Isabella

A semana passou rápida até demais, mal percebi e já era quinta-feira. Enfim teria as minhas merecidas férias. Larissa andou muito ocupada tentando adiantar o projeto. Era hora do almoço e Lari entrou na minha sala.

- Oi amor, já comeu? – questionou me beijando.

- Sim, e você?

- Vou para o shopping agora, combinei de encontrar sua mãe.

- Você e minha mãe juntas? – questionei.

- Sim, algum problema?

- Não, nenhum. – sorri.

- Vou indo. - Ela saiu sorrindo, adoraria saber o que essas duas estavam aprontando. No final da tarde Maísa entra em minha sala.

- Amiga, vamos beber? – se jogou em uma cadeira.

- Hoje? Ainda é quinta feira. – respondi arrumando minhas coisas.

- Isa, vamos, eu você e o Ben, como nos velhos tempos. – fez cara de gato de botas.

- Tudo bem.

Fui no meu carro até o pub que era de Adisa e Andressa, Benjamim e Maísa chegaram um pouco depois. Se juntaram a mim na mesa.

- Faz tempo eihm. – bricou Ben, tomando sua cerveja.

- Vida de casada, advogada e mãe. – respondi sorrindo.

- Mas você adora. – Maísa sorriu.

- Claro que sim, quero mais um filho.

- Isabella quem te viu e quem te vê. – Benjamim não se conteve.

- Sabia que essa história sua com a Larissa ia além de muitas coisas.

- Eu tive medo, porém sempre soube que ela era a tampa da minha panela. – eles gargalharam.

- Nunca te imaginei casada de novo, mãe, nossa, nem passava pela minha cabeça.

- Imaginar a Isabella o mau humor em pessoa, aquela advogada centrada que só vivia para o trabalho era realmente capaz de ser mãe, e uma ótima mãe por sinal. – Benjamim comentou.

- Olha nem sou tão boa assim, ter filho é difícil, acredita que esses dias ela entrou no quarto e nos pegou quase trans*ndo? – os dois gargalharam.

- Você e a Lari nunca aprendem a fazer amor nos lugares certos. – minha amiga chorava de rir.

- Ou trancar a porta. – completou seu marido.

Pronto virei piada. As cervejas se seguiram, já era mais de oito horas quando meu celular tocou.

- Oi amor.

- Oi anjo, onde você está? – questionou.

- Dei uma saída com Maísa e Benjamim, estamos no pub. Vem para cá?

- E Alice? – questionou.

-Podemos deixar ela dormir na casa da mamãe.

- Você tem certeza? Nunca gosta de deixar ela dormir longe de casa.

- Amor, fala com a mamãe. Aposto que ela vai adorar a ideia. Depois vem que estamos esperando.

Voltei minha atenção para o casal que conversava animado. Passados quase trinta minutos Larissa adentra o pub.

- Oi, quanta animação. – sorriu nos olhando.

- Relembrando os velhos tempos. Não ganho um beijo? – questionei encarando-a.

- Ih, quanta carência. – brincaram.

- Todos os beijos meu amor. – se inclinou colando sua boca na minha.

- Arrumem um quarto. – Milena e Isac chegaram.

- Como nos acharam aqui? – Benjamim perguntou.

- Tenho um chip implantado em vocês todos. – fez uma cara assustadora, Maísa já estava procurando o chip em seus braços. Todos nós rimos.

- Que foi gente? Da Milena eu não duvido nada. – ai sim que rimos a valer.

- O que vão beber? – Larissa perguntou se levantando para ir buscar.

- Whisky.- Isac respondeu.

- Amor traz mais cerveja.

- Eu quero uma água tônica.

- Você está doente? A beira da morte ou algo do tipo? – Maísa questionou.

- Não Má, estou grávida. – sorriu.

- Mentiraaaaaaaaa. Parabéns gente, fico feliz por vocês. – abraçou Milena e meu irmão.

- Obrigado. Pelo visto falta apenas vocês agora. – Isac comentou.

- Não queremos filhos pelos próximos anos. – sorriu Ben.

Larissa saiu retornando alguns minutos depois com nossas bebidas.

- Nem sei ao certo como conseguimos subir tudo aquilo sem ser de elevador, foram 10, 10 andares, com muitas sacolas. Maísa não parava de reclamar, fora que o apartamento era longe para caralh*.

- Olha eu morria de raiva, Benjamim não queria mudar de lá. Até que um dia eu o coloquei contra a parede ou o apartamento ou nosso namoro. – rimos com o jeito que ela se expressava

- O resultado todos já sabemos, eu me mudei na semana seguinte. – contou.

- Não precisava contar, afinal sabemos quem manda na relação. – Lari brincou.

- Nem começa a falar, afinal você é tão pau mandada quanto eu. – revidou.

- Nisso tenho que concordar. “Amor, fala com a mamãe. Aposto que ela vai adorar a ideia. Depois vem que estamos esperando.” – Maísa imitava minha voz. – Quantos minutos ela demorou para chegar aqui?

- Trinta minutos. – Ben gritou. E foi impossível não rir da cara que ela fez.

- Apenas tento agradar. – justificou.

- Isso é desculpa de quem é pau mandado. – Isac riu.

- Chega, cansei de ser o alvo da vez. Vamos falar de Mile que não vai demorar muito a ganhar uns quilinhos. – brincou mudando o foco da conversa.

- Isac se prepare para todos os desejos no meio da noite. -Ben tentou alerta-lo.

- Do jeito que Milena come vai querer churrasco as quatro da manhã. – Maísa comentou para gargalhada geral.

-Vocês estão bem comediantes hoje. – debochou Mile. – Quero mesmo é saber que horas viajamos amanhã.

- Cedinho, por isso nada de esticar até tarde aqui. – brinquei.

Saímos do bar perto de dez da noite. Paramos de beber antes disso, para garantir uma volta para casa segura. Embora tivesse os seguranças lá fora nos esperando, caso precisasse algum deles poderia dirigir.

- Amor, o Isac está feliz com a notícia. – comentou Lari sem tirar os olhos da estrada.

- Está sim, e mais feliz vai ficar minha mãe quando souber da novidade.

- Eu tenho um presente para você.

- É mesmo, e quando irei receber esse presente?

- Amanhã.

Sorriu me encarando, apertei sua perna levemente, chegamos em casa e fomos logo dormir. Estávamos cansadas das correrias da semana, pelo menos teríamos duas semanas de descanso depois do réveillon. Acordamos cedo, mas Larissa enrolou para sairmos de casa.  Alice iria com meus pais.

- Amor, todo mundo já deve ter saído, vamos chegar tarde demais.

- Calma, estamos indo. – falou descendo as escadas. – Seu presente, quero que use ele agora. 

Segurei a sacola nas mãos, dentro havia um lindo vestido florido, ela usava um parecido. Subi para me trocar, já era quase dez da manhã quando conseguimos sair de casa. Pelo horário chegaríamos lá pelas seis e meia da noite.

A viagem foi tranquila, quando chegamos ao grande portão, estranhei todo o silêncio, vi Milena nos esperando segurando algo nas mãos. Como estava escuro não deu para ver direito do que se tratava.

- Onde está todo mundo?- questionei.

- Lembra que precisávamos de uma festa de casamento? – sorriu para mim.

- Mentira, mentira que você planejou tudo isso. – fiquei de boca aberta.

- Com uma ajudinha.

- Vamos descer que vários convidados esperam vocês. Esse é seu, e esse é seu. – entregou os buquês.

Caminhamos até o portão, vi um caminho de rosas no chão, separados por um tapete vermelho, indo da entrada até uma parte perto da piscina onde estava arrumado um altar improvisado. Todos os convidados estavam sentados, em roupas leves, a cerimonia seria como planejávamos, apenas os amigos mais próximos e os familiares.

Vi Alice de vestido a coisa mais linda do mundo, segurava uma cestinha. Quando a marcha nupcial começou a tocar ela foi caminhando, espalhando as flores pela grama.  Não contive minha emoção.

- Pai você sabia disso? – questionei quando ele me estendeu o braço para que eu segurasse.

- Culpe sua mãe. – beijou minha testa e sorriu se posicionando ao meu lado.

Andressa passou por mim, se posicionando ao lado de Larissa, como o pai dela não estava mais entre nós ela preferiu que a irmã a levasse até o altar. Caminhamos lentamente, Larissa e Andressa iam em nossa frente, ao chegarmos o altar meu pai me beijou, em seguida beijou Larissa. Andressa fez o mesmo em ambas. Larissa ficou ao meu lado segurando minha mão.

- Eu hoje vou ser o juiz. – Isac brincou na parte mais alta do altar. Todos riram. – Acho que nem preciso falar o quanto o amor de vocês é lindo e verdadeiro, pois todos aqui são testemunhas dessa novela mexicana que foi o namoro de vocês. – mais risadas. – Sabe o que é melhor nisso tudo? Ver que o final é feliz, olhar vocês, me faz desejar ter o mesmo, essa família linda. Essa união, cumplicidade. Eu e Milena estamos tentando. – era um comediante esse meu irmão. – Mas acho que falo em nome dos meus pais e da minha irmã mais velha, quando te agradeço por tudo que fez na vida de Isabella. Sempre nos preocupamos com a pessoa que ela estava se tornando em nada parecia a irmã que eu tanto amo. Mas você apareceu no momento certo. Hoje vocês duas nos presentearam com a linda Alice, que veio para iluminar ainda mais a vida de vocês e as nossas também. Acho que eu já falei demais. – sorriu. – Larissa está na hora de se declarar.

- Obrigada por tudo que disse. – agradeceu.  Sorriu se virando para mim, segurou minhas mãos nas suas. Suspirou como se buscasse forças para controlar a emoção. – Acho que nada que eu fale aqui hoje, diante de todos os nossos familiares e amigos eu não tenha te falado antes, no calor do nosso quarto, ao até mesmo enquanto dirigimos. Eu vim embora para essa cidade depois que perdi tudo, minha vida estava fazia, eu precisava esquecer a tragédia que me fez mudar tanto. – parou chorando. – Quando cheguei, na mesma noite observei um grupo de amigos se afastarem, e uma pessoa me chamou atenção. Desculpa sogrinhos mais a silhueta dela me encantou. – meus pais sorriram. – Dormi aquela noite com uma certa morena da cabeça. Minha surpresa maior foi tê-la encontrado na manhã seguinte, juro que foi a cena mais linda que já vi na vida. Ela toda marrenta e atrapalhada, pelo que me pareceu estava tendo um dia de cão.

Sorri me lembrando o dia que nos conhecemos, realmente era um dia de cão. Todos escutavam atentamente a narrativa de Larissa.

- Sabia que ela era a mulher da minha vida, ali naquele estacionamento. Mesmo sendo mal-educada, hoje sei que era apenas um mau humor. Como aquele que ela tem quando acorda cedo demais. Você me trouxe tudo aquilo que eu precisava, me deu um motivo para lutar todos os dias. Encheu minha vida de uma alegria que muitas vezes eu nem conseguia acreditar. – sorriu, secou as lágrimas e continuou. – Eu vim para essa cidade, apenas te buscar, você precisava ser minha, e hoje diante de todos aqui e principalmente da nossa filha, eu prometo te amar mesmo quando você acordar mal-humorada, prometo te cuidar, te proteger e fazer de vocês duas minhas prioridades sempre. Eu te amo Isabella.  – me sorriu.

- Nossa é muita emoção essa noite. – tentei me acalmar. – Larissa, desde o começo foi tudo muito intenso entre a gente. Assim como tem sido até hoje. Estive perdida em meu mundo particular por tanto tempo, e você me resgatou, sempre colocando um sorriso em meus lábios. Foi difícil aceitar no começo, te achava tão novinha. Mesmo com todos me enchendo o saco, que eu deveria te conhecer, te dar uma chance me dá uma chance. Obrigada a todos que insistiram. Hoje eu sou uma mulher completa, tenho em você a minha companheira, minha melhor amiga, minha felicidade, minha força. Você me deu de presente a melhor filha do mundo. Sou imensamente feliz ao seu lado, e espero que possamos ser ainda mais por todos os anos que nos fora permitido. Eu amo você e sempre amei, desde aquele dia do esbarrão. E diante de todos que amamos, eu prometo te amar todos os dias, ser fiel por toda minha vida. Eu te amo muito Larissa.

- Bom, chega de chororô. – Isac falou secando as lágrimas. – Pelo poder em mim investido, que não é nenhum. – o pessoal riu. – Eu nem vou dizer que declaro vocês esposas por que já são casadas e não faria sentido nenhum.

- Isac não enrola. – Milena gritou.

- Podem se beijar.

Assim nós fizemos, olhei os olhos de Lari, que estavam marejados. Ela mantinha aquele sorriso lindo, que me deixava de perna bamba.

- Eu te amo. – sussurrou antes de me beijar.

Ouvimos gritos e assobios, todos comemoravam. Minha mãe correu para nós abraçar.

- Mãe você é muito espertinha, escondendo tudo isso de mim.

- Filha, Larissa queria surpresa, mas eu tive ajuda. – apontou para Minerva.

- Obrigada. – Larissa agradeceu.

- Vocês estão lindas. – Alice gritou correndo 

- Você que está filha, uma princesa nesse vestido. – agarrei ela.

- Nem me faça contar o trabalho que deu para que ela aceitasse usá-lo.

- Nós imaginamos Helena.

Não adiantava forçar Alice tinha uma personalidade forte.

Fomos para a pista de dança, e lá tivemos nossa primeira dança como casadas. Depois foi tudo uma farra só, Alice se juntou a nós e começamos a dançarmos juntas. Já era quase meia noite e a queima de fogos. Nos encostamos na beirada da varanda Alice ficou em meu colo, Larissa atrás de mim, assim se iniciou nosso ano. Depois das felicitações, Isac chamou Larissa em um canto.

- Amor preciso te contar uma coisa. – me arrastou. Amei saber o que iria acontecer.

- Atenção todas as solteiras, a tão esperada hora chegou, as encalhadas também.  – rimos do jeito dele. – Se aproximem, pois é a hora das noivas jogarem o buquê. Para a felicidade de vocês são dois.

- Vamos lá, um, dois, três...- contamos juntas.

Não jogamos o buquê e escutamos um ahh em coral. A verdade é que o plano era outro. Nós viramos e ninguém entendeu nada. Caminhamos até onde estava Milena e Luciana. Larissa entregou a Milena que continuava com a cara de espanto.

- Você só pode estar de brincadeira.

- Olha para trás. – lá estava Isac de joelhos com uma caixinha vermelha nas mãos.

- Milena você aceita se casar comigo?

- Isac, eu não acredito. – chorou e sorriu ao mesmo tempo. – É claro que eu aceito. – Antes de se levantar ele beijou a barriga dela, e todos entenderam que eles estavam esperando um neném.

- Acho que agora é sua vez. – sorri entregando o buquê para Luciana.

- É sério, preciso me virar também? – ela chorava emocionada. Acho que esperou a vida toda por aquele momento, ter a mulher que sempre amou.

- Luciana sei que o tempo passou devagar, foram longos anos. Mas nunca deixamos de nos amar. Hoje preciso ter você em minha vida, você aceita se casar comigo?

- Claro que sim.

- Aêêêê!!!! – todos gritamos juntos.

Ficamos sentadas observando todos dançarem, Alice dormia no colo de Larissa, que fazia carinho em seus cabelos. Sorri apoiando minha cabeça em seu ombro. Ela beijou minha testa e fechei os olhos. Eu não poderia estar mais feliz.

Fim do capítulo