-- Luciana?

O que você está fazendo aqui?

 

Na parte de cima a Bárbara estava de pé observando tudo, e agora?

 

Bárbara

Fiquei visivelmente abalada com toda essa situação que tive que passar.

A Dávi não existe, passou toda a manha me dando atenção e carinho, mesmo sem precisar falar nada ela ficou ali, do meu lado.

Estávamos na cama e ela resolver almoçar, já que ainda não tínhamos feito isso.

Eu preferi não descer, e ela acabou indo se juntar aos pais.

Mudei de ideia e passei uma agua em meu rosto, ajeitei a roupa que estava amassada e já ia descer quando ouço falando com alguém na escada.

Aproximo-me e não acredito em quem vejo na minha sempre.

 

-- Você? O que essa pirralha está fazendo aqui Dávila?

 

-- Dávi, o que está acontecendo aqui?

 

As duas falaram juntas e eu fiquei entre a cruz e a espada. De um lado um passado incerto, com a Luciana que sempre foi assim. De outro lado um futuro que irá ser construído com a Bárbara. Chegou a hora de por fim nisso de uma vez por todas.

 

-- Bárbara aconteceu algo? Você não quis descer e agora está aqui.

 

-- mudei de ideia, só isso.

 

-- o que isso significa Dávila?

O que essa pirralha faz aqui com você?

-- amor vai pro quarto que já conversamos, pode ser?

 

-- eu não vou deixar você sozinha com ela Dávi.

Não vou

 

-- era só o que me faltava, pra sua informação pirralha eu já fiquei noites e mais noites a sois com ela.

Quem você pensa que é pra falar alguma coisa?

 

Bárbara

Como assim essa mulher arrogante está atrás da Dávi? Eu não quero acreditar que a Dávila ainda tenha algo com ela.  E a Dávila não falava nada, já estava ficando nervosa.

 

-- Olha só, não importa o que você tenha passado com ela.  Se tivesse dado valor você estaria no meu lugar. Eu quero satisfação sim.

 

-- ah pirralha, para de besteira.

Era só o que faltava você dizer que está com a Dávila, ainda mais você.

Eu sei que você é suja, você me dá nojo.

 

Dávila

Não sabia o que fazer, sinceramente.

As coisas já estavam saindo do controle e vi a decepção nos olhos da Bárbara quando a Luciana tocou no assunto do HIV...

Mais como a Luciana sabe disso?

 

-- Dávila eu vou embora daqui.

 

-- não vai não, eu vou resolver isso amor.

 

-- não me chama de amor, e, por favor, me deixa ir.

Você tem coisa mais importante a fazer.

 

-- Bárbara, para com isso.

Você não vai embora coisa nenhuma.

 

-- cheiro de chantagem no ar...

 

-- cala a boca Luciana.

Olha me espera lá fora.

 

 

-- Bárbara vem vamos pro quarto.

 

Segui com ela pro quarto e notei o quanto ela estava chateada.

 

-- Pequena calma tá?

 

-- como eu posso ter calma Dávila?

O que essa mulher é sua? O que ela quer atrás de você?

Eu mereço uma explicação.

 

-- eu sei que merece, e vamos ter uma conversa sobre isso.

Mas me promete que vai ficar calma.

Eu não quero que você se sinta mal de novo.

Nosso neném não pode se alterar.

 

-- Dávila para de me enrolar.

Você vivi falando isso, mas eu não vou aguentar viver dessa forma.

Essa é a primeira e ultima vez que passo por isso.

Eu não mereço passar por essa humilhação.

Eu estou gostando de verdade de você, e não vou suportar te dividir com ninguém.

Se eu estou aqui, foi porque você me deu segurança para estar.

Mas se essa mulher representa instabilidade eu não vou suportar isso.

Você falar que me ama, você falar que quer tentar comigo e continua de gracinha com ela.

 

-- Bárbara não é bem assim.

 

-- está escrito na sua testa Dávila.

Essa mulher mexe com você. Ela faltou voar em cima de mim, e você ficou muda.

Você falou pra ela que eu tenho HIV, não foi?

 

-- Bárbara, por favor.

Não, logico que não. Eu não sei como ela sabe disso.

 

-- chega, vai atrás dela de uma vez.

 

Dávila

É ela tem razão. A quem eu quero enganar? A Luciana ainda mexe comigo de uma forma que não sei explicar. Ela me causa instabilidade e isso não posso negar.

Eu preciso resolver isso, não quero machucar mais ninguém nessa história.

 

 

 

Deixei a Bárbara no quarto e desci pra falar com a Luciana.

No meio do caminho encontrei a Dinda.

 

-- filha o que está havendo? Seus pais estão preocupados e irritados com tudo isso.

 

-- Dinda, eu não sei o que fazer.

 

-- segue o seu coração.

Filha, faz o que seu coração mandar. Só não esqueça abra seu olho pra quem realmente te ama.

 

-- tá Dinda.

 

Dei um beijo nela e segui pra fora.

 

-- Finalmente, o que essa menina faz ai com você?

 

-- Luciana, respeita minha namorada.

 

-- namorada?

 

-- sim, namorada.

Eu estou num relacionamento com ela. E por favor, essa foi a ultima vez que você vai insulta-la.

 

-- eu não acredito nisso, é provocação né? Eu vou casar, mas podemos continuar nos vendo Dávila.

Você sabe como eu preciso de você.

 

-- você precisa de sex*, e isso encontra em qualquer lugar. Luciana não vamos ser hipócritas. Você nunca quis algo comigo.

 

-- não é bem assim.

 

-- é assim sim, eu já estava ficando bem de você e agora você volta e bagunça tudo.

 

-- você quer deixar de mim vê?

 

-- sim, eu não vou mais trans*r com você, vamos ser diretas.

 

-- Dávila eu não acredito.

 

-- problema seu.

Agora Luciana, por favor, vai embora.

 

-- tudo bem, eu vou.

Mas não vai ser tão fácil assim. Fica com ela, cuidado pra não ficar doente também.

Quem avisa amigo é.

 

-- vai Luciana.

 

Que droga eu fiz da minha vida meu deus.

Fiquei na varanda nem sei por quanto tempo, a Luciana foi embora e não tinha cara pra subir e vê a Bárbara.

Ainda não sei como ela soube da Bárbara, eu não falei nada.

 

 

-- Filha corre a Bárbara não está bem.

 

Sai dos meus pensamentos quando a Dinda chegou gritando por mim.

 

 

Bárbara

Depois que a Dávila me deixou no quarto não tive outra reação a não ser chorar.

Chorei por isso e por tudo que já aconteceu comigo. Eu voltei à estaca zero.

Decidi que iria embora dessa casa, aqui não é meu lugar. Acabei levantando de forma brusca da cama e o mundo girou comigo.

Perdi e os sentidos e não vi mais nada.

 

 

-- o que aconteceu Dinda?

 

-- corre lá filha, eu fui vê como ela está e a vi caída no chão.

 

Corri o mais rápido que pude e já estava me culpando por isso.

 

-- amor, fala comigo, por favor.

Acorda Bárbara

Dinda chama o medico rápido.

 

Minha pequena acorda, me perdoa por isso. Perdoa-me por ter sido uma idiota.

Tentava acordar a Bárbara sem sucesso.

Não demorou muito para que o medico chegasse.

Eram estresse e tensão emocional.

Ela ainda não acordou e eu já estava me desesperando.

 

-- doutor isso é certo?

Ela não acorda

E meu filho? Como está meu filho?

 

-- daqui a pouco ela vai acordar, e insisto que ela vai precisar voltar ao hospital.

A criança está bem, supostamente não aconteceu nada com a queda.

 

-- amanha mesmo vamos.

Pode marcar uma sessão de exames e quero o melhor medico.

 

-- pode deixar Dávila.

 

Todos saíram e fiquei a sois com ela.

Estava preocupada por demais.

Andava de um lado para o outro, até perceber que ela estava acordando.

 

-- amor, graça a deus você acordou (falei dando um beijo em sua testa).

Como se sente? Que susto você me deu Bárbara, eu pensei que tivesse acontecido alguma coisa.

 

-- não me toca, eu não me esqueci do que aconteceu.

Sai daqui Dávila.

 

-- Bárbara, calma

 

-- eu estou magoada com você, meu coração estar apertado por culpa sua.

 

-- me perdoa, me perdoa Bárbara. Eu não queria te fazer mal, nem a você nem ao nosso neném.

Eu não tive culpa da Luciana ter vindo aqui.

 

-- eu não acredito em você.

 

-- acredita em mim, por favor.

Eu não sabia que ela vinha, nem muito menos a chamei aqui.

Eu estou só com você pequena.

Olha, desde o dia que te conheci, eu nunca mais fiquei com ela nem com ninguém.

Eu juro por tudo que é sagrado.

 

-- Para Dávila

 

-- Bárbara acredita em mim.

Por favor, eu não quero te perder. Nem você, nem essa criança.

 

-- você só está comigo por pena, não é?

 

-- não, logico que não.

 

-- eu não consigo acreditar.

 

-- minha linda olha pra mim.

Eu errei sim em não ter colocado um ponto final nisso com a Luciana, errei em não ter te defendido, errei em quase perder a menina dos meus olhos. Eu te peço, de todo meu coração perdão. Quando eu te encontrei aqui eu me senti culpada por não ter cuidado direito de você, me senti culpada por ter visto a mulher da minha vida tão frágil. Acredita em mim, isso não vai acontecer nunca mais.

-- você falou que eu tenho HIV pra ela?

 

-- não, eu te juro eu não falei.

E não sei como ela descobriu isso.

Baixinha, isso não importa. Você sabe disso.

Você é importante pra mim Bárbara, e eu não vou te perder.

Falei isso e me aproximei lentamente, eu senti nos olhos dela a insegurança e o estado fragilizado que ela estava. Encostei minha testa na dela e me permiti ficar assim por um bom tempo, no começo ela quis se afastar, mas depois se aconchegou mais a mim.

 

-- não me machuca, por favor.

 

 -- minha menina, eu não vou te machucar, tá? Você e nosso filho serão meu motivo de viver.

Eu prometo que vou sempre te mostrar isso.

 

-- eu ainda estou triste com você...

 

-- eu sei, e você tem toda razão.

Mesmo assim me deixa cuidar de você. Eu não quero te deixar só.

Você acabou desmaiando de novo, e amanha vamos ao medico sem falta.

Vamos cuidar de você e do neném.

 

-- onde está aquela mulher?

 

-- não vamos falar dela.

Ela já não está mais aqui.

 

-- por quanto tempo?

 

-- amor, não quero te chatear mais ainda.

E agora quero conversar com meu filho.

Então, fica quietinha ai tá?

 

Deitei a bárbara na cama e fiz a mesma coisa. Encostei minha cabeça em seu ventre e comecei a conversar.

 

-- neném, eu sei que você também deve estar chateado com sua mamãe...

Desculpa-me também, ser adulto da muito trabalho. Sabe eu tive medo de perder vocês, medo de perder sua mãe. Desculpa por ter me distraído, eu estou aqui e prometo nunca mais te deixar.

Terminei de falar isso e olhei diretamente pra Bárbara

 

-- Minha pequena, te amo.

 

Bárbara

 

Acordei com a Dávila praticamente em cima de mim, ela falou tanta coisa que eu não conseguia prestar atenção direito. Confesso que estava morrendo de ciúmes por dentro, e com muito medo de perder a Dávila também.

 

-- de verdade?

 

-- de verdade, amor é construção, e eu quero construir isso com você.

 

-- e a Luciana? O que você sente por ela?

 

-- precisamos falar dela?

-- sim, precisamos.

 

-- ela por muito tempo foi muito importante pra mim, mas isso nunca teria futuro.

Ela não é a pessoa pra mim, não é quem eu mereço.

 

-- ela sempre vai ficar vindo atrás de você, não é?

 

-- amor, eu já dei um ponto final nisso.

Eu não quero mais ir atrás dela, e isso é que importa. Vamos falar da gente, isso sim.

 

-- Dávi, isso mexeu comigo.

 

-- não me ama mais?

 

-- tenho mais certeza que esse sentimento só aumenta cada vez mais.

Eu só não sei se posso competir com ela.

 

-- amor, não precisa competir.

Eu já falei, tá? Você é minha pequena.

 

A puxei para um beijo lento, não tinha pressa de sair daquele quarto.

Foi tudo tão rápido, mas eu aprendi que quando realmente se quer, faz acontecer. Eu não vou deixar a Bárbara ter metade de mim, ela vai me ter por completo.

 

 

Continua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo