Gabriela:

 

Depois de ter deixado Julia em casa, Gabi foi direto para sua empresa, não era fácil ser dona de uma revista de moda. Sua mãe a perturbada sempre, aquela revista era um patrimônio da família, não deixava de se preocupar com a empresa.

 

-Finalmente deu as caras! - Falou sua mãe rude, estava a esperando na sua sala.

 

- Bom dia pra você também mamãe. - Falou debochada.

 

- Quando você vai ter mais responsabilidade em Gabriela? Um dia ainda vai deixar isso aqui falir!

 

- A senhora pode ir parando por aí, se não fosse a mim esse lugar teria falido, você pode ser minha mãe, mas não vou deixar me humilhar não! - Falou nervosa.

 

Gabriela odiava quando sua mãe aparecia na empresa, ela sempre arrumava uma.maneira de a humilhar. Desde pequena nunca tinha recebido um carinho daquela mulher, depois que cresceu e virou presidente da empresa, sua mãe se tornou mais rude ainda, fora que ela a expulsou de casa por ela ser lésbica.

 

-Eu podia te deixar sem nada! - Falou nervosa.

 

- Fique a vontade mamãe, mas essa empresa é tanto minha como sua, foi eu que ergui esse lugar, você deveria me agradecer! - Falou estourada.

 

- É mais do que sua obrigação Gabriela… Eu só quero saber o dia que você vai casar com uma mulher rica e salvar nosso patrimônio. - Falou a encarando.

 

- Será que a senhora poderia pensar menos em dinheiro e pensar mais nos meus sentimentos? - Perguntou cansada.

 

- Sentimentos e para os fracos, temos que salvar nosso patrimônio. Vai ter um jantar lá em casa, quero que vá, temos uma pessoa a lhe apresentar.

 

- Pois eu não vou!

 

- Eu não estou lhe pedindo estou exigindo!

 

- Ok, mas não conte com minha presença la, me deixe trabalhar que esse lugar não se toca sozinho. - Falou suspirando.

 

- Sete horas quero você lá… Tenha um bom dia! - Falou formal saindo da sala.

 

- Já vi que vai ser um dia daqueles!

 

Gabi se jogou em sua cadeira, tinha uma pilha de papéis para serem assinados, haviam alguns modelos que teria que ligar para desmarcar a seção fotográfica pra aquele dia. “ Não posso ficar longe um minuto”, “ Oh, tanta coisa para fazer!”.

 

Eram duas horas da tarde, ela não tinha visto a hora passar, e seu estômago já reclamava pedindo comida. Resolveu pegar sua bolsa e ir em algum restaurante beliscar algo, não poderia demorar, haviam ainda muita coisa para ser assinado.

 

-Ei Jude estou saindo para almoçar, qualquer coisa estou no celular. - Falou entrando no elevador.

 

- Sim senhora.

 

Assim que ia saindo da empresa distraída com o celular ela esbarra em uma pessoa.

 

-Desculpa…- Parou no instante que olhou quem era.

 

- Cuidado bonitinha! - Falou dando um sorriso cafajeste.

 

- Você de novo? Está me seguindo por acaso? - Perguntou se arrumando.

 

- Não só estava andando por aqui, tive o prazer de esbarrar com essa linda moça. - Falou ainda sorrindo. Gabriela sentia um incômodo incomum na presença daquela mulher, aquele sorriso cafajeste que ela dava, mas ao mesmo tempo se sentia atraída. Passou noite lembrando de suas mãos a apertando o gosto dos seus lábios.

 

- Não precisa ficar olhando demais, é todo seu! - Falou sorrindo abertamente. Ela não tinha reparado que estava encarando a boca dela até pronunciar. - Se quiser pode me beijar, sei que você quer. - Falou só pra elas escutarem.

 

- Beijar você? Me faça o favor! Me dê licença que estou com pressa. - Falou bufando, saiu caminhando pela calçada.

 

- Ei espera! - Falou indo atrás dela.

 

- Para de me seguir Daiane! O que você quer? - Falou parando bruscamente a olhando seria.

 

- Você, eu quero você, e não me venha dizer que não me quer também, por que eu sei que sim, e aliás está louca pra que eu te beije agora mesmo… Mas não vou fazer vou esperar você me pedir! - Falou bem próximo dela, Gabriela sentia suas mãos suar, um arrepio e percorrer sua espinha.

 

Daiane tinha razão ela queria muito sentir novamente aquelas mãos a apertando novamente, aqueles lábios carnudos a possuindo. Mas voltou a sua sanidade quando lembrou-se da ligação que Daiane tinha recebido naquele dia.

 

-Como você consegue? Estando com uma pessoa e vir me cantar assim na maior cara dura? Você acha que eu caio nesse seu joguinho tá muito enganada Daiane. Nunca vou ficar com você ouviu? - Falou nervosa, fazendo Daiane piscar várias vezes.

 

- Pera e o que? - Perguntou indiguinada. - Você entendeu tudo errado. - Falou passando as mão nos cabelos.

 

- Então vai me dizer que a pessoa que você atendeu não é sua namorada! - Falou colocando a mão na cintura.

 

- Não Gabriela! - Falou a encarando, mas vendo que não teria como ela acreditar nela, teve uma idéia, olhou no relógio para ter certeza. - Vem comigo?

 

- Não, não vou a lugar nenhum com você.

 

- Por favor confia em mim só vem, não vou fazer nada com você.

 

Gabriela pensou um pouco, mas resolveu aceitar o convite. Em instantes elas estavam dentro do carro de Daiane, indo em direção ao lugar que Gabi não fazia ideia de onde era. Um tensão se instalava dentro do carro, Gabriela percebia que Daiane parecia um pouco nervosa, algumas vezes apertava o volante.

 

Não demorou muito para que chegassem, Daiane estacionou o carro em frente a uma escola, onde algumas crianças saiam correndo para abraçar seus pais. Quando tirou o cinto deu um meio sorriso para Gabi antes de abrir a porta e sair do veículo. A ruiva franziu o cenho confusa, “ O que estamos fazendo aqui?”

 

-Vamos? - Falou Daiane abrindo a porta do carona para que ela desse-se.

 

- O que estamos fazendo aqui? - Perguntou confusa.

 

- Já vais ver. - Falou caminhando na frente.

 

Gabriela observou ela andar procurando alguém, no mesmo instante uma figura pequena aparece correndo para abraçá-la, ela dá um beijo em seu rosto e diz algo que faz a pequena olhar diretamente para Gabriela que acaba corando.

 

-Bom eu ia apresentar vocês em outra hora, mas já que tive que me adiantar… - Falou deixando a ruiva sem graça. - Baby essa é Gabi, e Gabi essa é a minha filha Baby.

 

- Espera! Filha? - Perguntou perplexa

 

- Oi! Você é muito bonita… Ela e bonita mamãe. - Falou a pequena com voz de criança.

 

- É Baby ela é e muito linda. - Falou encarando Gabriela, que acabou corando. - Meu anjinho vai lá da um abraço nela. - Falou se dirigindo a pequena.

 

Gabriela deu um sorriso e se agachou para pegar a pequena no colo, e recebeu um beijo na bochecha da criança. Gabi percebeu que ela tinha uma grande semelhança com a morena, a única diferença era que a menina tinha cabelos claros e os olhos cor de mel.

 

-Ela estava doida pra te conhecer. - Falou Daiane olhando com carinho as duas.

 

- E mesmo? - Falou fazendo cosquinhas na pequena que começou a sorrir.

 

- Sim… Mamãe não palou de falar de você tia Bi. - Falou a menor

 

- Foi mesmo? - Falou agora encarando a morena que acabou ficando sem graça.

 

- Vamos? Você já está falando coisas de mais Baby. - Falou ela se encaminhando.

 

- Foi verdade tia Bi. - Gabi sorriu com a forma que a menina falava seu apelido, aquela criança tinha a ganhado no mesmo instante que a viu.

 

- Como você está faladeira hoje né Baby, já vi que foi amor a primeira vista. - Gabriela não segurou o riso quando viu a pequena tapar a boca sorrindo. - Vamos vó colocar você na cadeirinha.

 

- Mamãe não, não gosto dessa cadeirinha! - Falou emburrada.

 

- Baby já conversamos sobre isso não já? - Perguntou Daiane seria.

 

- Ok… Então deixa que a tia Bi me coloca lá! - Falou exigente

 

- Não tenho dúvidas amor a primeira vista! - Falou Daiane contrariada.

 

Gabriela não fazia outra coisa do que sorrir, como a forma que as duas se tratavam, depois de colocar a pequena em sua cadeirinha elas resolveram irem tomar um sorvete em um parquinho. Gabriela tinha se encantado com a menina, ela era inteligente, doce, o que mais a intrigava era a forma que Daiane e a pequena se tratavam.

 

-Então! Te devo desculpas? - Falou Gabi quebrando o silêncio, elas estavam sentadas em um banquinho observando Baby brincar com outras crianças.

 

- Não é necessário. - Falou dando um sorriso. Por algum motivo Gabriela sentiu seu coração acelerar com aquele sorriso lindo, uma vontade de beijar aquela mulher era imensa, acabou mordendo a boca.- Não me olha assim.

 

- Ela é linda. - Falou desviando os olhos desconcertada, fazendo Daiane dar um sorriso.

 

- Sim, ela se parece muito com a mãe. - Gabi a olhou de relance viu seu semblante mudar.

 

- E onde ela está? - Perguntou curiosa. Viu Daiane no mesmo instante a olhá-la triste, demorou minutos ela encarando Gabi. - Se não quiser responder não precisa, eu vou entender. - Diz tocando sua mão.

 

Daiane abaixou a cabeça olhando suas mão juntas, quando Gabriela fez menção de tirar, ela puxou novamente, fazendo um carinho e a olhou novamente.

 

-Ela morreu em um assalto, eu não iria deixar ela sair, mas ela insistiu em deixar a Baby comigo e ir. Fiquei sabendo que ela estava saindo do mercado eles abordaram. Foram 3 disparos. - Falou apertando a mão de Gabi que colocou a outra em cima a acalmando.

 

- Isso faz quanto tempo? - Perguntou.

 

- Quatro anos e meio, Baby tinha cinco meses, daí em diante eram só nós duas. - Falou olhando a pequena se divertir.

 

- Deve ter sido muito duro, para vocês. - Falou distante.

 

- Um pouco, mas nunca deixei faltar nada a ela, sempre uma cuidando da outra, Baby e uma criança muito inteligente, Graças a Deus eu tenho ela para me lembrar que sou forte. - Falou dando um sorriso.

 

Gabriela estava maravilhada com aquela mulher, imaginava o quanto deve ter sido difícil para ela aqueles anos sozinha, cuidando de uma criança e vendo o quanto ela se esforçava, não conhecia muito bem aquela mulher, mas um instinto de proteger, de cuidar tomava conta do seu ser. Ela olhou para a morena que a encarava intrigada.

 

-Uma moeda pelos seus pensamentos? - Falou sorrindo.

 

- Eu imaginei aqui o quanto deve ter sido difícil para você, e vendo agora o quanto você é incrível, perfeita, Baby tem muita sorte. - Falou sincera.

 

- Longe de mim ser perfeita Gabi, tenho minhas falhas. - Falou - Ela gostou muito de você.

 

- Ela é uma criança incrível.

 

- Não me olha assim!

 

- Assim como? - Perguntou confusa.

 

- Com essa cara de quem quer me beijar, e nem morda a boca! - Falou seria, se aproximou um pouco da ruiva ficando a poucos centímetros. Gabriela implorava com os olhos para que ela a beija-se, mas Daiane deu um sorriso e se afastou. - Eu não vou beijá-la, nem tocá-la até você me pedir. Porém sei que você está implorando por isso, mas quero ouvir isso da sua boca.

 

- Como você consegue? Cafajeste! - Falou bufando. Ia fazer mensao de se levantar quando sentiu uma mão a tocar.

 

- Espera… Janta comigo? - Perguntou a encarando.

 

Gabriela olhou para aqueles olhos cor de mel, sabia que estava se arriscando demais, queria fugir daquela mulher e todos aqueles sentimentos, não queria se magoar, mas algo não a deixava ir, se distanciar. Em um instante teve uma idéia, já que Daiane estava brincando com ela a provocando, resolveu dar o troco. Se abaixou deixando seu rosto bem próximo do da morena, que ficou desconcertada, olhando bem para o decote da ruiva.

 

-Vou pensar no seu caso, tome meu cartão. - Falou entregar-lhe seu cartão. - Fecha a boca que a baba está escorrendo. - Piscou e se levantou saindo andando rebol*ndo.

 

Gabriela sabia que tinha virado o jogo, quando ouviu Daiane a chamar, mas não deu ouvidos, se ela queria jogar, ela iria jogar, mas da sua maneira. “Eu jogo para ganhar meu amor!”, Pensou dando um sorriso largo colocando seus óculos escuros.

Fim do capítulo