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She's Got Me Daydreaming por Carolbertoloto

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Palavras: 4208
Acessos: 1927   |  Postado em: 31/01/2018

In Your Arms

Pov- Cosima

Tudo aquilo que não podemos enxergar, nos assusta.

Tudo aquilo que não somos capazes de descrever, nos aterroriza.

Seja um calafrio, uma dor de estomago, as costas cansadas ou até mesmo algo brilhando no escuro.

O medo é algo correlativo à praticamente tudo, enquanto a superação é o "nada" do esquecimento.

Os apaixonados sentem o coração doer, por bem ou por mau.

E os esquecidos, simplesmente esquecem.

Entretanto...

Os sensíveis, os sentimentais...Ah! Estes sim sabem o que é lembrar de se esquecer, e esquecer de se lembrar. Superam por medo em esquecimento, e por muitas vezes choram na hora certa e riem na errada. Mas quem é que dita o momento precisamente correto para se expressar? Quem sabe aquilo o quê vai sentir?

Há tempos não assisto um bom filme de amor, e há tempos mais longos, não vejo nada que me cause terror. Quer dizer, nada fictício me atinge mais. Entretanto, aqui dentro, bem aqui mesmo, sinto meus pelos se arrepiarem ao perceber o peculiar alívio do adeus.

O singular respiro da derrota.

O extraordinário dano colateral.

O corajoso medo de esquecer um breve amor.

Abri meus olhos lentamente em apreensão por não enxergar, mas pude ver tudo ao meu redor. Havia a brancura de um quarto hospitalar, uma flor regada às pressas e um vazio monótono. Notei, também, figuras além das paredes finas de gesso barato. Nem mesmo os hospitais do Canadá se salvam de crises governamentais. Tudo ali que não fosse importante medicinalmente, era de segunda ou até terceira mão.

Por um segundo, ao avistar a escuridão da noite contida em cabelos ondulados ao lado de fora, cheguei a me sentir quase tão barata quanto a maçaneta da porta. Nem precisei toca-la para identificar a fragilidade daquele pedaço de cobre revestido em metal nada esmero.

Robyn sorria em direção a mim.

Espremi meus olhos para fingir ainda estar dormindo. E podem me chamar de canalha, porém, eu não queria ter que dizer adeus mais uma vez.

As paredes são tão finais, fui capaz de entender a comoção da Morena e das enfermeiras do novo plantão. Fiquei apagada por muitas horas, porém não é tão complicado distinguir o um sorriso descansado de um exausto.

Tem uma máquina gritando ao meu lado. Mais três "Beeps" e eu fico surda.

Não há outra saída...

Levantei rapidamente e desliguei o maldito aparelho gritante.

Não levou cinco segundos após minha irada ação para Robyn e as enfermeiras entrassem agressivamente no quarto, e logo atrás delas, uma múmia mal feita, Dr. Leekie.

Nada de Delphine?

Clássica Delphine!

Dr. Filho da puta, tomou a frente e começou a me analisar. Ele segurava meu prontuário com suas mãos enrugadas e sorriso de prótese.

Resumindo o momento, eu estava bem, viva, e provavelmente seria a responsável por um grande descobrimento médico.

Se isso significasse meu emprego de volta, eu até me atreveria a sorrir também.

As enfermeiras me ajudaram com as roupas que Robyn havia trazido. Eu as reconhecia, eram todas da Morena. Uma calça jeans que mal sobrava espaço para meus glúteos, e um moletom cinza escuro que dizia "Trouble Maker" em letras brancas. Nada punk, achei até bem feminino para Robyn.

Pelo lado de dentro, entre as persianas, enxerguei Aldous saindo com seu telefone. E ao ser liberada, não o vi mais pelos arredores.

A Morena de olheiras profundas e expressão aliviada me conduziu até meu apartamento. E ao adentrar o local, senti o peso da ingratidão em meus ombros.

A culpa de não sentir nada é a pior de todas.

A ingratidão em relação ao um amor bom é ácida. Arde mais a veias do que uma alta dose de Profenid aplicado por enfermeiras recém graduadas.

"Hey, obrigada por ter ficado lá." Agradeci mirando em seus olhos verdes.

"Não foi nada." Respondeu.

"Como ficou sabendo do quê aconteceu?" Questionei imaginando mil teorias.

"Delphine ligou pro meu irmão para me pedir ajuda." Mas nenhuma delas chegaram perto da realidade.

"Ela ligou para o Pallo?" Meu sangue mal havia se acostumado com sua regular temperatura, e já estava mais quente do que assadeira velha em forno.

"Ela precisava de alguém para ficar com você porque Charlotte não podia ficar sozinha, então meu irmão ficou com a menina." Ela explicava a situação em tom tranquilizante, porém saber que Delphine e Pallo se reencontraram não era nada lenitivo.

"E onde ela está agora?" Questionei.

"Charlotte ou Delphine?" Insistiu.

"As duas!" Exclamei impacientemente, "Me desculpa, só estou preocupada."

O verde naquele olhos eram quase tão marcantes do quê tragédias naturais.

"Bom, só sei que seu ex-chefe pediu para que Delphine voltasse para o apartamento para cuidar da menina." Clarificou.

"Entendi!" Suspirei sem ar.

Em minha sala de estar haviam dois sofás, quatro poltronas, uma televisão enorme, um estéreo e uma puta de uma tensão.

Analisei o esbelto corpo em minha frente. Tentei, mas falhei ao relembrar de nossa noite juntas, até pareceu que nada jamais havia acontecido. E por isso, me senti horrivelmente nojenta.

"Olha, Robyn..." Caminhei em sua direção.

"Não precisa dizer nada, Cos." Buscou por meus pulsos com suas mãos extremamente hidratadas, "Eu sempre soube que você nunca iria sentir nada além de uma breve paixão por mim. Eu sabia de tudo! Sabia que você e Delphine voltariam, que não haveria espaço para mim, para nós. Mas valeu a pena, porque te fiz sorrir de novo, e depois de anos sem realmente ser, fui feliz."

"Eu sinto muito se te causei qualquer mau." Cabisbaixa, informei.

"Hey!" Buscou por meu rosto, "Não se desculpe por algo que não pode controlar."

Ficamos contidas naquele momento singelo durante alguns segundos flutuantes. Seus olhos pareciam lagoas profundas, e eles me afogavam em corrente culpa.

"Agora...vou tomar uma ducha." Disse com lágrimas a consumindo.

Sorri, até ri, mordi meus lábios e parti em direção à cozinha. Bebi água gelada com gotas de limão e imaginação.

Coloquei meu celular para carregar e sentei em minha cama até que Robyn saísse do banheiro. Ela demorou muito, porém aproveitou seu tempo; vestiu seu top e embrulhou a parte inferior de seu corpo com uma toalha.

"Sua vez!" Declarou com vapor subindo em seus ombros.

Busquei por roupas confortáveis e outra toalha.

Devo ter ficado debaixo da água quente por um período não ecologicamente sustentável. Aproveitei cada gota para fazer a matemática de minhas ações desastrosas. Quando me senti limpa o suficiente, me vesti com calças de algodão largas, e, sem sutiã, coloquei uma camiseta qualquer.

Ao sair do banheiro, reconheci a voz de tom enciumado. Soube exatamente quem estava lá. Esperei em meu quarto até ouvir a porta bater. Não sabia quem partiria, mas mesmo assim, contive a curiosidade enquanto cutucava minhas cutículas.

Quando o silêncio cresceu, tomei coragem para investigar a cena do possível homicídio.

Não havia sangue, não havia vestígios de raiva. Havia Delphine olhando para a janela, segurando algo em suas mãos. Ela não me via, mas pude avistar o liquido em seu copo.

"Delphine?" Despertei a bela loira mandona de seus devaneios. Ela saltou em susto e tomou seu tempo para virar e me encarar.

"Cosima, como você está?" Pousou sua bebida sobre a mesa de centro e veio em minha direção.

"Não está cedo demais para beber Whisky?" Questionei sarcasticamente, "Quer dizer, você faz o quê quiser!"

Eu não sabia precisamente o porquê comecei a brigar, porém acredito que tenha a ver com o fato de que Cormier havia passado a noite com Pallo. E em milésimos cegos, ceguei a mim mesma com imagens criadas pelo ciúme.

"O quê aconteceu?" Perguntou ao se aproximar mais.

"Não encoste em mim." Exigi sem querer.

"Não me afaste!" Demandou buscando por meus braços.

"Mas você fez isso comigo...me afastou!" Sem reconhecer o motivo, cutuquei feridas já quase, efetivamente, cicatrizadas.

"Cosima, por favor, pare com isto! Você não entende o que passei." Entre todas as frases amenizadoras do mundo, Delphine escolheu as piores.

"Eu não entendi?" Meu indicador, involuntariamente, apontava um fuzil imaginário em Dephine, "Eu entendi tudo o quê aconteceu!"

"Você entende o quê é perder um bebê? A escuridão, o pavor, a culpa?" Sarcasticamente, questionou.

"Você não foi a única que perdeu, não foi a única a se sentir menos mulher, se sentir apavorada e sozinha. Senti tudo isso também! E não perdi apenas nosso bebê, perdi você no processo. Enquanto fazia tudo para te recuperar, você continuava a me renegar, a me ignorar." Pausei para respirar, "Isso doeu, Delphine! Isso me destruiu!"

Seus olhos mergulhavam no sal de suas lágrimas.

Senti minhas bochechas ferverem.

"E eu tentei! Deus sabe o quanto tentei fazer com que tudo melhorasse. Eu não tinha nada para preencher o buraco o qual você deixou em mim. Meus amigos tentavam me animar, mas aquilo tudo era uma felicidade inventada..." Inspirei para obter mais oxigênio em meus pulmões cansados, "Então você não tem o direito de dizer que não entendo seu sofrimento, pois eu não estava somente nele, eu era parte dele!"

"Meu amor..." Tomou passos em minha direção, "Eu não fazia ideia do que estava fazendo."

"Ah! Fazia sim! Você me via morrer no mesmo compasso que você, porém preferiu padecer sozinha." Exclamei furiosamente.

"Eu só precisava de tempo." Confessou.

"E nunca pensou sobre o quê eu precisava?" Questionei.

"Do quê você precisava?" Retrucou com pesar ao me alcançar.

"E-eu." Gaguejei infantilmente.

"Do quê precisou? Do quê precisa?" Estávamos tão próximas, pude sentir o aroma de sua pele debaixo de suas roupas.

"Eu precisei de você! Eu preciso de você, Delphine!" Há certas coisas que não podem ser evitadas, por mais que tentemos, uma hora ou outra, tudo precisa ser resolvido seja através do tempo ou palavras.

"Estou aqui agora, meu amor." Suas mãos seguravam meu rosto desmoronado.

"E se fosse tarde demais?" Indaguei sentindo sua epiderme na minha.

Minhas bochechas perdiam a quentura e pediam por carinho.

"Isto tudo é nós! Este é nosso relacionamento: eu sempre dificulto as coisas e você toma decisões impulsivas. E nós podemos acabar com isso, ou podemos aceitar como as coisas são e tentar mudar nosso jeito para sermos melhores." Uma de minhas mãos apoiava-se no descarnado torso de Delphine, e outra ainda não sabia o quê fazer, "Se você quiser que eu vá, juro que vou para sempre...mas, Cosima, eu quero muito ficar."

"Cormier, se você me deixar novamente, eu te mato!" Informei com olhos cerrados.

E feito clímax limitado, a tensão entre nós tornou-se em tesão.

De maneira agressiva e feroz, abocanhei seus finos lábios. Mesmo tendo os beijado na noite anterior, senti que nunca havia sentido tanta falta deles. São tão pequenos e detalhados. E entalhavam-se nos meus feito ferramenta artesanal em madeira seca. Beijámos uma a outra, permitíamos medo e coragem encontrarem-se, e nos perdíamos cada vez mais na, então, organizada bagunça que o excesso de desesperou causou.

Há estudos que comprovam que os batimentos cardíacos de um casal podem ser sincronizados. Não é ao menos necessário haver qualquer tipo de toque. Basta posicionar os amantes um na frente do outro. Os batimentos aumentam. As batidas se encontram, e até mesmo elas, namoram. Entretanto, estes estudos foram feitos com casais heterossexuais. Romeu e Julieta que me perdoem, porém o quê eles sabem sobre a dificuldade de amar? Sobre a angustia de seu amor não ser aceito? O quê os separam é dinheiro? Brigas familiares?

Faça-me rir.

O quê separa me de Delphine, o quê desprende casais homossexuais não é material, não é físico, e sim algo invisível, apenas acessível em mente. O mundo inteiro é o quê nos desune, é o quê nos distancia do sentimento mais belo e puro...

...o amor.

Entretanto, nunca vi dois corações tão sincronizados como o de Delphine e o meu.

Seus braços me algemavam em uma revista rigorosa, como se eu fosse a suspeita de um grave crime. Aceitei minhas condições em redenção. Lancei meu corpo contra o dela de maneira bruta, e então caímos do penhasco desenhado em cartoon. Ainda contidas no momento, dispensamos a gravidade de uma só vez, e quando nos percebemos ao ar, mergulhamos no mar composto por meus lençóis.

Meus lábios não abandonavam os dela. Era feito tomar café na ressaca, era feito comer algo proibido na dieta. O sabor de sua elástica língua tinha efeito massivamente mastigável, era morango, era hortelã, era Whisky pela manhã. Seu longo pescoço encurtava-se em meus dedos carinhosos. Seu joelho esquerdo esfregava meu íntimo, e meu íntimo aproveitava cada diferente, porém similar sensação. Nossa ofegante respiração, nossos delirantes gemidos. Tudo aquilo era uma apresentação memorável de uma paixão nada instável. Com picos de ternura e exagero de saudade, Delphine perdeu o controle feito viciado em casino. A loira, com um só golpe, rasgou minha frágil camiseta com sua furiosa mão direita, lançando sua língua em meus mamilos enrijecidos. Elas os mordiscava como se fossem aperitivos de bar. Ela bebia de meu suor como se fosse uma cerveja gelada. E eu me remexia feito dançarina na noite escura de uma sexta-feira. Com a boca em um e a mão em outro, Delphine divertia-se com meus seios. Porém, diversão tem prazo invalidável. Descendo sorrateiramente por meu estômago, encontrando as beiradas de minha cintura, umbigo e quadril, a vontade de se entreter só aumentava. Quanto mais Delphine descia, mais o desejo subia.

Largada, esparramada e extremamente excitada, eu estava contando os segundos para ser abocanhada pela faminta boca de minha mulher. E não demorou muito, pois bem lá, em minha área restrita, Dra. Cormier adentrou com seu indicador. Sua língua cuidava da hidratação enquanto seu dedo coordenava a movimentação. Ela me fiscalizava com sobrancelha elevada, assistia minhas desesperadas expressões.

Fazer amor com Delphine era o ápice do prazer. Nunca ninguém trouxe a mim o quê ela traz. Nunca ninguém roubou de mim aquele oxigênio faltoso perto do gozo. E foi súbito, foi digno de filmagem. Minhas unhas cravaram em seus ombros, minhas coxas a prenderam, e meu grito foi ensurdecedor.

Completamente exausta, respirei com dificuldade. Entretanto, minha amante permanecia entre minhas pernas, com seu queixo apoiado na superfície de minha vagin*. Seus olhos esnobes estudavam cada gesto meu. E seus dentes sorriam.

"E você diz que é difícil me agradar." Brinquei apoiando minhas mãos na testa.

"Você é difícil de agradar, mas não de fazer goz*r." Retrucou eroticamente.

Eu adoro quando Delphine perde sua postura séria para acomodar seus flertes.

"Cosima, me responde uma coisa?" Indagou caminhando com seus olhos por meu despido corpo.

"Claro!" Respondi prontamente.

"Estamos juntas de novo, certo? Porque o beijo e a trans* pareceram ser a confirmação." Dra. Cormier é muito segura de suas ações, já Delphine ainda precisa trabalhar nesse quesito.

Não contive o riso e a trouxe para mais perto de mim. Tão próxima para ver seus poros abrindo e os pelos levantando. Posicionei sua longa estrutura sobre a minha, apertei seus glúteos e mergulhei a língua em sua garganta. Salientando cada centímetro de pele em curvas acentuadas, conduzi minhas caricias em velocidade alta na curta estrada até a entrada de sua vagin*. Trocamos de posição. Morro abaixo, adentrei o caminho ao delírio, lambendo o suculento fruto feminino.

A poesia em estar com quem se ama é escrita em momentos detalhados por plenitude. E até mesmo quem nunca rimou, até mesmo eu que jamais usei vocábulos dificultosos, sou capaz de formar versos e estrofes delicadas ao deliciar o conteúdo em minha frente.

Busquei por força, pois estava esgotada, e continuei movimentando e calculando a rota mais prazerosa para o apocalipse de uma trans* com tom saudosista.

E ela dançava conforme minha música.

E sua boca abria mais e mais.

Sua testa enrugava-se ao prazer.

E de repente, mas tão recente e quente, o líquido espesso jorrou em minha boca, acompanhado de um grito singular, misturando-se com minha saliva em temperatura amena.

Aquele amor seria nossa entrega, nossa morte em vida e vida após a morte.

Seus músculos ainda procuravam fibra proteica após a ruptura com a sanidade. Era tão lindo ver aquela mulher se derretendo em meus lençóis.

Um arco-íris invisível começou a crescer sob nossas cabeças. As cores que embelezam o céu de meu teto após uma tempestade em dia ensolarado.

Estávamos bem, estávamos salvas.

Escalei a frágil estrutura de Delphine até chegar em seu topo. O ar que saía de sua boca era quase tão quente quanto as gotas de suor que evaporavam entre seus poros.

Com a cabeça apoiada no travesseiro, Cormier utilizou seus braços para buscar meu corpo. Suas mãos pousavam em minha cintura, e meus dreads caiam em seu torso pintado.

"Que tal isso como confirmação?" Provoquei sorrindo para seu sorriso.

A Francesa afundou seu rosto entre meu ombro que mandíbula, respirou em meu pescoço e voltou a sua posição de origem.

"Eu amo você." Exclamou em voz baixa enquanto mirava em meus olhos.

"Então nunca mais me deixe." Exigi por medo de tudo aquilo acabar.

"Sei que já ultrapassei minha conta de promessas e juras, então apenas acredite em mim..." Beijou meus lábios delicadamente, "Vou passar o resto de meus dias ao seu lado."

Estudei a felicidade, comparei com o momento, e cheguei à conclusão de quê Delphine e eu nunca tivemos paz, nós nunca fomos simplesmente felizes. Sempre houve uma complicação, um revés, um pequeno ou grande empecilho. Entretanto, ali, contida em seus braços, degustando de seu beijo, entendi que mais nada importava se não estar ali.

A poesia em estar com quem se ama é escrita com ternura de palavras involuntariamente ditas, e até mesmo quem nunca soube o quê é o amor, até mesmo eu que sempre corri para longe de tal sentimento, sou capaz de formar versos e estrofes sobre o quão deleitável é ter alguém para dividir a cama, os problemas e a vida.

E por medo de superar, esqueci o passado de uma paixão conturbada. Resolvi, então, apenas lembrar de não perceber o tempo passar. Somente viver e respirar. Simplesmente crescer e entender que há certas coisas que não podemos evitar:

O amor pela dor, e a dor em amar.

*********

Quando se é feliz, os dias viram horas, e as horas viram segundos.

Delphine comprou um novo imóvel para nós, um pouco mais distante do Instituto e mais perto da calmaria. Bem próximo de Paige e Art e da bonança natural. Agora temos pássaros para nos acordar e corujas para nos fazer adormecer. Nossa nova casa contém dois andares largos e bem decorados, quatro quartos já prontos, quintal grande, e jardim ainda precisando ser terminado. Piscina, área para lazer, cozinha e sala para TV.

Ainda estamos no processo de mudança, e hoje daríamos mais um grande passo.

Algumas semanas após meu incidente com o experimento, toda a equipe da DYAD passou a trabalhar nas vacinas com o bernes. Obtivemos algumas falhas, porém mais êxito e sucesso do que esperávamos. Dr. Leekie havia conseguido sua cura, porém não seu legado, e depois de muito conversar com Delphine, resolveu nomeá-la diretora do Instituto, e em três dias, o velho cientista rabugento irá se aposentar.

É a calma após a tempestade, não?

Continuando...

O quê ainda não sabíamos eram as ações a serem tomadas em relação à Charlotte. A menina estava, enfim, saudável e ainda morava no laboratório. Durante a tarde, Delphine teve uma longa reunião com advogados e representantes farmacêuticos, até recebeu uma visita do reitor da Brown. Após o sucesso do tratamento em cobaias humanas, a mídia e indústrias choviam desesperadamente no Instituto.

Eu, claramente, fiquei de fora, mesmo sendo meu experimento, mesmo sendo meu insano impulso o responsável pela descoberta. Admito que é extremamente difícil engolir o fato de que Leekie ganhará todo o crédito. Entretanto, ele tem os contatos enquanto eu tenho apenas 23 anos.

Após o expediente, combinei de encontrar Scott e Mud no lounge para irmos à exposição de Felix na Richmond Art Gallery. Encontramos com Donnie, Alison, Paul e Sarah no caminho. Eles vieram de Rhode Island para prestigiar o artista de nosso grupo, e ficariam apenas duas noites, até porquê Ally estava grávida e não pretendia ter o bebê em terras Canadenses.

Ao chegarmos, nos deparamos com o moderno edifício e fila para entrarmos. E com nosso acesso VIP, fomos levados para dentro sem o menor tempo de espera. O coquetel foi servido pelo restaurante de Pallo, então não houve surpresa ao encontrar o dito cujo e Robyn, quem estava exuberante em um longo vestido azul aberto nas costas. Não evitei cumprimenta-la, até trocamos algumas palavras. Entretanto, de hora em hora, espiei a porta de entrada para não ser surpreendida por Delphine, quem demorava a chegar.

Minutos antes do discurso de Felix, Dra. Cormier deu o ar da graça. Ela vestia o mesmo terninho cinza, seus cabelos estavam um pouco bagunçados, porém continuava linda como sempre. Ela avistou nosso grupo próximo ao bar, e então caminhou até nós. Abraçou o pessoal e por fim pousou um beijo em meus lábios.

Admito que foi um tanto estranho beijar Delphine na frente de nossos amigos, mesmo nosso romance não sendo mais secreto, ainda foi diferente.

"E esse barrigão, amiga?" A Francesa exclamou.

"Pois é! Acredito que em menos de oito semanas, teremos nosso bebê." Ally retrucou.

"Por que grávidas contam os meses em semanas? É tão mais complicado!" Paul indagou com seus braços envoltos na namorada.

"E vocês não vão nos contar o sex*?" Questionei curiosa.

"Ainda não sabemos! Ally quer que seja surpresa." Donnie explicou.

O palhaço do grupo havia perdido não somente sua imatura espontaneidade, como também havia perdido, pelo menos, dez quilos.

"Prefiro você gordinho e engraçado." Confessei em tom piadista.

"Precisei emagrecer para servir nesse terno que comprei online. Pior economia que fiz na vida!" Mesmo sua explicação não sendo engraçada, gargalhei em nome da saudade.

Fazia tanto tempo que não nos reuníamos como antes. Meu coração chegou a doer por alguns segundos.

"Cosima, preciso falar com você." Sussurrando em meu ouvido discretamente, Delphine fez com meus pelos se arrepiassem sem ao menos tentar.

"Ok." Respondi antes de ser levada até o outro lado do salão.

Andávamos abraçadas sem um rumo certo, passamos por Pallo e Robyn e sorrimos educadamente. Por fim, paramos na frente de uma de minhas pinturas preferidas. Felix havia tirado uma foto minha fumando um baseado enquanto sentava no parapeito da janela de nosso antigo loft. Lembro-me do trabalho que teve para adaptar a foto na tela. Meus dreads estavam completamente bagunçados, porém brilhosos. Ele costuma dizer que esta foi sua obra mais longa.

"Nossa! Você está tão linda! Felix conseguiu te captar muito bem." Delphine, emocionada, falou.

"Lembro desse dia! Foi na manhã após te conhecer, e eu estava me sentindo muito estranha e culpada por ter gostado de você. Acho que fumei uns dois baseados seguidos na janela." Informei sendo visitada por antigas lembranças e novas sensações.

"Bom, tenho algumas coisas pra te contar." A forma com a qual Cormier suspirou foi preocupante, "O reitor quer nos homenagear em um evento na Brown semana que vem, ele já reservou as três passagens."

"Santa merd*, jura?" Indaguei animada, "Mas por que três passagens?"

"Passei a tarde conversando com os advogados do Instituto, e como o guardião de Charlotte era Leekie, ele assinou o documento para termos a guarda integral. Já que acabamos de dar um grande avanço na medicina, digamos que o processo de adoção foi quase imediato." Eu ouvia a voz de Delphine como se não houvesse nenhum outro barulho ao redor. A música, conversas paralelas e copos batendo haviam ficado mudos.

"O QUÊ?" Insisti desesperada.

"Sim, meu amor! Somos as mães de Charlotte agora!" Após reafirmar, Delphine, em reflexo segurou meu corpo lançado ao seu.

Nos abraçamos com braços fortes e lágrimas caindo.

Era surreal o quê ela havia acabado de falar. Foi banal ter ficado chateada com ela por ter passado a tarde trancada em sua sala.

"E tem outra coisa..." Sussurrou, "Você terá de preparar um discurso para não fazer feio na frente dos jornalistas, alunos e professores da Brown."

"Como?" Soltei-me de seu abraço minimamente.

"Cosima, nada disso teria sido possível sem você. A grande homenageada da noite será você." Explicou sorrindo seriamente.

"Santa merd*! Santa merd*!" Não fui capaz de pensar em mais nada para dizer.

"Só evite falar palavrão ou usar muitas gírias." Aconselhou preocupada.

Continuamos abraçadas sendo banhadas pelo salgado de nosso choro alegre.

Eu nunca pensei que as coisas pudessem dar tão certo para mim, para nós.

E por mais que tudo estivesse bem, não era possível negar o medo que me invadiu naquele momento. O medo do futuro nunca me preocupou, porém desta vez, admito que gostei de sentir meu estômago revirar levemente. Era um medo bom, era um medo bobo.

De repente, ali, mergulhada em um abraço confortável, contida em uma gravidade singular ao som de "She's Got You High", por Mumm-ra, resolvi resolver pôr todo meu passado em uma pequena caixa no fundo de minha consciência. E tudo aquilo que um dia eu soube, tudo que um dia esqueci de fazer ou deixei a desejar já não se encontrava perto de meu alcance. E englobada nos braços de Delphine, seus braços longos e macios, finalizei minha jornada, pois era exatamente ali onde eu permaneceria até o último de meus dias.

 

Nada nesta vida é fácil, porém quando se tem algo digno de luta, tudo, simplesmente tudo vale a pena. Basta querer, basta deixar ser.  

Fim do capítulo


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