não queria atrapalhar... – Fez menção em levantar, mas foi impedido.

- Não Louis não está atrapalhando nada. Essa é a Shay! – A apresentou enquanto ela se aproximava do sofá.

- Shay? Sua Shay? – Ele se recuperou e ensaiou um leve sorriso. Cosima apenas afirmou com um aceno de cabeça. – Muito prazer! – lhe estendeu a mão. – Gente! Eu sou um tolo, vocês devem estar morrendo de saudade uma da outra e eu aqui, choramingando e atrapalhando vocês! – Levantou-se.

- Ei... Louis, certo? – Shay o chamou. – Está tudo bem. Eu e a Cos teremos bastante tempo mais tarde. – Sentou-se no braço do sofá ao lado dela e a envolveu pelos ombros. – Mas agora, parece-me que você está precisando de ajuda. Venha, sente-se aqui enquanto coloco um pouco de café para nós. Tudo fica mais fácil de se enfrentar com uma boa xicara de café em mãos. – Passou por ele e lhe acariciou o braço.

- Obrigada... Shay. Vejo porque a Cos gosta de você. – Sorriu para a amiga que não lhe retribuiu, apenas desviou o olhar. Ele achou aquela atitude estranha, mas estava muito mais preocupado com a sua própria dor.

- Eu que tenho sorte em tê-la em minha vida! Açúcar, adoçante ou canela em seu café?

Logo Shay retornou e Louis passou a relatar os últimos acontecimentos em seu casamento com o brasileiro Filipe. De como ele esteve cada vez mais distante nas ultimas semanas e isso levou Louis a confronta-lo e descobrir que ele estava se envolvendo com outra pessoa. Cosima lamentou pelo amigo, mas algo que ele lhe disse a fez pensar profundamente.

- Eu só lamento que ele não tenha tido a coragem de vir falar comigo! – suspirou já mais conformado. – Mas agora é tarde. – A culpa voltou a açoitá-la com intensidade. Encarou o fundo de sua segunda caneca de café.

- Acho que acabou o café. Faço mais? – Cosima questionou os outros dois.

- Amiga... Seu café é maravilhoso, mas... Eu queria algo um pouco mais forte! – Louis anunciou com um sorriso de canto de boca.

- A boa velha cura etílica? – Shay anunciou.

- Que seja então! – Cosima concordou, pois estava angustiada demais com toda aquela situação então pensou que a cura etílica de Louis lhe serviria como fuga etílica. - Tequila? – Sacou uma garrafa de Jose Cuervoque guardava em seu armário e já estava aberta.

- Então me permitam lhes preparar a minha Marguerita especial. – Louis levantou um pouco mais disposto e logo os três estavam bebericando e rindo, ao som de clássicos dos anos 1980.

Quando se deram conta, a noite já caíra e o nível de ebriedade de Louis estava alguns graus a mais do que o delas. Mas pelo menos ele não chorava mais.

- Shay! Sabia que eu amo essa moça aqui? – Louis acariciava o rosto de Cosima que estava ao seu alcance, pois ele estava deitado no chão, com a cabeça sobre as pernas dela. Aquela escancarada declaração a fez corar e rir debilmente. – É sério Cos... Você é uma pessoa maravilhosa e merece ser muito feliz. – Soluçou, indicando que já havia bebido um pouco demais.

- Também amo você seu homem lindo. Mas acho que já chega de Margaritas por hoje! – Cos afastou a garrafa do alcance dele.

- Acho que não te amo mais! – Brincou enquanto esforçava-se para levantar.

- Ei Louis, não vou deixar você ir a lugar algum assim. – Cosima o advertiu. – Caso não se incomode, podes dormir aqui no sofá! – Olhou para Shay que pareceu lamentar um pouco aquela ideia e o rapaz também percebeu aquilo.

- Não Cos! Já atrapalhei demais. Pegarei um táxi e chegarei em casa são e salvo. E não se preocupe. Estou longe de estar bêbado. – Deu outro soluço só que proposital, em seguida piscou um olho para ela.

- Tem certeza? – Insistiu.

- Absoluta! – Deu dois beijos nas bochechas dela assim que se levantaram.

- Então me permita chamar um táxi para você. Tenho o contato de um aqui. – Cos procurou seu celular em algum lugar.

- Não se preocupe. Passam vários por aqui na avenida. Shay! Foi muito bom lhe conhecer. E desculpem todo o meu drama.

- Deixe de bobagem. Quero que fique bem! Queremos! – Envolveu Cosima pela cintura já com a fala um pouco mais lenta. Indicando seu estado de ebriedade.

- Vocês são lindas juntas! – Louis disse ao passar pela porta e olhar para elas. Deixando Cosima desconcertada. – Mas agora eu vou-me.

- Ei... Avise quando chegar ok? E se precisar de qualquer coisa é só ligar.

- Sim Senhora!

- Louis!? Prometa pra mim.

- Prometo minha querida. E tenham uma boa noite vocês duas. – Acenou de costas enquanto descia as escadas.

- Acredito que ele ficará bem! – A trouxe de volta para dentro do apartamento puxando-a pela cintura e a envolvendo por trás. Cosima estremeceu com o toque dela e se amaldiçoou por ter seu corpo reagindo daquela forma a ela. A sintonia e a química que tinham eram muito boas e o fogo entre elas sempre esteve presente. Mas algo estava diferente. Algo havia mudando e ela sabia muito bem o que era.

Sem controle algum, teve sua mente viajando até quem mais desejava, novamente no instante em que Shay metia suas mãos por sobre sua blusa, já alcançando seus seios que também fugiram ao seu controle e enrijeceram os mamilos.

- Hum... Eu gosto assim! – A loira sussurrou em seu ouvido enquanto a conduzia até o quarto.

- Shay... – Sussurrou baixinho. – Por favor... – A mensagem foi recebida pela outra mulher de uma maneira diferente. Como um convite e então puxou sua cabeça para trás e desferiu uma mordida mais intensa no pescoço da morena e invadiu sua calça sem maiores anúncios ou preliminares. Estava ansiosa demais, quase desesperada para tê-la.

“Por favor... Não Shay” Pensou, mas em vão, pois só uma pessoa era capaz de ouvi-la daquela maneira.

A mensagem foi ouvida!

E há poucos quilômetros dali, Delphine acabava de entrar em seu apartamento completamente fora de si. Havia parado seu carro de qualquer jeito e subido correndo.

“Cosima, Não, não... por favor!” Sentiu um desconfortável e crescente calor lhe atingindo, lhe obrigando a retirar seu casaco e dobrar as mangas de sua blusa. Mas nada daquilo aplacou sua agonia. Apressou-se até seu banheiro, parando diante da pia e encarando a sua expressão consternada.

Jogou água em seu rosto, buscando baixar a temperatura de seu corpo, mas nada parecia surtir efeito. A agonia não cessava, então retirou também sua blusa e pensou que surtaria ao sentir, claramente, absolutamente tudo o que Cosima sentia.

Caiu no chão, derrotada ao perceber que estava ficando excitada, a que indicava que sua amada também estava só que era outra mulher a responsável por aquilo. Outras mãos a tocavam, outra boca a beijava. Seu sex* contraiu.

- Não Cosima!! – Levou ambas as mãos a cabeça e lágrimas começaram a despencar de seus olhos.

Aquilo era a pior das torturas. Poder senti-la num momento como aquele a estava matando. Mas ao mesmo tempo ela sabia que não tinha o direito de interferir na vida de Cosima. Afinal de contas ela estava com a namorada dela. Mas a razão estava perdendo feio para a avalanche de emoções que sentia. E isso lhe impossibilitava de interromper aquela ligação.

Cerrou os olhos e em sua mente vislumbrou aquela mulher sentando sobre o quadril de Cosima e para multiplicar o desespero de Delphine, Shey estava nua, e então percebeu que Cosima começava a sair de si, pois estava reagindo a tudo que a outra mulher fazia.

Delphine postou-se de joelhos e segurou com absurda força na pia, tamanho era o seu sofrimento. Estava provando algo que nunca antes havia sentido, pois era completamente novo e nem um pouco agradável. Pelo contrário, estava odiando aquilo. Estremeceu e soltou um grunhido do fundo de sua garganta quando percebeu que Cosima havia invertido as posições delas, ficando sobre Shay. Percebia que ela também não estava conseguindo se controlar nem resistir às investidas da mulher sobre si. Mas havia algo mais... Ela também sofria.

Ambas sentiram que êxtase estava próximo e aquela certeza as atingiu em cheio e levou Delphine a ceder àquele loucura pois havia ultrapassado todos os limites de suas forças.

“Por Favor Cosima... Não faz isso!”

A mensagem atingiu seu alvo! E levou Cosima a parar bruscamente o que estava fazendo e sair de cima de Shay que ficou sem compreender o que foi aquilo.

Como se acordasse de alguma espécie de transe chocou-se com o que estava prestes a fazer, pois sua mente, não era Shay quem estava ali com ela, sob ela, dentro dela. Sua cabeça girou.

- O que foi Cois? Está tudo bem? – Inclinou-se para olhá-la. Cosima estava de olhos fechados e com as duas mãos sobre a testa, a apertando. – Está sentindo alguma coisa? Com dor? – Shay não fazia ideia, mas acabou de oferecer a desculpa perfeita.

- Acho que peguei pesado na tequila! – Não era de todo uma mentira, pois sentiu seu estômago revirar e pontadas de uma dor de cabeça lhe incomodar.

- Esse seu estômago estragado! – Shay acariciou a barriga dela e como se uma náusea repentina lhe atingisse, ergueu-se da cama. Levou uma das mãos a boca e correu em disparada até o banheiro. Só que realmente nesse caso não estava fingindo. E assim que atingiu seu objetivo, despejou o que lhe fazia mal no vaso sanitário. - Cos? – A mulher veio até o banheiro.

- Só um instante! – Ergueu-se e praticamente bateu a porta na cara da outra. Retornou ao vaso, mas já não tinha mais nada para colocar para fora.

Tinha a certeza de que o seu enjoou pouco teve a ver com o excesso de bebida e muito mais com a agonia que lhe arrebatou quando ouviu a mensagem de Delphine no fundo de sua mente.

“Delphine...” “Me perdoe!” “Me perdoe!” E foi então que a viu sentada em seu banheiro, assim como ela mesma. Sua professora estava recostada num canto e chorando. Aquela “visão” arrasou Cosima.

“Delphine, meu amor!” “Não chore, não chore...”

- Não chore meu amor! – Cos verbalizou o que pensava.

- Cos? – Shay estava ajoelhada diante dela. – Cosima! Você está gelada! Olha para mim! – Ordenou e percebeu que ela tinha o olhar distante. – Venha cá. Precisamos cuidar dessa sua temperatura. – Ergueu-a com esforço e a colocou sob o chuveiro quente. – Não deveria tê-la deixado beber sem comer. Dá nisso. – Seguiu lhe dando banho e falando algo que Cosima não ouvia, pois sua mente estava distante. Estava focada em Delphine, que acabara de se levantar e caminhava para sua cama. Deitou-se no mesmo instante em que Cosima foi colocada na cama por Shay. – Vou preparar algo leve para você comer. – Disse já saindo da cama, mas teve sua mão segurada.

- Muito obrigada... Por tudo! – Cosima lhe disse finalmente a olhando com intensidade e sinceridade pela primeira vez desde que ela havia chegado. A loira retornou e depositou um leve beijo na testa dela e saiu do quarto, vestindo-se novamente com o pijama da sua namorada.

A viu sair do quarto e voltou a sentir-se mal pela culpa e o latejar de sua cabeça já lhe obrigava a fechar os olhos, pois qualquer luminosidade era mortal. Lamentou o que estava prestes a fazer com alguém que não merecia, contudo a ouviu em sua mente.

“Me desculpe Cosima!”

“Eu não me arrependo de nada...” “Não me arrependo” Sentiu uma exaustão pesada cair sobre si.

“Delphine... Eu amo você...” E mergulhou na inconsciência.

Em sua cama, Delphine também sentia aquele mesmo cansaço lhe empurrando para o sono. Estava exausta como há muito não se sentia, mas a ultima coisa que Cosima lhe “disse” foi como um bálsamo para o seu corpo e sua alma.

“Eu também a amo minha querida.”

*******

O estridente som do alarme de seu celular reverberava bem dentro de sua cabeça, potencializando a sua desagradável dor. Suas pálpebras pareciam pesar toneladas e só sob muito esforço, foram movidas. Felizmente as cortinas haviam sido fechadas evitando que a claridade também contribuísse com sua ressaca.

Por alguns instantes esqueceu-se onde estava ou que dia era, mas a insistência do alarme forçou sua mente e então ela lembrou-se que o havia programado, pois teria reunião de orientação pela manhã naquele dia. Mais exatamente às 10h e já eram 08h30.

Teve dificuldades para mover-se na cama e se deu conta do que era. Havia mais alguém com ela na cama, com parte do corpo sobre o dela. Era Shay. Ela dormia pesadamente e parecia não está percebendo o estridente barulho. Esforçou-se mais um pouco e o alcançou, desligando-o em seguida. Cerrou os olhos, pois via com dificuldade, haviam algumas mensagens em seu aparelho e sentiu uma pontada de ansiedade. Tateou a cabeceira da cama em busca de seus óculos e os achou próximo a um copo com água, dois comprimidos e um bilhetinho.

“Tome-os assim que acordar! Bom dia.”

Olhou para a mulher ao seu lado e sentiu aquele pesar novamente. Mas decidiu obedecê-la. Sentou-se na cama e tomou ambos os comprimidos enquanto checava as mensagens. Louis havia avisado que chegara bem e algumas horas depois enviara outra mensagem dizendo o quanto era difícil dormir sozinho na cama que fora dele e de seu companheiro. Lamentou demais pelo amigo. Leu uma mensagem de sua mãe que questionava se o seu presente havia chegado. Rolou e viu várias de propaganda de sua operadora e então lá estava. A mensagem que justificava a sua ansiedade. Clicou nela.

“Bom dia, a nossa reunião de Orientação está mantida. Favor chegar – impreterivelmente – às 10h.

Atenciosamente,

Profa. Delphine Cormier.”

Fria, seca e direta. Releu aquelas poucas palavras algumas vezes e viu que era uma mensagem que fora enviada não só para ela, mas também para os demais Semideuses. Sentiu um nó querendo se formar em sua garganta ao pensar na possibilidade de Delphine estar magoada ou com raiva dela. A sentiu a noite passada e tinha a certeza de que ela sabia o que quase aconteceu. Como mal conseguiu resistir a Shay e se colocou no lugar dela. Certamente enlouqueceria se “presenciasse” Delphine com outra pessoa.

- NÃO! – Externou sua angustia.

- Oi. Tá tudo bem? – Uma sonolenta Shay cocegava os olhos.

- Ah... Oi... Bom dia. Não foi nada, apenas verifiquei aqui que estou atrasada para a minha orientação. – Disse já se levantando da cama.

- Poxa Cos... Achei que teríamos o dia juntas. – Shay sentou-se na cama enquanto se espreguiçava.

- Sinto muito, mas não posso perder essa reunião. A Delphine me mataria. – Disse já dentro do seu closet.

- Quem é Delphine? – Uma inesperada pergunta fez com que a morena paralisasse. – Ah sim, a sua orientadora. – Ela mesma respondeu. – A “megera tirana” como você diz! – E riu, obrigando Cosima a cerrar os punhos, mas respirou fundo. Sacou as roupas que desejava e as soltou na cama já indo para o banheiro – Ei... Está tudo bem com você? – Insistiu.

- Tá sim Shay! – Respondeu com escancarada impaciência. – Só tenho que me apressar. – Arrependeu-se quase instantaneamente pelo tom usado. – Desculpa! Mas tenho mesmo que ir. – Disse ao colocar a cabeça para fora do banheiro e a viu bocejar com intensidade.

- Tudo bem Cosima. Não quero lhe atrapalhar! – Estava instalado o clima pesado entre elas.

- Ei, você não atrapalha. – Caminhou até a cama. – Tenho essa reunião agora pela manhã, mas... – Pensou por um instante – Que tal nos encontrarmos depois para almoçar? Conheço um lugar que vais adorar! – Sorriu docemente. A loira a sua frente retribuiu o sorriso e concordou. – Mas não devo estar livre antes das 13h, então durma mais um pouco, sei que ainda deves estar sofrendo com o jet lag. Quando eu terminar, te ligo e marcamos ok? – Shay continuou sorrindo e agradeceu silenciosamente por aquilo. Estava realmente com muito sono e a possibilidade de ficar mais umas horinhas na cama lhe agradaram. Retornou a dormir imediatamente e nem se quer viu quando Cosima, já vestida, passou vários minutos ao pé da cama observando-a.

Com um suspiro demorado, moveu-se para sair. Tudo o que menos queria era chegar atrasada naquela reunião, mas, acima de tudo, precisava desesperadamente estar com Delphine, olhar nos olhos dela. Aquele lugar onde se sentia segura e sabia que mal algum poderia lhe acontecer. E a frieza da mensagem a estava incomodando profundamente. Desceu apressadamente os degraus de seu apartamento. Os remédios que Shay lhe dera já começavam a fazer efeito e o mal estar de outrora começava a dar lugar a sua comum fome matinal. Checou seu relógio e calculou que daria tempo de passar na Boulangerie para uma boa dose de café e croissants. E o calor do café seria muito bem vindo, pois aquela manhã estava realmente gelada e com nuvens pesadíssimas de um cinza chumbo que chegavam a dar medo.

Apesar de sua cara de ressaca Cosima conseguia chamar a atenção por onde passava. Naquela manhã estava com um casaco preto bem justo ao seu corpo e uma echarpe preta com caveiras feitas de pequenas pedrinhas brilhantes. O cabelo estava em seu penteado usual. Estava tão focada na missão de saborear os deliciosos pãezinhos que não percebeu o olhar de dois rapazes que cochichavam e riam em sua direção. Em sua mente ela estava calculando o tempo que levaria para caminhar até a universidade e checava seu celular que trazia em uma das mãos e na outra um copo térmico de 500ml de café preto.

Quando ia alcançando a porta da padaria um dos rapazes a abordou, esbarrando nela o que quase provocou um pequeno acidente com o seu café. Ela o olhou de baixo pra cima.

- Bom dia coisa linda! Para onde vamos? – Ele soltou. Ela literalmente revirou os olhos e forçou a passagem por ele que não se deu por vencido e lhe segurou pelo braço. Ele não tinha dimensão do erro que acabara de cometer. Ela olhou para a mão em seu braço e foi subindo seu olhar até o rosto do rapaz que possuía um sorriso de dentes amarelados e uma pele estragada.

- Simplesmente Não! – Ela lhe disse séria. O homem não desistiu e desferiu um pouco mais de força no apertão em seu braço. Então uma ideia começou a se formar em sua mente e essa se evidenciou com o sorrisinho que deu. O tolo rapaz chegou a cogitar que ela estaria correspondendo à sua investida e lhe sorriu de volta. – O que está bebendo? – Indicou com o queixo o copo grande que ele segurava na outra mão. Ele pareceu não entender, mas respondeu.

- Um chá gelado com laranja. Por quê? Quer um pouco? – Lhe provocou.

- Não meu caro. Eu o deixo todo para você. Aliás... – À medida que falava o rapaz mudava seu semblante e logo soltou o braço dela e retirou a tampa do seu copo. – Me pareces que estais com muita sede, não? – E para a surpresa de todos o rapaz não bebeu o seu chá, mas sim o ergueu até a topo da cabeça e o despejou sobre si mesmo. Causando espanto de todos ali. Cosima sorriu deliciada com o que acabara de fazer. – Eu realmente não compreendo vocês caras que se sentem no direito de abordar qualquer mulher e não aceitam um simples não. – Disse em voz alta para ser ouvida ali. – Para o seu bem, melhorem! – E saiu da padaria ainda ouvindo aplausos de algumas das mulheres que estavam lá.

- Então é assim que você faz Delphine? – Falou sozinha enquanto apressou seu passo, pois o pequeno contratempo comprometeu seu horário. Assim que atingiu o estacionamento do Bloco A viu que o carro onde estivera no dia anterior já estava lá parado indicado que sua professora já havia chegado.

- Merda! – Começou a correr e avistou René fazendo o mesmo. Pelo visto não era a única que chegaria em cima da hora.

- Oi Cos. Parece que a Toda Poderosa tá naqueles dias! – Disse René assim que entraram no elevador.

- Vou fingir que não ouvi esse comentário misógino. – Cosima bebericou seu café, deixando o rapaz encabulado. – Mas porque você diz isso?

- Não viu a mensagem que o Marc passou no grupo? Ela está mordida, perguntando onde estávamos. – Ele lhe mostrou o celular.

- Mas ainda temos quatro minutos. Estamos em tempo. – Cosima lhe disse. Ele apenas deu de ombros. E assim que irromperam no corredor viram os demais Semideuses acenando para que eles apressassem os passos. Os alcançaram quando ainda faltava um minuto para as dez. – Oi gente.

- Vamos logo. - Marc a puxou. Ainda olhou para Louis que tinha olheiras horríveis no rosto, ele apenas lhe sorriu de volta e fez o sinal da cruz antes de entrar na sala.

Cosima foi a ultima a entrar e assim que o fez a viu sentada em sua mesa, com a cabeça baixa lendo algo. Todo o frio que sentia, todo o desconforto pareceu sumir como mágica assim que chegou próxima a ela.

- Tomem seus lugares na mesa. Já iremos iniciar. – Disse sem tirar os olhos do que lia. Todos seguiram a ordem menos Cosima que ficou parada diante dela, como se esperasse por algo.

- Algum problema Srta Niehaus? – Finalmente ergueu seu rosto. Contudo ele já não era mais um mistério para Cosima e, ao contrário da frieza da sua frase o que ela demonstrava com o olhar era intensamente quente.

- Nenhum Professora Cormier! – Exagerou na formalidade. – Podemos começar? – Fixou seu olhar no dela e por alguns instantes, permaneceram se encarando descaradamente, mergulhando uma na outra como se só existissem elas, como se se bastassem.

- Cosima? Você trouxe o livro que lhe pedi? – Marc disse logo após tossir forçadamente, trazendo-as de volta para a realidade. Ambas piscaram várias vezes e a morena seguiu até a mesa de reuniões. Delphine foi logo atrás e precisou de muito esforço para manter o seu semblante neutro e os seus olhos longe de sua orientanda.

- Muito bem!  Trouxe um recente estudo acerca da desconstrução do conceito de gênero e gostaria que todos lessem agora para que possamos discuti-lo e verificarmos como ele pode interferir ou afetar o seus trabalhos. – Repassou uma pilha de papeis para Rene que estava ao seu lado esquerdo e pediu que ele os distribuísse. Logo todos estavam concentrados e focados em suas leituras, exceto por duas pessoas.

“É tão bom estar com você!” Cosima iniciou aquela conexão. “Eu... Me desculpe Del.” “Não quis magoá-la, mas Shay apareceu de surpresa.” Insistia mas a outra não lhe respondia embora o desconforto demonstrado indicava que ela a estava ouvindo. “Fala comigo. Por favor, Delphine!”

“Agora não Cosima.” Finalmente respondeu.  

“Por que não?” “Ninguém nos ouve.” Cosima não desistiu e já estava atingindo sua professora.

“Del, me diz alguma coisa...”

“Cosima...” A advertiu.

“Preciso saber que estais bem”

- AGORA NÃO COSIMA! – Verbalizou em alto e bom som causando um sobressalto de todos ali. Ela estava fora de si e não conseguiu se controlar. Olhou ao redor e todos os seus estudantes lhe olhavam surpresos e alternavam para Cosima que nunca ficou tão desconcertada em toda sua vida. – Eh... Terminaram a leitura? Pois bem, comecemos. Srta Mayfair, podes começar trazendo suas percepções acerca do texto.

Aos poucos, todos foram se recuperando daquele inusitado evento - ou fingiram muito bem - e focaram suas atenções nas opiniões de Amélia e em sequência, cada um deles trouxeram suas colocações e o debate transcorreu de forma natural. Contudo, Cosima e Delphine evitavam se olhar e a morena não mais ousou se comunicar com ela. Ao final da reunião, a Professora Cormier solicitou que todos lhe enviassem um resumo estendido dos seus temas relacionados ao problema proposto por ela.

Mas antes de todos irem embora, Marc se pronunciou.

- Queridos e queridas, recentemente uma pessoa muito especial fez aniversário. – Abraçou Cosima pela cintura. – E nós gostaríamos de leva-la para almoçar. Por nossa conta Cos. – Todos concordaram. – E a Sra também está convidada professora.

Delphine, que estava guardando suas coisas em sua valise, ergueu os olhos e encarou Cosima por uma fração de segundos.

- Eu adoraria, mas já tenho um compromisso para o almoço. – Sorriu educadamente. – Divirtam-se e celebrem a Srta Niehaus.

- Uma pena professora. Pois bem, vamos? – Cosima experimentou o conflito novamente de lamentar que Delphine não fosse àquele almoço, mas ao mesmo tempo ficou aliviada pois poderia cumprir com a promessa de almoçar com Shay e ter seus amigos por perto não pareceu má ideia.

Todos saíram da sala e caminharam pelo corredor. Os Semideuses iam mais a frente e a sua orientadora mais atrás. Delphine checava seu celular, confirmando o encontro que teria com Helena e Stella para almoçar, mas não conseguia evitar de elevar o olhos e varrer Cosima de cima a baixo. Ela sempre parecia tão leve e alegre em meio aos seus amigos. Era maravilhoso poder observá-la daquele jeito.

Louis, René e Amália desceram no primeiro elevador que chegou mais ou menos cheio, deixando Marc, Sophie, Cosima e Delphine para descerem no próximo que também já veio com algumas pessoas, os obrigando a ficarem mais próximos. A organização das pessoas acabou deixando Delphine mais atrás, tendo Cosima logo a sua frente e sues amigos um de cada lado.

Cosima tinha o seu celular em mãos, tentando, sem sucesso, falar com Shay. Já estava enviando a terceira mensagem consecutiva quando percebeu que sua professora estava praticamente debruçada sobre seu ombro na escancarada intenção de ver o que ela digitava. Para se “vingar” daquela pequena intromissão, Cosima ajustou seu corpo enquanto falava com Sophie e literalmente roçou sua bunda em Delphine que puxou o ar audivelmente e sorriu. Chamando a atenção de Marc que as olhava com expressão desconfiada.

Finalmente aquela pequena viagem chegava ao fim e lá embaixo os demais os esperavam, contudo mais alguém havia se juntado a eles.

- Olha quem encontrei perdida pela Sorbonne Cos! – Louis anunciou. Quando Cosima ergueu os olhos a viu.

- Shay? – Disse mais alto do que deveria. Delphine, que vinha logo atrás paralisou na hora, mudando totalmente o seu semblante. – O que você está fazendo aqui? – Cosima foi em sua direção.

- Bom, pensei em lhe fazer mais essa surpresa. Além do mais queria conhecer o lugar onde você passa tanto tempo.

- Essa é a Shay? – A entusiasmada Sophie se adiantou para saldá-la. – Prazer. – Logo todos estavam trocando apresentações enquanto Cosima ainda estava tentando se recuperar. Olhou por sobre os ombros e não viu mais Delphine. Ela não havia saído do prédio.

- Está decidido! Você irá conosco! – Louis anunciou, informando que Shay iria ao almoço para comemorar o aniversário de Cosima. As duas se olharam e o sorriso da loira respondeu que iria.

Todos já haviam atingido o final da escada quando ela se fez ouvir.

- Sr Pinot? Srta Nieahus? – Ela descia, imponente, as escadas. Exalando todo o charme absurdo que ofendia os demais mortais. – Mudança de planos. Gostaria de me juntar a vocês, caso o convite ainda esteja de pé! – Disse assim que os alcançou. Cosima arregalou os olhos e engoliu em seco. – Mas vejo que há uma pessoa aqui que não conheço.

Todos esperaram que Cosima realizasse as apresentações, mas ela permanecia imóvel. Literalmente paralisada.

- Professora Comier, essa é a Shay! – Marc se adiantou, tentando quebrar o clima estranho que se fizera.

- Muito prazer Professora Cormier! – Shay disse com denotada surpresa, olhando-a de baixo para cima dada a diferença de altura entre elas. E não conseguia disfarçar o quão impactada estava.

- O prazer é todo meu! Para onde vamos?


Fim do capítulo

Notas finais: O próximo capítulo será postado no domingo normalmente!

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Comentários para 34 - Capítulo 34 Súplicas Silenciosas:
patty-321
patty-321

Em: 26/02/2018

Caraca! Fiquei estarrecida com o ocorrido: cos quase transa com a shay  e a Del sentindo tudo. Que situação. Muito complicado e dolorido pra Cos falar a verdade pra shay, caramba. E agora a Del ficando face to face com ela. Haja coração, cos. E tudo esclarecido para a Del como se procedeu os atos de suas irmãs, cada uma teve o seu papel desenvolver no retorno da Melanie.  mas a stella ta em maus lençóis com a Helena. Tem muito a explicar. Aguardo ansiosa o próximo domingo. Grata. Boa semana  bjs

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Gabii
Gabii

Em: 25/02/2018

Olá! Eu não comento muito nessa sua história, mas agora me deu vontade de fazê-lo. Bem, eu sou simplesmente apaixonada pelo conto! A passagem entre passado e presente; a ''guerra'' entre o bem e o mau; o amor proibido da Evelyne e da Melanie; o empoderamento feminino; a suposta imortalidade da Delphine; os ''poderes'' que ela e Cosima possuem... Tudo isso, pra mim, é I.N.C.R.Í.V.E.L. Eu amo essa mistura de fantasia e romance. E você, autora, sabe muito bem conduzir a história, sem perder a mágica e o encanto que ela tem. Eu fico muito curiosa para saber de onde veio tanta inspiração para construir uma história tão diferente e, ao mesmo tempo, linda e apaixonante. Só posso dizer que virei sua fã desde o primeiro capítulo, e que fico muito ansiosa para que postes logo o próximo rs.

Em relação a esse capítulo, espero que a Cosima termine o mais rápido possível o namoro com a Shay. Me deu um aperto no coração, ver que a Delphine estava sofrendo com a aproximação das duas. Desejo que nada mais atrapalhe o relacionamente delas. O que está próximo de acontecer, porém ainda tem aquele sádico doido. Espero que ele sofra muito, porque o mau que ele faz para as outras mulheres e crianças, é muito perverso...

Até o próximo capítulo, querida autora. Você está de parabéns pela construção dessa história maravilhosa.

Ótimo domingo :)


Resposta do autor:

OI Gabi,

Muitissímo obrigado pelo gentil comentário. Fico imensamente feliz que estejas gostastando de minha história. 

Bom, respondendo um pouco de que foi pontuado aqui... Todos os temas abordados na história me são muito caros e encontrei em algumas características dessas personagens o que eu precisava para tecer todo o resto. Peguei apenas algumas das caracteristicas das personagens originais da série.

Sou uma fã assumida de fantasia e sci-fi e tenho uma mente bastante agitada e então as coisas e as ideias foram surgindo a medida que fui desenvolvendo a ideia.

E se lhe serve de consolo, ainda estamos um tanto quanto longe do fim rs...

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