Julia:

 

 

 

- Julia espera! – Escutou alguém lhe chamar logo atrás. Mas não deu ouvidos nem ousou parar um minuto, Julia estava tomada de raiva. – Julia para agora! – Gritou Gabriela conseguindo a alcançar.

 

- Me solta Gabriela! – Falou puxando o braço.

 

- Julia onde que você vai? - Perguntou preocupada.

 

- Ir pra bem longe! - Falou fria subindo em cima da moto.

 

- Julia, desce dessa moto você não está em condições de dirigir.

 

- Não enche Gabriela vai atrás da sua amiga e me deixa em paz! - Falou alto.

 

- Julia! - Gritou, mas Julia saiu em disparada com sua moto.

 

 

 

Julia apertava forte o acelerador, sua mão ardia, lembrava do soco que havia dado em Henry, não acreditava que Vanessa podia fazer aquilo com ela. Lágrimas rolavam pelo seu rosto, embaçando seu campo de visão, sentia um aperto enorme em seu peito. Estava com tanta raiva que não conseguiu ver quando um carro começou a segui-la, a todo instante olhava o visor esquerdo da moto, havia vindo um carro preto a seguindo. Intrigada ela vira em uma rua e o carro vira junto, Julia apreensiva começa a acelerar a moto mais ainda, como era tarde não havia muitos carros por ali.

 

 

 

- Oi meu amor!

 

- Pai? - Perguntou Julia confusa. Olhou em volta só via um campo cheio de flores, seu pai em pé a olhando de cima e ela sentada no meio do gramado. Era uma paisagem bonita de se ver. - Onde estou?

 

- Não é lindo? Eu amo tanto esse lugar Ju. - Falou seu pai sorrindo.

 

- Sim é lindo… estamos no paraíso? Eu morri? - Perguntou confusa, recebendo uma risada de seu pai. Julia não lembrava mais em como era gostoso ouvir seu pai rindo daquela forma, se lembrou do quanto sentia falta dele.

 

- Ju meu amor, você só tá desacordada. Aliás você não devia dirigir daquela forma, poderia ter acontecido algo pior. - Falou a repreendendo.

 

- Desculpa pai… mas não pude evitar, ela vai me abandonar, estou tão perdida. - Falou cabisbaixa

 

- Oh minha querida, não deves ficar nesse estado, tudo irá se resolver, de tempo ao tempo meu anjo. Aliás tenho certeza que ela te ama. - Falou se agachando tocando em seu rosto.

 

- Sinto tanta sua falta! - Falou o olhando, uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

 

- Eu também meu amor, saiba que eu te amo e sempre vou estar com você. - Falou com carinho. - Mas você tem que acordar, tem pessoas que estão preocupadas com você.

 

 

 

Julia deu um pequeno sorriso triste, ela queria poder ficar naquele lugar para sempre junto ao seu pai, sentia tanta falta dele. Se o que ele disse fosse verdade? “Será que ela me ama mesmo?”, Pensou. Sentiu aquele cheiro família tomar conta de suas narinas, Julia sentia a presença dela de longe. Sentia algumas gotas de água caindo em cima da sua mão, ela foi abrindo seus olhos, viu a figura dela na sua frente, seus olhos estavam banhados por lágrimas.

 

 

 

- Vanessa? – Sussurrou sonolenta.

 

- Estou aqui meu amor, não se mova. – Sorriu limpando suas lágrimas, Julia adorava aquele sorriso.- Doutora! – Gritou

 

Julia fez mensao de se levantar, recebendo alguns protestos de Vanessa, mas acabou se levantando mesmo assim, ela odiava hospitais, mas por um momento sentiu sua cabeça rodar um pouco, e parou sentando-se.

 

-Tudo bem amor? - Perguntou preocupada.

 

- Sim só foi uma tontura. - Falou com seus olhos fechados.

 

- Vejo que minha paciente e bastante teimosa! - Falou uma moça adentrando no quarto.

 

- Juliaaa! Graças a Deus! - aparece logo em seguida Gabriela entrando feito furacão dentro do quarto. Ela dá um abraço em Julia quase a esmagando.

 

- Doutora acho que acabei de quebrar meus ossos! - Falou Julia com um pouco de dificuldade, fazendo a médica rir.

 

- Aí amiga me desculpa… eu tava com tanto medo de você não acordar, eu entrei em desespero te vendo nessa cama, você toda ensangüentada. - Falou sem respirar, chorando

 

- Gabi… Respira amore, eu estou bem, só uma dor de cabeça. - Falou sorrindo com afobação da amiga. - Não chora meu bem eu estou aqui calma. - Ela deu outro abraço.

 

- Bom, suas dores de cabeça são normais, já que você bateu a cabeça, você tem um anjo da guarda em tanto em mocinha. Poderia ter fraturado algum osso, apesar do tanto sangue que acabou perdendo por ter batido forte sua cabeça, mas não ouve nenhuma seqüelas, só vou fazer pequenos exames e te libero. - Falou.

 

- Ela vai poder ir pra casa doutora? - Se ela não tivesse se pronunciado, Julia não a notaria ali.

 

- Sim, só vou preencher uns papéis fazer alguns exames de rotina e ela está liberada. - Falou a doutora. - Da uma licença que já volto, para liberara-la.

 

Julia acentiu com a cabeça, Gabriela deu uma desculpa dizendo que ia tomar uma água, deixando Julia e Vanessa sozinhas no quarto. Um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente no momento que elas ficaram sozinhas, Julia sentia muita falta do seu toque, dos seus beijos, fechou os olhos no instante que aquele perfume tomou conta de suas narinas, ela adorava aquele cheiro. Vanessa começou a chorar sem parar, fazendo a outra sentir um aperto no peito.

 

-Ei… Não chora meu amor! - Falou tocando em sua mão que estava repousando em cima da barra da cama.

 

- Me desculpa Ju, eu fui horrível com você, tem tanta coisa pra te falar… Me perdoa! - Falou sem parar.

 

- Amor respira vem cá. - Julia puxou-a para um abraço, elas tinham tanta coisa pra conversar sobre tudo que aconteceu, além disso elas eram melhores amigas. - Eu sei que temos muito o que conversar, mas não agora, vamos com calma viu, eu tô aqui pra você não vou te abandonar nunca.

 

- Eu fiquei com tanto medo de te perder… só de saber que você estava aqui nessa cama desacordada e ferida, não pensei em mais nada só vim direto. - Vanessa soluçava de tanto chorar. - Por favor não me deixa de novo, me perdoa Ju. Eu te amo tanto.

 

- Vanessa olha para mim. - Falou a fazendo olhá-la. - Eu posso até tentar, eu queria muito não falar com você, me machucou muito ver você com ele, mas eu não consigo, eu não posso ficar longe de você.

 

- Julia eu tenho algo pra te contar. - Falou, mas a porta foi aberta em seguida.

 

- Van, tem uma pessoa querendo te ver aqui fora e é muito importante. - Falou Gabi fazendo sinal.

 

Julia a fuzilou com os olhos, ela não acreditava que tinha interrompido elas logo agora que Vanessa tinha algo para lhe falar, a curiosidade tomou conta do seu ser. Vanessa não segurou o riso, quando viu o olhar que Julia lançava para a ruiva.

 

-O que? - Perguntou sem entender.

 

- Mais tarde eu te mato. - Falou seria.

 

- Amiga, amiga olha o coração, não pode forçar! E nem os músculos! -Falou brincalhona.

 

- Pode ter certeza que estou muito bem, a ponto de te pegar agora para dar umas tapas. - Vanessa só ria daquelas duas.

 

- Amor eu vou lá, depois conversamos ok? - Falou a olhando.

 

- Janta comigo? - Perguntou a olhando nos olhos.

 

- Vou ver se consigo sair cedo da empresa e a gente vai ok? - Falou tocando em sua mão. Julia achava incrível a eletricidade que existia entre elas.

 

- Ok… Bom trabalho, te amo! - Falou melancólica, não queria deixá-la ir.

 

- Ei, não vou te deixar, nem agora, nem nunca, temos muito o que conversar. - Vanessa se curvou para dar-lhe um selinho, antes que Julia aprofundasse o beijo ela foi caminhando rápido até a porta onde Gabi a esperava. - Cuida bem da minha namorada viu, não se matem!

 

- Sim senhora. - Falou Gabriela - Hummm… namorada! Vocês são tão fofas! - Falou Gabi assim que Vanessa saiu. - Parece que vocês se acertaram.

 

- Eu vi meu pai… - Julia percebendo que Gabi iria ficar calada continuou. - Vi que ele estava em um lugar bom, sinto muitas saudades dele Gabi, mas uma coisa que ele me disse que eu fiquei pensando…

 

- O que?

 

- Ele disse que ela me ama, mas será mesmo? - Falou a olhando com os olhos marejados. Gabriela foi se aproximando da cama sentando-se ao lado da amiga, passando seus braços em volta do seu ombro.

 

- Eu não duvido disso Ju, escuta o que ela tem pra te dizer  e também quem ver vocês juntas percebe a química que existe entre vocês. - Falou

 

- Está sabendo de alguma coisa Gabriela? - Perguntou desconfiada

 

- Ju, eu não posso te contar muito, mas se eu fosse você eu a escutaria, Vanessa te ama disso tenho certeza. - Falou beijando o topo da cabeça da amiga.

 

 

 

Minutos depois a médica tinha retornado, fez alguns exames de rotina e Julia foi liberada para retornar para casa, com algumas recomendações de tomar bastante água e não se esforçar muito, fazer repouso absoluto. Ela não tinha visto mais Vanessa ali, o que a deixou bastante triste, mas acabou recebendo uma mensagem dela dizendo que teria que voltar para empresa e mais tarde ligaria.

 

Naquele dia Júlia saiu daquele hospital descida, iria lutar pela mulher da sua vida, ela não iria perde-la.

 

 

 

Vanessa:  

 

-O que faz aqui? - Perguntou irritada

 

- Onde você estava? Te liguei várias vezes você não atendeu! - Falou raivoso.

 

- Abaixa sua bola Henry, eu sei muito bem o que você fez! - Falou tentando manter a calma.

 

- Isso te serve de aviso, se continuar a vê-la vai ser bem pior! - Falou apontando dedo em sua direção

 

- Não ouse tocar um dedo nela de novo Henry!

 

- Vai fazer o que? Mandar me matar? Só tente Vanessa, mas antes sua amadinha vai sofrer na minha mão, tem muitos dos meus a vigiando… da próximo mando quebrar aquele rostinho dela… não é que ela é bonitinha daria pra fazer muita coisa ensiná-la o que é um homem de verdade! - Falou com um sorriso que fez Vanessa ter náuseas, “Como pude me envolver com um ser desse. Meu Deus!”.

 

- Se você fizer alguma coisa do tipo Henry, pode ter certeza que te mato, não ligo pra nada, mas eu te mato! - Falou ameaçadora, ela viu o rapaz estremecer.

 

- Está avisada! - Falou saindo da sala.

 

Vanessa se encostou na cadeira cansada, ela não agüentava mais aquelas ameaças, queria por um fim naquilo tudo, só pensava em como quase tinha perdido o amor da sua vida, ela precisa conversar com Julia, precisava contar tudo, não queria que pensasse que ela estava a usando, nem que não a amava. No momento lembrou-se da noite que tiveram juntas, algumas lágrimas caíram pela sua face. Estava tão distraída que não viu a pessoa que entrou.

 

-Posso entrar? - Perguntou dando uma batidinha na porta entre aberta.

 

- Pode… - Falou Vanessa limpando seu rosto.

 

- O que aconteceu Van?

 

- Não aguento mais Daiane, ele veio aqui de novo me ameaçar, ele confessou que foi ele quem causou o acidente da Julia, ainda falou umas coisas que não gosto nem de lembrar. - Falou passando sua mão na testa.

 

- Ei se acalme, não vamos deixar nada acontecer mais com sua garota, já falei com a Nádia ela vai estar na segurança da Julia, eu pedi para ela manter cautela, ir disfarçada, parece que hoje a tarde ela chega la.

 

- Bom, muito obrigada minha amiga por tudo! - Falou com carinho.

 

- Não foi nada Van, sempre que precisar de mim estarei aqui, aliás tenho uma dúvida com sua mãe, prometi protegê-la sempre.

 

- Não vejo a hora desse pesadelo acabar, estou a procura de algumas provas, parece que o pai dele desviou muito dinheiro, fora a ajuda dele com alguns políticos corruptos, eu preciso ir mais afundo, quero colocar esses dois atrás das grades o mais rápido possível. - Falou com raiva.

 

- Calma, nos vamos achar… E me conta como está ela? - Perguntou

 

- Está bem Graças a Deus, eu fiquei sem chão, vendo ela naquela cama, pensando em que eu havia a perdido, não sabia se ela iria acordar. Eu amo tanto essa mulher Daiane daria minha vida por ela, não creio que perdi tanto tempo sem saber que a minha melhor amiga era o amor da minha vida. - Falou

 

- Da pra ver que você a ama mesmo, seus olhos brilham quando fala dela, sua mãe ia adorar ver a filha dela radiante. - Falou sorrindo.

 

- Queria muito que ela estivesse aqui Ane, ela ia amara a Ju.

 

- Não tenho dúvida, bom eu vou dar uma saída, tem uma certa ruiva que eu tenho que ir conquistar! - Falou com um sorriso safado.

 

- Daiane olha lá o que vai aprontar! Você não desiste mesmo né! - Falou a repreendendo.

 

- Nunca! - Falou jogando seus cabelos indo até a porta. - Ah deixei Lucas hoje viu, precisar de mim é só me ligar ele vai ser seu segurança hoje. Me deseje sorte! - Falou saindo.

 

Vanessa balançou a cabeça em negação, ela estava feliz por ter pessoas a sua volta a apoiando, não saberia o que fazer sem eles. Ela não iria deixar amor da sua vida nunca, só de imaginar que poderia ter a perdido para sempre aquilo a deixava angustiada.

 

“ Logo estaremos juntas novamente meu amor, e vamos nos casar e termos nossa família!” Pensou fechando seus olhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo